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Nós precisamos ter uma conversa séria sobre a Manu Gavassi

Semanalmente, o Spotify brasileiro tem demonstrado uma importante mudança no comportamento de seus usuários, que vêm consumindo cada vez mais a música pop nacional.

Na última atualização de sua parada, por exemplo, apenas dois artistas internacionais aparecem entre as dez músicas mais ouvidas, Taylor Swift e J Balvin, sendo que as outras oito posições contam com mais de uma aparição de Anitta e Pabllo Vittar, além de hits de artistas que difundem o pop brasileiro por meio de outros gêneros, como Kevinho e Livinho.

Ouça a playlist “Novo Pop Brasil” no Spotify

Essa compreensão de que a música pop nacional não é e não deve soar exatamente como o que ouvimos de artistas internacionais é essencial para que possamos aproveitar o crescimento da nossa indústria como um todo, mas, apesar de aprovarmos por completo a virada que tem ocorrido neste cenário, ainda lamentamos algo quando olhamos para listas como essas: o país ainda não se uniu para ouvir e reconhecer o talento de Manu Gavassi.

E nós estamos falando realmente sério.


Tudo começou em 2015. A cantora, famosa por hits como “Planos Impossíveis” e “Garoto Errado”, lançou um EP chamado “Vício”, que quebrou seu jejum musical desde o disco “Clichê Adolescente”, de 2013, e ele deveria ter sido um puta hit.



O álbum, produzido por Junior Lima (sim, o irmão da Sandy!), era composto por uma dose de synthpop perfeitamente cantada em português, quase como se Carly Rae Jepsen, a rainha do pop subestimado, tivesse deixado alguma irmã perdida no Brasil. E o mais perto que tivemos de vê-lo fazer seu merecido sucesso foi com sua faixa-título, que acumula gloriosas 3 milhões de execuções no Spotify (algumas 1,5M só nossas, precisamos assumir).


Em seus visuais, a Era “Vício” também não nos decepcionou. Manu Gavassi foi da identidade retrô a “it girl”, ora aparecendo entre suas amigas e manequins, ora sozinha sob takes editados para simular o efeito VHS. Verdadeiras obras de arte contemporâneas.



Corta pra 2017, a brasileira anuncia seu contrato com a gravadora Universal Music e nós pensamos: “esse é seu momento, menina mulher!”. Ela lança o disco “Manu”, em abril do mesmo ano, e repetimos: “AGORA VAI!”. E eis que, meses desde a sua estreia, continuamos sem ver todas as suas faixas entre as mais ouvidas do Spotify. Nenhum de seus videoclipes bateram o recorde de exibições nas primeiras 24 horas pela Vevo e Youtube e, mais do que isso, ainda tem quem ouse criticar suas canções, que em nada perdem para o que consumimos em inglês de Selena Gomez, Tove Lo, Dua Lipa, Fifth Harmony e afins.



Com um time de produção ainda maior, composto por nomes como Pedro Dash (Anitta, Projota), Mãozinha (Anitta), Umberto Tavares (Anitta, Ludmilla) e Tropkillaz (Karol Conka), o disco “Manu” foi inicialmente promovido pela faixa “Hipnose”, que soa como algo sexy e dançante entre “Worth It”, do Fifth Harmony, e “This Girl”, do Kungs, mas teve sua divulgação conturbada por conta de comparações do seu videoclipe com “Hypnotic”, da cantora de pop alternativo Zella Day.

Manu Gavassi e sua equipe não hesitaram em ressaltar que se inspiraram no clipe da moça, até mesmo incluindo essa informação na descrição de seu vídeo, mas o efeito dessa hipnose não funcionou. Que país horrível.

Como ainda tem todo um disco pela frente, é claro que Gavassi percebeu que nem tudo estava perdido e, em seu passo seguinte, não deixou espaço para erros. O segundo single do disco foi definido com a ajuda de seus fãs: “Muito Muito” foi uma das faixas mais ouvidas, incluídas em playlists e espontaneamente enaltecidas do disco. E aposta numa pegada ainda mais comercial que “Hipnose”, investindo numa sonoridade dançante e tropical, facilmente comparável a faixas como “Cool Girl”, da Tove Lo, e “Kill ‘Em With Kindness”, de Selena Gomez. E estamos dizendo isso de uma forma completamente positiva.



Se é para ser a diva pop que o Brasil precisa, não basta um bom hit (ele vai acontecer, nós acreditamos) se não tiver um ótimo videoclipe, e assim ela o fez. “Muito Muito” trouxe um videoclipe perfeito para a canção, com muita dança, sensualidade e, claro, carões. Onde já se viu uma diva pop que não saiba acabar com a gente apenas com seu olhar?

Mesmo que tenha sido lançada antes, a música de Manu Gavassi também se aproxima bastante do atual hit de Dua Lipa no Reino Unido, “New Rules”, no sentido de ambas serem faixas dançantes e trabalhadas no empoderamento feminino. Uma sobre superar o término com o boy lixo, outra sobre reconhecer as suas qualidades e esfregar na cara dele sobre o quanto você é “muito muito” superior. Pode entrar, VMA de ‘Melhor clipe com mensagem’!



Até o momento da publicação deste post, o videoclipe de “Muito Muito” conta com exatas 996.462 exibições na Vevo e Youtube, o que é obviamente pouco para o que deveria ser o próximo smash-hit-pop-não-cantado-pela-Anitta no Brasil. Mas nós confiamos no poder da união do povo brasileiro, que se unirá em prol de algo maior.

Na melhor das hipóteses, os brasileiros reconhecerão a qualidade do trabalho de Manu Gavassi antes que seja tarde demais e sua aceitação será tão grande, que sua gravadora se empolgará ao ponto de não deixar passar nenhum grande single em potencial, o que inclui “Perigo”, “Heart Song” e “Mentiras Bonitas”. (Também amaríamos que ela trabalhasse “Aqui Estamos Nós”, de longe a melhor música do disco, mas essa é a típica faixa ótima demais para virar single.)



Você, brasileiro e fã de música pop, tem uma única missão. Junte-se a nós por essa causa. #TodosComManu.

Inspirada em Ludmilla, MC Rita viraliza no Facebook e lança seu primeiro single: “Dedo no Gatilho”

Diretamente de São Vicente, em São Paulo, para todo o Brasil, MC Rita tem apenas 17 anos e, nas últimas semanas, provavelmente passou pela timeline do seu Facebook com um vídeo amador, no qual dava uma amostra de algumas de suas músicas inéditas: “Meiga”, “Cavaco Chorão” e “Dedo no Gatilho”.

O vídeo que chamou a nossa atenção para o trabalho da menina foi compartilhado pelo MC Euro e, até o momento desta publicação, já alcançou 6,4 milhões de exibições, com inúmeros comentários de pessoas impressionadas com o talento de Rita, além de compará-la ao começo da carreira de Ludmilla, quando ainda atendia por MC Beyoncé.

Leia também: Você não precisa gostar de funk para ser contra o projeto de criminalização do gênero

Apesar de revelado sem grandes pretensões, o retorno positivo ao vídeo animou a menina, que passou os últimos dias fazendo transmissões ao vivo e publicando outros vídeos com uma produção semelhante, até que, na última terça-feira (25), estreou um webclipe para uma das canções apresentadas, “Dedo no Gatilho” - liberada para download gratuito.


Com produção do DJ Marquinhos ‘Sangue Bom’ e composição do 2N, “Dedo no Gatilho” resgata a sonoridade que marcou o funk dos anos 2000, época de compilações como “Furacão”, que revelou Anitta, Valesca Popozuda, entre outros nomes, e assim como apontado pelos comentários de seu primeiro vídeo, lembra e muito os primeiros lançamentos de Ludmilla, que estourou no Youtube com o clipe de “Fala Mal de Mim” antes de ser contratada pela Warner Music.

Olha só:



Que hino, gente!

