Crítica: "Desobediência" nos lembra que amar é um ato de provocação para sermos quem somos


Nesse maravilhoso mês de junho comemora-se o Mês do Orgulho LGBT, e, ressuscitando minha lista com 10 filmes LGBTs modernos para amarmos, muita gente soltou os filmes que ficaram de fora, o que é natural. Ao fazer a lista, doía ter que deixar alguns nomes tão bons no escanteio, porém, durante a discussão, percebi que isso era, na verdade, algo bom. Queria dizer que estamos bem servidos de filmes LGBT para caber em muito mais que apenas uma lista de 10 nomes. Spoiler alert: parte 2 da minha lista sairá.

Vendo o apogeu do cinema LGBT na contemporaneidade com "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005), a impressão que fica  é que os temas só foram abordados na Sétima Arte recentemente, o que é um equívoco. Assim como a própria diversidade de gênero e sexualidade, o Cinema, desde o primórdio, abordava tais tópicos: em 1919 nascia o média-metragem alemão "Diferente dos Outros". O filme de Richard Oswald foi feito para bater de frente à uma lei alemã que condenava a homossexualidade como "ofensa criminal", sendo o primeiro filme pró-gay da história. A obra foi censurada e diversas cópias destruídas pelos nazistas, mas felizmente o filme foi salvo. Quase 100 anos depois, cá estamos, ainda usando o cinema como ferramenta de conscientização.

Quando falamos de cinema lésbico em específico, encontramos um obstáculo a mais, simbiótico da própria existência feminina: a fetichização. Esse fenômeno acontece quando uma obra lésbica é usada no intuito de estimular o prazer masculino, em produções geralmente dirigidas por homens. Um filme lésbico ser dirigido por homens não é um problema - é um reflexo da indústria como um todo, ainda dominado por mãos masculinas -, e sim quando a representatividade é engolida pelo estereótipo, algo inerente na realidade da mulher na sociedade.


Apesar de existirem em menor número que os filmes gays - estou usando o binarismo sem excluir obras que retratam a bissexualidade -, o cinema lésbico encontra cada vez mais espaço graças à demanda do público. Pérolas como "Cidade dos Sonhos" (2001), "Monster: Desejo Assassino" (2003), "Minhas Mães e Meu Pai" (2010), "Pária" (2011), "Azul é a Cor Mais Quente" (2013), "Carol" (2015) e "Princesa Cyd" (2017) são exemplos crescentes tanto dos grandes estúdios quanto de produtores independentes a explorarem as vastas facetas da realidade lésbica. E o montante vai crescendo ano após ano.

"Desobediência" é o novo grande expoente a tentar um lugarzinho ao lado dos citados. Dirigido pelo recém vencedor do Oscar, Sebastián Lelio - ganhador do prêmio de "Melhor Filme Estrangeiro" pela obra-prima "Uma Mulher Fantástica" (2017) -, o longa nos enterra numa comunidade judaica ortodoxa em Londres. Lá é o berço de três amigos de infância: Ronit (Rachel Weisz, de "O Lagosta"), Esti (Rachel McAdams, de "Spotlight") e Dovid (Alessandro Nivola, de "Demônio de Neon"). O roteiro não entrega grandes detalhes do passado do trio, mas sabemos que Ronit fugiu daquele opressor mundo, então Esti e Dovid seguiram as tradições e acabaram se casando.

Porém há um detalhe crucial: Ronit e Esti são o amor uma da outra, e o motivo da ruptura social de Ronit foi a descoberta do romance das duas durante a adolescência. Ronit, que agora vive em Nova Iorque, é considerada uma renegada entre a estrita comunidade em que Esti permanece fiel, e seu retorno - para o funeral do seu pai, o rabino daquele povo - será como uma pedra caindo sem graciosidade num calmo lago.


Ronit pondo os pés na cidade é como uma tempestade se aproximando. Há um clima tenso não dito entre os presentes, principalmente por ela não saber que Esti agora é casada com Dovid. Mas o matrimônio não é força o suficiente para impedir a atração entre ambas. Esti até tenta, todavia, aquele ímã gigante que é Ronit é tudo o que ela queria.

Durante uma caminhada entre as duas, Ronit questiona o motivo para Esti ter se casado com um homem. O motivo é óbvio: ela está dançando conforme a música. No entanto, aquela música não é no mesmo ritmo que sua própria canção. Esti não é bissexual, ela mesma afirma não gostar de homens, porém aquela sociedade é a única que ela conhece, e, para se manter membro dela, as regras devem ser aceitas.

Ronit, no entanto, não está interessada em seguir os passos daquela lambada. Num jantar com parentes e amigos, ela diz não querer ter filhos, um ultraje silencioso para a mesa. Uma mulher então afirma que Ronit deve ter filhos e se casar, pois "é o jeito que tem que ser". "É o jeito que tem que ser ou é uma obrigação? Se eu me casar, depois de dez anos eu acabaria me matando, ou esse seria o sentimento". O clima do jantar está morto. Engraçado que Esti até esboça certa empatia pelas ideias, apesar de não ousar externalizá-las. Mas solta uma reflexiva frase sobre como as mulheres, ao colocar o sobrenome dos maridos após o casamento, abdicam-se de suas próprias identidades. Por que os homens não fazem o mesmo?


