Mesmo sem ser single, "She Loves Control", da Camila Cabello, alcança 100 milhões de plays no Spotify

Vamos falar de um hino injustiçado? Em janeiro desse ano, Camila Cabello lançou seu disco de estreia e, dentre as músicas que compõe o material, uma se destacou desde a primeira ouvida: a tropical e com ares de Major Lazer, "She Loves Control", produzida pelo Skrillex. 



Nessa época, porém, Camila ainda estava estourada com "Havana" e já estava divulgando "Never Be The Same", seu segundo single, o que nos fez pensar "bom, ela claramente estava guardando 'She Loves Control' para o lançamento do disco e, em breve, deve anunciá-la como terceira música de trabalho, certo?".

Errado. 

Agora, tudo indica que "She Loves Control" foi mesmo esquecida no churrasco, já que Camila liberou recentemente "Sangria Wine", com Pharrell Williams, e até performou a parceria no Billboard Music Awards. Mas, tudo bem, porque música boa vinga mesmo sem divulgação e, nesta quinta-feira (28), a canção chegou aos 100 milhões de plays no Spotify, estando apenas atrás dos dois primeiros (e, por enquanto, únicos) singles do "Camila" e de "Real Friends", faixa promocional liberada antes do lançamento oficial do CD. Tudo isso de forma completamente espontânea, daquele jeito bem "era dos streamings" de ser.


Então, Camila, se você estiver lendo esse texto, pensando em talvez abandonar o álbum ou, quem sabe, transformar alguma baladinha em single pra fechar a era, saiba que ainda dá tempo de tomar vergonha na cara e divulgar "She Loves Control", com um bom clipe e performances de qualidade, coisas que a gente sabe que você pode fazer. Estamos dando A dica, hein? 

Crítica: muito mais que dádiva do terror, "Hereditário" acerta em tudo o que tange o Cinema

Atenção: a crítica contém detalhes da trama.

Antes de mais nada, gostaria de pontuar o quanto acho gratuito o rótulo de "pós-terror", termo que vem encontrando modismo após ser cunhado por Steve Rose, crítico de cinema do The Guardian. Basicamente, um "pós-terror" seria um filme do gênero que dispense os jump-scares, focando mais na consolidação de sua história. Exemplos ilustrativos seriam "A Bruxa" (2015), "Boa Noite Mamãe" (2014), "Corrente do Mal" (2014), "Ao Cair da Noite" (2017) e o novíssimo "Hereditário".

Nego a aceitar o termo em meu coração por ele soar muito mais uma ânsia em patentear um sub-gênero do que de fato algo concreto. O próprio prefixo "pós" já derruba o conceito, indicando que essa leva de filmes que se enquadram aqui sejam uma modalidade nova dentro do terror, o que não é verdade. De nomes como "Inverno de Sangue em Veneza" (1973) a "O Homem de Palha" (1973), diversos horrores ao longo da história poderiam ser chamados de "pós-terror", muito mais uma tentativa elitista de classificar filmes "superiores" a outros em seu formato ao invés de sua essência - o mesmo defeito de chamar uma obra de "filme de arte".

Mas nem levo a alcunha para o lado da má fé: Steve Rose acabou soltando o termo com a conotação errada. O xis da questão não habita na produção dos filmes, e sim seu consumo pelo público. É quase unanimidade entre os citados contemporâneos o efeito de serem aclamados pela crítica especializada e rejeitados pelas plateias. O motivo é simplíssimo: filme de terror "de verdade", para quem senta na cadeira da sala escura, é aquele que cause sustos e risadas em seguida - vide "[Rec]" (2007), "Sobrenatural" (2010), "Annabelle" (2014) e tantos outros -. algo que nenhum ali faz (ou, caso faça, está longe de ser a prioridade). Com "Hereditário" não é diferente.


O longa de estreia de Ari Aster começa após a morte da reclusa avó da família Graham - agora composta pela mãe, Annie (Toni Collette); o pai, Steve (Gabriel Byrne); o filho mais velho, Peter (Alex Wolff); e a caçula, Charlie (Milly Shapiro), por quem a avó sempre teve uma fascinação imensa. Após um acidente, as rachaduras da família ameaçam derrubar o resto de sanidade entre eles, enquanto a mãe luta para superar os problemas cada vez mais obscuros.

No velório da mãe, Annie conta o quanto elas sempre tiveram um relacionamento distante. Na volta para casa, se questiona se não deveria se culpar por não ter ficado realmente triste com a morte da mulher - efeito que parece ser regra vigente ali, menos para Charlie. Por terem uma relação mais próxima, a menina é a única que demonstra a mínima dor pelo falecimento da avó. Desde já o filme exala o cheiro acre de que há algo de incomum por trás da falta de luto.

