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Drag maranhense, Frimes, soa como uma Britney Spears desbocada em seu novo single, “XOXO”

De Slayyyter a Rina Sawayama, o hyperpop nunca escondeu sua influência vinda dos anos 2000 e, invocando o melhor e mais sensual de artistas como Britney Spears, Paris Hilton, Lindsay Lohan e outras dessa geração, a drag maranhense Frimes eleva o formato com seu novo single, “XOXO”.

Desta vez distante das batidas estouradas e desconstruídas de suas músicas anteriores, inspiradas pela pc music, “XOXO” traz uma Frimes muito mais pop e radiofônica, mas sem perder a essência ousada e, literalmente, sexual, também presente em singles como “Fadinha” e “Big Fat Dick”.

No ano em que Rina Sawayama fez acontecer faixas como “XS” e “Comme Des Garçons”, Frimes chega pra servir o que tanto consumimos do mercado gringo e prova, mais uma vez, o quanto está a frente do nosso cenário atual, soando como um nome que tem tudo pra fazer história.

Atração da festa virtual Trophy desta sexta (19), Luanna Exner vem do futuro com a distópica “Pandêmico 2020”

O ano é 2050 e três seres de outra dimensão aterrissam na nossa realidade para passar uma importante mensagem. O que eles encontram, porém, é o mundo lidando com um colapso pandêmico, que poderá se tornar um obstáculo pra conclusão da sua missão. 

É mais ou menos nesse cenário que se passa “Pandêmico 2020”, música nova da cantora Luanna Exner, que revelou a faixa nesta sexta-feira (19) e, daqui algumas horas, fará a primeira performance do single na festa virtual Trophy, pelo ZOOM.



Antes desse projeto distópico, Luanna já se antecipava como um dos grandes nomes da nova música brasileira, com destaque para a cena da trap music, que é onde seu nome tem se tornado cada vez maior. No Spotify, seus principais feitos são “Love Drink”, “Hello Kitty” e “Me Molho Sozinha”, além do feat “Drillz”, com Naio, Derek e Menestrel.

Pelo Youtube, outro trabalho que chama a atenção é o remix de “Arebunda”, no qual manda suas rimas ao lado de Naio, NOX e, claro, MC Lan.



Tradicionalmente realizada em São Paulo, com foco no hyperpop, pc music e outras fritações, a festa Trophy têm acontecido gratuitamente através da plataforma ZOOM desde o início da quarentena e, dadas as atuais circunstâncias, ter Luanna Exner como uma de suas atrações ao som de “Pandêmico 2020” não poderia fazer mais sentido. Retire seu ingresso gratuito pelo Sympla.

Jup do Bairro, Linn da Quebrada e Dalasam são divindades da putaria na grandiosa “All You Need Is Love”

“All you need is love, tenho tanto pra te dar”, versa Jup do Bairro e seus parceiros de música, Linn da Quebrada e Rico Dalasam, nesta canção que abre oficialmente os trabalhos do seu álbum de estreia, o projeto audiovisual “Corpo sem juízo”.

Sob a produção de Badsista,  que neste ano também trabalhou com Linn no álbum de remixes do “Pajubá” e produziu a volta de Deize Tigrona em “Vagabundo”, “All You Need Is Love” leva esses três corpos para a antiguidade, enquanto mescla sintetizadores com a batida pulsante do funk, criando a mesma atmosfera dúbia de sua letra, ora romântica, sobre amor, ora putaria, afinal, os dois temas não só podem, como devem estar de mãos dadas.

No clipe, com direção do Rodrigo de Carvalho, a dificuldade de se produzir parcerias em meio ao isolamento é driblada com muita criatividade e tecnologia, apresentando-os através de hologramas no rosto de estátuas que mais parecem divindades no meio do deserto, ali sedentas por amor e para amar.

Da junção de três artistas tão plurais, “All You Need Is Love” consegue compartilhar o melhor de cada um deles e delas, e seu resultado não poderia ter sido mais caótico e grandioso.

MC Lan anuncia disco internacional “Bipolar”, com Anitta, Skrillex, Major Lazer, PSY e vários outros nomes

“De Diadema para o mundo”, como o próprio se anuncia, o funkeiro MC Lan está pronto pra atravessar as fronteiras depois da sua parceria com Anitta e Major Lazer no hit eletrônico “Rave de Favela” e, por suas redes sociais, anunciou a chegada do disco “Bipolar”: sua estreia internacional, com colaborações de diferentes países ao redor do mundo.

