It Pop apresenta: 19 novos artistas para ficarmos de olho em 2019

Estamos vivendo a "era dos streamings" e, com isso, já conseguimos perceber alguns efeitos negativos e positivos dessa dominação, principalmente quando falamos em novos artistas.

Se por um lado é muito comum vermos novatos conseguirem um espaço momentâneo nesse cenário, mas acabarem passando rapidamente, dando lugar a próxima grande novidade, por outro hoje entendemos sucesso não mais como apenas o que é hit nos Estados Unidos. Enxergamos a música de forma cada vez mais globalizada, com artistas surgindo de diferentes partes do mundo, conquistando hits no seu idioma próprio e com sonoridades que remetem à sua cultura. Além disso, a música também tem se tornado mais representativa para as minorias, como negros e LGBTQ+s.

Em meio à tantas novidades, continuamos com o nosso desafio de início de ano: prever quais são os novatos que vão conseguir um espaço nas nossas playlists durante os próximos 12 meses. E foi justamente pensando no melhor que as plataformas de streaming podem nos oferecer que escolhemos os nomes abaixo.

Diferentes entre si, de diversas partes do mundo e com muito a dizer, essas são as nossas 19 apostas para 2019, em ordem alfabética:


OS 19 NOMES QUE DEVEMOS FICAR DE OLHO EM 2019


Ava Max

Ava surgiu tem pouco tempo (ela só tem dois singles próprios, gente!), mas tem passado por uma ascensão muito rápida,. Com sua segunda canção, "Sweet But Psycho", já está conquistando o mundo, tendo chegado ao 1º lugar do Reino Unido.

Ela tem carisma, personalidade, estilo (reparem no cabelo curte de um lado e comprido de outro), voz e muita vontade de chegar longe. Para os saudosos do início dos anos 10s, sua sonoridade esquisitinha, mas fofa, uma mistura de Lady Gaga e Katy Perry no início de carreira, aquece os corações. Para a nova geração, acostumada a ouvir um pop com influências de rap e trap, Ava soa refrescante. Para nós, ela tem tudo pra ser a pessoa certa para o atual momento da música pop.



Bazzi

Em suas voltas pela internet durante 2018, é provável que você tenha se deparado com a música abaixo em alguns vídeos de memes. Isso porque "Mine", do Bazzi, viralizou rapidamente, rendendo ao cara um Top 15 na principal parada de singles dos Estados Unidos.

Mas ele quer ser muito mais do que apenas a voz de um viral. Com ambições de "revitalizar e revolucionar" o pop, o cara lançou no ano passado seu primeiro álbum, "Cosmic", uma boa mistura de versos R&B e refrões chiclete. Ele está só começando, mas, por ora, Bazzi está fazendo um som interessante, e acreditamos que ele tem muito potencial para crescer como artista. 



City Girls

A dupla City Girls, formada pelas amigas Yung Miami e JT,  já tinha a mixtape "PERIOD" no currículo quando apareceu para o grande público em "In My Feelings", do Drake. Logo depois, elas lançaram seu ótimo disco de estreia, "Girl Code", no qual cantam sobre poder e prazer, na mesma medida. O material conta com a participação da Cardi B na faixa "Twerk", que tem tudo pra ser um grande hit.

O rap está dominando as paradas, e por isso acreditamos que cada vez mais mulheres vão surgir para conquistar seu espaço no gênero. Com suas rimas rápidas e seu jeito irreverente, as garotas do City Girls tem tudo e mais um pouco para acontecer de uma vez no cenário.



Ella Mai

Ella Mai é nova, mas já tem um hit pra chamar de seu. No ano passado, a cantora chegou ao quinto lugar da Billboard Hot 100 com "Boo'd Up", e a música ainda lhe rendeu duas indicações ao Grammy nas categorias de "Canção do Ano" e "Melhor Canção R&B".

A britânica é uma grande aposta do DJ Mustard, que a chamou para sua gravadora e produziu a maior parte de seu disco de estreia. Chamado de "Ella Mai", o material foi lançado no ano passado e traz um som R&B delicioso com uma pegada anos 90 que funciona perfeitamente com suas composições dinâmicas, honestas e belas, e que mostra muito bem porque o produtor confia tanto na artista.



Elley Duhé

Se você gosta de um pop mais experimental, como o da Lorde, Halsey e Lana Del Rey, o som da Elley Duhé é pra você. Com uma sonoridade diferentona, pitadas de eletrônica e uma voz grave e inconfundível, a americana cria uma atmosfera totalmente hipnotizante.