Em tempos de funk lutando contra a marginalização perpetuada ao longo dos últimos anos, ainda com uma proposta de criminalização circulando pelo congresso, e uma crescente de todo um movimento racista e higienizado, no qual os videoclipes desses artistas vem ganhando uma presença cada vez maior de modelos e dançarinas brancas, é animador ver que o gênero ainda incentiva jovens da periferia a fazerem música e de uma forma tão despretensiosa.

Em contato com a equipe da MC Rita, a gente ficou sabendo que ela já está trabalhando em outras duas canções, que deverão ser lançadas no próximo mês, todas deverão estrear de forma independente, como esse primeiro single.

O que você achou de “Dedo no Gatilho”?

A Netflix cancelou a sua série favorita, mas esse não é o fim do mundo

Há alguns dias, em seu Instagram, Sophia Amoruso, escritora da autobiografia #Girlboss, e também criadora da série de mesmo nome na Netflix, anunciou o cancelamento do show pela plataforma mundial de streamings. 

A princípio, podemos levantar que os motivos essenciais para o cancelamento estão entre as críticas negativas, à época do lançamento, há apenas alguns meses, a protagonista Sophia vivida por Britt Robertson recebeu diversas críticas entre “mimada”, “irritante” e “grosseira”, e o show foi rotulado como “série sobre problemas de uma garota branca”, e também a baixa audiência. 

Como sabemos hoje, se não deu resultados, a Netflix cancela. Mas esse argumento não parece ser importante para os críticos de internet de plantão, que caíram matando, mais uma vez, em cima da companhia, dias após o anúncio do aumento do preço dos planos do serviço. 

Sim, pagamos Netflix para receber conteúdos que gostamos e temos todo o direito de protestar. Vejam só o que aconteceu com Sense8 essa semana, que ganhou um especial de encerramento após protestos dos fãs (diversas outras séries também foram resgatadas nos últimos tempos, Gilmore Girls, Fuller House...).


Contudo, vamos pensar de uma maneira um pouco mais mercadológica? As manas precisam por a cara nas finanças.

Então vamos lá. Há pouco menos de um mês, após o cancelamento de Sense8, o CEO da Netflix Reed Hastings afirmou que a estratégia da companhia é “assumir riscos”, o que pode ser traduzido como experimentar narrativas e formatos novos, na esperança de encontrar um sucesso. Tanto 13 Reasons Why, quanto Stranger Things foram sucessos inesperados. 

Logo, se algum show não atende às expectativas, ele é cancelado. E porque antes a Netflix pelo menos dava um final para suas séries canceladas, foi o caso de Hemlock Grover, por exemplo, e agora nem isso? Bem, é provável que seja questão de sobrevivência. 

Saiu na imprensa, há algumas semanas, que a empresa de Hastings havia passado o número de assinantes de TV por assinatura nos Estados Unidos, um feito impressionante, sem dúvida! Mas também é sintomático, uma vez que será muito mais difícil para a Netflix crescer em terras do Tio Sam.

E o que eu to falando aqui tem base, tá? Relatórios recentes mostram que a companhia está crescendo muito... Mas principalmente fora dos EUA, e o principal mercado internacional fora o estadunidense é o chinês, que impede o funcionamento da companhia americana. Sendo assim, a Netflix precisa encontrar outros mercados, e segurar as pontas naqueles investimentos caros e com pouco retorno (Sense8 é uma das séries mais caras da história, com uma logística super difícil, e que acabou sendo hypada por um nicho muito específico de consumidores). 

Dito isso, é muito provável que a empresa esteja caminhando para uma internacionalização de suas operações, buscando clientes em países emergentes como o Brasil, a Índia, países em crescimento da África e America Latina e, com isso, o catálogo da gigante de streamings fique cada vez mais... Diverso. Justamente os que os fãs órfãos da empresa disseram que deixaria de acontecer com o cancelamento de Sense8, famosa por possuir grupos minoritários em papéis de destaque. 

É absolutamente plausível esperar produções originais brasileiras, como 3% (atualmente está em fase de produção uma série brasileira baseada na Lava-Jato), além de produções locais indianas, bolivianas, colombianas, argentinas, mexicanas, espanholas, italianas... Enfim, um catálogo verdadeiramente mundial e sem fronteiras.

Ingobernable, série mexicana da Netflix, é um House Of Cards com muito mais drama. 

Não é possível ainda definir qual o futuro da TV, principalmente com tantos players novos no mercado (Amazon, Youtube, Facebook, Hulu), todavia, podemos esperar e devemos desejar uma forma de assistir televisão diferente do que já vivemos, conectados com realidades totalmente diferentes da nossa, e longe do círculo vicioso que estivemos ao longo de toda a história da indústria do entretenimento atual, com o consumo de produções ora européias, ora estadunidenses.

Talvez um dia nos encontremos lendo artigos sobre novas séries fodas produzidas na Ásia, na Oceania, na África e entre nossos vizinhos. Enfim, explorar um novo lado da globalização.

Muitas das séries canceladas pela Netflix recentemente eram boas sim, mas o corte nesses títulos não significa que a empresa esteja ficando ruim, que merece os boicotes que tem recebido. Se for para direcionar seus investimentos em segmentos novos no audiovisual, melhores e mais criativos, quem sabe nos ajudar a quebrar essa birra que temos com línguas que não sejam o inglês e o português, e se for para ficar melhor do que está, que venham, porque estamos prontos.

O encontrão pop e EDM é a versão do ditado “uma mão lava a outra” na indústria musical

Se tem um ritmo que tem se aproveitado bastante da era dos streamings (além do rap, claro) é a música eletrônica. Vejamos a hot 100: dentre as 20 primeiras músicas, 3 são eletrônicas. No UK, que sempre teve uma tendência maior para o EDM, 5 entre as 20 iniciais pertencem ao ritmo. Isso tudo sem contar as canções que possuem influência da música eletrônica em ambas as paradas. Um número considerável, né? Porém, outro dado tem impactado ainda mais: o número de estrelas do pop que tem usado a ajuda e a facilidade de produtores em lidar com o mundo da música na atualidade para crescer.

Entre as estrelas já consolidadas, tivemos esse ano Selena Gomez apostando na parceria "It Ain't Me", com o Kygo, enquanto não abria os trabalhos de seu próprio CD. Outra que também foi para esse lado foi Demi Lovato, fazendo sucesso na Europa com "No Promises", colaboração com o trio de DJs Cheat Codes.


O mais interessante de tudo isso, no entanto, é ver as estrelas da música pop em ascensão procurando se firmar com a ajuda da eletrônica. Nomes da nova geração que, você pode não estar tão familiarizado, mas que já entendem muito bem como funciona essa indústria. E vale a pena destacar: esses nomes crescem com a ajuda de outros também novos no cenário eletrônico. É aquele bom e velho ditado: uma mão lava a outra. 

O principal grupo quando falamos em dar oportunidades aos que estão chegando agora é o Clean Bandit. Misturando eletrônica e música clássica, o trio é uma sensação no Reino Unido, e não é difícil de imaginar o porquê. Lá atrás, em 2013, eles apresentaram ao mundo a Jess Glynne por meio dos hits "Rather Be" e "Real Love". Resultado: pouco tempo depois, em 2015, ela hitou MUITO no UK com seu trabalho de estreia (e o Clean Bandit também!). Agora, eles fazem o mesmo com Louisa Johnson em "Tears", Anne-Marie em "Rockabye" e, principalmente, Zara Larsson em "Symphony".

Dentre as revelações citadas acima, nenhuma tem um alcance tão grande quanto Zara, e talvez seja seguro dizer que ela é o (ou, pelo menos, um dos) nome(s) mais promissores dessa nova geração. Tendo conquistado um #2 na parada britânica com seu single "I Would Like", foi só com a parceria em "Symphony" que ela chegou ao primeiro e conseguiu, assim, dizer pra todo mundo que veio pra ficar. Essa é a importância do encontrão pop e EDM: ele ajuda a firmar artistas, principalmente aqueles que estão só no começo.