"Hereditário" deita-se sobre um molde bastante usual: vai dando as pistas mais cruciais desde o início, todavia, mesmo não possuindo a bagagem dos fatos, sabemos que vários detalhes ali fazem parte do todo que carrega a explicação, como o símbolo que está no colar da avó e aparecerá repetidas vezes durante a fita. Partindo para a experiência particular, fui assistir a "Hereditário" sabendo quase nada do que se tratava: não li grandes sinopses, não vi entrevistas dos atores, não assisti aos trailers, nada. Queria ao máximo mergulhar na película com um olhar despreparado para o que estava por vir, mas, para os olhos calejados no terror, os elementos expostos com falsa casualidade são as chaves que abrirão os mistérios futuros.


A característica dentro de "Hereditário" que faria qualquer fã do termo "pós-terror" ter a epiderme arrepiada é a preocupação na fita em desenvolver os problemas daquela família. Talvez um efeito colateral das tramas rasas como uma colher de chá que vemos repetidamente nos terrores mundo afora, com dois ou três diálogos que informam que algo aconteceu no passado e, atualmente, ainda assombra os personagens - o recente e péssimo "Os Estranhos 2: Caçada Noturna" (2018) sofre do mesmo mal -, "Hereditário" pode, sem medo, ser classificado como um drama familiar.

E esse drama no seio daquelas quatro pessoas restantes é primordial para a orquestração do terror, que só vem a crescer com o aprofundamento de seus personagens. Tudo começa orbitando ao redor de Charlie, a mais estranha das peças familiares presentes. Há pesada carga psicológica sob os ombros da menina, tão reclusa no seu próprio universo e vendo-se perdida sem a presença da avó. Annie chega a falar que a avó não a deixava amamentar Charlie, cabendo à ela esse papel. Não choca então quando a garota começa a sentir - e ver - a avó morta.

O que choca de verdade é como ela, que aparentava ser a protagonista da película, é morta logo no início num medonho acidente. Mesmo possuindo ares de previsibilidade - o filme, momento antes, mostra um poste com o estranho símbolo do colar da avó, já dando a entender que alguma tragédia vai acontecer ali -, me senti da mesma forma quando vi "Psicose" (1960) pela primeira vez, uma reviravolta no cinema de horror ao matar sua protagonista no começo da fita, algo nunca feito antes. Passei um tempo considerável achando que a sequência do acidente não era real ou que Charlie não tenha morrido, apenas se machucado, para provar em seguida que minha expectativa estava errada - com uma cena brilhante, focando apenas no rosto do irmão enquanto a mãe, ao descobrir o cadáver decapitado da filha, grita ao fundo, fora do quadro.


"Hereditário" acaba alcançando paralelos curiosos com "O Sacrifício do Cervo Sagrado" (2017): além de possuírem raízes no conto da Ifigênia de Eurípedes, ambos retratam uma família normal que é obrigada a enfrentar suas mágoas e rancores diante de uma situação extrema. A cena fundamental desse drama é um jantar após o falecimento de Charlie. Peter, que involuntariamente causou a morte da irmã, é remoído tanto pela culpa da morte em si como pela angústia que causou na família, e confronta a mãe sobre ela o achar o responsável pelo incidente. Carregada com emoções à flor da pele, a sequência é sincera e guarda o cerne das rachaduras daquela casa, expostas para quem está diante do filme compreender a complexidade da situação e os laços únicos entre os envolvidos.

Todo o luto ausente pela ida da avó cai como uma bomba na família com a morte de Charlie, um baque fundamental para abrir ainda mais todos os machucados falsamente cicatrizados. Annie decide ir a um grupo de apoio para tentar encontrar consolo, e lá conhece Joan (Ann Dowd, a Tia Lydia da série "The Handmaid's Tale"), que perdeu o filho e o neto afogados. Expansiva e carismática, a mulher logo desenvolve uma amizade com Annie e a convida para sua casa, mostrando um ritual que a faz conversar com o neto falecido. Para seu total desespero, Annie sai às pressas do apartamento, sendo convencida por Joan a levar o necessário para ela mesma realizar o ritual e falar com Charlie.

A produção então mistura dois subgêneros: o drama familiar e o terror sobrenatural, quase uma salada entre "Álbum de Família" (2013) e "Invocação do Mal" (2013). Enquanto o lado dramático é a faceta mais "cult" da obra, a veia sobrenatural é seu prisma comercial. Temos espíritos escondidos em cantos de cômodos, objetos se movendo sem força física aparente e eventos inexplicáveis que podemos ver em quaisquer longas que aliem o formato sobrenatural. O que difere de "Hereditário" de outros nomes da categoria é que tudo é costurado muito lentamente - enquanto a maioria dos terrores contemporâneos tem, em média, entre 80 e 90 minutos, "Hereditário" possui 127.