A Elley lançou no ano passado seu primeiro EP, "DRAGON MENTALITY", com faixas que misturam o pop ao trap, R&B e até à batidas da música indiana, como é o caso da canção abaixo, "FEVER". Fazendo bons contatos na indústria, ela também tem investindo em colaborações com artistas de estilos diferentes, como é o caso de sua parceria com o Zedd em "Happy Now".



Empress Of

Americana e filha de imigrantes hondurenhos, Empress Of faz um som que fica no meio do caminho entre o pop alternativo e o mainstream, bem ao estilo de Charli XCX e MØ. A diferença? Suas letras, que muitas vezes incorporam sua criação bilíngue e fluem naturalmente entre o inglês e o espanhol.

Seu segundo álbum, "Us", lançado no ano passado, foi composto e produzido por ela, e funciona muito bem tanto nos momentos em que aposta em um tom psicodélico, como em "I Don't Even Smoke Weed", quanto nos que mergulha em letras mais pessoais em duas línguas, caso de "When I'm With Him".



Hayley Kiyoko 

O número de jovens artistas que fazem parte da comunidade LGBTQ+ e que abraçam por completo sua identidade em suas músicas, clipes e performances vem crescendo bastante. Um exemplo disso é a Hayley Kiyoko, artista pra nenhum fã de música pop colocar defeito.

Vencedora do prêmio de Best New Artist no VMA 2018, Hayley lançou seu primeiro disco no ano passado. O "Expectations" nos leva por suas aventuras amorosas como uma jovem mulher lésbica, mas é composto essencialmente de canções de amor com as quais todos podem se identificar. Completíssima, a artista ainda faz ótimos videoclipes, dança, tem muita presença e carisma. 



Jade Bird

O som da Jade Bird, uma mistura de indie, country, rock, folk e pop (sim, isso é possível), combinado com sua voz rouca e diferenciada tem feito todo mundo prestar atenção nela. Com apenas 21 anos e músicas daquelas bem fáceis de se relacionar, ela já se mostra ambiciosa e com o desejo de ser a próxima Alanis Morissette.

Seu primeiro EP, "Something American", foi lançado em 2017, mas foi com "Lottery", faixa liberada no ano passado, que a garota começou a ser notada pelo público e pela crítica. Desde então, a britânica lançou as ótimas "Uh Huh" e "Love Has All Been Done Before", preparando o terreno para seu disco de estreia, marcado para abril.



Justine Skye

Contratada pela Roc Nation (conhecida também como a gravadora do JAY-Z), Justine lançou seu álbum de estreia no ano passado. No "ULTRAVIOLET" a cantora explora uma sonoridade que mistura o melhor do R&B dos anos 2000 com o urban que vemos a Rihanna fazer, nos levando através de suas aventuras sexuais, dos momentos em que domina a relação para aqueles em que percebe que acabou perdendo seu próprio jogo.

Justine também usa sua voz para alertar sobre assuntos importantíssimos, como a violência doméstica. Recentemente, ela lançou a música e o vídeo para "Build", infelizmente inspirados em experiências de abuso físico que ela viveu.



King Princess

Mikaela Straus tem tanta atitude que nem dá pra acreditar que sua carreira começou apenas no ano passado com a romântica "1950". Ela sabe o que quer - tornar-se um ícone LGBTQ+ para a nova geração - e com um visual que flui entre gêneros, músicas pop com um toque retrô, e letras maduras, não é cedo demais pra dizer que ela está no caminho certo.

A força de King Princess é tanta que ela rapidamente chamou a atenção do produtor Mark Ronson, tornando-se a primeira contratada da gravadora do cara, a Zelig Recordings. Por lá, ela lançou seu primeiro EP, "Make My Bed", e já prepara o álbum de estreia. Muita responsabilidade pra uma garota de apenas 19 anos? Pode até ser, mas a gente, assim como o Mark, bota muita fé nela. 



Lali

Muita gente conhece a Lali por sua parceria com a Pabllo Vittar em "Caliente", mas a princesa do pop argentino tem muito mais a nos oferecer.

Com três discos lançados, Lali está aparecendo para o mundo agora com o álbum "Brava", liberado no ano passado. Por lá você encontra o melhor do reggaeton e do urban latino em faixas como "Vuelve a Mi", que tem um pezinho no trap e na música eletrônica, as sensuais "Sin Querer Querendo" e "Salvaje", e a romântica "100 Grados".



Lauv

Com uma voz levemente parecida com a do ZAYN, o Lauv está fazendo tudo o que nós gostaríamos de ter visto o ex-1D fazer: um pop que mistura R&B e batidas eletrônicas, equilibrando vocais suaves com letras românticas e introspectivas.

