Crítica: “Fora de Série” fortalece o coming-of-age voltado às vozes femininas

Qualquer pessoa que viva no mundo globalizado e consuma material dos EUA, já deve ter percebido como a escola - ou, no caso deles, o high school - é terreno infinitamente fértil na cultura. São filmes e séries aos montes que focam nesse período específico da passagem de (quase) todas as pessoas. Apesar da maioria, querendo ou não, soar demasiadamente parecida, há pérolas icônicas saídas do sub-gênero ao longo das décadas, como "Clube dos Cinco" (1985), "As Patricinhas de Beverly Hills" (1995) e, o maior de todos, "Meninas Malvadas" (2004).

Até mesmo aqui no Brasil temos exemplos, afinal, "Malhação", que estreou em 1995, está no ar até hoje desbravando os dramas da adolescência. O que devemos levar em conta é que esse sub-gênero é majoritariamente voltado na chamada "revolução dos nerds": a vingança dos excluídos ao estarem no palco principal. Com o maior exemplo na cultura pop atual sendo a série "The Big Bang Theory" (2007-19), há uma incrível leva de produções que buscam focar dos dilemas femininos, os "Superbad: É Hoje" (2007) ao contrário.

Mais curioso ainda, é que, desde 2016, virou anual o lançamento desse tipo de filme: coming-of-ages que focam na emotiva e realística vida de protagonistas femininas (e que possuem as mesmas paletas de cores e cenas-chaves em piscinas!); coincidência ou não, podem continuar saindo: "Quase 18" (2016), "Lady Bird" (2017), "Oitava Série" (2018) e o novíssimo "Fora de Série" (2019), a estreia de Olivia Wilde na cadeira de direção.


Com exceção de "Oitava Série", todos os outros são dirigidos por mulheres (o que não é um demérito para "Oitava", o melhor entre os quatro); "Fora de Série" vai ainda mais longe, com todas as roteiristas sendo mulheres, além da maioria das produtoras. O filme segue os últimos passos de Molly (Beanie Feldstein, que também estrela "Lady Bird") e Amy (Kaitlyn Dever) na escola. Pretes a entrar na universidade, Molly tem orgulho de ser uma aluna exemplar, daquelas que abdicou de todas as loucuras da fase para ficar em casa estudando. Com a matrícula pronta em uma das maiores universidades do país, a garota não é sutil em esfregar este fato na cara dos bagunceiros que, segundo ela, não terão futuro; só que, para seu desespero, eles também vão para universidades tão grandes quanto a dela.

Molly então arrasta Amy para a última noite de escola, planejando irem à maior festa da classe, algo inédito na vida de ambas, a fim de compensar o tempo perdido presas em lições de casa. Essa trama em específica, a de nerds pirando o cabeção com bebida e música eletrônica para estarem no mesmo patamar da galera descolada, é nada nova: o delicioso "Projeto X" (2012) é inteiramente sobre isso. A magia de "Fora de Série" está numa discussão que qualquer um que cresceu dentro desse mundinho "CDF" vai se identificar.


Como lidar quando nos esforçamos violentamente em busca de um objetivo e vemos pessoas que não fazem metade do que fazemos conseguirem o mesmo? Você passa a semana estudando para um prova e aquele colega de classe que mal aparece na aula tira uma nota maior que a sua; ou você arrasando no trabalho e é o colega da firma que sempre chega atrasado a ganhar a promoção que você queria. Tal discussão é riquíssima dentro do gênero - e basicamente inédita, não lembro de filmes que abram o tema de maneira tão firme.

O primeiro terço da película é a construção e intimidade do público com as protagonistas, e é aqui que habitam os melhores diálogos. Seja pela simpatia contagiante de Molly, interpretada brilhantemente por Feldstein; à serenidade de Amy, uma lésbica em início de vida da atividade sexual, a dupla rende momentos hilários - a cena do panda, meu deus. É importantíssimo também, enquanto percorremos pelo corpo de personagens, ver o cuidado em dar uma larga gama de diversidade em atores e composições: temos todas as cores, tamanhos e sexualidades dentro de um contexto absolutamente crível, evocando a pluralidade que nos é natural.