Também parceiro de Ludmilla e Skrillex em “Malokera”, MC Lan usou seu Twitter pra trazer novidades sobre o disco, no qual o próprio brasileiro se aventurará por versos em inglês e espanhol, e já adiantou o nome de alguns colaboradores, como o cantor sul-coreano Psy, do hit “Gangnam Style”, Wiz Khalifa, Skrillex, Don Omar e Desiigner (o rapper de “Panda”).

“Bipolar”, inicialmente, havia sido anunciado como um projeto de Lan no rap, com diversos nomes da cena nacional como Djonga, BK’, Filipe Ret e WCnoBeat, mas parece que as coisas mudaram após as aparições internacionais e, pela lista de participações prometida no registro, tem tudo pra projetá-lo de maneira significativa no mercado internacional.

Ouça uma prévia do disco, também liberada pelo artista:



Ao longo dos últimos anos, o funk tem sido o berço pra diversos artistas nacionais que alcançaram público no exterior. Antes de Anitta, que hoje coleciona parcerias com artistas de Madonna ao J Balvin, nomes como MC Carol, Linn da Quebrada e Bin Laden já estavam importando as batidas e rimas brasileiras por outras terras.

“Bipolar” ainda não tem previsão de lançamento, mas com tantos detalhes já revelados, não deve demorar a vir ao mundo.

Sim, sim, sim! Br’Oz anuncia live solidária pra relembrar hits antigos

Por conta da quarentena, inúmeros artistas têm usado suas plataformas para a transmissão de lives cantando seus maiores sucessos e, além daqueles que tiveram suas atividades interrompidas em decorrência do isolamento, as condições atuais também incentivaram que nomes em hiato ou até mesmo separados topassem reuniões em prol de uma causa maior, como é o caso do grupo brasileiro Br’Oz.

Formado em 2003 durante o programa “Popstars”, do SBT, o grupo famoso por hits como “Prometida” e “Se você não está aqui” usou suas redes sociais pra anunciar que estarão juntos no dia 17 de maio, através do Youtube, relembrando os sucessos que marcaram toda uma era da música e televisão brasileira.



Originalmente composto por Oscar Tintel, Andre Marinho, Jhean Marcell, Filipe Duarte e Matheus Rocha, o grupo retornará sem apenas um dos integrantes, Filipe, que atualmente integra Os Travessos e está contratualmente impedido de realizar atividades com o Br’Oz.

A live do dia 17 de maio está prevista pra começar às 17h, no horário de Brasília, e será beneficente, arrecadando colaborações para as famílias afetadas pelo Coronavírus.

Anos após o fim das suas atividades com o disco “Segundo ato”, Br’Oz chegou a se reunir em 2017, para o lançamento independente do EP “Br’ozhood”, que rendeu os singles “Foi melhor assim” e “Cheio de vontade”.

Favorita no BBB20, Manu Gavassi prepara chegada de música nova com Gee Rocha, do NX Zero

Se já não bastassem os vídeos que deixou preparados para suas redes sociais ao longo do confinamento no Big Brother Brasil 20, Manu Gavassi também guardou algumas canções na manga para a sua saída do programa e uma delas teve, nesta quinta (16), seus primeiros detalhes revelados.

Durante uma live do Di Ferrero, cantor e vocalista do NX Zero, o produtor e também integrante da banda, Gee Rocha, confirmou que tem uma música pronta pra sair com a cantora, ao lado do músico Zeeba, famoso pelos vocais no hit “Hear Me Now”, do Alok.

Nós precisamos ter uma conversa séria sobre a Manu Gavassi

Após Gee falar sobre a canção, Di brincou dizendo a música seá um “estouro” caso Manu deixe o programa como vencedora, e os dois concluíram falando sobre como o lançamento será importante independente do resultado no reality show.

Manu tem como seus trabalhos mais recentes os EPs “Cute But Psycho” e a sequência “Cute But (Still) Psycho”, que retrabalharam seu visual e sonoridade após o álbum “Manu”, reaproximando-a da proposta do EP que antecedeu esse disco com a Universal Music, o produzido pelo Junior Lima, “Vício”, de faixas como “Farsa” e “Camiseta”.


No programa, a atriz e cantora chegou a mostrar uma canção inédita acapella, composta em homenagem ao seu namorado aqui fora.

Sendo uma das participantes mais influentes desta edição do BBB, Manu conquistou, desde as primeiras semanas, seu passe para a final do reality, que acontecerá no dia 27 de abril.