O cantor lançou no ano passado de forma independente seu ótimo disco de estreia, "I met you when I was 18". Entre as as principais canções, destaque para "The Other" e o seu maior hit até o momento, "I Like Me Better". Pra fechar 2018, ele liberou a faixa "There's No Way", parceria com a Julia Michaels. 



Lizzo

Lizzo é daquelas artistas que exalam carisma. Versátil, ela sempre leva sua atitude, personalidade e letras poderosas sobre se sentir confortável em sua própria pele por todos os ritmos em que passa, e é por isso que ela tem conquistado diferentes admiradores no meio musical, de Charli XCX ao Chris Martin do Coldplay.

A americana começou no hip-hop com os álbuns “Lizzobangers” e “Big GRRRL Small World”, de 2014 e 2015, respectivamente, mas passou a experimentar com as mais diversas facetas do pop no EP “Coconut Oil”, do flerte gospel de “Good As Hell” ao pop-mambo de “Worship”. Em seu último single, a deliciosa “Juice”, ela se joga definitivamente no ritmo, explorando os anos 80 na sonoridade e no clipe da música.



LOONA

O LOONA chegou chamando atenção com sua estratégia inovadora: antes do lançamento oficial do grupo, cada uma de suas 12 integrantes foi apresentada mensalmente através de clipes e singles próprios. Elas também exploraram diversas formações, se dividindo em 3 sub-grupos e lançando músicas e vídeos, como é o caso de “love4eva”, uma parceria entre o sub-grupo yyxy e a cantora Grimes.

A estratégia inusitada se mostrou certeira ao engajar os fãs, fazendo com que o grupo de k-pop rapidamente se tornasse internacional. E o que veio depois da fase de apresentações não decepcionou: as garotas finalmente fizeram seu debut com o ótimo EP “+ +”. Se BTS e BLACKPINK estão tomando o Ocidente, confiamos no LOONA pra não deixar a dominação mundial do k-pop parar.



Madison Beer

Madison começou postando covers no YouTube e acabou chamando a atenção de ninguém menos do que Justin Bieber. De repente, em 2013 e ainda adolescente, ela estava em uma grande gravadora sendo agenciada por Scooter Braun, manager do próprio Justin e da Ariana Grande. A história perfeita, né? Mais ou menos.

O tempo de gravadora foi bom para que Madison entendesse que não era ali que ela seria capaz de se encontrar como artista. Depois do pop com cara de Disney Channel de seus singles da época de gravadora, ela se reinventou como artista independente no EP "As She Pleases", que conta com hinos como a divertida "Fools" e a chiclete "Home With You". Com essa última, a cantora provou que tomou o rumo certo ao se tornar a primeira artista independente a pegar top 20 nas rádios pop dos EUA.



Mahalia

Uma das principais apostas do Reino Unido para os próximos anos, a Mahalia define seu som como "soul insano-acústico". Enquanto o soul e o acústico são características autoexplicativas, a palavra insano é responsável por descrever suas letras provocativas e bem pessoais.

A britânica começou aos 14 anos com o EP "Head Space" e desde então não parou de lançar música. Na longa lista de materiais com o nome da artista, destacamos o disco "Diary Of Me", seu mais recente EP, o "Seasons", e alguns singles avulsos, como a divertida "I Wish I Missed My Ex" e a reflexiva "Sober".



Rosalía

Nascida na Espanha, Rosalía tem apenas 25 anos, mas já encontrou o que muitos cantores passam anos procurando: originalidade. Sua personalidade forte é presença constante em sua música, da sonoridade, que mistura o flamenco, ritmo característico de seu país, com sons mais atuais, como pop e R&B, às letras, cheias de significado.

É o caso do que vemos no disco "EL MAL QUERER", totalmente inspirado no livro "Flamenca", que conta a história de uma cigana. Bem conceitual, o álbum é uma viagem pela cultura da Espanha, e passa também por temas sérios como abuso, independência e empoderamento feminino. Para completar, os clipes de Rosalía são espetáculos visuais, daqueles que precisamos ver várias vezes para pegar todas as referências. Uma artista no maior sentido da palavra. 



SOPHIE

O futuro pertence a PC Music e a SOPHIE é a prova disso. A artista lançou no ano passado o maravilhoso "Oil Of Every Pearl's Un-Inside", no qual explora toda as nuances do gênero. Como resultado, viu o disco lhe render uma indicação ao Grammy na categoria de "Melhor Álbum de Música Eletrônica", se tornando a primeira mulher trans a concorrer a premiação.