Talvez por isso que a nota do público esteja tão discrepante em relação à da crítica. Enquanto atingiu 90% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes e status de "aclamação universal" no Metacritic, o público do CinemaScore deu nota D+ para o filme, o que seria algo entre 5 e 4 de 10 - efeito similar ao que aconteceu com "A Bruxa" e "Ao Cair da Noite", para citar apenas alguns. No entanto, entre vários terrores que se apropriam do drama, talvez "Hereditário" seja o que possua o maior montante de comercialidade dentro do seu recheio: após um vagaroso primeiro ato, a força sobrenatural do texto vai tomando conta, até tocar o terror sem piedade no último ato, a orquestração absoluta de todo o pavor da fita.

Não abrindo mão da sua qualidade em prol de sustos gratuitos com barulhos estridentes, há, sim, diversos moldes que seriam absolutos clichês. Sabe as cenas de sonhos genéricas que servem de absolutamente nada para a narrativa? Em "Hereditário" há uma cena assim, porém o sonho em questão, partindo de Annie, que sofre de sonambulismo, é peça preponderante para aumentar as tensões entre os envolvidos. E o próprio tema fundamental do seu horror, a religião católica, é usada exemplarmente em seu roteiro, ao contrário de orquestrações baratas que já saturaram no gênero - "Invocação do Mal", tão amado pela plateia, se utiliza do catolicismo de maneira porca.


Com tantos elementos dispostos tão genialmente, Ari Aster entra para o seleto hall de diretores de primeira viagem no terror moderno a chegarem mostrando como se faz, juntamente com Robert Eggers por "A Bruxa", Veronika Franz & Severin Fiala por "Boa Noite Mamãe", Jordan Peele por "Corra!" (2017), Julia Ducournau por "Grave" (2016), John Krasinski por "Um Lugar Silencioso" (2018), Oz Perkins por "A Enviada do Mal" (2015) e Trey Edward Shults por "Ao Cair da Noite". Essa safra jovem e disposta a abdicar do terror fast-food é a salvação do gênero e pilar importante para a reeducação da plateia, tão viciada em sustos fáceis e roteiros mal feitos. Quem ganha são os produtores incansavelmente ávidos a macular ainda mais o terror em troca de sucessos comerciais.

E me sinto na obrigação de dedicar um parágrafo inteiro para falar exclusivamente de Toni Collette. Indicada ao Oscar pelo clássico "O Sexto Sentido" (1999), a atriz, tão subestimada, está abrindo as portas do Inferno na tela. Por ser o elo fundamental da malfadada família, Collette tem que - e consegue - entregar todas as camadas dificílimas que o roteiro demanda, desde os momentos de pura dor até o medo mais genuíno possível. O elenco está afiadíssimo, da falsamente animada Joan de Dowd até o sóbrio e cético Steve de Byrne, que tenta desesperadamente dar um jeito na irreparável situação, mas todo mundo desaparece quando Collette pisa o pé no ecrã, e entrega a atuação de sua carreira. Ela deveria, no mínimo, ser indicada ao Oscar de "Melhor Atriz" - se Kathy Bates conseguiu por "Louca Obsessão" (1990), por que não?

Em boa parte da duração, parece que "Hereditário" se contentará em ser um filme que, ao invés de produzir medo, vai explanar acerca do seu impacto sobre o ser humano, o que é concreto até chegarmos no clímax, um pesadelo assustador na tela que não mede limites para catapultar o espectador no meio do pandemônio instaurado. Tudo é milimetricamente justificável, da parte técnica à condução, e, por isso, ainda mais aterrador e impactante, parindo diante dos nossos olhos um dos melhores finais da história do cinema de terror. Daqueles filmes fundamentais não só para o gênero como também para o Cinema, repleto de cenas icônicas que permanecerão na nossa cabeça por dias após o rolar dos créditos. "O Exorcista" (1973) finalmente encontrou seu filhote no novo século.

Rainha internacional, sim! Pabllo Vittar se reúne com Sofi Tukker para gravar clipe de "Energia"

Pabllo Vittar está realmente indo longe demais. A queen mal terminou de gravar o seu próximo álbum de estúdio em Los Angeles e já correu para Portugal, onde se reuniu com o duo Sofi Tukker para gravar o clipe de "Energia", mais recente single da dupla que ganhou remix com vocais da drag brasileira.


Sofi Tukker é uma dupla de Nova York formada pelos artistas Sophie Hawley-Weld e Tucker Halpern, que tiveram o seu primeiro EP lançado em 2016, com direito à indicação ao Grammy de Best Dance Recording para a faixa "Drinkee".