O meado do longa é resumido pela corrida das meninas em busca do endereço da tal festa, e é aí que o bonde desanda. O ritmo da obra dá uma estancada brusca, com muitos vai-e-vens sem nunca chegar na tal festa; e há blocos de cenas em situações diferentes - como o encontro no barco, a pizzaria e a murder mystery party -, com a maioria delas sendo insossa. Não há o frescor do início e nem a química incontestável da dupla dinâmica consegue alavancar a morosidade - há uma sequência em que Molly e Amy, sob efeito de drogas, se enxergam como bonecas e, apesar de pontuações importantes sobre a padronização dos corpos, é chata demais.


Então elas finalmente chegam na tão almejada festa. O texto da fita é um longo (até demais) caminho em busca de tal objetivo, e ele não faz jus à expectativa. Lembrando de "Projeto X", que também vai passo a passo em busca da festa perfeita, "Fora de Série" empalidece quando não entrega momentos incríveis ou memoráveis ou emocionantes ali no fatídico evento. Existem resoluções comoventes e próximas do público, todavia, com um início tão promissor, não dá para abandonar a sensação de que o filme decresce.

O maior problema de "Fora de Série" é esquecer completamente o que havia de melhor em seu pontapé: o tal estudo sobre esforços diferentes renderem os mesmos objetivos. Isso serve apenas para motivar Molly a cair na noitada, sendo deixado de lado pelo resto do longa, o que é uma pena, já que garantiria um diferencial de todos os outros coming-of-ages que não saltam a superfície do ordinário.

No entanto, tais problemas não são o suficiente para derrubar a produção. Não dá para negar que o filme não mergulha em construções que não sejam tão comuns, porém, sua principal meta é alcançada: abraçar cinematograficamente cada garota que se enxergar na tela. A obra não é tímida em gerar um sentimento de sororidade, exalado pela dupla protagonista ao passar a duração inteira vomitando elogios uma à outra. Nessa fase tão complexa, é um louvor o roteiro evocar a auto-estima de meninas nada dentro do padrão de formas tão criativas. Sujeitas à tantas pressões, Molly e Amy são uma unidade de parceria absoluta que, apesar dos desentendimentos, estarão ali sempre, prontas para dar apoio.

"Fora de Série" é mais uma produção que fortalece o cinema que dá voz às garotas, mesmo não se levando tão a sério - e este é um dos charmes do filme, a forma como tantos dramas são lidados com humor e coração. As competências em diversos setores (a trilha sonora é fenomenal) fazem com que a película esteja acima de um "Sessão da Tarde", mesmo fazendo o mesmo processo de transformar excluídos em maneiros. Pode não ser um "Lady Bird" ou um "Oitava Série", que empurram suas discussões mais profundamente, contudo, "Fora de Série" é sessão divertida que acrescenta a um molde pra lá de cansado.

P.S.: o diálogo sobre a Cardi B deve ser protegido a todo o custo.

Ariana Grande, Miley Cyrus e Lana Del Rey anunciam parceria para a trilha do reboot de "As Panteras"

Olha essa colaboração feminina que tá vindo aí! Ariana Grande, Miley Cyrus e Lana Del Rey confirmaram nesta quarta-feira (26) os rumores de que lançarão uma parceria para a trilha do reboot de "As Panteras" ao anunciarem o lançamento do trailer do filme. 

Nas últimas semanas não faltaram especulações sobre essa grande colaboração, com direito a Ariana e Miley curtindo postagens no Instagram dando a entender que ia rolar mesmo. Agora temos a confirmação da parceria e de que o primeiro trailer do longa já chega amanhã (27). Quem sabe não escutamos um pedacinho dessa música já nesse teaser?


Já estamos imaginando o que vai sair dessa colaboração com três artistas tão diferentes entre si.

Vale lembrar que a canção escolhida para ser a trilha da primeira versão de "As Panteras" foi nada menos do que a atemporal "Independent Woman, Pt. 1", do Destiny's Child. Suceder Beyoncé, Kelly e Michelle não é uma tarefa fácil. Parece que Ariana, Miley e Lana tem um desafio e tanto em mãos.