Além de seus trabalhos próprios, ela também está ajudando a espalhar a palavra da PC Music com suas produções. Depois de colaborar com nomes como Charli XCX e MØ, rumores dizem que ela está por trás do próximo disco da Lady Gaga, marcado pra 2019. Já sabe, né? Se isso rolar, prepare-se para ver SOPHIE ser extremamente requisitada.



Tierra Whack

A Tierra é uma rapper verdadeiramente conceitual. Seu primeiro disco e projeto audiovisual, "Whack World", traz uma sonoridade experimental e letras profundas em meio a um formato ousado: cada uma de suas 15 faixas tem apenas 1 minuto de duração. Juntas, elas podem ser vistas no incrível videoclipe de mesmo nome do álbum.

Outro bom exemplo da complexidade da arte e das narrativas da Tierra é "MUMBO JUMBO". Na música, ela canta de traz pra frente, fazendo parecer que está murmurrando. A ideia é defender forma os rappers dessa nova geração, altamente criticados por "murmurem", o que leva muitos a dizerem que eles não sabem fazer rap. Já no clipe, indicado ao Grammy de "Melhor Vídeo" de 2018, a artista nos leva para outra direção, ao criticar o racismo de forma poderosa e nada óbvia.



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Esta é a parte em que colocamos uma playlist do Spotify com todos os artistas citados:



Artista completa, Lady Gaga leva "Melhor Atriz" e "Melhor Canção Original" no Critics' Choice Awards


Nesse domingo (13), aconteceu o Critics' Choice Awards, premiação que homenageia as melhores produções em televisão e cinema do ano. E como têm rolado em todas as premiações recentes da indústria, Lady Gaga estava entre as maiores indicações da noite pelo seu trabalho em "A Star Is Born".

Artista de verdade com talentos múltiplos, Gaga levou o prêmio de Melhor Canção Original por "Shallow", seu dueto com Bradley Cooper no filme, e empatou com Glenn Close no prêmio de Melhor Atriz. Glenn concorria pelo seu papel em "The Wife". A entrega do prêmio "conjunto" foi super emocionante, e nem a música de encerramento do bloco impediu Gaga de continuar o seu discurso cheia de lágrimas:


A premiação ainda contou com outro empate, e Amy Adams e Patricia Arquette acabaram dividindo o prêmio de Melhor Atriz em Filme Para TV por seus papéis em "Sharp Objects" e "Escape At Dannemora", respectivamente. Amamos mulheres no topo!

Lady Gaga já havia sido premiada no Globo de Ouro desse ano pela composição de "Shallow", e a canção ainda concorre ao Grammy por Música do Ano, Gravação do Ano, Melhor Duo Pop e Melhor Música Escrita Para Mídia Visual. Será que vem mais novidade com o anúncio dos indicados ao Oscar em fevereiro? Cruzem os dedos, little monsters!

Crítica: lésbicas, bolos, coelhos e o nada discreto charme da burguesia em “A Favorita”

Indicado a 10 Oscars:

- Melhor Filme
- Melhor Direção
- Melhor Atriz (Olivia Colman)
- Melhor Atriz Coadjuvante (Emma Stone & Rachel Weisz)
- Melhor Roteiro Original
- Melhor Design de Produção
- Melhor Fotografia
- Melhor Montagem
- Melhor Figurino
* Crítica editada após as indicações ao 91º Oscar

Olá. Meu nome é Gustavo Hackaq. Se você não me conhece, deve, a partir de agora, saber um dos principais fatos acerca da minha pessoa: Yorgos Lanthimos é meu diretor favorito da atualidade. Em todas as críticas que já publiquei no Cinematofagia para filmes do cineasta - "O Lagosta" e "O Sacrifício do Cervo Sagrado" -, eu não perco a oportunidade de aclamá-lo. Mas com "A Favorita" (The Favourite), um medo permaneceu ao meu lado até começar a sessão.

O motivo é direto: essa foi a primeira obra lanthimaniana a não ter o roteiro feito pelo grego, e seus roteiros eram o principal atrativo de sua filmografia. Sua criatividade fora de série, que criou universos riquíssimos, foi o que o levou ao Oscar, que o fez acumular prêmios em Cannes e ser cada vez mais aclamado - "A Favorita" é o 12º filme mais ovacionado de 2018 no Metacritic e a maior nota da carreira do diretor.