Sophie é nascida na Alemanha, mas já passou um período morando no Brasil e vive trazendo letras em português para os trabalhos da dupla - tanto "Drinkee" como a própria "Energia" são escritas no idioma, com inspiração no poeta brasileiro Chacal. A pegada é sempre eletrônica com elementos de pop, o que se encaixa super bem com o som que Pabllo Vittar vem fazendo nos seus últimos trabalhos.



Os dois passaram por aqui no ano passado para uma performance no Lollapalooza, e o plano inicial era que Pabllo participasse do show para estrear o feat no festival. Mas, por compromissos de agenda da drag, a participação acabou não rolando. Ainda assim, o duo fez um dos shows mais animados do Lolla, conquistando diversos novos fãs brasileiros.

Já Pabllo deu uma pausa na turnê "Vai Passar Mal" para focar na produção do seu próximo álbum de estúdio, gravado em Los Angeles durante o mês de junho. De lá, ela voou para Lisboa para se apresentar na parada LGBT da cidade com a cantora Titica e aproveitou para encontrar Sophie e Tucker e filmar o clipe com as lindas paisagens portuguesas de pano de fundo.

O clipe para o remix de "Energia" ainda não tem data de lançamento, mas os três já revelaram um pouco sobre o cenário e os looks maravilhosos usados na gravação através do Instagram. Parece que vem uma produção incrível por aí. Já estamos ansiosos, e vocês?

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Só pra você saber: a Manu Gavassi lançou o clipe de novo single e já teve até performance no Rock in Rio

Quem nos acompanha, sabe o quanto levantamos a bandeira de que a Manu Gavassi ainda tem muito o que ser valorizada, principalmente por seus dois últimos trabalhos, o disco “Manu” e o EP “Vício”, e provando mais uma vez que não passamos frio, porque estamos cobertos de razão, ela deu outro importante passo na sua carreira com a chegada do seu novo single, que a levou direto para o palco do Rock in Rio Lisboa. Mas vamos por partes.



Sucedendo os singles “Hipnose”, “Muito Muito” e “Me Beija”, os trabalhos de Gavassi com seu último álbum seguem e, desta vez, ao som da faixa “Ninguém Vai Saber”. Só que a música ganhou toda uma versão para esse lançamento e, além de um novo arranjo, trouxe também a participação do rapper Agir, que não é conhecido no Brasil, mas despontou como uma das apostas do seu país de origem, Portugal, onde tem bombado com seu trabalho mais recente, o CD “No Fame”.

“Ninguém Vai Saber” teve esse remix revelado na última semana e, junto com a faixa, veio também seu videoclipe, com Manu e Agir combinando de guardarem bem esse segredo aí. A direção ficou a cargo do Fernando D’Araújo. Olha só:



Mas quando você é famoso, não dá pra esconder essas coisas, né? Aí os dois foram lá e expuseram tudo no palco do Rock in Rio Lisboa, que teve o rapper como uma das suas atrações. A apresentação ficou MARAVILHOSA e pode ser assistida neste vídeo, a partir dos 24 minutos:



Mas cê vai saber. Tem que saber muito. Valorize essa mulher e ouça “Manu”. Sempre que possível.

Ter um hinário é essencial: “Tell Me You Love Me” é o primeiro disco da Demi a alcançar 1 bilhão no Spotify

Não dá pra negar que “Tell Me You Love Me” é um dos melhores e mais completos trabalhos de Demi Lovato em todos os sentidos, da produção às letras aos vocais, e pra felicidade de seus fãs, sempre tão inconformados com o quanto a cantora é subestimada, o disco acabou de alcançar um novo título: foi o primeiro na carreira da cantora a bater 1 bilhão de execuções no Spotify.


Segundo os dados da própria plataforma, as músicas mais ouvidas do CD foram seus singles: “Sorry Not Sorry” na casa dos 400 milhões e “Tell Me You Love Me” com mais de 155, além da parceria com Jax Jones e Stefflon Don, “Instruction”, que aparece na versão deluxe do álbum e acumula seus 130 milhões.


Apesar do bom momento, comercialmente falando, “Tell Me You Love Me” deverá ter seu trabalho descontinuado, visto que Demi lançou na última semana um single inédito, a confidente “Sober”, e em sua letra, abre uma conversa honestona com seu público, falando sobre como vem lidando com sua saúde, transtornos e uso de substâncias químicas.


Independente de quaisquer números, o mais importante é que a cantora encontre tempo pra cuidar de si mesma e, quando estiver pronta pra isso, voltar com ainda mais hinos, né?

Se cuida, Demi!