Outro nome do dance (que também é novíssimo!) é o Martin Garrix. Eleito DJ do ano de 2016 pela DJ Mag, principal revista do gênero, o cara também é um que tem procurado ajudar artistas novos no pop a crescer, enquanto se ajuda também. Primeiro, ele chamou Bebe Rexha para "In The Name Of Love" e continuou com Dua Lipa em "Scared To Be Lonely". Duas cantoras que, assim como Zara, Anne e Louisa, ainda estão se firmando, estando Dua um pouco mais a frente. 

Os números de "In The Name Of Love" ajudaram Bebe: a canção chegou ao #24 no USA e ao #9 no UK e mostrou que a então compositora de hits também tem muita capacidade de cantar um sucesso. Para Dua, foi ainda melhor: a parceria com Garrix rendeu um Top 15 no UK, ao mesmo tempo em que outras duas músicas suas, "No Lie", parceria com o Sean Paul, e "Be The One". O que falar de uma cantora estreante já com três músicas de sucesso ao mesmo tempo? Estabilidade é tudo! 



E se o encontro pop e EDM serve para estabilizar o nome de artistas que ainda nem lançaram seu primeiro disco, também pode servir para manter em alta aqueles que já revelaram seu primeiro trabalho, ou lançaram um álbum a um tempo considerável, e estão trabalhando no CD sucessor. Recentemente, Martin se uniu a Troye Sivan em "There For You", que tem esse mesmo efeito: manter o sul-africano, atualmente em estúdio trabalhando em seu novo material, em alta. Esse é o caso também de Zedd e Alessia Cara em sua "Stay", hit estável no top 10 da Billboard que chegou ao #7, além das próprias "It Ain't Me" de Selena e Kygo e "No Promises" de Demi e Cheat Codes. 

Nesse caso de "fazer uma parceria EDM até meu novo disco sair e ver no que dá", não podemos deixar de citar Halsey com o duo The Chainsmokers em "Closer". Enquanto preparava o sucessor do "Badlands", a americana participou da música que se tornou um mega hit e agora colhe os frutos: seu segundo disco, "hopeless fountain kingdom", é o primeiro álbum feminino a chegar ao topo da Hot 200 em 2017, com 115.000 de vendas/streamings. Tá bom ou quer mais?



Não é difícil imaginar o porquê do sucesso da música eletrônica se estender ou até aumentar na era dos streamings. Além de pegar carona muitas vezes nos ritmos do momento, ou fazendo algo único que se destaque da maioria, os artistas de eletrônica também se beneficiam dessa fase atual em que singles importam muito mais do que álbuns, já que sempre foi um costume para eles lançar muitas músicas e só depois pensar em um disco. Não é à toa que Calvin Harris queria apenar lançar singles esse ano, ou que esses produtores demorem tanto para revelar seus CDs, lançando várias músicas de trabalho antes do lançamento do material completo. E a possibilidade de se adaptar a essa era tão difícil e crescer enche os olhos de muito artista, principalmente os novatos. 

As parcerias entre DJs e cantores pop se tornam os novos buzz singles desses últimos: uma forma deles falarem "ei, eu to aqui!", seja pra dizer que não sumiram ou pra pedir atenção e reconhecimento. Para os artistas pop, uma forma de se adaptar ao mundo dos streamings enquanto saem de sua zona de conforto e fazem algo que provavelmente em nada terá a ver com seu novo disco, mas mantém os fãs animados e o público atento. Para os produtores, uma forma de se consolidar na indústria, ter não só seus hits, mas seus nomes conhecidos, e uma porta de entrada para o mundo do pop, o que ajuda a expandir seu público e traz a possibilidade de produzir grandes sucessos (alô, Skrillex por trás dos smashs do Justin Bieber!). Todo mundo sai ganhando, principalmente a gente.

Que hino! “Menina”, do Omulu, ganhou remixes por Zebu, Enderhax e outros brasileiros fodas

Numa fase em que a música pop nacional ainda está definindo a sua cara, são os nomes que fogem do comum que chamam a nossa atenção e, além de artistas que já se sobressaíram nesse cenário, como Anitta e Pabllo Vittar, muitos produtores entram pra nossa listinha-pra-ficarmos-de-olho e um deles é o Omulu.

Em comum com as vozes de “Sua Cara”, do Major Lazer, Omulu tem a benção do Diplo, que pirou com o trabalho do brasileiro e, inclusive, o levou pra tocar lá na BBC Radio 1, e aproveitando essa fase em exposição, o produtor retomou a divulgação do single “Menina”, lançado no começo desse ano em parceria com o cantor Delano.



Com seu clipe batendo mais de um milhão de visualizações no canal do Midas do funk, Kondzilla, “Menina” ganhou um EP de remixes no Spotify, com versões que levaram a música por todos os gêneros possíveis, do arrocha ao trip-hop, assinadas por Zebu, Maffalda, Enderhax, Vhoor, Weber, Atman, Menz e ÀTTØØXXÁ.



Nossas versões favoritas foram do Weber, que fez a menina gamar num forrozão:



E do Zebu com Maffalda, que a transformou no smash hit eletrônico que The Chainsmokers amaria ter lançado:



Antes de ser remixado, Omulu também remixou e muito. O produtor foi um dos convidados para a nova edição do álbum “A mulher do fim do mundo”, da Elza Soares, levando o intenso desabafo da sua faixa-título para a pista de dança:


Assinando também essa versão DO. CARALHO. para “Lucro”, do BaianaSystem (outro artista nacional pra não tirar os olhos e ouvidos tão cedo):




Que deus abençoe os rolês e esse momento maravilhoso da música pop nacional.

Pisa menos, It Pop! Agora nós somos Embaixadores do Spotify! 😱

Já faz alguns meses desde que começamos algumas conversas bem parecidas com as que a Taylor Swift provavelmente teve antes de quebrar a internet com a chegada de toda a sua discografia no Spotify.

A maior plataforma de streaming da rede mundial de computadores chamou o It Pop e outros veículos dos mais variados gêneros musicais para um baita convite: um projeto chamado Creators, no qual uniriam o nosso conhecimento e vontade de discutir sobre música com a plataforma deles, hoje utilizada como uma grande base para artistas novos e consolidados, que segue reinventando a nossa forma de consumir cultura.

Uma das coisas que mais nos chamaram a atenção no primeiro encontro com o Spotify, foi a vontade deles de dividir o espaço que conquistaram com comunicadores que acreditavam no seu serviço e, daí em diante, a porra toda só foi ficando maior, até chegarmos no estágio atual, em que ganhamos o título de Embaixador do Spotify.

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Dos sabe-se-lá-quantos veículos que integravam o time de criadores, o Spotify selecionou aproximadamente 30 blogs, sites, podcasts e/ou vlogs para que se tornassem os embaixadores da plataforma no Brasil, nos dando moral de sermos abraçados de vez pelo serviço, enquanto também dormimos de conchinha, já que não se trata de uma relação unilateral.


Se juntas já causa, imagina juntas

Na prática, tudo se trata de visibilidade, credibilidade e conteúdos fodas. Assim mesmo, sem a mínima modéstia. E não poderíamos estar mais felizes com essa nova empreitada.

Sendo assim, se prepare para mais uma enxurrada de conteúdos bem legais que derivarão dessa parceria, incluindo muitas playlists (você já nos segue pelo Spotify, certo?), cobertura de eventos e mais e mais textões (como esse que publicamos lá na página deles, falando sobre o sucesso de “Despacito” e a ascensão da música latina).

Siga o It Pop no Spotify:



Enquanto você faz isso, a gente aproveita pra dar aquela ligada pra Beyoncé, vai que agora que somos embaixadores do negócio, ela topa nos dar uma dose dessa limonada, né?

Fãs de “Sense8” querem protestar contra o cancelamento da série com uma pegação coletiva

Se já causa na estreia, imagina no cancelamento.

A Netflix anunciou nessa semana o cancelamento de mais uma série e, depois de “The Get Down”, a tesoura chegou na hypada “Sense8”, que neste ano chegou em sua segunda temporada.