A veia feminista de "Desobediência" é latente. O próprio título é moldura exemplar para isso; mesmo não sendo uma obra sobre mulheres estraçalhando as regras sociais como ele pode sugerir, há a subversão naquele romance cheio de amarras proibidas. O contexto em si ajuda a potenciar a transgressão e dá uma conotação fresca para a inserção da homossexualidade dentro da religião, afinal, poucos filmes exploram o judaísmo como plano de fundo; em sua grande maioria, o embate é contra a fé católica.

A luta da natureza versus religião não é nova na arte, e o Cinema não fica de fora. "Desobediência" consegue seu lugar ao sol ao atingir um nível de emoção que supere as obviedades sem sair da atmosfera sóbria que o contexto social pede. Estamos diante de uma situação muito complexa para os três peões desse triângulo amoroso torto. Ronit é assombrada pelo passado e se sente culpada por ter abandonado suas raízes em busca de libertação; Esti deliberadamente escolhe o encurralamento por não possuir vivência além das grades daquela condição; e não podemos esquecer de Dovid, que vê a esposa escapar de suas mãos com a chegada de Ronit.

Mas não há religião capaz de superar a ânsia entre Esti e Ronit, que rende a cena de sexo elementar da produção, carregada por potentes atuações de suas atrizes, que poderão arrematar indicações ao Oscar 2019 caso a fita perdure na mente dos votantes. O ápice da química entre as duas Rachels, a sequência é composta com muita delicadeza e crueza, possuindo uma coreografia notável: a primeira peça que Ronit tira de Esti não é algum dos seus artefatos de vestuário, como era de se esperar, e sim sua peruca. Mais cedo na película, vemos que Esti usa a peruca para se encaixar no modelo perfeito de esposa judaica, tirando-a apenas no banho e quando vai dormir. Ao ser a primeira coisa a sair do corpo de Esti, Ronit está simbolizando a ruptura entre a fé e o desejo, imageticamente falando. Esti está, por fim, despida do peso do judaísmo.
"Me chame pelo seu nome que eu te chamo pelo meu" "Rachel" "Rachel" "Rachel" "Rachel"

As cores presentes no filme são preponderantes para a orquestração do clima austero onde as personagens estão instaladas. Durante toda a duração, peguei-me pensando como "Desobediência" é o oposto de "Me Chame Pelo Seu Nome" (2017). Enquanto o filme de Luca Guadagnino é ensolarado, colorido e vibrante pelo trabalho fotográfico e cenográfico, valorizando os tons de azul, verde e amarelo daquela bucólica casa italiana; "Desobediência" é frio e opaco, dotado de tons de marrom e preto de uma Londres nada aconchegante. Se o romance de Oliver e Elio era tão cheio de aceitação do meio, o visual do longa de Lelio é prisma fundamental para assimilarmos a maneira como o relacionamento das protagonistas não é bem vindo.

E Sebastián Lelio segue comprovando como é um dos melhores diretores da atualidade a tratar dos dramas femininos. Com três filmes seguidos a explorarem as vidas de suas personagens - "Glória" (2013), "Uma Mulher Fantástica" e "Desobediência" -, seus roteiros extraem magicamente a doçura e os percalços particulares da realidade de Glória, Marina e Ronit. Sendo "Desobediência" seu primeiro longa fora do Chile e, consequentemente, em inglês, seu estilo conseguiu manter-se intacto na transposição de estúdios, sendo mais um cineasta a não deixar de ser quem é ao chegar mais perto de Hollywood.

"Desobediência" tinha em mãos material suficiente para ser apenas outro filme LGBT que coloca seus personagens contra a intolerância da religião, mas é produção de valor pelo domínio cinematográfico de todos os elementos na tela. E é exatamente aqui que está o fator diferenciador entre o filme "mais um" e o "notável". Nome a surgir para fortalecer o cinema lésbico, "Desobediência" é manifesto que supera gêneros para nos lembrar que amar é um ato de provocação, e algumas transgressões são imprescindíveis para que possamos alcançar a liberdade absoluta de sermos quem somos.

Tá faltando luz no clipe de "The Light Is Coming", da Ariana Grande com a Nicki Minaj

Ariana Grande liberou o clipe de "The Light Is Coming", sua nova parceria com Nicki Minaj nesta quarta-feira (20), mas diferente do que a própria música diz, parece que a luz não chegou. 



A produção, dirigida por Dave Meyers, o mesmo de "No Tears Left To Cry", foi lançada exclusivamente no site da Reebok, marca de tênis parceria de Ariana, e mostra a cantora e a rapper em uma floresta muito escura. Em meio a algumas poucas luzes, como uma bola iluminada e pisca pisca em árvores, as duas aparecem sensualizando e... e só. Você pode assistir ao vídeo clicando aqui

A faixa produzida por Pharrell não é uma das mais convidativas da carreira de Ariana, e tem causado bastante divergência entre os fãs, ao contrário da aceitação geral que rolou com "No Tears". Por isso, e até pela temática do novo single, esperávamos um clipe tão impactante e icônico quanto o primeiro da era, que fosse capaz de dar uma nova cara a canção, principalmente para aqueles que não curtiram de início a proposta experimental.