Bora mostrar cultura pra esse povo? Beyoncé e Jay-Z viram obras de arte do Louvre no clipe de "APESHIT"

Semana passada, Beyoncé jogou no nosso colo pela terceira vez um álbum inteiro sem nenhum tipo de aviso: "Everything Is Love", produzido em parceria com o marido e rapper Jay-Z. O lançamento do disco veio acompanhado de um clipe para a faixa "APESHIT", que tem como cenário nada menos do que o grandioso Museu do Louvre, em Paris.

No clipe, casal Carter se apropria do espaço do museu e coloca-se no mesmo patamar das obras de arte mais famosas do mundo. Entre a Monalisa, Vênus de Milo e a Coroação de Napoleão, Bey e Jay tornam-se verdadeiros monumentos ao lado de produções e representações majoritariamente brancas e eurocêntricas.



Com direção de Ricky Saiz, que já havia trabalhado com Bey em "Yoncé", e fotografia de Benoît Debie, conhecido pelo trabalho com Harmony Korine em "Spring Breakers", o clipe é visualmente grandioso, e traz obras com contrastes super significativos à presença dos Carter no museu.

Uma das cenas de maior destaque em "APESHIT" é a do casal no topo da escada que leva à estátua da Vitória de Samotrácia, obra que data de mais de 100 anos a.C. e representa a vitória naval do povo rodiano, em uma representação que glorifica o corpo feminino em conexão com um universo tradicionalmente masculino: o da guerra. Bey e Jay à frente da estátua e as bailarinas, todas negras, se movimentando em perfeita sincronia nos degraus, os coloca como a representação moderna dessa  vitória, tanto em relação à presença feminina de Beyoncé em uma indústria ainda dominada por figuras masculinas, como a do casal como figuras negras que "venceram" e passaram por cima do racismo da indústria fonográfica e das diversas vulnerabilidades que ainda fazem parte da realidade da maior parte da população negra do mundo.

A simbologia de conflito entre as opulentas representações de corpos brancos no Louvre também surge quando o casal aparece junto à Vênus de Milo. Beyoncé surge com um body nude, posicionando-se de forma semelhante à estátua e com o cabelo trançado, trazendo ali uma nova proposta para a beleza "ideal" afastada do eurocentrismo.

Diversos outros momentos de "APESHIT" trabalham esse contraste dos Carter se apropriando e ressiginificando monumentos representativos de uma opulência da qual eles não poderiam fazer parte no período em que foram criados. Junto a "This Is America", de Childish Gambino, torna-se mais uma obra audiovisual icônica que discutem o lugar de corpos negros na sociedade e na produção cultural.

Agora só nos resta esperar por mais grandiosidade nos próximos clipes lançados, né? Quem ainda não tem conta no Tidal, mas é usuário premium do Spotify pode ouvir todas as faixas do "Everything Is Love" aqui:








"Ibiza" é uma produção preguiçosa que chega a lugar nenhum


Fada do audiovisual indie, Gillian Jacobs botou mais uma produção original da Netflix no currículo: "Ibiza" ("Ibiza - Tudo pelo Dj", no Brasil). Chegando ao catálogo do serviço de streaming nas últimas semanas, o filme é sobre absolutamente nada. É sério.

No filme, acompanhamos Harper (Jacobs), uma jovem de relações públicas que vai à Espanha para compromissos profissionais a pedido de sua chefe maldosa, Sarah (Mikaela Watkins). Harper viaja acompanhada de duas amigas, Leah (Phoebe Robinson) e Nikki (Vanessa Bayer), e enquanto as três se divertem em uma balada na sua primeira noite em Barcelona, ela fica toda apaixonada pelo DJ da festa e decide fazer o que for necessário para encontrá-lo mais uma vez. Então, ela pega um avião para Ibiza e encontra o moço no dia seguinte.



Literalmente mais nada de relevante acontece durante o filme todo: entre festas, bebidas, drogas e muitos diálogos concluídos com "yaaaas", Harper desencana dos compromissos de trabalho para correr atrás do boy sem nenhum tipo de dificuldade ou consequência para a carreira. Desde a decisão de viajar à Ibiza para encontrá-lo, tudo o que se segue é um caminho bem tranquilo e cheio de rolês até que Harper se reúna com o moço, que também larga a festa na metade para passar a noite com ela sem problema algum. Nada que justifique o título brasileiro "Tudo Pelo DJ" - no máximo, "um pouquinho pelo DJ".

Gera-se até uma certa expectativa de virada no enredo quando, após passar a noite na suíte do DJ em Ibiza, ela perde o vôo de volta para Barcelona onde teria uma reunião importante. Mas até isso é resolvido de um jeito super duvidoso, com a amiga Nikki se passando por Harper durante a reunião. Até mesmo quando é descoberta, os executivos espanhóis sequer ligam muito para o fiasco e toda a confusão é concluída com uma oportunidade para ela abrir sua própria empresa longe da tenebrosa chefe.