Dirigido por Elizabeth Banks e estrelado por Kristen Stewart, Naomi Scott e Ella Balinska, o reboot de "As Panteras" chega aos cinemas no dia 14 de novembro.

Que calor! Shawn Mendes e Camila Cabello vivem um romance no clipe de "Señorita"

Shawn Mendes e Camila Cabello sempre foram bons amigos, mas decidiram levar sua a amizade à um outro nível - pelo menos na ficção. É que eles interpretam um casal bem apaixonado no clipe de "Señorita", parceria lançada nessa sexta-feira (21). 

A dupla já havia colaborado há alguns anos na faixa "I Know What You Did Last Summer", mas dessa vez aposta em algo bem mais sensual, da sonoridade, que traz o clássico violão de Shawn em uma versão mais latina, ao vídeo dirigido por Dave Meyers, na qual aparecem vivendo um romance tórrido com muitas cenas quentes.



Que calor, viu? Deu até sede. 

"Senõrita" é o novo single de Shawn Mendes e sucede a recente "If I Can't Have You", que chegou ao Top 10 da Billboard Hot 100. Ambas devem fazer parte de um novo disco do canadense, ainda sem data de lançamento.


Já Camila tem estado em estúdio gravando seu segundo álbum, mas lançou recentemente a canção "Find U Again", parceria com Mark Ronson presente no novo disco do produtor, o "Late Night Feelings". No próximo mês, ela aparecerá no "No. 6 Collaborations Project", álbum colaborativo do Ed Sheeran, em uma faixa chamada "South Of The Border", juntamente com a Cardi B.

Reizinho talentoso, Lil Nas X prova que é mais do que "Old Town Road" no ótimo EP "7"

Tá certo que o Lil Nas X tá hitando MUITO com o country-rap "Old Town Road", que ganhou recentemente um remix com o Billy Ray Cyrus, mas ele tem muito mais pra nos mostrar do que apenas esse sucesso, e é isso que ele prova com seu EP de estreia, o "7", lançado nessa sexta-feira (21). 



Mais do que experimentar com o country, o novato fez um passeio por vários gêneros musicais, sempre misturando-os com o rap. Tem sample de "In Bloom" do Nirvana na deliciosa "Panini", guitarras elétricas em "F9mily", produzida por Travis Barker, baterista do Blink 182, e até pop-rock com cara de "Seven Nation Army" em "Bring U Down", com produção do Ryan Tedder

Em "Kick It", Lil Nas X vai pra outro lado. O artista mistura sintetizadores, batidas de trap, vocais autotunados e até barulhos de saxofone em uma faixa que poderia soar como uma bagunça, mas funciona muito bem. Já na classuda "C7osure", ele faz o oposto: seguindo a linha menos é mais, Nas explora seus vocais só com a ajuda de um piano. 

Entre rap, trap, country, pop e rock, o "7" tem espaço também para uma parceria. Talvez a faixa mais parecida com "Old Town Road", "Rodeo" já é um hit pronto, seja pelo seu refrão viciante, seja pela participação certeira de Cardi B

Além de provar sua versatilidade, Lil Nas mostrou também que entende a era dos streamings. É impressionante notar que nenhuma das 7 canções do EP passam de 2 minutos e 45 segundos. Somando a duração de todas as faixas, incluindo a adição de "Old Town Road" na versão solo, é possível escutar todo o "7" em menos de 20 minutos. Músicas rápidas, simples e chicletes, perfeitas para serem adicionada nas milhares de playlists dos mais variados gêneros musicais do Spotify e que acabam tão rápido que nos dão vontade de apertar o replay imediatamente. 

Tá mais do que provado que o sucesso de "Old Town Road" não foi um golpe de sorte, mas sim de talento. E taca stream na lenda!

É uma pena "X-Men: Fênix Negra" ser o filme que encerra uma franquia de quase 20 anos

Inevitavelmente, a primeira coisa que se passa na cabeça do espectador ao terminar de assistir "X-Men: Fênix Negra" é a impressão de que a compra da Fox pela Disney influenciou na produção, ainda que o acordo, na época, sequer tinha sido finalizado. A sensação se dá pelo ato final que carrega uma resolução apressada que não tem tempo nem de dizer adeus aos personagens apresentados nos anos 2000 nos cinemas.