Os fãs da série, obviamente, ficaram bem putos com a plataforma, mas outros preferiram unir o útil ao agradável e, por meio de um evento no Facebook, planejar uma “pegação coletiva” em protesto contra esse cancelamento. Pra se unir a causa, é só vir neste link.

Marcado para o próximo domingo, 4 de junho, em São Paulo, no vão do MASP, o protesto já conta com mais de 6 mil pessoas confirmadas pela rede social, além de outros 14 mil interessados. Será que essa galera realmente vai? 👀


Na sua descrição, o evento organizado por Emilio Faustino diz que “não aceitamos o cancelamento de Sense8 e em protesto, vamos prestar uma bela homenagem revivendo um dos momentos mais icônicos da série”. O protesto, por sua vez, talvez fique pra mais tarde. “Tragam suas bebidas”, também pede.

Desde sua estreia, “Sense8” foi marcada pelo apelo ao público LGBTQ+ e, no ano passado, o elenco da série chegou a participar da Parada LGBT em São Paulo, gravando cenas que integraram sua última temporada.

Domingo será um dia de muita luta ou, no mínimo, alguns beijos. A gente espera que, apesar de não ter tanta pegação, a mesma mobilização se repita quando a Netflix ousar cancelar “Dear White People”.

O grande “pacito” da música latina pode torná-la a próxima tendência da indústria pop

Ainda que enfrente muita resistência nas rádios e paradas dominadas pela hegemonia americana, o pop latino esteve por muitos anos a espera de uma oportunidade para mostrar cultura pra esse povo, colecionando nesse tempo uma leva de hits esporádicos nas vozes de Shakira, Jennifer Lopez, Enrique Iglesias, Pitbull, Daddy Yankee, entre outros nomes, e eis que, com um empurrãozinho dos streamings, nossos conterrâneos finalmente se encontraram à frente das paradas e estão prestes a alcançarem um feito histórico.


Se as previsões estiverem certas, a próxima música a encabeçar o topo da Billboard Hot 100 será a parceria de Luis Fonsí com Daddy Yankee e Justin Bieber, “Despacito”, e caso isso se concretize, essa será a primeira vez que uma faixa majoritariamente em espanhol estará no topo da parada americana desde 1996, quando a lista foi liderada por “Macarena”.



O sucesso de Luis Fonsí com Bieber, entretanto, é consequência de uma longa mudança que já vinha surtindo efeito pela internet. Cada vez mais fortes, as plataformas de streaming vêm propondo uma longa reeducação na maneira como consumimos música e, por meio de playlists e paradas como a ‘Global Top 50’, do Spotify, nos permite acompanhar não só os sucessos mundiais, mas também as faixas emergentes em regiões específicas, contribuindo pra que conheçamos produções além da bolha norte-americana, o que beneficiou não só os artistas latinos, como também asiáticos e de países nórdicos.

Outra coisa que facilitou a redescoberta e ascensão do pop latino foi a forma como os artistas do gênero vieram se ajudando ao longo dos últimos anos, fazendo inúmeras colaborações que, conforme alcançavam um público maior, levavam com elas outras faixas como sugestões. Isso explica a quantidade de músicas que vimos nos últimos meses com nomes como Maluma e J Balvin, além de, em anos anteriores, Daddy Yankee e Pitbull.



Com a pluralização das paradas após os streamings, foi comum que o público buscasse cada vez mais por sotaques diferentes dos usuais hits americanos. Foi assim que Sia emplacou o remix de “Cheap Thrills” com o jamaicano Sean Paul, Drake não perdeu tempo com o nigeriano Wizkid em “One Dance” e  também colou com Rihanna, que trouxe mais referências da música jamaicana em “Work”.

O pop latino, por sua vez, já vinha caindo nas graças de muitos artistas conhecidos pelas paradas americanas. A própria Sia lançou uma versão de “Cheap Thrills” com o rapper e cantor Nicky Jam, de Porto Rico, e as versões latinas se estenderam para “Sorry”, do Justin Bieber, com participação do J Balvin, e, usando um exemplo mais recente, “Shape of You”, do Ed Sheeran, relançada com a dupla Zion & Lennox.



Entre o público adolescente, os latinos também estão ganhando vez. Revelações como o cantor Abraham Mateo e a boyband CNCO são cada vez mais frequentes nas listas de mais ouvidos do Spotify, na maioria das vezes ao lado de nomes também conhecidos por seus trabalhos na televisão, como as atrizes e cantoras Lali e TINI.



No Brasil, não tem sido diferente! Anitta foi um nome essencial para a popularização de faixas como “Ginza”, do J Balvin, e “Sim ou Não”, com Maluma, e além de ter contribuído pra que as canções fossem inevitáveis sucessos em solo nacional, abriu a porta para outros artistas, como Zion & Lennox, que há algumas semanas lançaram uma versão de “Otra Vez” com vocais da Ludmilla.



O cantor colombiano Maluma, que colaborou com Shakira, Anitta, Ricky Martin, entre outros nomes, também tem se saído bem sozinho com o single “Felices Los 4”, que já aparece entre as faixas virais do Spotify no mundo e, na estreia do seu videoclipe, se tornou o clipe latino mais assistido em 24 horas. O clipe já conta com mais de 115 milhões de visualizações.


Uma vez no topo das paradas, será cada vez mais fácil para a música latina se consolidar mundialmente, e grandes nomes para isso não faltarão. Shakira, que recusou lançar uma versão em inglês de “Chantaje”, por anos foi um dos principais expoentes da música latina para o mundo e, atualmente, está gravando seu novo disco, totalmente em espanhol; Enrique Iglesias, que atualmente promove o single “Subeme La Radio”, também está com seu próximo trabalho prestes a sair do forno e, de volta ao campo das revelações, a ex-Fifth Harmony, Camila Cabello, deu indícios de que assumirá suas origens cubanas no trabalho de estreia solo, investindo mais no que fez com Pitbull e J Balvin em “Hey Ma”.



Usted percibió que los latinos están incluso dominando el mundo, ¿verdad? Pra completar esse intensivão, a gente preparou a playlist “Dominação Latina” no Spotify, qual aconselhamos que você siga o quanto antes, pra acompanhar esse pisão na hegemonia americana com a gente:

As divas pop estão passando por uma crise e ela parece longe de acabar

Quando Rihanna começou a promover o disco “ANTI”, foram longas as tentativas de acertar o direcionamento do álbum, que contou com dois “primeiros” singles até que a barbadiana se unisse ao Drake na inevitavelmente bem sucedida “Work”.

A má recepção das canções anteriores, ainda que não fossem tão comerciais, era de se impressionar, principalmente por conta desse trabalho quebrar o jejum da cantora desde o álbum “Unapologetic”, que alcançou o topo das paradas nos Estados Unidos e Reino Unido, rendendo ainda singles como “Diamonds” e “Stay”.


O que acontecia com Rihanna, entretanto, não era novidade entre as divas do pop. Gaga, que em 2013 lançou o disco “ARTPOP”, amargou números bem menores do que o esperado com o single “Applause” e as coisas só pioraram nos seus passos seguintes, graças ao histórico de acusações por estupro e pedofilia do seu parceiro no outro single, “Do What U Want”, e confusa estratégia de divulgação de “G.U.Y”, que encerrou os trabalhos do CD.

Passada uma grande temporada de mudança de imagem, que incluiu o projeto de jazz com o músico Tony Bennett e parcerias com artistas como Diane Warren e Nile Rodgers, a cantora retornou no último ano com o álbum “Joanne” e capengou rumo ao seu primeiro grande hit em anos, mas não se tratava de nenhuma faixa explosivamente pop como foi “Just Dance”, “Poker Face”, “Bad Romance” ou “Born This Way” e, sim, a baladinha country “Million Reasons”.