Apesar de não aderir às construções misóginas que os personagens desse gênero normalmente recebem — ainda é motivo de comemoração quando temos mulheres confortáveis com a própria sexualidade no cinema —, a personalidade de cada uma delas nem é muito explorada ao longo da história, criando uma falsa sensação de que o filme prepara o espectador para algo maior. Mas este sequer é seu proposito.

A sensação final é que a produção tentou seguir a onda dessas comédias com grupos de mulheres se divertido, como o recente "Rough Night", com Scarlet Johanson e Ilana Glazer, mas o enredo entrega uma trama extremamente superficial. Durante o lançamento do filme, Gillian comentou que a produção é "sobre amizade feminina", mas o mesma não se propõe a de fato discutir o tema, seja com conflitos entre as protagonistas ou diálogos que exemplificassem tal proposta — os diálogos, na verdade, beiram ao ordinário.

"Ibiza - Tudo Pelo DJ" é um desperdício de um grupo de atrizes talentosas num produção com um roteiro que bem poderia caber em uma série de tuítes ou vídeos no Stories do Instagram, mas não em um longa-metragem de 1h30. Ao menos, temos o hit "Sua Cara".

Sem querer, Tom Holland já revelou qual é o título do novo "Homem-Aranha"

Tom Holland deu vida à terceira versão do Homem-Aranha no cinema hollywoodiano; e seguindo contra a maré de seus antecessores, o ator conseguiu encontrar o equilíbrio entre Peter Parker e o heróis, traduzindo muito bem sua personalidade. Após aparecer em "Guerra Civil", ter seu primeiro filme solo no Universo Cinematográfico Marvel e SPOILER morrer em "Vingadores: Guerra Infinita", o ator retorna para "Vingadores 4" e na já anunciada sequência de "De Volta Ao Lar".

Por ser famoso por sempre falar mais que a boca e soltar spoilers, a campanha de marketing da Marvel já fez com que o primeiro poster de "Guerra Infinita" fosse revelado "acidentalmente", durante uma transmissão ao vivo no Instagram do moço de "O Impossível". Agora, é feito quase o mesmo para revelar o título da sequência do filme do cabeça de teia.

Em vídeo, o moço pede desculpas por não ter grandes novidades quanto ao novo filme do Aranha, e diz ter, pelo menos, recebido o roteiro da produção, levantando seu tablet — para reforçar a fala —, revelando o título do novo filme: "Spider-Man: Far From Home" (em tradução livre, "Homem-Aranha: Longe de Casa"). A gente finge que essa revelação foi realmente acidental porque o Tom Holland é um anjo.


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"Homem-Aranha: Longe do Lar" chega aos cinemas no dia 5 de julho de 2019 nos Estados Unidos. No Brasil, o filme deve chegar no dia 4. As gravações da sequência devem começar em breve.

Lista: 10 filmes imperdíveis para saciar sua sede de vingança

De todas as ânsias humanas, a mais intrigante talvez seja a sede de vingança. Já dizia o ditado popular, vingança é um prato que se come frio. Seu Madruga, grande filósofo, falava que a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena, mas alguém liga? Quando são em filmes incríveis, pode matar e envenenar o quanto quiser.

Aproveitando uma onda de rancor que estou vivendo atualmente (risos), decidi externalizar esse sentimento de forma saudável e escolhi dez nomes fofíssimos que trazem a vingança na Sétima Arte como motivador principal da trama ou pontapé para outros dramas, a fim de saciar qualquer fome de retaliação - porque é mais seguro quando servida por trás da tela.

Dos clássicos definitivos como a retaliação da Noiva contra o clã que destruiu sua vida em "Kill Bill" (2003) à saga insana de Dae-su após ser sequestrado por 15 anos em "Oldboy" (2003), decidi não incluir nomes tão óbvios, focando em exemplares mais modernos ou com menor público.

Importante pontuar que o texto pode conter spoilers sobre os listados - não dá para discorrer sobre a vingança dos filmes sem contar demais. Apesar de acreditar que os spoilers possuem prazo de validade - não querer saber algum detalhe de um filme lançado há anos é complicado -, recomendo a você ler apenas sobre os filmes que já assistiu - e correr para completar a lista pois aqui só tem filmão. De nada.


Animais Noturnos (2016)

Do que se trata? Um escritor pede a sua ex-mulher para ler o manuscrito de seu novo romance, uma história sobre um homem de família cuja vida dá uma guinada sombria. Aos poucos ela percebe que o livro foi inspirado na relação entre eles.