Não é para menos. Muito provavelmente o longa-metragem não foi pensado para ser conclusivo desta forma para a franquia de quase 20 anos. O novo elenco, estrelado por Sophie Turner e Tye Sheridan, havia sido apresentado no filme anterior e chega a ser estranho tentar aceitar que tudo era para acabar logo em seguida. Não é assim que funciona em Hollywood: quando se tem a oportunidade de estender franquias ao máximo, isso é feito sem pensar duas vezes.

Caso "Fênix Negra" fosse apresentado desde o início como "o fim", definitivamente teríamos uma conclusão mais satisfatória, que seja condita como a própria produção se propõe a fazer, mas que chegasse ao nível de "Logan". Ou até mesmo poderia ser um grande filme-evento como "Vingadores: Ultimato", mas que para isso seria necessário uma maior leva de filmes que sustentassem a conclusão.

Os problemas de trazer a história para o cinema é justamente sua base: os quadrinhos. O "alter-ego" é apresentado em uma saga, o que faria jus ao investimento de uma adaptação melhor trabalhada em dois filmes, por exemplo. De qualquer forma, Simon Kinberg faz o impossível para trazer o mínimo (mesmo) de fidelidade que nos faça esquecer de "O Confronto Final", que ele também produziu. É quase um grande pedido de desculpas de duas horas que, no fim, engole quem quer.

Para o que se propõe, a adaptação é minimamente decente, mas traz algumas escolhas que resultam da própria franquia reapresentada em "Primeira Classe". Uma delas é a morte da Mística, interpretada de forma bem competente por Jennifer Lawrence. Mostrado já nos trailers, sua morte condiz com o personagem do cinema, remetendo ao aspecto heróico tão odiado pelos fãs mais exigentes.

A cena, que faz parte do primeiro ato, tem a única função de definir o tom do filme: ser dramático. A produção se esforça ao máximo, inclusive, para ser o mais sério possível (isso inclui a falta de piadas que virou regra no gênero) e mostrar que todo ato tem uma consequência. Em certos momentos consegue trazer tal dramaticidade desejada, como o pós-enterro da Mística, mas em outros momento falha. O próprio ato final sofre com isso.

Apesar de todas as ressalvas, a ação consegue ser um ponto alto, mas não o suficiente, em meio a tudo. A sequência de resgate dos astronautas é ótima e traduz bem o trabalho em equipe, enquanto as cenas que encerram o segundo ato, quando Magneto (Michale Fassbender) tenta matar Jean, também são divertidas. Nada memorável, entretanto, com exceção da cena de Jean controlando Charles, fazendo-o andar até ela.

Visualmente, "Fênix Negra" cumpre bem o seu papel e isso inclui os uniformes realistas do primeiro ato. Os efeitos gráficos são competentes, ainda que o CGI de Jean incomode em algumas cenas. Em contrapartida, quando a personagem fica full Fênix, pegando fogo do jeito que os fãs tanto clamavam, é quase possível esquecer de todos os problemas do filme por alguns segundos.

Uma pena ser este o filme que conclui uma saga de quase 20 anos, de verdade. Os mutantes foram essenciais para todos os longas de super-heróis que vemos hoje em dia e a conclusão sequer consegue passar tal importância. Surpreendente seria se fosse o contrário, até porque, definitivamente não era para ter acabado desse jeito.

Os 10 melhores filmes de 2019 (até agora)

A melhor época do ano é quando podemos fazer as listas de melhores lançamentos do período - em dezembro, a lista final, e em junho, com os melhores nomes na primeira metade do ano. Quem me conhece, sabe: eu sou viciado em listas - foram cinco diferentes para o cinema ano passado. Como já disse Sheldon Cooper, "se houver uma lista de coisas que me deixam felizes, 'listas' estaria no topo dessa lista". Parece que foi ontem que as fiz, mas felizmente cá estamos no fim do primeiro semestre, então é hora de listar os melhores filmes de 2019 (até agora).