No topo outra vez, meses após nos lembrar porque é considerada uma das maiores artistas da sua geração no palco do Super Bowl, Gaga se entregou ao pop que seus fãs tanto ansiavam com o videoclipe de “John Wayne”, do mesmo disco, e nos primeiros sinais de que a faixa repetiria a má recepção dos trabalhos anteriores, a gravadora sinalizou: a música não era um single. O bonde seguiria com “Million Reasons”.

Quando finalmente decidiu se desvencilhar da tal canção lenta, Gaga se desvencilhou também de toda a fase “Joanne”, dando espaço para a proposta dançante, comercial e óbvia para as playlists atuais do Spotify: “The Cure”. O que tinha tudo para ser a cura do que seus fãs tanto pediam, entretanto, revelou o que boa parte do público ainda não havia percebido: as divas do pop estão em crise.


Já faz algum tempo que a música pop vem se tornando menos interessante, ao menos quando falamos dela no seu sentido literal, das músicas que estão no topo das paradas. As divas do pop, espalhafatosas, ousadas, dispostas a levantarem bandeiras em prol de minorias e virarem premiações de cabeça para baixo deram espaço para o pop higienizado e heteronormativo de Taylor Swift, para as baladas (lindas, diga-se de passagem) que até as suas tias escutam da Adele e, não podemos esquecer, para esse monte de caras que quase parecem os mesmos de tão pouco que acrescentam ao cenário e semelhança das músicas monotemáticas que cantam (coloca na conta do Ed Sheeran, Shawn Mendes, Charlie Puth, etc).

Falar em “higienização e heteronormatividade”, por sua vez, é um bom ponto de partida pra todo esse entendimento. Isso porque pop é cultura, cultura carrega valores e ideologias, e o que vivemos neste momento é uma fase em que Meghan Trainor e The Chainsmokers ganham Grammys por trabalhos medíocres e esquecíveis, porque grandes gravadoras, empresas e plataformas os abraçam e investem neles enquanto astros inofensivos, que não desafiam o status quo.


Neste sentido, não devemos nos surpreender ao ver que, no ano seguinte ao que Beyoncé foi uma das artistas que mais vendeu com seu novo disco, um material audiovisual que discutiu o empoderamento feminino e negro, as paradas americanas passaram pela primeira semana sem uma mulher entre as dez maiores canções desde os últimos 33 anos – revertendo isso pela aparição de Alessia Cara em “Stay”, que na verdade pertence ao repertório do DJ Zedd.


Outra diva pop que parece estar acertando as contas com a mesma crise é Katy Perry. Seu quarto disco, sem previsão de lançamento, deu para a californiana o seu primeiro single carro-chefe que não alcançou o topo das paradas, “Chained To The Rhythm”, e parece estar prestes a lidar com a mesma dificuldade quanto aos números de sua segunda faixa, a parceria com o trio de hip-hop Migos em “Bon Appétit”.

No novo lançamento, a cantora ainda buscou se enturmar com os rappers, que tem levado a melhor nas paradas atuais, graças ao forte desempenho do gênero nas plataformas de streaming, mas calhou de bater de frente com a estreia de “I’m The One”, outra faixa toda cantada por homens, e, até então, amargar alguns dos seus menores números desde que emplacou seus primeiros sucessos. Com o disco sem previsão de estreia, não será uma surpresa se ela trabalhar em outras mudanças de imagem, posicionamento e sonoridade, sequer aparecendo com essas faixas no material final.


A indústria sempre funcionou de forma cíclica e, na era dos streamings, dos Chainsmokers e Ed Sheeran, o que temos é uma música pop indisposta para as divas. O que mudaria isso seria a chegada de outra artista tão disposta e preparada para “girar a roda” como fez Lady Gaga entre 2008 e 2010, quando resgatou a iconicidade e importância do trabalho visual, de uma forma que só havíamos visto ser tão bem feita nas mãos de Michael Jackson e Madonna. Mas isso se torna cada vez mais distante com a urgência do pop atual e pressa das gravadoras, que até lidam com artistas talentosas (Zara Larsson, Anne-Marie, Dua Lipa e contando), mas se perdem ao tentar torná-las estrelas instantâneas, fadando-as a mesma safra do pop presa aos ritmos comuns.

Linn da Quebrada começa financiamento coletivo para seu disco de estreia, “Pajubá”

Dona do melhor videoclipe brasileiro de 2016, a cantora Linn da Quebrada anunciou os preparativos do seu disco de estreia, “Pajubá”, entretanto, contará com o apoio dos seus fãs pra que o projeto seja concluído e apresentado ao público, por meio de um financiamento coletivo na plataforma Kickante.

Com a meta estabelecida em R$45 mil, o projeto ficará disponível para receber doações até o dia 10 de junho, com recompensas que vão de agradecimentos nas redes sociais da brasileira à noite de karaokê e shows em sua casa ou estabelecimento, de acordo com o valor contribuído. Saiba mais e contribua por aqui.

Se você não puder ajudar financeiramente, espalhar a palavra de Linn da Quebrada também é uma forma de oferecer suporte! Ela foi uma das grandes revelações da nova música nacional, que tem se mostrado cada vez mais diversa, e atualmente possui os singles “Enviadescer”, “Talento” e “Bixa Preta”, sendo esse último produzido pelo cantor Jaloo.



Essas três faixas foram apresentadas por Linn durante sua participação no Estúdio Show Livre, posteriormente disponibilizadas com outras inéditas como um disco ao vivo no Spotify:



Resistente por meio de suas músicas, Linn da Quebrada levanta as bandeiras LGBTQ e negra, enquanto discute por meio da cultura a LGBTQfobia, inclusive quando reproduzida pela própria comunidade, e também racismo.

No que foi um dos maiores momentos de sua carreira até aqui, a cantora também participou nesse ano do programa “Amor & Sexo”, da Rede Globo, no qual fez uma performance impactante da faixa “Bixa Preta”:


A iniciativa do financiamento coletivo tem sido cada vez mais frequente no Brasil e, anteriormente, já vinha se popularizando nos EUA e outros países do mundo, principalmente como uma forma de oferecer suporte aos artistas independentes, que muitas vezes se dividem entre a vida artística e outros empregos, para bancarem os custos da carreira, gravações, viagens e até mesmo shows.



Nós desejamos toda a sorte do mundo para ela e, não se esqueça, todo apoio significa um avanço. Não deixe de compartilhar com seus amigos, tá? Bora enviadescer!

Tá liberado cantar com a nossa “Driveokê” agora que o Spotify e Waze se uniram

Dos tantos aplicativos que prometem facilitar nossas vidas, poucos fazem isso tão bem quanto Spotify e Waze, e na melhor definição do ‘unir o útil ao agradável’, eles resolveram se tornar os melhores amigos que a gente respeita e integrarem seus serviços, permitindo que ouçamos músicas enquanto somos guiados no volante e vice-versa.

A parceria entre o Spotify e Waze começará a ser disponibilizada para usuários Android pelas próximas semanas e tem a intenção de facilitar a utilização dos dois serviços numa mesma tela.

Siga o It Pop no Spotify:

Pra comemorar essa união, a gente já correu no nosso perfil e preparou a “Driveokê”, com váaaarios hits que amamos cantar e, claro, encarnar aquele karaokê, todo trabalhado no James Corden.

Ler na voz da mocinha do Waze: as chances de você ficar preso nessa playlist por algumas semanas são enormes, mas descer até o player abaixo e nos seguir será o seu destino.

Ouça a nossa “Driveokê”:



Vale ressaltar que, numa preocupação com a atenção dos seus usuários no volante, essa integração só permite a navegação entre playlists com o carro parado, tá? Mas toca suas seleções favoritas automaticamente, sempre que uma viagem começar.