Por que é bom (e qual a vingança)? Dirigido pelo estilista Tom Ford, “Animais Noturnos” possui um filme dentro do filme: seguimos duas narrativas concomitantes, a narrativo diegética, a que está acontecendo “de verdade”, e a narrativa do livro que a protagonista está lendo. A obra não entrega logo como será a dinâmica, e vamos lentamente entendendo que o tal livro é a vingança absoluta de Edward contra Susan – tudo o que ele não pôde fazer na realidade ele faz no livro, externalizando seus demônios através das páginas, que perturbam Susan a cada linha, sufocada pelo peso da culpa. Com um requinte estética absurdo, “Animais Noturnos” é uma das mais engenhosas vinganças no Cinema quando seu executor nem ao menos aparece na tela.

A Deusa da Vingança (2016)

Do que se trata? Sam sai em busca de clientes, mas não cruza com uma alma sequer. Sua esposa não atende o telefone, seu único contato com o mundo é um rádio que só sintoniza uma estação. Ele parece ser a única pessoa viva até encontra um policial, o primeiro a iniciar uma caçada contra Sam.

Por que é bom (e qual a vingança)? Eis um daqueles filme que entra na categoria “amei, mas entendi nada”. Um quebra-cabeças mitológico, “A Deusa da Vingança” é um suspense psicológico que não entrega soluções fáceis, deixando a função de dar sentidos às peças a bel prazer do espectador. E o próprio título entrega o teor da fita, uma vingança dos deuses – ou do satanás ou qualquer nome para a entidade suprema da obra – contra um homem, condenado a sofrer eternamente pelos crimes que cometeu em vida. A justiça divina tarda, mas não falha – e não tem piedade.

Django Livre (2012)

Do que se trata? No sul dos Estados Unidos, anos antes da Guerra Civil, o ex-escravo Django faz uma aliança inesperada com o caçador de recompensas Schultz para caçar os criminosos mais procurados do país e resgatar sua esposa de um fazendeiro que força seus escravos a participarem de competições mortais.

Por que é bom (e qual a vingança)? Tarantino há muito tempo aborda a vingança em seus filmes, e "Django Livre" é uma das mais tresloucadas do diretor. Seu primeiro longa a entrar na Guerra Civil norteamericana - "Os 8 Odiados" seguiu o contexto histórico -, acompanhamos a saga de Django em Candyland contra todas as forças que o humilharam, torturaram e sequestraram sua mulher, do dono da fazenda, Calvin Candie, até o complexo Stephen, negro de estimação do proprietário. E, como é de se esperar, muita bala vai rolar até que Django tenha sua vingança e sua esposa de volta. Não foi por acaso que Tarantino venceu seu segundo Oscar com a fita.

Garota Exemplar (2014)

Do que se trata? No dia de seu quinto aniversário de casamento, Amy desaparece. Quando as aparências de uma união feliz começam a desmoronar, Nick, seu marido, torna-se o principal suspeito. Com a ajuda de sua irmã gêmea, ele tenta provar sua inocência, ao mesmo tempo em que investiga o que realmente aconteceu com a esposa.

Por que é bom (e qual a vingança)? "Garota Exemplar" começa seguindo os passos do suspense clássico quando temos que juntar as peças para decidir se Nick tem algo a ver ou não com o sumiço de Amy - e se ela está morta mesmo -, com o marido afirmando ter nada a ver com o acontecimento. A reviravolta vem quando descobrimos que Nick estava falando a verdade o tempo todo, e tudo não passa de uma vingança insana de Amy contra as mentiras e traições do marido. De longe a retaliação mais mirabolante, vislumbramos o nascimento de uma psicopata que transita sem medo entre o limiar de "vilã" e "heroína", por mais estranho que isso soe.

Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011)

Do que se trata? Um jornalista investigativo e uma hacker de computador são contratados para desvendar o desaparecimento de uma jovem há 36 anos. À medida que avançam na investigação crescem os riscos, pois a família da jovem não quer ter seus segredos revelados.

Por que é bom (e qual a vingança)? A primeira adaptação hollywoodiana da brilhante série literária "Millennium" - o segundo filme, "A Garota na Teia de Aranha", chega logo mais em 2018 -, "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" tem uma das melhores protagonistas do cinema moderno: Lisbeth Salander. Mesmo não sendo o foco primordial da história, a saga de Lisbeth se inicia quando ela jura vingança contra seu tutor, um homem simpático e responsável para a sociedade, mas asqueroso e manipulador para Lisbeth. Após ser estuprada, ela põe em prática seu plano para que ele tenha o que merece, assim como qualquer homem que ouse ir contra uma mulher ao seu redor.

Mártires (2008)

Do que se trata? Anna, uma garota desaparecida, é encontrada um ano depois vagando pelas ruas em estado catatônico. Ela vira amiga de Lucie, a única pessoa capaz de gerar empatia na menina. Anos depois, Anna parte atrás daqueles que a sequestraram em busca de vingança.