De indicados e vencedores do Oscar a pérolas de todos os cantos do mundo, os critérios de inclusão da lista são os mesmos de todo ano: filmes com estreias em solo brasileiro em 2019 - seja cinema, Netflix e afins - ou que chegaram na internet sem data de lançamento prevista, caso contrário, seria impossível montar uma lista coerente. E, também de praxe, todos os textos são livres de spoilers para não estragar sua experiência - mas caso você já tenha visto todos os 10, meu amor por você é real. Preparado para uma maratona do que há de melhor no cinema mundial até agora?


10. Temporada (idem)

Direção de André Novais Oliveira, Brasil.
Juliana é abandonada pelo marido e largada em uma cidade diferente enquanto se adapta com o novo trabalho. Enquanto acompanhamos essa epopeia do comum, vemos pessoas normais vivendo dramas normais com suas lutas normais, e o filme soa ainda mais impressionante quando consegue extrair o extraordinário de algo que já está tão impresso na nossa realidade. Ao abrirmos nossas portas, vemos várias Julianas passarem pelas ruas, as heroínas do cotidiano que representam a batalha por uma vida melhor em meio a um Brasil em crise econômica, social e cultural. O lançamento de uma obra como essa, na recessão intelectual que o país se afoga, é a lembrança do quão necessária é a cultura para valorizar e questionar um meio. Contudo, o que "Temporada" mais almeja gritar aos quatro ventos é: o que há de melhor no nosso povo é sua garra.

9. Assunto de Família (Manbiki Kazoku/Shoplifters)

Direção de Hirokazu Kore-eda, Japão.
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2018, "Assunto de Família" é mais um belíssimo lembrete de como Kore-eda é um dos melhores autores do cinema moderno. Em meio à pobreza, uma família sobrevive à base de furtos nos mercados da vizinhança. Quando encontram uma garotinha vítima de abusos domésticos, a família adota a menina, iniciando-a no ritual dos roubos. Pode soar uma problema, como se a criança estivesse sendo corrompida, mas, de maneira muito rica, é o contrário: a menina finalmente tem o que sempre quis, uma família que a ame incondicionalmente. Sem julgar os métodos escolhidos para manter a vida de seus personagens, o longa é de uma delicadeza rara, estudando o quão poderosa é essa instituição que não se liga apenas por laços sanguíneos.

8. Animais (Tiere)

Direção de Greg Zglinski, Suíça/Áustria.
Um casal resolve passar um tempo em um afastado chalé. O marido, em busca de inspiração para seu livro, tenta acabar com as desconfianças da esposa. O plano começa a dar errado quando eles atropelam uma ovelha na estrada, desencadeando uma série de experiências estranhas. "Animais" é um filme que se utiliza do molde clássico: será se os personagens estão ficando loucos? Com uma atmosfera onírica à la David Lynch, que esconde segredos e camadas mais profundas por trás de cada porta, embarcamos no quebra-cabeças narcótico da narrativa, que mistura múltiplos universos, bizarrices, relacionamentos em ruínas e gatos falantes. Sem falar que é visualmente espetacular.

7. Selvagem (Sauvage)

Direção de Camille Vidal-Naquet, França.
"Selvagem" já nasceu como marco dentro do cinema LGBT pelo seu olhar documental de uma condição que preferimos não encarar: a prostituição. Sua sinceridade brutal não é apenas motor de uma sessão de entretenimento (por mais drenadora que ela seja), é ferramenta de comoção social fenomenal da difícil vida de um garoto de programa. Longe de qualquer glamourização, fetichismo e julgamento moral, o filme vira um documento do quão desumanizadora é a marginalização da prostituição - aproximando o homem da selvageria - e manifesto da intragável solidão de seu protagonista, uma mercadoria à baixo preço que está sedenta por qualquer demonstração de afeto. E não estamos todos nós?