Um disco surpresa não cairia nada mal, né?

Aqui estão nossas apostas sobre quem lançará o single “Na Frente do Paredão” nesta sexta

Estamos certos de que esse momento de isolamento movimentou e muito o meio musical, dada a oportunidade de tantos artistas se dedicarem aos estúdios caseiros e, por que não, eventuais bate-papo com os fãs através das redes sociais. Mas o que também não tem faltado são lançamentos de materiais novos, assim como “Na Frente do Paredão”, que chegará na próxima sexta-feira, dia 17.

A intérprete da canção, por sua vez, é um mistério até então não solucionado. Sendo nossa única pista a capa de single abaixo, onde temos uma mulher refletindo em frente a um paredão aos moldes da “Furacão 2000”.

Olha só:

Realmente, muito difícil de sabermos de quem se trata.

Pensando nisso, decidimos listar alguns possíveis artistas que poderiam estar por trás da caixa, nos baseando nas evidências espalhadas pela tal capa, e aqui estão nossas conclusões:

» É a Luísa Sonza, com certeza! Essa combinação de calça e tênis é algo que a cantora de “Apenas Eu” não hesitaria em vestir. Não poderia fazer mais sentido.

» Ariana Grande, quem sabe? O rabo de cavalo sempre foi sua marca registrada. Difícil de confundir.

» Ok, ok, certamente é uma música nova da banda Fresno. O visual até empresta o tom verde do seu último disco, “Sua alegria foi cancelada”, que, coincidência ou não, teve como capa um design bem parecido, com a digital influencer Maju de olhos tampados:


Recentemente, a banda até lançou um remix de “Sua alegria foi cancelada” numa versão funk, o que só aumenta nossas suspeitas.

» Nicki Minaj, nós te pegamos. Essa pose reflexiva não poderia ser de mais ninguém.


» Arriscamos que seja um single da dupla Seakret. Os produtores Pedro Dash e Dan Valbusa são chegados nas referências gringas, vide o “Made in Brasil” ali embaixo, e já se arriscaram no funk em faixas como “Kika” e “Perdendo a mão”.

» Beleza, falando sério, música nova da Anitta. Disco chamado “Made in Brasil”? Parece improvável, mas teria tudo pra ser incrível.

Luísa Sonza alcança o topo do Spotify Brasil e entra na parada global da plataforma com “Braba”

Pra quem chegou “Devagarinho”, com o perdão do trocadilho, Luísa Sonza está melhor do que nunca com os números de “Braba”, seu primeiro single após o disco “Pandora”, que rendeu hits como “Pior Que Possa Imaginar”, “Garupa” e “Fazendo Assim”.

Sob a produção do DJ Thai, com quem colaborou em “Cavalgada”, dela com Heavy Baile, o funk brilhou como um dos grandes hits espontâneos deste ano e, além do sucesso do clipe no Youtube, contou com um baita impulsionamento por conta dos famosos desafios de maquiagem na rede social ‘Tik Tok’, que fez com que a música alcançasse também o público internacional.

Com isso, “Braba” se tornou o primeiro single solo da cantora a atingir o topo do Spotify Brasil e, não contente, surgiu também entre as mais ouvidas da plataforma no mundo, atualmente na 159ª posição da lista global.

No clipe da faixa, dirigido criativamente pela própria cantora, Sonza encarna a líder de uma gangue feminina que se infiltra num club de strip pra matar alguns caras maus. O vídeo é um prato cheio pros fãs de produções com narrativa, coreografia e muito carão. Olha só:

Baco Exu do Blues anuncia disco gravado em 3 dias, “Não tem bacanal na quarentena”

Autointitulado o ‘Kanye West da Bahia’, como canta em seu último disco, “Bluesman”, o rapper baiano Baco Exu do Blues está pronto pra virar a trilha sonora da nossa quarentena com seu novo álbum extraoficial: “Não tem bacanal na quarentena”.

O título, além da ironia sobre nosso estado de isolamento, é também um aviso sobre seu terceiro disco prometido para este ano, “Bacanal”, que deverá contar com a participação de nomes como Duda Beat, Urias e BK’ e, por enquanto, não tem previsão de lançamento.