Por que é bom (e qual a vingança)? Inegavelmente um dos melhores filmes de terror da história, "Mártires" brilhantemente caminha entre o suspense, o terror trash, horror supernatural e body horror sem deixar a desejar em nenhum dos subgêneros. Com uma das mais furiosas vinganças da lista, o longa homeopaticamente vai costurando a real situação por trás da insanidade de Anna, que jura saber o que está fazendo. O problema é que ela arrasta Lucie consigo, e, apesar de sua vingança ser saciada, a situação pode piorar muito mais. Bizarro, cru e com um dos melhores finais já feitos no gênero.

A Pele Que Habito (2011)

Do que se trata? Um evento traumático arruína o estranho relacionamento entre um cirurgião plástico e a mulher que ele mantém presa em sua luxuosa mansão.

Por que é bom (e qual a vingança)? O primeiro - e único - filme de suspense de Pedro Almodóvar, "A Pele Que Habito" possui uma trama muito complexa e que não é desamarrada com facilidade. Sabemos logo de cara que existe uma estranha mulher cativa na casa de Robert, e que ele ilegalmente a usa como cobaia para suas experiências com uma pele indestrutível. Se isso já seria bizarro, a coisa mais muito além quando é revelado que a mulher na verdade não é uma mulher, e sim o rapaz que estuprou e deu fim à integridade mental da filha de Robert. O pai então, como vingança, faz uma vaginoplastia forçada do garoto e molda seu corpo para que ele "vire mulher". Há diversos níveis de crueldade entre os 10 aqui listados, todavia, o de "A Pele Que Habito" consegue o ouro.

O Regresso (2015)

Do que se trata? Após ser atacado por um urso, o caçador Hugh Glass é abandonado na floresta por seu companheiro John Fitzgerald, que matou seu filho. Apesar de muito ferido, Glass consegue sobreviver e vai em busca de vingança.

Por que é bom (e qual a vingança)? "O Regresso", que deu o enfim Oscar de "Melhor Ator" para Leonardo DiCaprio, se veste como um filme de superação, uma luta ferrenha entre o homem e a implacável natureza quando Hugh enfrenta frio, fome e o próprio corpo destroçado pelo urso para voltar para casa. Só que o combustível que alimenta essa ânsia é a sede de vingança que ele tem contra John. Júbilo visual vencedor de três prêmios da Academia, "O Regresso" é a descoberta do lado mais animalesco que reside dentro de todos nós e que nos faz superar qualquer obstáculo em busca de um objetivo, por mais sangrento que ele seja.

Relatos Selvagens (2014)

Do que se trata? O filme reúne seis histórias de vingança vividas por personagens que são confrontados com situações que os deixa à beira de perder o controle.

Por que é bom (e qual a vingança)? Como a sinopse já adianta, "Relatos Selvagens" é uma antologia com seis contos, cada um explanando nosso descontrole perante a contemporaneidade. E o leque de vinganças aqui é vasto: indo desde um descontrolado homem contra todos que o subjugou; até uma noiva que descobre, durante a festa de casamento, a traição do marido. Tresloucado, reflexivo e hilário, o argentino universaliza seus dramas e mostra que somos um bicho ainda não adaptado com a selva de pedra que é a modernidade. Pra nos lembrar de respirar fundo antes de virar a esquina.

O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017)

Do que se trata? Steven é um cardiologista conceituado que há algum tempo ele mantém contato frequente com Martin, adolescente cujo pai morreu na mesa de operação, justamente quando era operado por Steven. Ele gosta bastante do garoto, tanto que lhe dá presentes e decide apresentá-lo à família. Entretanto, quando o jovem não recebe mais a atenção de antigamente, decide elaborar um plano de vingança.

Por que é bom (e qual a vingança)? Se "A Pele Que Habito" ganha o primeiro lugar na categoria "crueldade", "O Sacrifício do Cervo Sagrado" ganha a medalha dourada no que tange a "bizarrice". A mais inexplicável vingança entre as 10, Martin se vinga de Steven jogando uma praga: ele terá que matar um dos membros da família antes que todos morram. O filme está nem um pouco preocupado em explicar como o garoto faz isso - porque não importa -, e sim em expor como uma família unida e feliz é capaz de demonstrar as maiores e mais feias rachaduras diante de uma situação extrema. Não há amor familiar maior que o de "O Sacrifício do Cervo Sagrado".

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Saciada sua sede de vingança contra o amiguinho? Respira fundo, toma um chá e assiste aos filmes para vomitar seu rancor com a ajuda do Cinema, que pode ter a alma envenenada o quanto a gente quiser. E quais são suas vinganças favoritas da Sétima Arte? Já pode compartilhar pois toda retaliação cinematográfica é bem vinda - e mais segura.

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