Rosalía leva o prêmio de Álbum do Ano no Grammy Latino pelo disco "El Mal Querer"

Conceito, coesão e muita aclamação, né?

Rosalía passou pelo Grammy Latino, que rolou nesta quinta-feira (14), como um furacão e levou pra casa vários prêmios aos quais concorria, incluindo o mais importante da noite, Álbum do Ano pelo hinário "El Mal Querer"

O "El Mal Querer" ganhou também os prêmios de Melhor Álbum Pop Vocal Contemporâneo, Melhor Arte Visual e Melhor Engenharia de Gravação. Além disso, Rosalía também saiu vitoriosa na categoria de Melhor Canção Urbana, que foi para seu hit "Con Altura", em parceria com J Balvin e El Guincho. 



Com a vitória por Álbum do Ano no Grammy Latino, Rosalía fez história: ela se torna apenas a segunda mulher nas vinte edições da premiação a ganhar essa categoria. A primeira mulher a conquistar esse feito foi a Shakira, com o "Fijación Oral Vol 1", lá em 2006.

Outros destaques dessa edição foram para a vitória de Camila Cabello nas categorias de Gravação do Ano e Melhor Canção Pop, ambas por sua parceria com o Alejandro Sanz em "Mi Persona Favorita"; Marília Mendonça em Melhor Álbum de Música Sertaneja pelo "Em Todos Os Cantos"; o duo Anavitória, que levou pra casa o Grammy de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa pelo "O Tempo É Agora"; e Tiago Iorc na categoria de Melhor Canção em Língua Portuguesa por "Desconstrução".

E vamos de álbum Grammyado:

Scooter Braun e Scott Borchetta proíbem Taylor Swift de performar seus hits antigos no American Music Awards

A briga pública entre Taylor Swift e os empresários Scooter Braun e Scott Borchetta ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira (14). Após ter sido eleita a Artista da Década pelo American Music Awards e confirmar um medley de seus maiores hits na premiação, ela revelou que está sendo proibida de performar suas músicas antigas por Braun e Borchetta. 

Relembre: em julho desse ano, foi anunciado que Scooter Braun, empresário de nomes como Ariana Grande e Justin Bieber, comprou a antiga gravadora de Taylor, a Big Machine Records, que era comandada pelo Scott Borchetta. Com a compra, Braun adquiriu o direito sobre todo o catálogo da artista, do "Taylor Swift" ao "reputation". 

Segundo Taylor, ela tentou comprar seu catálogo da gravadora, mas foi impedida por Borchetta. Com isso, a cantora confirmou, em agosto, que pretende regravar todos os seus antigos discos a partir do final do ano que vem, quando passa a ser permitido pelo seu contrato.  

Porém, em seu Twitter, Taylor Swift postou uma carta aberta em que revela que os planos de regravação, o medley no AMA's e até um documentário na Netflix, que ela estava mantendo em segredo, estão ameaçados por conta dos empresários:


Pessoal - foi anunciado recentemente que o American Music Awards vai me honrar com o prêmio de Artista da Década na cerimônia desse ano. Eu estava planejando performar um medley dos meus hits desta década no show. Scott Borchetta e Scooter Braun falaram agora que não estou autorizada a performar minhas músicas antigas na televisão porque eles dizem que isso seria regravar minhas músicas antes de eu estar autorizada no ano que vem. Além disso - e essa não era a forma que eu planejei contar esta notícia - a Netflix criou um documentário sobre a minha vida nos últimos anos. Scott e Scooter proibiram o uso das minhas músicas antigas ou filmagens de performances para esse projeto, ainda que não haja nenhuma menção a eles ou a Big Machine Records em nenhuma parte do filme.

Taylor conta também que os empresários propuseram um acordo com ela - desde que ela desistisse de regravar seu material antigo no ano que vem.

Scott Borchetta disse ao meu time que eles vão autorizar o uso da minha música se eu fizer isso aqui: se eu concordar em não gravar novas versões das minhas canções no próximo ano (o que é algo que eu estou legalmente autorizada e animada pra fazer) e ele também disse ao meu time que eu preciso parar de mencionar ele e Scooter Braun. 