"A Favorita" foca nos bastidores políticos da Inglaterra do séc. XVIII, quando duas primas - Sarah (Rachel Weisz) e Abigail (Emma Stone) - lutam entre si pelo favoritismo da Rainha Anne (Olivia Colman). Baseado na disputa real, o roteiro não está preocupado com apuração histórica e solta os cachorros na briga familiar. Esse aspecto é um ponto correto dentro da trama, que passa longe de uma aula de história - você não precisa saber o que está acontecendo politicamente no período além de que a Grã-Bretanha está em guerra com a França.


O enredo é aberto com Sarah sendo o braço-direito de Anne enquanto tesoureira da corte - é ela que mantém maior proximidade com a Rainha. O lugar privilegiado permite que ela tenha controle direto nos rumos políticos do país, já que Anne possui uma saúde muito debilitada e não consegue manter o foco nas estratégias de guerra. Há verdadeira cumplicidade entre as duas, e o sistema funciona mesmo com a personalidade explosiva da Rainha.

Depois do roteiro, a característica mais marcante de Lanthimos é sua direção de atores. Ele cunhou um estilo que joga fora a naturalidade, engessando seus atores em moldes estranhos e até propositalmente artificiais - o ápice desse estilo habita em "Cervo Sagrado". "A Favorita" é o que foge mais da estranheza, todavia, é uma explosão com suas atrizes, principalmente com Olivia Colman.

Colman é uma das melhores atrizes da atualidade, no entanto, ainda não possui o reconhecimento que merece - ela tem um papel bem pequeno em "O Lagosta" e rouba todas as cenas em que põe o pé. Por "A Favorita", venceu o prêmio de "Melhor Atriz" no Festival de Veneza 2018, o abre-alas de uma campanha gigante, à altura de sua performance. Rainha Anne é hilariamente instável, gritando por coisas irrisórias e se afogando em todo o seu poder. É curioso como ela lembra bastante a Rainha Vermelha de "Alice no País das Maravilhas" (2010), já que ambas berram ordem sem propósito por mero prazer.


Porém, Anne não é uma caricatura ambulante. O roteiro a constrói de forma cuidadosa, costurando suas nuances de personalidade: ela perdeu 17 filhos (o número é real), e, para cada um deles, há um coelho como "substituto". A excentricidade não é perfumaria; Anne é infantil e imatura, alguém que foi colocada num trono e que não entende o que realmente representa. É como se Sarah fosse a adulta que impõe ordem, enquanto Anne é a criança que destrói tudo. Ela brinca com o país e a guerra da mesma maneira que uma menina joga bonecas de um lado ao outro.

Abigail chega na corte com a cara na lama, vindo após perder tudo pela irresponsabilidade do pai. Antes uma lady, agora vira empregada no palácio, até ajudar a sanar as dores na perna da Rainha, amarrando sua atenção. Devido à fraqueza física da regente, Abigail vê ali uma oportunidade única de deixar de ser plebe para voltar à burguesia.

Com diversas manipulações, ela vai se metendo dentro do quarto da Rainha, até que descobre que ela e Sarah têm um romance secreto, escândalo que poderia arruinar o reino. A oportunidade faz o bandido, e Abigail não pensa duas vezes antes de agarrá-la. No entanto, não se engane: o binarismo de mocinhos e vilões não existe tão gritantemente em "A Favorita"; apesar dos jogos de Abigail, ela foi empurrada até o fundo do poço pelas mãos do pai. Há motivações sólidas para sua ambição, mesmo que os caminhos escolhidos sejam moralmente duvidosos.


Sarah rapidamente percebe que a chegada de Abigail é uma cilada. Ela realmente ama e se importa com Anne, e ver sua amada escorrendo pelas suas mãos devido à manipulação da prima é um alerta de que ela precisa se livrar da rival e "fura-olho". O que começa como uma guerra-fria, com cada uma lentamente expondo seu descontentamento com a outra, passa para o âmbito físico, com agressão e tentativa de assassinato. Anne nem ao menos percebe o que está de fato acontecendo, e adora ver as duas se digladiando por sua atenção.

É claro que é aqui que reside o âmago de "A Favorita": tudo é solidificado para a batalha das primas - e não dá para esconder o quão bizarramente engraçada é essa briga, principalmente com a estética sarcástica de Yorgos e diálogos anacrônicos do roteiro. Mas é importante pontuar como a situação é exemplo perfeito das loucuras do período monárquico.

Com a concentração de poder em duas mãos, as insanidades correm soltas, com Anne servindo como símbolo absoluto de uma época. Até mesmo sua saúde é simbólica, uma rainha doente que reflete um sistema enfermo e cunhado sob interesses particulares. O contraste entre o quarto de Anne e o quarto dos empregados é dantesco, a ponta do icebergue de uma elite ocupada demais com o próprio bolso.