6. Cafarnaum (Capharnaüm)

Direção de Nadine Labaki, Líbano.
O vencedor moral do Oscar 2019 de "Melhor Filme Estrangeiro" e "Melhor Direção" ("Roma" não chega nem aos pés), "Cafarnaum" surgiu quando Labaki se perguntou: no nosso sistema tão falho, quem mais sofre com nossos conflitos, guerras e governos? As crianças. E a película é inteiramente transposta a partir da visão dos pequenos, em especial Zain, que está processando os pais por lhe darem a vida. "Cafarnaum" vai até o seio de um Líbano degradado e à beira do colapso, dando voz àqueles que são ignorados por completo. Carregado nas costas pelo brilhante elenco infantil, eis um daqueles filmes que são uma forma de documentação histórica e denúncia de realidades esquecidas. A cena final é uma das maiores destruições já filmadas nesse século.

5. Clímax (Climax)

Direção de Gaspar Noé, França.
"Clímax" não é uma produção recomendável, mas pelos motivos corretos: quando um grupo de dançarinos descobre que a bebida da festa foi batizada com LSD, o lado mais animalesco de cada um vem à superfície. Esse é um filme que não só demanda como suga o emocional do público, tão massacrado quanto os personagens, presos em uma bolha ácida que não escolheram e nem podem escapar. E talvez seja a impotência - tanto nossa como deles - que faz "Clímax" tão bizarro. Gaspar Noé nunca pôs os dois pés no terror, apesar de sempre flertar no gênero, e dessa vez ele não apenas entrou como filmou um show de horrores inacreditável, transformando cinema em uma experiência sensorial. Se já houve uma festa que você pode ficar feliz em não ter sido convidado, é essa aqui. Porém, há quem prefira dançar em meio ao caos.

4. Garota (Girl)

Direção de Lukas Dhont, Bélgica.
Baseado na vida de uma real bailarina trans, "Garota" foi recebido com amores e ódios pela ótica íntima da vida transsexual. A sessão é impactante não só pelo o que a fita mostra, mas pelo o que ela gera como sensações, navegando pelas ansiedades, medos e momentos mais obscuros que um LGBT passa ao se ver em uma sociedade que não está capacitada para entendê-lo. Porém, a maior lição que retiramos de "Garota" é óbvia: o local de fala é importante, mas não garante coisa alguma, principalmente se tratando de expertises artísticas. Sua bagagem não vai, necessariamente, fazer um bom filme. Felizmente, não foi o caso de "Garota", um delicado filme baseado na vivência de uma real mulher trans, não uma fantasia erotizada de uma pessoa cis.

3. A Favorita (The Favourite)

Direção de Yorgos Lanthimos, Reino Unido/EUA.
O filme de época mais espirituoso dos últimos tempos, "A Favorita" é, em primeiro lugar, um filme sobre mulheres difíceis em uma época difícil e em posições difíceis. A obra encanta na riqueza de detalhes narrativos e visuais, e quando suas protagonistas - três monstros na tela - não dão a mínima para a guerra do lado de fora de seu palácio, mais preocupadas com a batalha que acontece ali dentro - o destino da nação pouco importa quando é seu status que está em jogo. Mesmo não tendo o roteiro assinado por Lanthimos, o maior diretor em atividade, o longa é mais uma prova da genialidade do cineasta enquanto contador de histórias. "A Favorita" é uma luta real pelo favoritismo de uma insana rainha que escancara o nada discreto charme da burguesia.

2. Suspíria: A Dança do Medo (Suspiria)

Direção de Luca Guadagnino, EUA/Itália.
Remake do clássico de Dario Argento, lançado em 1977, a empreitada pós "Me Chame Pelo Seu Nome" de Guadagnino abandona o compromisso com a trama do original e cria uma película próxima, seguindo apenas a premissa: uma dançarina americana chega à uma escola de balé em Berlim que é controlada por bruxas. As atuações, os diálogos e todos os aspectos visuais de "Suspíria" são irretocáveis, todavia, o melhor é sua atmosfera. Há imagens de beleza irretocável ao lado de cenas perturbadoras, emolduradas por uma narrativa onírica que, a partir de sua técnica, tem a capacidade de transformar o mundo físico em algo etéreo e narcotizante. Dotado de pretensão para dar e vender, "Suspiria" consegue ser traduzido por um diálogo proferido aos berros: "Isso não é vaidade, é arte".