Por fim, Taylor revela que não sabe mais o que fazer e resolve pedir a ajuda de seus fãs para resolver a situação:

Eu acredito de verdade que compartilhar o que está acontecendo comigo pode mudar o nível de consciência dos outros artistas e potencialmente ajudá-los a evitar um destino parecido. A mensagem que me mandaram é bem clara. Basicamente, seja uma boa garota e fique quieta. Ou então você será punida. Isso é ERRADO. Nenhum desses homens teve nenhuma participação na composição dessas canções. Eles não fizeram nada para criar o relacionamento que tenho com meus fãs. Então é aqui que peço sua ajuda. Por favor, deixem Scott Borchetta e Scooter Braun saberem como vocês se sentem sobre isso. Scooter também gerencia diversos artistas que eu realmente acredito que se preocupam com outros artistas e seus trabalhos. Por favor, peçam a ajuda deles - eu espero que talvez eles consigam colocar um pouco de sentido na cabeça desse homem que está exercendo um controle tirano sobre alguém que quer apenas tocar as músicas que escreveu. Estou especialmente pedindo a ajuda do The Carlyle Group, que financiou a compra da minha música por esses homens. Eu só quero poder performar AS MINHAS músicas. Só isso. Tentei resolver isso de forma privada através do meu time, mas não fui capaz de resolver nada. Agora minha performance no AMA's, o documentário na Netflix e qualquer evento filmado em que eu planejo tocar até novembro de 2020 são um ponto de interrogação. Eu amo vocês e achei que vocês deveriam saber o que está rolando.

A situação está complicadíssima e, com certeza, vão rolar muitas repercussões sobre o assunto nos próximos dias. No Twitter, a hashtag #FreeTaylor já está em primeiro lugar nos Trending Topics Mundiais.

O American Music Awards acontece no domingo que vem, dia 24 de novembro. 

O novo single da Billie Eilish, "everything i wanted", é daqueles feito pra dançar chorando

Billie Eilish lançou seu disco de estreia esse ano, mas já liberou material novo. Nessa quarta-feira (13), uma das maiores revelações do ano lançou seu novo single, a delicada "everything i wanted"

Diferente da pegada orgânica, experimental e bem do it yourself do "WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?", a nova música de Billie traz uma sonoridade mais eletrônica. Mas, calma: se você esperava ver a artista apostar em algo mais animado, fica pra próxima. O single "everything i wanted" é um canção dance triste, daquelas pra dançar dando aquela choradinha. 

Se a sonoridade é um pouquinho diferente do que vimos em seu primeiro álbum, a letra continua bem melancólica, como sempre. A canção, composta também em parceria com seu irmão, FINNEAS, nome por trás de todas as produções e co-composições de Billie é, na verdade, dedicada a ele. "everything i wanted" fala sobre como a artista, aos 17 anos, conquistou a fama mundial e está sentindo toda essa pressão, mas pode sempre contar com seu irmão para lhe dar conforto. Fofo, né?


E aí, será que a Billie tem mais um hit em mãos?

Pode tacar stream! Gloria Groove abre seu novo EP com o clipe de “Mil Grau”, assista:

Muito fada MIL GR4U, Gloria Groove lançou o EP "Alegoria", seu primeiro projeto em dois anos, e presentou os fãs com o clipe de uma das faixas, "Mil Grau". A produção foi disponibilizada no canal oficial da Gloria Groove dia 12, terça-feira.

“Alegoria” é um EP audiovisual que segue a estreia da drag queen com "O Proceder" em 2017, e já foi adiantado que todas as faixas terão clipes que contará uma história no final. O projeto conta com quatro faixas, porém, não foi divulgado data dos próximos clipes a serem lançados.