"Empodere-se, mina!": várias mulheres fodas da música em uma só playlist

Já dizia Chimamanda Ngozi Adichie: "Feminista: a pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica dos sexos". Pelo direito de escolher, pelo poder sobre o nosso corpo, por equidade salarial, pelo fim da violência física e psicológica contra a mulher, da hiperssexualização da mulher negra, pelo respeito as mulher LGBTQs e por muito mais, a luta continua e é diária. O dia da mulher não foi feito para flores e chocolate (mas, claro, nada contra se você gostar de receber) e sim para lembrarmos de tudo que foi conquistado até aqui, mas do quanto ainda falta e do quanto precisamos nos unir para, enfim, promover mais mudanças em nossa sociedade. 

E se nós estamos fazendo a nossa parte, também temos muitas cantoras que estão usando sua voz e popularidade para chamar atenção para a causa, e talvez, graças a muitas delas, o Movimento Feminista tenha se tornado parte tão importante da cultura pop e, consequentemente, empoderado muitas meninas por aí. Para celebrarmos o que já passou e nos lembrarmos de que a luta continua, preparamos a playlist "Empodere-se, mina!". 

Começamos com "Intro", que também é a primeira faixa do novo álbum da Kehlani. Essa não é uma música, e sim um poema com um pouquinho de ritmo, onde a cantora pede desculpas a todos que já a perderam, se perderam nela e se perderam com ela, e revela: "A verdade é, eu sou uma super-mulher. E, em alguns dias, eu sou uma mulher com raiva. E, em alguns dias, eu sou uma mulher louca". Todas somos.

Como mulheres a sociedade sempre tenta nos impor um padrão. Nunca estamos felizes conosco e sempre nos forçamos a encontrar defeitos. Por isso, Hailee Steinfeld e Alessia Cara lembram que você é linda, incrível é única. You go, girl! 

Pra te inspirar a dar um basta no boy-lixo ou naquela relação que não está te fazendo bem, trouxemos Britney Spears, Madonna, Spice Girls, Fifth Harmony, Ludmilla, Destiny's Child e muito mais. E se o cara ainda não entendeu que não é não, chamamos Meghan Trainor, MUNA, P!nk e Karol Conká pra ensinar direitinho.

A Demi Lovato nos perguntou o que tinha de errado em ser confiante, e a gente responde: NA DI NHA! Pra você ser bastante dona de si, não poderíamos deixar de colocar Christina Aguilera, Lorde, JoJo e, claro, a perigosa Ariana Grande.

Se a boa é sair pra balada com as amigas, não poderia faltar Simone & Simaria, Anitta, Little Mix, Selena Gomez e Cindy Lauper, com o hino "Girls Just Wanna Have Fun(damental Human Rights)". E curta a festa mesmo, viu? Sem medo do que vão pensar! Joan Jett, M.I.A, Miley Cyrus e Aretha Franklin pedem espaço e muito "RESPECT"

Se curtir é ótimo e descobrir sua própria sexualidade é o melhor presente que uma mulher pode ganhar, especialmente nesse dia. Por isso, aproveite pra se sentir muuuuuito ao som de Nicki Minaj, Rihanna e Charli XCX

Por fim, celebramos a força da mulher e do feminismo com Lady Gaga, Beyoncé, Elza Zoares e MC Carol. Somos 100% feministas.

Você precisa assistir ao novo clipe da Elza Soares, “Mulher do Fim do Mundo”

O disco “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares, foi um dos trabalhos brasileiros mais aclamados dos últimos dois anos e, até aqui, ainda não havia ganhado qualquer tratamento visual. Com o fim do carnaval, a brasileira revelou então o primeiro clipe desse trabalho e, numa escolha mais do que propícia, justamente para a sua faixa-título.

Sob a direção de Paula Gaitán, o novo videoclipe da brasileira capta toda a vulnerabilidade convertida para força da canção, focando no seu rosto em primeiro-plano, enquanto divide cenas com intérpretes de “todas as outras Elzas”, numa forma de eternizar o que já foi até aqui, pra que continue sendo até o fim do mundo.

Um dos maiores ícones da música brasileira, Elza viu sua carreira alcançar um novo patamar com esse último disco, com o qual não só conquistou um novo público, como também ganhou a imprensa internacional, sendo convidada, inclusive, para o festival europeu Primavera Sound 2017.

No Brasil, a cantora se viu vítima do racismo e machismo da sociedade e indústria por diversos momentos da sua vida, tendo ainda enfrentado batalhas que vão bem além da sua figura pública, como o falecimento de seus filhos e o relacionamento abusivo que suportou em silêncio, com o jogador de futebol Garrincha.

Hoje, ela permite que suas tristezas fortaleçam seus discursos e postura no palco, com um apelo inegável carregado pela faixa desse videoclipe: “Me deixem cantar até o fim!”



“Mulher do Fim do Mundo” integra a trilha-sonora da série “3%”, da Netflix, e na última semana ganhou também um remix do produtor Omulu, que trouxe uma roupagem mais dançante para a canção. Numa entrevista para a Beats 1, da Apple Music, o brasileiro contou que teve liberdade para trabalhar na faixa como preferisse e optou por repensá-la, de uma forma que focasse nos ritmos nacionais, sem se prender às batidas. 

Ouça esse remix a partir dos 11:45 no player abaixo:



Essa mulher merece todo o reconhecimento do mundo! Caso ainda não o tenha feito, ouça o disco “A Mulher do Fim do Mundo” no Spotify:

A gente vai se ver na Globo?

Existe um blog chamado “Quem a homofobia matou hoje?”, que diariamente nos atualiza com reportagens sobre pessoas LGBTs que tiveram suas vidas tiradas no Brasil. O país da diversidade, do carnaval e do futebol, é também o que mais mata transexuais, travestis, homossexuais e bissexuais em todo o mundo e, segundo uma pesquisa realizada pelo grupo Gay Bahia em 2016, estima-se que um LGBT morra a cada 26 horas.

Há pouco menos de vinte e seis horas, independente de sua posição política, orientação sexual, gênero, etnia e idade, quem estava com a televisão ligada na Globo, teve sua casa tomada por artistas, ativistas e pessoas públicas LGBT, que se abriram sobre as dificuldades em viver dentro de um país intolerante, desmitificaram os grupos que integram e representam e, de forma descontraída, modelada como entretenimento, deram uma verdadeira aula sobre o que é ser aqueles que morrem todos os dias apenas por serem quem são.

O programa que serviu de palco para todo esse show foi o “Amor & Sexo”, comandado pela Fernanda Lima, e levando em consideração as últimas edições dessa temporada, é esperado que as bandeiras dessas e outras minorias sigam sendo levantadas por mais algum tempo — e isso é maravilhoso!

Não, ninguém se esqueceu de quem é a Globo. A emissora tem um passado e presente que a condenam, é relembrada o tempo inteiro sobre ter apoiado um golpe político no Brasil há alguns anos e, refrescando nossa memória, apoiou outro anos depois. Em sua programação, fomentou estereótipos racistas, machistas e LGBTfóbicos e, após perceber que não poderia mais tratar essas fatias da população com tamanho desrespeito e indiferença, viu a oportunidade de abraçá-los. Abraçar-nos.

Quando se fala em representatividade e visibilidade, não podemos ignorar a necessidade de ocupar os espaços e, cientes de que esse diálogo não deve se limitar aos que já estão do nosso lado e compreendem nossas lutas, é inevitável que nos apropriemos também de palcos que nem sempre nos serviram para o bem, de forma que nossos discursos possam alcançar um número cada vez maior de pessoas.


Uma das convidadas da última edição do “Amor & Sexo” foi MC Linn da Quebrada, uma cantora negra, transexual e periférica, que se autointitula uma “bicha preta, louca e favelada”, e ao cantar sua nova música de trabalho, o afronte dançante de “Bixa Preta”, ela não só promoveu seu material enquanto artista, como fez do programa o palco para o seu discurso.

“Se tu for esperto, tu vai logo perceber que eu já não tô de brincadeira. Eu vou botar é pra foder.”

Outro destaque ficou para Liniker, artista que dispensa limitações de gênero e, usando vestido e batom, realizou uma performance da canção “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, que retrata a história de Geni, uma travesti que, como muitas outras, é literalmente apedrejada por conta de sua condição inferiorizada pela sociedade.