1. Fronteira (Gräns/Border)

Direção de Ali Abbasi, Suécia.
Uma estranha policial possui o dom de farejar quando pessoas estão cometendo um crime, o que vai desencadear uma corrida policial, a fim de desmantelar uma rede de tráfico sexual e infantil. Indicado ao Oscar de "Melhor Maquiagem", o sueco "Temporada" funde realismo social com bizarra fantasia, e choca como mundos tão distintos funcionam com perfeição na tela. Fábula que discute o entendimento da natureza - seja a fauna e flora que nos rodeia, seja a nossa própria natureza -, há latente misantropia em seu texto, com um discurso fatalista sobre como pendemos para o pior lado da nossa existência. Aquela mulher que sente o cheiro de culpa é porta-voz dessa obra-prima que surpreende em imagens, sons e mensagens - este é um trabalho original, autêntico e ousado do começo ao fim.

***

Pode ficar triste, neste ano tem disco novo da Fresno: “Sua Alegria Foi Cancelada”

(Foto: Camila Cornelsen/Divulgação)

“Sua alegria foi cancelada”! Ou pelo menos é isso o que esperam fazer os caras da Fresno, que aproveitaram essa segunda (17) para anunciar a chegada do seu novo álbum de inéditas, com estreia marcada para o dia 5 de julho.

Três anos após o lançamento do álbum “A Sinfonia de Tudo que Há”, o novo e oitavo registro em estúdio da banda começou a ser divulgado pelo Instagram e, com uma narrativa visual, teve um trecho da sua faixa-título revelado. Olha só:


Em seus últimos shows, a banda já vinha apresentando uma canção que os fãs chamavam por “Alegria Cancelada”:



Com uma letra dessas, a bad é certa, né? Gostamos assim!

Fresno lançou seu primeiro disco em 2003 e, em meados dos anos 2000, se consagrou um dos grandes nomes da cena emo brasileira. Alguns de seus maiores hits foram “Uma Música”, “Alguém Que Te Faz Sorrir” e “Desde Quando Você Se Foi”.

Ed Sheeran revela tracklist de seu disco de colaborações e tem Camila Cabello, Cardi B e Bruno Mars

Tem álbum novo do Ed Sheeran chegando aí e vai ser cheio de colaborações. O britânico revelou nessa terça-feira (18) a tracklist do “No. 6 Collaborations Project” e tem muita parceria boa e inusitada. 

A lista completa conta com nomes interessantes, como os previamente anunciados Bruno Mars e Travis Scott, além de boas surpresas, como Camila Cabello e Cardi B em uma mesma canção, Khalid, H.E.R., Ella Mai e Skrillex.

Além dessas novidades, o disco trará também as já lançadas “I Don’t Care”, com o Justin Bieber, e "Cross Me", com o Chance The Rapper e PnB Rock.

Confira a lista de faixas completa:



Deu pra a animar, né? 

O “No 6 Collaborations Project” chega no dia 12 de julho.

Artista de verdade, Luísa Sonza ganha especial sobre seus 13 anos de carreira no Tidal

Uma boa menina faz assim! Dias depois da estreia do seu primeiro álbum, “Pandora”, a cantora brasileira Luísa Sonza ganhou um especial sobre a sua vida e carreira produzido pelo Tidal, dentro da série For The Cultura Brasil.

A gaúcha, apesar do sucesso recente, com hits como “Devagarinho”, “Boa Menina” e “Pior Que Possa Imaginar”, já tem 13 anos de carreira, visto que começou nos palcos aos sete, em pequenos eventos da cidade em que nasceu.

Na série, liberada nesta segunda (17) pela plataforma, a artista também fala das suas influências e referências, além das expectativas quanto aos passos que sucedem seu disco. Dá pra assistir aqui.


“Pandora” foi lançado na última sexta, 14, e emplacou o single “Garupa”, com Pabllo Vittar, no top 5 das principais plataformas de streaming no Brasil. No Tidal, a música chegou ao topo das faixas mais ouvidas na plataforma em todo o país.

Além da drag, o disco conta com a participação de nomes como os cantores Gaab e Vitão, além do hit “Pior Que Possa Imaginar”.

NÃO SAIA ANTES DE LER

música, notícias, cinema
© all rights reserved
made with by templateszoo