Assista ao clipe de "Mil Grau":

Crítica: para um filme sobre a morte, “A Despedida” é cheio de vida


"A Despedida" (The Farewell) tem arrebatado plateias desde seu lançamento no Festival de Sundance 2019. Aclamadíssimo e um dos grandes nomes na próxima temporada de premiações, o filme atualmente se encontra entre os 10 melhores de 2019 no Metacritic e com uma bilheteria que cobre - e muito - os gastos de produção.

A obra se passa pelo olhar de Billi (Awkwafina), uma garota chinesa que imigrou para os Estados Unidos ainda criança. Buscando o sonho de ser escritora, ela descobre que a avó, Nai Nai (Zhao Shuzhen), está com câncer terminal. Ela é uma das pessoas mais próximas da mulher, mesmo estando no outro lado do mundo, e decide voltar até a China para rever a avó.

A grande questão é: toda a família decide não contar para Nai Nai sobre sua condição, inventando um casamento como desculpa para que todos possam ir até a casa da senhora e, mesmo ocultamente, se despedirem. Mas será que eles conseguirão manter o personagem?

O filme imediatamente nos remete a "Adeus, Lênin!" (2003) com seu protagonista criando um mundo falso para que a mãe, recém-saída de um coma, não descubra que o Socialismo caiu na Alemanha pós Muro de Berlim. O mais legal em "A Despedida" é que a história é (como ele mesmo se auto-intitula) uma mentira verdadeira. Ao que parece, é quase uma tradição chinesa em situações parecidas - a própria Nai Nai fala que não revelou ao marido a doença dele, contando a verdade apenas no seu leito de morte. Mesmo a velhinha se submetendo aos procedimentos médicos, quem recebe a informação do seu estado são os familiares - algo bem diferente do lado de cá.


É bastante reconfortante ver que a fita não é mais uma que abocanha uma cultura diferente do local de produção - "A Despedida" foi financiado inteiramente nos EUA - e apaga os mais diversos aspectos da cultura abocanhada. Não há atores norte-americanos interpretando chineses, não há falas em inglês no seio da China nem sotaques forçados. Mesmo nascidos nos EUA, todos os atores são descendentes de chineses e falam fluentemente a língua, que domina a sessão - há muito mais falas em mandarim que em inglês. A escolha é resumida bem pela sua própria diretora, Lulu Wang, que é chinesa. O mandarim é privilegiado no corpo do filme, com os créditos e todos os textos na tela na língua mãe do enredo. Se fosse uma co-produção chinesa, poderia tranquilamente ser o representante do país no Oscar de "Melhor Filme Internacional".

Isso pode parecer mero detalhe, mas é importantíssimo dentro da roda da indústria. Depois de Scarlett Johanssons e Tilda Swintons interpretando asiáticos, ver produtoras norte-americanas investindo em filmes fidedignos com suas origens é uma bênção. "A Despedida" é, sim, um filme independente, contudo, seja pela distribuição da A24 (a melhor distribuidora da atualidade), seja por vir na crista do sucesso de "Crazy Rich Asians" (2018), temos um avanço.

É tão verdade que, mesmo "Crazy Rich Asians" sendo um totem de visibilidade chinesa nos grandes degraus do Cinema atual, o filme possui muito mais falas em inglês e atores não-chineses. "A Despedida" supera largamente o filme de Jon M. Chu nesse aspecto, mas sem rivalidades, apenas uma pontuação técnica necessária - e "Crazy Rich Asians" foi um efetivo primeiro passo no mainstream moderno, e ajudou abrir portas para "A Despedida".

Enquanto se costura por entre diversas tradições e ritos particulares daquela cultura, a película também explora a cara da China contemporânea. Claro que não se trata de um documentário, entretanto, é surpreendente ver os aspectos arquitetônicos e sociais de um país tão culturalmente fechado. A belíssima fotografia Anna Franquesa Solano, sempre captando os lugares em planos abertos, pintam com requinte o país enquanto os personagens carregam o peso da morte da matriarca - e tal fundamentação técnica é essencial dentro da atmosfera que o longa quer transmitir. Jamais vemos escuridão, é sempre tudo muito luminoso e colorido, sejam pelos pratos que não acabam na mesa de jantar, sejam pelos objetos de decoração que estão em cada centímetro da abarrotada casa de Nai Nai.