Neste novo trabalho, Exu do Blues se desafiou enquanto artista e liricista, se unindo a um time de produtores e compositores para, em três dias, finalizarem o registro que conheceremos na próxima segunda, dia 30. Já nos vocais, o rapper divide espaço com nomes como 1LUM3, com quem colaborou no hit “Me Desculpa Jay-Z”, e Aísha, que o acompanhou como backing vocal da turnê “Bluesman”. As produções são assinadas por DKVPZ, JLZ, Nansy Silvz e PG.

A tracklist será a seguinte:

1. Jovem Preto Rico 
2. Tudo Vai Dar Certo (part. 1LUM3)
3. Ela É Gostosa Pra Caralho (part. Maya)
4. Preso Em Casa Cheio de Tesão (part. Lelle)
5. Humanos Não Machucam Deuses
6. O Sol Mais Quente (part. Aisha)
7. Dedo No Cu e Gritaria (part. Celo Dut, Piva e Vírus)
8. Tropa do Babu (part. Dactes)
9. Amo Cardi B e Odeio Bozo

Baco Exu do Blues se consagrou como um dos grandes novos nomes do rap há cerca de três anos, com o disco “Esú”. Em seu trabalho seguinte, “Bluesman”, emplacou hits como “Me Desculpa Jay-Z”, “Kanye West da Bahia” e “Flamingos”, se tornando figurinha carimbada em alguns dos principais festivais do país.

Produtor do hit “Onda Diferente”, Papatinho anuncia música com Luísa Sonza e artista internacional

Segura, que o hit é certo!

Famoso por produzir “Onda Diferente”, de Ludmilla e Anitta, o produtor Papatinho usou suas redes sociais pra anunciar outra colaboração pra lá de promissora: desta vez, com a cantora Luísa Sonza.


Numa boa fase desde a estreia do seu disco de estreia, “Pandora”, Sonza se consagrou como uma das grandes revelações do último ano e, desde o seu primeiro CD, já emplacou parcerias com Pabllo Vittar (“Garupa”), Vitão (“Bomba Relógio”), Gaab (“Fazendo Assim”), Heavy Baile (“Cavalgada”), Anitta (“Combatchy”) e até a boyband internacional PRETTYMUCH, na canção totalmente em inglês “The Weekend”.



Assim como rolou com Snoop Dogg em “Onda Diferente”, a parceria entre Papatinho e Luísa deverá contar com uma participação internacional, ainda não revelada, e apesar de não ter sua previsão de estreia revelada, deverá dividir espaço com outros hits da cantora, que nesta semana também estará ao lado de PK, do hit “Quando a vontade bater”, na inédita “Tudo de Bom”.

Listas: os 10 melhores filmes brasileiros da década

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) escolheu para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2019 o tema "a democratização do acesso ao cinema do Brasil". Quando divulgada, no último domingo (03), achei incrível, não apenas por ter o Cinema como principal interesse da minha vida, mas por ter sido uma escolha corajosa. Há meses, o atual governo brasileiro tenta sucatear o viés cultural do país, suspendendo o repasse de verbas para a Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Então, o tema foi político. O que me surpreendeu foi a avalanche de comentários contra o tema, que foi chamado de "inútil", "desnecessário" e até "elitista". Não dá para fingir que o Cinema seja uma arte absolutamente abrangente (aliás, alguma arte é?), contudo, é exatamente por isso que é importante discutir meios de democratizar seu acesso. Em um estado social que vê a cultura como elemento descartável, deixa de ser importante para ser urgente - e temos que fazer nossa parte enquanto cidadãos em valorizá-la, enquanto público em consumi-la, enquanto profissionais em analisá-la (você pode acompanhar tudo o que escrevemos sobre o cinema nacional clicando na tag).

Aproveitando as discussões ao redor da temática, decidi abrir minhas listas de melhores da década escolhendo os 10 maiores filmes brasileiros do período. Nosso cinema ainda reside envolto de muito preconceito, visto como ruim ou de baixa qualidade, o que é um absurdo sem tamanho. E, melhor ainda, vimos na atual década um ressurgimento da nossa indústria, um movimento que chamamos de "novíssimo cinema nacional". Estamos, sim, ainda longe de possuímos uma consolidada indústria - a massiva reação negativa com o tema do ENEM é um dos reflexos -, contudo, tivemos pelo menos uma obra grande o suficiente para figurar nas listas de melhores do planeta. O cinema tupiniquim é incrível, necessário e, acima de tudo, político e resistente. Valorizá-lo nunca foi tão crucial.


