Inseguro, apaixonado, inocente,
amigo e (ir)responsável. Se tivéssemos que descrever o Peter Parker de 15 anos, essas
seriam as características mais adequadas para o jovem. “Homem-Aranha: De Volta
ao Lar”, novo filme da franquia produzido pela primeira vez pela Marvel Studios e Columbia
Pictures, sendo distribuído pela Sony, deixa para trás o tom melancólico
visto nos últimos filmes e traz um refresco, um “quentinho” no coração, com as aventuras (e
desventuras) do adolescente superpoderoso pós-batalha ao lado (e contra!) dos Vingadores em “Guerra Civil”.
O primeiro ponto que deve ser ressaltado em "De Volta ao Lar" é o seu tom despretensioso. A produção desde seu primeiro ato não tenta em momento algum (ou promete) ser megalomaníaco e grandioso com raios azuis surgindo em tela no ato final. O filme procura condensar cada vez mais sua trama, sendo única e exclusivamente importante para o universo do herói, e sabe convencer o espectador quanto as motivações do vilão Abutre por mais ordinárias que sejam. Talvez "Homem-Aranha: De Volta Ao Lar" seja a produção mais contida da Marvel Studios desde "Homem-Formiga".
O primeiro ponto que deve ser ressaltado em "De Volta ao Lar" é o seu tom despretensioso. A produção desde seu primeiro ato não tenta em momento algum (ou promete) ser megalomaníaco e grandioso com raios azuis surgindo em tela no ato final. O filme procura condensar cada vez mais sua trama, sendo única e exclusivamente importante para o universo do herói, e sabe convencer o espectador quanto as motivações do vilão Abutre por mais ordinárias que sejam. Talvez "Homem-Aranha: De Volta Ao Lar" seja a produção mais contida da Marvel Studios desde "Homem-Formiga".
Se alguém duvidava da performance
de Holland, mesmo com seu ótimo desempenho em "Guerra Civil", provavelmente irá se surpreender ao assistir ao longa. O carisma e
o bom desempenho como Peter Parker nos traz um personagem com gás suficiente
para ser um “melhor Homem-Aranha” – ou mesmo um tão cativante quanto os outros. Outro elemento importante, que faz com que a
atuação do ator fique ainda mais crível, é por sua idade e pelo quão mergulhado ele é com as tecnologias atuais.
Ponto para diretor Jon Watts!
Todos os pontos citados acima fazem com que
consigamos nos conectar facilmente com o personagem. Peter, apesar de todos os
poderes, consegue ser um dos super-heróis mais "gente como a gente"
– ou até, talvez, O mais. Por estar na adolescência, todos os seus conflitos
pessoais e o universo que o cerca nos
transpassa uma sensação de nostalgia não somente de quando tínhamos sua idade, mas também por nos lembrar daqueles filmes “gostosinhos”, típico de
Sessão da Tarde. É um personagem que se vende para o público de sua própria idade e vai além.
Tom não deixou a peteca cair, mas
também não roubou a cena de outros personagens. Por falar nisso, diferente do que muitos
pensavam, as aparições de Robert Downey Jr. como Tony Stark não tiraram o
destaque do personagem-título – ele cumpriu a proposta de ser um mentor para o novo super-herói
e não passou disso, contribuindo mais como uma participação especial. Do lado
obscuro da história, temos os vilões liderados pelo personagem Abutre/Adrian
Toomes, interpretado por Michael Keaton – que novamente ganha asas após "Birdman".
Apesar de ser o principal alvo de
Peter, ele é um personagem apresentado logo no início do filme como uma pessoa
com valores morais, nos fazendo ver que a "maldade" não é nada mais
do que um escudo para evitar que seus planos vão por água abaixo, e não algo
inerente a ele. Um vilão que é pai e zela muito pela família, que apenas se
agarrou na única oportunidade de ascender numa “profissão”. Será que seríamos
muito diferentes dele nas mesmas circunstâncias?
Mas não é só dos grandiosos do
cinema que o longa é feito: além de Downey Jr., Keaton e Marisa Tomei (que
trouxe uma Tia May jovem, "fresh"; porém, um tanto quanto “avulsa” na
história em alguns momentos), vale também destacar o responsável pela maioria
dos alívios cômicos no decorrer do filme: Ned, o melhor amigo de
Parker interpretado por Jacob Batalon, e Michelle vivida pela Zendaya –
que, inclusive, contribui com algumas tiradinhas que discretamente denunciam
escravidão, preconceito, entre outros problemas sociais.
Em questões técnicas, o longa
também não decepciona: roteiro bem construído e cenas de ação memoráveis – impossível não sentir um frio na barriga quando o Homem-Aranha trava uma
batalha com o Abutre nas alturas, enquanto o jovem herói tenta evitar um roubo no avião que transporta itens dos Vingadores. Entretanto, os
efeitos especiais do protagonista enquanto faz suas acrobacias e artimanhas com as teias deixam um pouco a desejar. Os bruscos movimentos são muito artificiais em
algumas tomadas, o que prejudica um pouco a credibilidade da cena; mas não
deslegitima a qualidade do restante da trama. Ressaltemos, também a fotografia,
que nos mostra uma Nova York mais “vida real”, já que Peter reside no Queens; e
a trilha sonora que, diferente de outros filmes da Marvel, conta com
rocks, batidas de pop e eletrônico ao invés das tradicionais scores de filmes de super-heróis.
"Homem-Aranha: De Volta ao
Lar" é um filme adolescente que empolga a todas as idades e públicos:
adultos, crianças, fãs dos quadrinhos ou, até mesmo, aqueles que assistirão a
um longa de herói pela primeira vez. Ao contrário de alguns outros do
gênero, a história dos primeiros passos do Peter Parker como super-herói é
despretensiosa, assim como o personagem que, no fim das contas, pelo menos por
enquanto, não se importa em ser apenas o "super-herói amigo da vizinhança”, como
descreve Tony Stark. Parker está se descobrindo como ser humano e "Homem-Aranha"
e, sem dúvidas, o filme nos deixa com muita vontade de acompanhar essa evolução.