As diferentes relações humanas com a morte são o imo do roteiro de "A Despedida", todavia, há grande leveza no filme, que, mesmo se levando a sério, não atinge notas mórbidas de um tema ainda tão tabu. Os personagens estão tristes e confusos, mas Wang conduz sua obra com paixão até mesmo na dor, também pela diferença cultural: na China, a morte não é vista com tamanho pesar como aqui.

A dramédia que é "A Despetida" consegue ter ares de suspense quando divertidamente compõe cenas com os personagens à beira de revelarem a verdade à fofíssima Nai Nai, que parece não ter dias infelizes, mesmo doente. Não sei se houve uma licença poética inerente à arte, mas, para quem está em estado terminal, Nai Nai está saudável demais na tela, conseguindo, sozinha, planejar todo o casamento.

Awkwafina, que teve forte campanha para as premiações por "Crazy Rich Asians", parece estar no caminho certo com "A Despedida": ela (que assustadoramente tem 31 anos) está sensacional na pele da personagem mais complexa do filme. Dá para pegar um pouco no pé do roteiro por não permitir um momento de catarse para a protagonista - enriqueceria ainda mais -, porém, sua atuação é sincera em inúmeras camadas, o que é repetido por todo o casting - a Nai Nai de Zhao Shuzhen é a apoteose da vovozinha perfeita. Dá até para pensar que se trata de um documentário, principalmente quando estamos enterrados no meio dos diálogos em mandarim.

“A Despedida” não aborda temas novos e nem avança em terrenos inéditos em sua exploração da secular batalha do homem contra a única etapa inevitável da nossa existência, porém, é tudo posto com tanta beleza e honestidade que a sessão é um prazer. É uma daquelas obras que perfuram as defesas da plateia até, com muita coesão, arrancar uma lágrima ou duas pelas performances humanas e diálogos sensíveis. Curioso um filme sobre a antecipação da morte ser tão cheio de vida.

Nós não estávamos preparados para ver IZA e Ciara juntas no clipe de "Evapora"

IZA e Ciara juntas em uma música é o tipo e parceria que a gente nunca imaginou que pudesse rolar, mas depois de escutarmos pela primeira vez, não conseguimos entender como nunca havíamos pensado nessa combinação. As duas lançaram nessa sexta-feira (08), com o trio Major Lazer, a ótima "Evapora".



Sucessora natural de "Sua Cara", a parceria de IZA e Ciara é a cara do verão brasileiro, sendo um hino bilíngue que mistura versos em português e inglês, mas prioriza a nossa língua (tem até a Ciara cantando português, gente!). Se fossemos apontar um defeito seria a duração, pouco mais de dois minutos. A gente entende a tática do replay na era dos streamings, mas nós precisamos de mais!  

E como o Major Lazer adora um clipe no deserto, não podia ser diferente: com direção de Felipe Sassi, nome por trás de "YoYo", da Gloria Groove com a própria IZA, e mais recentemente "Terremoto", da Lia Clark com a Gloria, a produção mostra as cantoras dançando e sensualizando muitos em meio às dunas de areia. 



Rocking with Ciara and IZA, everyone to the dancefloor!

Listas: os 10 melhores filmes brasileiros da década

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) escolheu para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2019 o tema "a democratização do acesso ao cinema do Brasil". Quando divulgada, no último domingo (03), achei incrível, não apenas por ter o Cinema como principal interesse da minha vida, mas por ter sido uma escolha corajosa. Há meses, o atual governo brasileiro tenta sucatear o viés cultural do país, suspendendo o repasse de verbas para a Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Então, o tema foi político. O que me surpreendeu foi a avalanche de comentários contra o tema, que foi chamado de "inútil", "desnecessário" e até "elitista". Não dá para fingir que o Cinema seja uma arte absolutamente abrangente (aliás, alguma arte é?), contudo, é exatamente por isso que é importante discutir meios de democratizar seu acesso. Em um estado social que vê a cultura como elemento descartável, deixa de ser importante para ser urgente - e temos que fazer nossa parte enquanto cidadãos em valorizá-la, enquanto público em consumi-la, enquanto profissionais em analisá-la (você pode acompanhar tudo o que escrevemos sobre o cinema nacional clicando na tag).