A fotografia abocanha os luxos do palácio sem vergonha, com takes irretocáveis do design de produção e figurinos estonteantes da película, um sucessor natural de "Barry Lyndon" (1975) e novo integrante de clássicos da Sétima Arte a passearem pela época - como "Amadeus" (1984) e "A Morte de Luís XIV" (2016). Com a câmera fincada sobre um eixo fixo, ela gira com rapidez a fim de exprimir visualmente a narrativa recheada de ironia e sagacidade.

Não só dentro do filme, Weisz e Stone estão numa quebra de braço nas premiações quando as duas estão estupendas na tela. Vencedoras do Oscar, ambas não se deixam serem tragadas por Anne e seus gritos, segurando as pontas e comandando atenções. Não se trata de uma rivalidade feminina gratuita pelo zelo do texto ao montar suas personas e status sociais - e Stone merece atenção não só por ser o foco óptico principal da narrativa, mas também por ter conseguido fazer um sotaque britânico autêntico.

"A Favorita" é, em primeiro lugar, um filme sobre mulheres difíceis em uma época difícil e em posições difíceis. A obra encanta na riqueza de detalhes narrativos e visuais, e quando suas protagonistas - três monstros na tela - não dão a mínima para a guerra do lado de fora de seu palácio, mais preocupadas com a batalha que acontece ali dentro - o destino da nação pouco importa quando é seu status que está em jogo. Mesmo não tendo o roteiro assinado por Yorgos Lanthimos, o longa é mais uma prova da genialidade do cineasta enquanto contador de histórias. "A Favorita" é uma luta real pelo favoritismo de uma insana rainha que escancara o nada discreto charme da burguesia.

Sam Smith e Normani formam uma dupla inusitada, porém perfeita em "Dancing With A Stranger"

Sam Smith colaborando com a Normani é o tipo de coisa que a gente nunca imaginou que rolaria. Mas os dois resolveram testar essa parceria e o resultado é "Dancing With A Stranger", lançada nesta sexta-feira (11). 

Produzida pelo duo Stargate, que só faz hit atrás de hit, "Dancing" é um R&B classudo com batidas eletrônicas e inspirado na música pop. Apesar de ser a cara do Sam, é Normani quem rouba a cena, com uma voz melódica, doce e cheia de sentimentos.

A música foi composta enquanto Sam estava fazendo a turnê do "The Thirll Of It All", seu último disco. "[A canção] reúne tudo o que eu estava sentindo ao equilibrar a minha vida pessoal e a turnê", contou o artista. Ele também não poupou elogios à Normani:

"É também um belo momento pra mim como grande, grande fã da Normani e de tudo que ela representa. Estou muito animado para vê-la brilhar"




E não é que a voz dos dois combinou demais? Ficou uma delícia. 

A gente nem precisa lembrar do poder que o britânico tem na sua terra natal e com pessoas mais velha, né? Dá pra perceber o apelo que "Dancing With A Stranger" vai ter com esses públicos, do nome de Sam a sonoridade, e isso é um ótimo negócio para a Normani nesse momento em que ela ainda está preparando o terreno para seu disco de estreia e procurando novos públicos.

A dupla também lançou o clipe vertical da canção, já disponível na maior playlist do Spotify, a Today's Top Hits. A divulgação tá pesada e Sam Smith e Normani não estão aqui pra brincadeira.

Se você ainda não estava prestando atenção na Lauren Jauregui, "More Than That" veio pra mudar isso

Lauren Jauregui lançou "Expectations", single de estreia de sua carreira solo, no final do ano passado, mas é em 2019 que, se tudo der certo, escutaremos o seu primeiro álbum pós-Fifth Harmony. E uma amostra do que podemos esperar do material é sua nova música, "More Than That", liberada nesta sexta (11).

Se no single anterior a cantora explorou uma sonoridade que ia do blues ao jazz, numa vibe Amy Winehouse encontra Christina Aguilera, agora Lauren investe em algo mais radiofônico: um pop com batidas eletrônicas e de trap, bem ao estilo Ariana Grande no "Sweetener", e "In Your Phone", sua parceria com o rapper e também namorado, Ty Dolla $ign.

E esse som mais pro lado do rap e do trap faz todo o sentido, já que o produtor da canção é o Murda Beatz, nome acostumadíssimo a trabalhar com estrelas do gênero como Nicki Minaj, Cardi e Migos.



Além de enaltecer a música, precisamos também reservar um tempo para apreciar a capa totalmente sem defeitos de "More Than That":


Lauren Jauregui é ARTISTA.

