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Bora mostrar cultura pra esse povo? Beyoncé e Jay-Z viram obras de arte do Louvre no clipe de "APESHIT"

Bey e Jay tornam-se monumentos do museu ao lado da Monalisa e da Vênus de Milo.
Semana passada, Beyoncé jogou no nosso colo pela terceira vez um álbum inteiro sem nenhum tipo de aviso: "Everything Is Love", produzido em parceria com o marido e rapper Jay-Z. O lançamento do disco veio acompanhado de um clipe para a faixa "APESHIT", que tem como cenário nada menos do que o grandioso Museu do Louvre, em Paris.

No clipe, casal Carter se apropria do espaço do museu e coloca-se no mesmo patamar das obras de arte mais famosas do mundo. Entre a Monalisa, Vênus de Milo e a Coroação de Napoleão, Bey e Jay tornam-se verdadeiros monumentos ao lado de produções e representações majoritariamente brancas e eurocêntricas.



Com direção de Ricky Saiz, que já havia trabalhado com Bey em "Yoncé", e fotografia de Benoît Debie, conhecido pelo trabalho com Harmony Korine em "Spring Breakers", o clipe é visualmente grandioso, e traz obras com contrastes super significativos à presença dos Carter no museu.

Uma das cenas de maior destaque em "APESHIT" é a do casal no topo da escada que leva à estátua da Vitória de Samotrácia, obra que data de mais de 100 anos a.C. e representa a vitória naval do povo rodiano, em uma representação que glorifica o corpo feminino em conexão com um universo tradicionalmente masculino: o da guerra. Bey e Jay à frente da estátua e as bailarinas, todas negras, se movimentando em perfeita sincronia nos degraus, os coloca como a representação moderna dessa  vitória, tanto em relação à presença feminina de Beyoncé em uma indústria ainda dominada por figuras masculinas, como a do casal como figuras negras que "venceram" e passaram por cima do racismo da indústria fonográfica e das diversas vulnerabilidades que ainda fazem parte da realidade da maior parte da população negra do mundo.

A simbologia de conflito entre as opulentas representações de corpos brancos no Louvre também surge quando o casal aparece junto à Vênus de Milo. Beyoncé surge com um body nude, posicionando-se de forma semelhante à estátua e com o cabelo trançado, trazendo ali uma nova proposta para a beleza "ideal" afastada do eurocentrismo.

Diversos outros momentos de "APESHIT" trabalham esse contraste dos Carter se apropriando e ressiginificando monumentos representativos de uma opulência da qual eles não poderiam fazer parte no período em que foram criados. Junto a "This Is America", de Childish Gambino, torna-se mais uma obra audiovisual icônica que discutem o lugar de corpos negros na sociedade e na produção cultural.

Agora só nos resta esperar por mais grandiosidade nos próximos clipes lançados, né? Quem ainda não tem conta no Tidal, mas é usuário premium do Spotify pode ouvir todas as faixas do "Everything Is Love" aqui:








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