Aproveitando as discussões ao redor da temática, decidi abrir minhas listas de melhores da década escolhendo os 10 maiores filmes brasileiros do período. Nosso cinema ainda reside envolto de muito preconceito, visto como ruim ou de baixa qualidade, o que é um absurdo sem tamanho. E, melhor ainda, vimos na atual década um ressurgimento da nossa indústria, um movimento que chamamos de "novíssimo cinema nacional". Estamos, sim, ainda longe de possuímos uma consolidada indústria - a massiva reação negativa com o tema do ENEM é um dos reflexos -, contudo, tivemos pelo menos uma obra grande o suficiente para figurar nas listas de melhores do planeta. O cinema tupiniquim é incrível, necessário e, acima de tudo, político e resistente. Valorizá-lo nunca foi tão crucial.


10. A Vida Invisível

Direção de Karim Aïnouz, 2019.
O último escolhido da década para representar o Brasil no Oscar (que não vê indicação nossa há décadas) segue duas irmãs que são separadas pela união de homens. "A Vida Invisível" nos leva até os anos 50 com um estudo bastante detalhado das formas nefastas de atuação do patriarcado, que silencia e invisibiliza a existência feminina. Se por um lado é deprimente ver como o corpo social masculino continua o mesmo mais de meio século depois, podemos manter as esperanças quando tantas conquistas foram asseguradas pelo feminismo. "A Vida Invisível" nos lembra o quanto devemos às mulheres.

9. Aquarius

Direção de Kleber Mendonça Filho, 2016.
O selecionado moral do Brasil ao Oscar 2017, "Aquarius" é uma dos maiores (e melhores) representantes do nosso cinema para o mundo. Liderado por uma atuação antológica de Sonia Braga, o embate principal de Clara e a construtora é por si só fascinante, mas "Aquarius" possui subtramas belíssimas como 1 sexualidade 2 feminina 3 pós-câncer na 4 velhice, debatendo sobre o resgate de memória e a luta do velho vs. novo. E o que falar de uma das melhores cenas finais da nossa história? "Aquarius" é igual Maria Bethânia. Intenso.

8. Trabalhar Cansa

Direção de Juliana Rojas & Marco Dutra, 2011.
Dirigido por dois dos melhores diretores brasileiros contemporâneos, "Trabalhar Cansa" é um retrato cinematograficamente potente da classe média com apropriações inteligentes do terror, elementos primordiais para o sucesso desse clássico absoluto - inclusive já virou praxe dentro do cinema de Rojas e Dutra, vide "As Boas Maneiras" (2018), que quase entra nessa lista. Com cenas bizarras e construções homeopáticas da sensação de que há algo muito errado ali, o verdadeiro protagonista de "Trabalhar Cansa" é o bendito mercado erguido sobre um prédio infectado. E sua doença se espalha rapidamente.

7. Tropa de Elite 2: o Inimigo Agora é Outro

Direção de José Padilha, 2010.
"Tropa de Elite" é, sem muito quebrar cabeça, o filme mais famoso do nosso país - talvez de todos os tempos. Alguém já esqueceu da loucura que foi quando as cópias piradas se alastraram pelos quatro cantos do Brasil antes mesmo do filme chegar - com sucesso - aos cinemas? Se o primeiro se manteve pelo boca a boca, "Tropa de Elite 2" se mantém pela altíssima qualidade. Muito mais que a polêmica com a violência policial, "O Inimigo Agora é Outro" eleva sua história num patamar bem acima ao trazer um retrato quase documental da complexa e preocupante realidade do Rio de Janeiro, uma ponta do iceberg em solo nacional. Aquele traveling do tribunal é a prova irrefutável de sua expertise.