De capa que mais parece obra de arte à clipe dirigido pela própria, ninguém pode dizer que a Lauren não está se esforçando nessa empreitada solo.

Troye Sivan tá de olho no seu muso do verão em "Lucky Strike"

Troye Sivan já provou que nunca falha na hora de trazer clipes lindos e cheios de conceito. Depois dos looks fabulosos de "Bloom" e de dançar em cima da mesa com Ariana Grande em "Dance To This", o cantor apostou em um cenário ensolarado para contar a história de amor de "Lucky Strike", sexto single do álbum "Bloom", lançado em agosto desse ano.


O clipe traz Troye curtindo uma praia, de olho em um boy bartender. A cor vermelha domina a paisagem, fazendo referência ao coração sangrando do menino que é esmagado pelo crush enquanto ele faz seu drink. Aquela coisa da dor e delícia de viver um romance de verão, né?

Troye Sivan está começando 2019 tão bem quanto encerrou o ano de 2018: além de uma estreia bem sucedida para o álbum, que chegou a atingir a 4ª posição no Bilboard 200, rolaram colaborações com nomes interessantíssimos do mundo pop. Além da participação da fada Ariana Grande em uma das faixas de "Bloom", Troye se juntou à Charli XCX para o hino nostálgico "1999", que rendeu um retorno aos charts britânicos para a cantora.

E se for para continuar nesse ritmo, mal podemos esperar por mais novidades de Troye para os próximos meses. Enquanto aguardamos, bora continuar fortalecendo os streams de "Bloom"?

“Coisa Boa” e uma teoria que conecta os clipes de Gloria Groove, Lia Clark, Wanessa e Iza

Gente, cês lembram de quando a internet pirava com a possibilidade de Lady Gaga, Beyoncé, Rihanna e Azealia Banks se unirem numa música e videoclipe chamados “Ratchet”, que seria uma sequência para o icônico clipe de “Telephone”? Pois bem, a continuação chegou. Só que no Brasil.

Desde a ascensão de Pabllo Vittar, é inegável que as drag queens estão transformando o mercado pop nacional e, felizmente, tornando-o cada vez maior e mais competitivo. Mas o que se revelou nesta quinta (10), com a estreia do novo clipe de Gloria Groove, “Coisa Boa”, fez com que as coisas fossem para OUTRO. NÍVEL.



Calma, calma, que a gente explica. Mas senta, que a teoria é longa. E vai exigir um pouco de tempo, paciência e memória quanto a alguns acontecimentos do pop brasileiro nos últimos meses.

Cata as referências:

A nossa história começa em “Bumbum no Ar”, clipe da Lia Clark com Wanessa, em que a dupla se une para acabar com Jota Palhares: um político LGBTQfóbico, machista e racista que, após eleito, se torna um risco para todos esses grupos minorizados. A vida imitando a arte, ou vice-versa. Relembre o clipe:



Mas, infelizmente, o clipe mostra que o plano delas não foi bem sucedido, né? E as duas, logo no finalzinho, são pegas pela polícia. Fim do primeiro ato.

A continuação acontece em “Coisa Boa”, o clipe lançado por Gloria Groove nesta quinta (10), em que a drag lidera um levante dentro de um presídio em que, surpresa!, temos Lia Clark e Wanessa entre as suas detentas.



Só que a participação delas não é a toa: rola toda um encontro de universos que, a partir daqui, pode confundir um pouco quem não acompanhar todas as referências atentamente.

Antes de qualquer coisa, foquem na Wanessa. A cantora aparece olhando pra uma parede onde há o rascunho de um plano: show > cobra > frigorífico. Os elementos desse plano, por sua vez, foram justamente os explorados em seu último clipe, “LOKO!”, no qual domina um local que hipnotiza, encarcera e mata homens pra servi-los como alimentos. Isso mesmo. Olha aqui:



Sendo assim, a gente já começa a traçar uma linha do tempo: a história começa em “Bumbum no Ar”, se desenvolve em “Coisa Boa” (ainda falaremos mais dele) e segue com “LOKO!”, que sugere a fuga de Wanessa após a rebelião de Glória e o sucesso do seu novo plano, com o frigorífico de homens à todo vapor.

De volta ao clipe de Gloria, agora vamos focar na Lia Clark, que tá ocupadíssima lendo a revista “POC”. A publicação, porém, também traz outro título em destaque: “Terremoto”. Nada menos que a sua música com a Gloria, que concluímos ser a trilha para o próximo episódio da saga.