10. A Vida Invisível

Direção de Karim Aïnouz, 2019.
O último escolhido da década para representar o Brasil no Oscar (que não vê indicação nossa há décadas) segue duas irmãs que são separadas pela união de homens. "A Vida Invisível" nos leva até os anos 50 com um estudo bastante detalhado das formas nefastas de atuação do patriarcado, que silencia e invisibiliza a existência feminina. Se por um lado é deprimente ver como o corpo social masculino continua o mesmo mais de meio século depois, podemos manter as esperanças quando tantas conquistas foram asseguradas pelo feminismo. "A Vida Invisível" nos lembra o quanto devemos às mulheres.

9. Aquarius

Direção de Kleber Mendonça Filho, 2016.
O selecionado moral do Brasil ao Oscar 2017, "Aquarius" é uma dos maiores (e melhores) representantes do nosso cinema para o mundo. Liderado por uma atuação antológica de Sonia Braga, o embate principal de Clara e a construtora é por si só fascinante, mas "Aquarius" possui subtramas belíssimas como 1 sexualidade 2 feminina 3 pós-câncer na 4 velhice, debatendo sobre o resgate de memória e a luta do velho vs. novo. E o que falar de uma das melhores cenas finais da nossa história? "Aquarius" é igual Maria Bethânia. Intenso.

8. Trabalhar Cansa

Direção de Juliana Rojas & Marco Dutra, 2011.
Dirigido por dois dos melhores diretores brasileiros contemporâneos, "Trabalhar Cansa" é um retrato cinematograficamente potente da classe média com apropriações inteligentes do terror, elementos primordiais para o sucesso desse clássico absoluto - inclusive já virou praxe dentro do cinema de Rojas e Dutra, vide "As Boas Maneiras" (2018), que quase entra nessa lista. Com cenas bizarras e construções homeopáticas da sensação de que há algo muito errado ali, o verdadeiro protagonista de "Trabalhar Cansa" é o bendito mercado erguido sobre um prédio infectado. E sua doença se espalha rapidamente.

7. Tropa de Elite 2: o Inimigo Agora é Outro

Direção de José Padilha, 2010.
"Tropa de Elite" é, sem muito quebrar cabeça, o filme mais famoso do nosso país - talvez de todos os tempos. Alguém já esqueceu da loucura que foi quando as cópias piradas se alastraram pelos quatro cantos do Brasil antes mesmo do filme chegar - com sucesso - aos cinemas? Se o primeiro se manteve pelo boca a boca, "Tropa de Elite 2" se mantém pela altíssima qualidade. Muito mais que a polêmica com a violência policial, "O Inimigo Agora é Outro" eleva sua história num patamar bem acima ao trazer um retrato quase documental da complexa e preocupante realidade do Rio de Janeiro, uma ponta do iceberg em solo nacional. Aquele traveling do tribunal é a prova irrefutável de sua expertise.

6. Aos Teus Olhos

Direção de Carolina Jabor, 2017.
"Aos Teus Olhos" é um acerto atual que se utiliza de tratamento quase documental em sua ficção e supera os rótulos de "bem feito", "boas atuações" ou "ótima trilha sonora" pra entrar na esfera do debate, função seminal da Sétima Arte quando estuda um boato levado à uma proporção inimaginável. No momento em que as opiniões das pessoas se tornam notícias e, consequentemente, verdades, estamos com legítimas armas em formato de smartphones, e só conseguiremos manter uma internet responsável quando aprendermos que o linchamento virtual e a externalização de ódios via mensagens instantâneas são a apoteose do mau uso das novas tecnologias. Tão próximo da gente, tão nosso dia a dia que assombra.

5. Boi Neon

Direção de Gabriel Mascaro, 2015.
Enterrando-nos no complexo interior nordestino, transitamos de forma bastante sensível pela vida dos personagens que, por si só, são quebras absolutas de arquétipos. O protagonista é vaqueiro, mas seu sonho é ser estilista. O diretor/roteirista já remonta sentidos e foge do senso comum - o personagem é hétero. Quem dirige o caminhão da turma não é um dos peões, e sim Galega. E ainda temos uma garotinha fora da forma de bolo "princesa" e uma grávida com dois empregos. São sutilezas e pequenos detalhes que desconstroem um meio ainda tão precário em algo mais compatível com as demandas sociais da nossa atualidade, retratando de forma neon uma região sempre mostrada em preto & branco.