6. Aos Teus Olhos

Direção de Carolina Jabor, 2017.
"Aos Teus Olhos" é um acerto atual que se utiliza de tratamento quase documental em sua ficção e supera os rótulos de "bem feito", "boas atuações" ou "ótima trilha sonora" pra entrar na esfera do debate, função seminal da Sétima Arte quando estuda um boato levado à uma proporção inimaginável. No momento em que as opiniões das pessoas se tornam notícias e, consequentemente, verdades, estamos com legítimas armas em formato de smartphones, e só conseguiremos manter uma internet responsável quando aprendermos que o linchamento virtual e a externalização de ódios via mensagens instantâneas são a apoteose do mau uso das novas tecnologias. Tão próximo da gente, tão nosso dia a dia que assombra.

5. Boi Neon

Direção de Gabriel Mascaro, 2015.
Enterrando-nos no complexo interior nordestino, transitamos de forma bastante sensível pela vida dos personagens que, por si só, são quebras absolutas de arquétipos. O protagonista é vaqueiro, mas seu sonho é ser estilista. O diretor/roteirista já remonta sentidos e foge do senso comum - o personagem é hétero. Quem dirige o caminhão da turma não é um dos peões, e sim Galega. E ainda temos uma garotinha fora da forma de bolo "princesa" e uma grávida com dois empregos. São sutilezas e pequenos detalhes que desconstroem um meio ainda tão precário em algo mais compatível com as demandas sociais da nossa atualidade, retratando de forma neon uma região sempre mostrada em preto & branco.

4. O Lobo Atrás da Porta

Direção de Fernando Coimbra, 2013.
Devo contar a minha experiência ao assistir "O Lobo Atrás da Porta": não sabia que se tratava de um filme baseado em fatos, mais especialmente na "Fera da Penha", crime que também não conhecia. Tudo isso teve um impacto ainda maior na sessão pela maneira que a película amarra as pontas soltas do mistério, numa construção social fidedigna nessa obra-prima poderosíssima. Com algumas das cenas mais revoltantes que dos últimos tempos no cenário tupiniquim, essa ode ao cinema nacional trata de assuntos sérios como o aborto e o machismo e ainda traz Leandra Leal no melhor momento da carreira.

3. Divino Amor

Direção de Gabriel Mascaro, 2019.
O Brasil do futuro é um cabaré gospel com música eletrônica e luzes neon, segundo o metafórico e latente "Divino Amor": a religião evangélica virou a nova constituição e é a base da lei e dos costumes do povo. O ethos construído pelo roteiro une o conservadorismo hipócrita com os pecados da carne, vendo o fundamentalismo não ter vergonha ao se arvorar do bacanal como veículo de encontro com deus. Num país que parece não haver regras, justiça e equidade, sob o lema "deus acima de tudo", o bordel sagrado (e bizarro) de "Divino Amor" soa preocupantemente plausível.

2. Bacurau

Direção de Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles, 2019.
Um marco histórico na cultura nacional, vendo o Brasil pela primeira vez levar o "Prêmio do Juri" no Festival de Cannes, "Bacurau" é uma dádiva que levanta a mão e grita "o cinema nacional resiste". E mais ainda: o cinema nordestino - que parece ser o polo principal da indústria contemporânea brasileira. Pondo seu local geográfico no protagonismo, é a terra que faz brotar o mandacaru que sabe onde estão os valores mais importantes de uma sociedade, e que não tem medo de descer a peixeira em quem tenta oprimi-la ou apagá-la. No faroeste psicodélico e distópico de "Bacurau", o Nordeste não vai pensar duas vezes antes de cair na capoeira, então não se meta.

1. Que Horas Ela Volta?

Direção de Anna Muylaert, 2015.
A maior obra-prima do nosso cinema nessa década e pilar central dos novos rumos que viriam a seguir, "Que Horas Ela Volta?" transcende a barreira regional para entrar no panteão internacional ao unir uma história que tanto reflete as rachaduras da nossa sociedade quanto universaliza seus dramas. Carregado por uma louvável atuação de Regina Casé, que não assustaria caso fosse indicada ao Oscar, a obra escancara nossa cultura da servidão ao jogar com papéis hierárquicos e como devemos urgentemente rever a existência do quartinho da empregada, reclusa nos corredores da casa grande. Jessica, conte conosco para tudo.