MAS. NÃO. ACABOU.

Sabe quem também deu as caras pelo clipe? Ninguém menos que IZA. Que surge pelo menos duas vezes através de pôsteres espalhados pelas celas. E, assim como Lia Clark, também tem uma parceria com Gloria Groove: a faixa “Rebola”, presente no disco “Dona de Mim”.


Aqui, acreditamos que as duas também fugirão (“Coisa Boa” termina com Gloria abrindo os portões da cadeia) e os clipes retratarão seus passos seguintes, “Terremoto” com Lia e Gloria; “Rebola” com Gloria encontrando (ou sendo encontrada) Iza.

Um ponto importante, é que todas as faixas envolvidas neste post possuem em comum a produção de Ruxell e, até aqui, todos os clipes também foram dirigidos por Felipe Sassi. Que tá dando uma verdadeira aula de narrativa e visual pop na indústria local. Uma teoria alternativa, inclui ainda “Seu Crime”, da Pabllo, como uma possível conclusão pra toda a história, mas é uma opção que descartamos, exatamente por fugir desse padrão (a música foi composta pelo coletivo Brabo com Diplo e em seus dois últimos clipes, “Problema Seu” e “Disk Me”, a drag colaborou com a dupla de diretores Os Primos).



De qualquer forma, não tinha como estarmos mais orgulhosos do que nossas artistas têm feito. Tornando o nosso pop tão interessante quanto o que foi o gênero há alguns anos lá fora, bem distante da monotonia que ainda estranhamos nos dias de hoje.

Mas e aí, tudo fez sentido? Acha que piramos em algo? Quer acrescentar algo à nossa teoria?


A “Ratchet” nacional vem. OBRIGADO PELOS MIMOS! 

(Texto originalmente publicado em meu Twitter e adaptado para o site.)

R Kelly fala que Gaga o usou para alavancar sua carreira e está explorando-o para ganhar um Oscar

Os advogados de R. Kelly publicaram uma nota comentando as palavras do "estuprador de crianças" (quote de John Legend) sobre a última declaração de Lady Gaga, expondo sua relação com o mesmo.

R Kelly aprecia que ela reconhece o imenso talento dele e colaborou com ele para ajudar em sua carreira, mas acha lamentável que ela esteja explorando essa controvérsia para tentar ajudá-la a ganhar um Oscar.

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Coragem.

Pronta pra dominar mais um ano, Ariana Grande anuncia seu novo single, "7 rings"

Bora começar o ano bem com mais um lançamento da Ariana Grande? Se preparando para liberar seu novo disco, "thank u, next", a cantora lança na próxima semana o segundo single dessa nova era, que sucede o hit de mesmo nome do álbum. A faixa escolhida é "7 rings" e ela estará entre nós no dia 18 de janeiro, sexta-feira.

O anúncio oficial foi feito pela própria em suas redes sociais:


Ariana não esconde que essa é uma das canções que ela está mais ansiosa para lançar. Em seu Twitter, a cantora revelou algumas informações sobre a faixa, como a inspiração por trás dela. "Era um dia bem difícil em Nova York. Minhas amigas me levaram para a Tiffany's. Nós tomamos muito champanhe. Eu comprei anéis para todas nós. Foi bem insano e divertido e no caminho de volta ao estúdio, Njomza [cantora, compositora e amiga de Ariana] disse 'garota, precisamos fazer uma música sobre isso'. Então a escrevemos nesta tarde". 


Vem aí um hino empoderador sobre amizade feminina e sororidade! <3 

Na mesma rede social, ela confirmou que podemos ouvir um pouco do instrumental de "7 rings" logo no início do clipe de "thank u, next", naquela parte em que vários convidados, amigos da cantora, atores e youtubers, imitam a cena de "Meninas Malvadas" na qual os alunos do colégio falam de sua admiração por Regina George. 

Ariana também revelou quem são as amigas detentoras dos sete anéis, e comentou que sua mãe e avó também ganharam o presente, mas depois que a música foi feita. 


Várias de suas amigas que ganharam os anéix aparecem no vídeo de "thank u next". Alexa Luria e Courtney Chipolone fazem parte da nova versão d'As Plásticas, enquanto Victoria Monet e Tayla Parx incorporam líderes de torcida do time adversário ao de Ariana. 



O quinto álbum de Ariana Grande, "thank u, next", trará as faixas já citadas, além da promocional "imagine", e deve ser lançado antes do início da Sweetener World Tour, marcada para dia 18 de março, já que a artista prometeu performar tanto as canções do "Sweetener" quanto do novo disco na turnê. 

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