A apresentação cheia de interpretação é interrompida quando Liniker apresenta os dados que abriram esse texto, concluindo com a afirmação de que isso tem que acabar: “Só assim poderemos nos redimir”.

Outras artistas LGBTs, como Pabllo Vittar, Gloria Groove e As Bahias e a Cozinha Mineira, também passaram pela programação, que contou com a consultoria de Jaqueline Gomes de Jesus, mulher trans, negra, doutora em psicologia social e pós-doutora em trabalho e movimentos sociais.

Não se ganha e mantém por tantos anos o título de maior do Brasil sem ser esperta nos negócios e, enquanto uma empresa, é óbvio que a Globo olhará para os grupos sociais como nichos de mercado, fatias que ainda pode abocanhar como telespectadores. E, mesmo que gradualmente e sob muita resistência, isso tem surtido efeito: semanalmente, a timeline das redes sociais se divide entre os que comemoram o espaço ocupado na programação da emissora e os que criticam a comemoração do primeiro grupo. No final, todos assistem.

Ainda assim, também não podemos negar que, embora não saibamos quais são todas as reais motivações da cúpula global, esse espaço ocupado significa um passo importante para essas minorias, que semanalmente têm a oportunidade de invadir “a tela da tevê” daquela sua tia homofóbica, daquele seu vizinho machista e colega de trabalho racista — um pessoal que dá zero fodas para os textões que você compartilha no Facebook, seja por achá-los chatos, discordar ou sequer entender — para darem a cara à tapa e baterem de volta também.

Tudo está ao nosso alcance nas bolhas que são as redes sociais, nas quais bastam alguns cliques para nos livrarmos do que nos incomoda e outros para nos rodearmos do que nos agrada e representa, mas é na televisão que ainda se concentra o maior poder de influência dos meios de comunicação no Brasil e, uma vez ocupado esses espaços, nossos discursos ecoarão alto demais para serem ignorados. O que não podemos é nos acomodar e acreditar que, por conta de alguns minutos de exposição, nos livramos das violências e opressões de cada dia, até porque, se fosse tão simples, não chamaríamos de luta.


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Esse texto foi originalmente publicado no meu Medium. Você pode me seguir por lá também! :)

O hit do carnaval de 2017 foi a música de uma drag queen com um rapper negro e gay

MC Kevinho bem tentou com a sua novinha terrorista, o outro, de “Deu Onda”, se afundou por polêmicas declarações homofóbicas e, ainda que Anitta tenha emprestado seus vocais para dois sucessos em potencial, não deu outra: a música do carnaval de 2017 foi a parceria de Pabllo Vittar e Rico Dalasam, “Todo Dia”.

A faixa, presente no disco de estreia da drag brasileira, foi produzida por Rodrigo Gorky, do Bonde do Rolê, e vem carregada pelo funk, com uma letra na qual a dupla enaltece não precisar do carnaval como desculpa para serem vadias. São todo dia.

No que foi um dos carnavais mais diversos do Brasil, com forte presença de blocos LGBTs e, ainda nos que não eram, respeito por todos os grupos, a música não poderia ter sido mais apropriada, tanto por sua mensagem de liberdade sexual, entregue de forma leve, numa narrativa descontraída, quanto por seus intérpretes: a cantora drag queen e o rapper negro e gay.



Entre suas aparições pelo carnaval, a música contou com apresentações em parceria de Rico Dalasam e Pabllo Vittar com a cantora Daniela Mercury, além da performance feita pela drag no bloco Pop do Cassete, do blog Papel Pop, que também contou com as participações de MC Linn da Quebrada e Gloria Groove.

Pela internet, “Todo Dia” já ultrapassa as 2 milhões de execuções no Spotify, estando presente entre as cinquenta músicas virais da plataforma no Brasil, fora suas mais de 4 milhões de exibições por seu videoclipe, lançado no final de janeiro no Youtube.

A melhor parte é que, além do sucesso nesse carnaval, a letra da música pode ser usada de forma atemporal, nos servindo de contagem regressiva até a festa do ano que vem. Até lá, teremos outras 300 e poucas oportunidades de sermos todo dia. Todo dia. 

O Oscar não fez mais do que a sua obrigação e ainda há muito o que problematizar

Ainda que estejamos em um dos momentos mais críticos da política mundial, com líderes autoritários e conservadores, carregados de discursos preconceituosos e discriminatórios, presenciamos uma das melhores fases em relação a sociedade, que tem se mostrado cada vez menos conformada com as grandes instituições e seus copos-meio-vazios. A tal geração que “vê preconceito em tudo”, porque ele implicitamente está ali.

Quando o público manifestou sua insatisfação com o Oscar, dando voz ao movimento #OscarSoWhite, eles não estavam realmente preocupados com o prêmio do grande evento, mas, sim, com o que ele representa para todas as pessoas negras, das que assistem à premiação anualmente e veem seus semelhantes sendo preteridos aos que trabalham no meio e percebem a desvalorização de seus trabalhos, independente do esforço feito.

No seu discurso durante o Emmy Awards de 2015, a atriz Viola Davis aproveitou o atual momento de sua carreira e espaço alcançado para destacar que a problemática vai bem além das premiações, uma vez que essa desvalorização começa na escolha dos atores e personagens para a produção do filme. Ela explicou que a diferença entre atrizes negras e brancas são as oportunidades.


E, sobre essa fala, não fica difícil comprovar. São inúmeros os atores e atrizes negros que sabemos serem muito talentosos, e vários deles já ganharam prêmios importantes dentro do meio, mas quantos foram por papéis que não fossem escravos, jovens viciados em drogas e, principalmente em relação às mulheres, empregadas domésticas?

A discussão soa ainda mais preocupante se pensarmos nas categorias técnicas, majoritariamente dominada por homens, e um exemplo recente foi a indicação de Joi McMillion ao Oscar 2017, pela edição de “Moonlight”, uma vez que ela se tornou a primeira mulher negra indicada nesta posição – e perdeu.

Numa tentativa de se mostrar mais democrático e, ainda que gradualmente, demonstrar estar ouvindo a demanda pública, o Oscar desse ano entregou o grande prêmio da noite para “Moonlight”, que disputava contra o favorito – e branco demais – “La La Land”, e tê-los como vencedores não só é importante por se tratar de uma produção feita por artistas negros, como também por sua temática, que aborda dos recortes raciais à luta contra a homofobia.

Viola Davis, que já se tornou um dos maiores ícones negros do cinema atual, também teve a oportunidade de levar seu primeiro prêmio e, como bem definiram pelas redes sociais, na verdade foi o evento quem teve a chance de ter entre seus vencedores uma atriz no cacife de Davis. A noite ainda marcou o fato dela se tornar a primeira atriz negra da história premiada pelo Oscar, Emmy e Tony Awards por sua atuação.



Não só por seus indicados e vencedores, o Oscar desse ano também se mostrou empenhado em fazer a diferença por meio dos discursos de todos que subiram no palco da premiação, incluindo o apresentador Jimmy Kimmel, levantando debates, ainda que de forma descontraída, sobre a política xenofóbica de Donald Trump, entre outras facetas recém-resgatadas do antigo “sim-você-pode” Sonho Americano.

Apesar do clima ser de comemorações, é importante não nos esquecermos de que a representatividade vai além dos prêmios entregues neste ano, devendo a exigência do público se manter tão rígida quanto nas edições anteriores, e, mais do que isso, se faz necessário que cobremos ainda mais diversidade para as premiações que estão por vir, pra que tenhamos eventos cada vez mais negros, que reconheçam o talento das mulheres em todas as camadas das produções, como fazem todos os anos com os homens, e também LGBTQ, como foi “Moonlight”.