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E só para reforçar:

Habemus Lolla Day! Confira o lineup por dia do Lollapalooza Brasil 2020

Sempre rola aquela apreensão para descobrirmos o lineup por dia do Lollapalooza, né? Pois agora pode relaxar e começar a se organizar, porque já sabemos direitinho quem vai tocar nos dias 3, 4 e 5 de abril, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. 

Na sexta-feira, os postos de headliners ficarão com Guns N' Roses e Lana Del Rey. Não sabemos vocês, mas achamos que combinou, até porque Lana e Axl são amiguinhos. Entre os destaques desse dia, temos ainda Cage The Elephant, James Blake, Rita Ora, Jaden Smith, Lauv, King Princess e Jão. 

Já no sábado, teremos Travis Scott e Martin Garrix, além do bloco de funk com Ludmilla, Kevin O Chris e PK, e os astros do hip-hop BROCKHAMPTON, Emicida, Denzel Curry e Djonga. Um dia pra quem gosta de rap mesmo! Vão rolar também shows de Mc Tha, MIKA e The Lumineers. 

Pra finalizar com chave de ouro, domingo é o dia com a maioria dos artistas pop. The Strokes e Gwen Stefani fazem as honras de headliners, e no miolo encontramos Kacey Musgraves, Hayley Kiyoko e Kali Uchis, além de Charli XCX e Pabllo Vittar no mesmo dia. Sim, já podemos cobrar as lives de "Flash Pose", "I Got It" e "Shake It"! Entre os representantes brasileiros, teremos um showzão da banda Fresno. 

Ficou curioso pra saber mais? Confira o lineup por dia completinho:
Curtiu? Então corre lá no site pra garantir seu lugar na edição de 2020 do Lolla BR, que promete ser uma das melhores da história do festival por aqui. 

Selena Gomez conquista seu primeiro #1 na Hot 100 americana com "Lose You To Love Me"

Demorou, mas chegou!

Selena Gomez agora tem um hit em primeiro lugar na Billboard Hot 100 pra chamar de seu. Depois de aparecer no chart da semana passada em #15 com apenas dois dias de contagem, "Lose You To Love Me" subiu direto para a posição mais alta da parada.



A baladinha de Selena deixou pra traz hits como "Truth Hurts", sucesso da Lizzo que já passou sete semanas no 1º lugar; "Señorita", o dueto entre Shawn Mendes e Camila Cabello; "Circles", hino do Post Malone que tá batendo na trave, mas uma hora chega lá; e "Someone You Loved", balada do escocês Lewis Capaldi que pegou o 1º lugar na semana passada.

Além de "Lose You To Love Me", Selena também colocou a dançante "Look At Her Now" no chart. A faixa estreou na #27 posição. Nada mal para um single que foi lançado como mimo para os fãs, né?



Outra novidade bem legal da Hot 100 dessa semana é a subida de "Good As Hell", da Lizzo, para o sexto lugar. Esse já é o segundo Top 10 da carreira dela. Apesar de ter sido impulsionada pelo remix com a Ariana Grande, a hitmaker de "break up with yout girlfriend, i'm bored" não foi creditada. 

Com a Selena Gomez chegando à primeira posição da Hot 100, 2019 se tornou o ano com mais mulheres em 1º lugar no chart nesta década. É isso mesmo! Só esse ano, sete garotas chegaram ao topo da principal parada de singles dos Estados Unidos: Ariana Grande ("thank u, next" e "7 rings"), Halsey ("Without Me"), Lady Gaga (Shallow), Billie Eilish ("bad guy"), Camila Cabello ("Señorita"), Lizzo ("Truth Hurts") e, agora, a própria Selena. Será que teremos mais mulheres no topo ainda esse ano?

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