4. O Lobo Atrás da Porta

Direção de Fernando Coimbra, 2013.
Devo contar a minha experiência ao assistir "O Lobo Atrás da Porta": não sabia que se tratava de um filme baseado em fatos, mais especialmente na "Fera da Penha", crime que também não conhecia. Tudo isso teve um impacto ainda maior na sessão pela maneira que a película amarra as pontas soltas do mistério, numa construção social fidedigna nessa obra-prima poderosíssima. Com algumas das cenas mais revoltantes que dos últimos tempos no cenário tupiniquim, essa ode ao cinema nacional trata de assuntos sérios como o aborto e o machismo e ainda traz Leandra Leal no melhor momento da carreira.

3. Divino Amor

Direção de Gabriel Mascaro, 2019.
O Brasil do futuro é um cabaré gospel com música eletrônica e luzes neon, segundo o metafórico e latente "Divino Amor": a religião evangélica virou a nova constituição e é a base da lei e dos costumes do povo. O ethos construído pelo roteiro une o conservadorismo hipócrita com os pecados da carne, vendo o fundamentalismo não ter vergonha ao se arvorar do bacanal como veículo de encontro com deus. Num país que parece não haver regras, justiça e equidade, sob o lema "deus acima de tudo", o bordel sagrado (e bizarro) de "Divino Amor" soa preocupantemente plausível.

2. Bacurau

Direção de Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles, 2019.
Um marco histórico na cultura nacional, vendo o Brasil pela primeira vez levar o "Prêmio do Juri" no Festival de Cannes, "Bacurau" é uma dádiva que levanta a mão e grita "o cinema nacional resiste". E mais ainda: o cinema nordestino - que parece ser o polo principal da indústria contemporânea brasileira. Pondo seu local geográfico no protagonismo, é a terra que faz brotar o mandacaru que sabe onde estão os valores mais importantes de uma sociedade, e que não tem medo de descer a peixeira em quem tenta oprimi-la ou apagá-la. No faroeste psicodélico e distópico de "Bacurau", o Nordeste não vai pensar duas vezes antes de cair na capoeira, então não se meta.

1. Que Horas Ela Volta?

Direção de Anna Muylaert, 2015.
A maior obra-prima do nosso cinema nessa década e pilar central dos novos rumos que viriam a seguir, "Que Horas Ela Volta?" transcende a barreira regional para entrar no panteão internacional ao unir uma história que tanto reflete as rachaduras da nossa sociedade quanto universaliza seus dramas. Carregado por uma louvável atuação de Regina Casé, que não assustaria caso fosse indicada ao Oscar, a obra escancara nossa cultura da servidão ao jogar com papéis hierárquicos e como devemos urgentemente rever a existência do quartinho da empregada, reclusa nos corredores da casa grande. Jessica, conte conosco para tudo.

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E só para reforçar:

Omulu e Alice Caymmi unem Kanye West e Roberto Carlos no remix mais inusitado do ano

Valendo a máxima de que o melhor do Brasil é o brasileiro, o novo disco de Kanye West, “Jesus is King”, já começou a influenciar nossos artistas nacionais e, na manhã desta quarta, quem acordou gospel foi o produtor Omulu, que aproveitou a inspiração no dono de “Jesus Walks” para dar uma prévia do que tem trabalhado ao lado da cantora Alice Caymmi.

Juntos, a dupla mandou o mashup mais inusitado possível: “Jesus Cristo”, do Roberto Carlos, com “Use This Gospel”, do Kanye, que traz aquela participação icônica do Kenny G, nos vocais da dona de “Louca” acompanhados de um batidão em 150. Impossível dar errado.



Chegadíssimo nos remixes fora da caixa, Omulu já havia misturado Dua Lipa com funk em “New Rules” e mandado uma Beyoncé à brasileira nesse arranjo de “Partition”, famoso pelo cover da Pabllo Vittar em “Minaj”.

Em seus trabalhos autorais, a pegada criativa não fica de fora: “Meu jeito de amar”, dele com Duda Beat e Lux & Tróia, por exemplo, vai do bregafunk ao funk em 150, somados a proposta romântica da pernambucana famosa por “Bixinho”; já em “Tô te querendo”, o som de Luedji Luna é remixado sob as influências do funk e música baiana.


“Roberto is King”, como Omulu explica na descrição do seu vídeo no Youtube, é apenas uma ideia que surgiu no intervalo da produção do seu novo single com Alice Caymmi. Sendo assim, mais do que esse mashup maravilhoso, fica o anúncio de que tem mais coisa vindo aí. Que Deus abençoe o rolê.

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