Esse remix do Zebu e Phillip Nutt para “Essa Tal Liberdade” te fará viciar em Só Pra Contrariar

De todas as invenções na música brasileira, a melhor é, sem dúvidas, a vaporsofrência do produtor Zebu. Na realidade, chamado Guilherme Pereira, o músico independente é de Campinas e tem chamado cada vez mais atenção graças aos seus inusitados remixes para músicas nacionais, como aquele de “Medo Bobo”, originalmente lançado pela dupla Maiara & Maraísa, que entrou para a nossa playlist pop do Spotify.

Em seu canal no Youtube, Zebu conta com mais de 4 mil inscritos e, entre suas produções, possui versões para MC Carol, Belo, Kelly Key e, no seu trabalho mais recente, uma maravilhosa releitura de “Essa Tal Liberdade”, do grupo de pagode Só Pra Contrariar.

A versão de Zebu para “Liberdade” traz vocais do cantor Phillip Nutt, outro nome emergente do pop nacional, e com uma proposta inusitada do arranjo à identidade visual, tem tudo para fazer esse hit dos anos 90 se tornar bem mais do que um mero guilty pleasure.

Olha que sensacional:



Que demais, gente! O vício aqui já é real!

O maior hit de Zebu até aqui é a sua colaboração com Jão, no cover de “Medo Bobo”. Só no Spotify, a música possui mais de 800 mil execuções, com outras 150 mil no seu canal do Youtube.



Na sequência, o cover de “Direito de amar”, do Belo, acumula 60 mil visualizações no Youtube, com outras 30 mil execuções pelo Spotify:



Phillip Nutt, que colabora no cover de “Essa Tal Liberdade”, também possui outros trabalhos já lançados e, há algumas semanas, estreou o single “Ponderar”, disponível nas principais plataformas de streaming.



O pop nacional tá cada vez mais lindo.

Até a Adele sabia que o Grammy de ‘Álbum do Ano’ deveria ser de Beyoncé


Atualização (17/04): A imagem que ilustrava a matéria foi substituída, após reivindicações de direitos do site Getty Images.

Se existia alguma dúvida sobre o Grammy repetir a mesma postura dos anos anteriores em sua última edição, esnobando Beyoncé e as indicações do disco “Lemonade”, ela acabou assim que a cantora subiu ao palco para receber o troféu por Melhor Álbum Urban Contemporâneo.

Horas antes do evento começar, publicamos o editorial “Os Grammys de Beyoncé dizem muito sobre o problema racial da premiação”, no qual ressaltamos que, apesar de ser um dos nomes mais premiados do show, a cantora nunca é devidamente reconhecida quando compete com artistas brancos e, de todos os prêmios conquistados até aqui, apenas um esteve entre os mais disputados, com os outros sendo distribuídos entre as ditas categorias negras – a tal da música urban. E a história se repetiu.


Das nove indicações ao Grammy de 2017, Beyoncé ganhou dois prêmios: Melhor Videoclipe para “Formation” e Melhor Álbum Urban Contemporâneo por “Lemonade”. Tendo perdido Melhor Filme Musical para um documentário dos Beatles e, no que soou como a perda mais significativa, Álbum do Ano para Adele.

O momento em que a cantora recebeu o prêmio de Melhor Álbum Urban Contemporâneo antecipou a nossa decepção, uma vez que, ao contrário das edições anteriores, o anúncio da categoria foi televisionado, seguido do discurso de uma Beyoncé que parecia ciente sobre o que estava por vir.

“Todos nós experimentamos dor e perda”, disse a cantora. “E muitas vezes não somos ouvidos. Minha intenção com esse filme e álbum foi criar uma obra que desse voz às nossas dores, nossa luta, nossa escuridão e nossa história. Confrontar problemas que nos deixam desconfortáveis”, continuou. 

Pra mim, é importante mostrar aos meus filhos imagens que reflitam sua beleza, então eles poderão crescer num mundo em que olharão no espelho, primeiramente através de sua própria família – bem como nos noticiários, Super Bowl, Olimpíadas, Casa Branca e no Grammy – e verão a si mesmos, sem duvidarem de que são lindos, inteligentes e capazes. Isso é algo que eu desejo para todas as crianças de todas as raças. E eu sinto que é vital que aprendamos com o passado e reconheçamos nossa tendência de repetir os mesmos erros.


Para contextualizar o momento atual e ilustrar que essa discussão é mais ampla que qualquer comparação entre os trabalhos de Beyoncé e Adele – bem como quando conflitos semelhantes aconteceram com Beck e Taylor Swift – é importante ressaltarmos que estamos falando de uma premiação que, ao longo dessa década, não premiou nenhum artista negro na categoria de Álbum do Ano, e toda a história se torna ainda mais problemática se fizermos um recorte de gênero, visto que a última mulher negra reconhecida nesta categoria foi a cantora Lauryn Hill, na edição de 1999.

Se tratando de Beyoncé, também assistimos ao modo cruel com que a Academia parece relembrá-la, apesar de seus privilégios enquanto rica e americana, da sua posição como uma artista negra, esnobando seu trabalho na mesma categoria em detrimento de um artista branco pela terceira vez, ainda que seu álbum tenha sido um dos mais relevantes, impactantes e aclamados do último ano.


Favorita da noite, a cantora Adele fez questão de reconhecer a grandiosidade de “Lemonade” em seu discurso de agradecimento, afirmando:

Eu não posso aceitar esse prêmio. Eu sou muito humilde e estou realmente grata, mas a artista da minha vida é Beyoncé. E esse álbum pra mim, ‘Lemonade’, é simplesmente tão monumental. Beyoncé, é tão monumental. E tão bem pensado, tão lindo e sincero, e todos nós pudemos ver um outro lado de você, que nem sempre nos deixa ver. Apreciamos isso. Todos nós, artistas, te adoramos. Você é a nossa luz.

Com a cantora aos prantos na plateia, Adele prosseguiu: “A forma como você faz eu e meus amigos nos sentirmos, a forma que você faz meus amigos negros se sentirem, é empoderadora. E você os faz se levantarem por eles mesmos. Eu te amo. Eu sempre te amei e continuarei amando.”


Após o discurso, a britânica ainda quebrou o troféu mais importante da noite, dizendo que metade seria de Beyoncé, e numa conversa com a imprensa mais tarde, questionou: “O que ela ainda precisa fazer para ganhar esse prêmio?”, e a resposta mais óbvia talvez seja “ser branca”.

Definitivamente, no álbum “Lemonade”, Beyoncé fez mais que um disco urbano. Indo do country ao rock, a cantora reuniu um verdadeiro time que permitiu tamanha diversidade dentro do disco e, mesmo com tanta variedade sonora, entregou um álbum coeso, completo e, inquestionavelmente, um dos melhores trabalhos de 2016. 


Durante um discurso de agradecimento no Emmy Awards, a atriz Viola Davis afirmou que a única diferença entre as artistas brancas e negras são as oportunidades, e, se pudéssemos acrescentar algo, também falaríamos sobre a cobrança exacerbadamente desproporcional ao que esperam e se mostram satisfeitos quanto aos trabalhos de artistas brancos.

Enquanto negra, sempre exigirão que Beyoncé seja três ou quatro vezes maior que artistas brancas caso queira algum reconhecimento e, ainda que esse momento nunca chegue, esperarão que ela, outros artistas negros e seus respectivos públicos se conformem com o que estiverem dispostos a nos oferecer. É sempre a mesma merda do copo meio vazio e ai de quem reclamar. É a letra de “Backlash Blues”, da Nina Simone, se provando cada vez mais atual, real, violenta e cruel.


Na edição desse ano, o Grammy lidou com o boicote de artistas como Frank Ocean e Kanye West, que não concordam com as últimas escolhas e posicionamentos da premiação, e após tamanho desrespeito com o trabalho de Beyoncé, bastante simbólico e agressivo para toda a classe artística negra, nosso desejo é que outros artistas despertem o mesmo descontentamento com esse e outros eventos que seguem os usando para entretenimento, enquanto se negam a reconhecê-los pelos grandes trabalhos que fazem.

Se há algum tempo lidamos com o #OscarSoWhite, já passou da hora de também confrontarmos o Grammy “too white to be Yoncé”.

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