No final, a sensação que fica é a de oportunidade perdida, no que tinha tudo para ser uma sequência de lançamentos memoráveis na carreira de Ariana.



Mas, calma, porque o "Sweetener" chega no dia 17 de agosto e com certeza trará muita coisa boa para o pop. Em Ariana, nós ainda confiamos!

A luz chegou! Ariana Grande lança "The Light Is Coming", parceria com a Nicki Minaj

A luz chegou pra trazer de volta tudo que a escuridão roubou. Pelo menos é isso que a Ariana Grande diz em "The Light Is Coming", sua quinta parceria com a amiga Nicki Minaj, liberada nesta quarta-feira (20).

Diferente da vibe disco e anos 90 de "No Tears Left To Cry", o novo single, produzido por Pharrell Williams, tem uma sonoridade que nos lembra bastante a PC Music e até o kpop. É definitivamente algo bem diferente de tudo que a cantora já fez e, por isso, pode causar um estranhamento, mas a gente jura que, apesar de não ter a força do lead single, a música gruda na cabeça depois de umas ouvidas e fica bem gostosinha. 



Acende ou apaga essa luz?

"The Light Is Coming" e a segunda Amostra do novo disco de Ariana, "Sweetener", que entrou em pré-venda também nesta quarta-feira e será lançado no dia 17 de agosto. O material trará 15 faixas com mais produções de Pharrell e Max Martin, nome por trás de "No Tears". A capa, toda no conceito invertido, foi liberada esta semana:



O clipe da música chega também nesta quarta e será dirigido por Dave Meyers, o mesmo diretor do vídeo já icônico de "No Tears". Confira uma prévia abaixo:



Podemos esperar também para o mais breve possível o clipe de "Bed", de Nicki Minaj com Ariana Grande, para o quarto disco da rapper, "Queen", que chega uma semana antes do "Sweetener", no dia 10 de agosto. Rainha generosa que só, Onika liberou uma prévia de um minuto da produção, onde as amigas aparecem sensualizando em meio a muita espuma.

Solta a batida, Cheat Codes! Parceria do Little Mix com o trio de DJs chega essa semana

Enquanto o Little Mix não dá o pontapé na divulgação de seu quinto disco, que tal fazer mais um hit por fora? Prontíssimas para dominar a Europa com uma nova canção, as garotas se juntam ao Cheat Codes em "Only You", que chega nessa sexta-feira, 22 de junho.


Além do anuncio, as meninas postaram uma prévia bem animadora da faixa. Vem hino por aí?


A parceria com o trio de DJs chega um mês depois das meninas praticamente anunciarem que o novo álbum está finalizado. Para fazer esse-pseudo-anúncio, elas colocaram um vídeo dançando e bebendo champanhe no Stories, cuja a legenda, feita por Perrie Edwards, dizia “LM5 nos faz sentir assim...”. Os novos #1s do UK estão prontos! 


Mas não pensem que “Only You” será o primeiro sucesso dos Cheat Codes, não! Tudo começou com “Sex”, lá em 2016. Desde então, os caras lançaram alguns hits, como “No Promises” com a Demi Lovato no ano passado, além de terem criado uma versão remix de “Pretty Girl”, da Maggie Lindemann, que dominou a Europa.

Você não estava preparado para o álbum surpresa de Beyoncé e JAY-Z, "Everything Is Love”

Beyoncé e JAY-Z não respeitam nem a Copa do Mundo, gente! Quando menos se esperava, neste sábado (16), ao final de mais um show da turnê conjunta do casal, a ”On The Run Tour II”, os dois liberaram de surpresa no TIDAL seu mais novo disco, “Everything Is Love”

Com 9 faixas, o primeiro e muito esperado disco dos Carters traz uma explosão de sinceridade em seus versos, algo que a gente já esperava vide os últimos trabalhos da cantora e do rapper. Em “NICE”, por exemplo, Beyoncé dá uma resposta bem direta a toda a polêmica envolvendo seus lançamentos exclusivos para o TIDAL: “Se eu ligasse pra quantidade de streams, eu teria colocado o ‘Lemonade’ no Spotify. (...) Vão se f#der!”.

Não é só Queen B que está jogando os fatos na cara da sociedade, não. Em “APESHIT”, JAY revela que disse não para o SuperBowl, e ainda manda um recado: “Vocês precisam de mim, eu não preciso de vocês. (...) Diga para a NFL que estamos (fazendo shows) em estádios também”

Por falar em “APESHIT”, os Carters resolveram ser caridosos com nós, meros mortais que não fazem parte da base de 3 assinantes do TIDAL, e liberaram o clipe dessa música no YouTube. Na produção, os dois aparecem ao lado das maiores obras de arte do mundo no Louvre. Sim, Beyoncé e JAY-Z fecharam o museu para gravar um clipe! No vídeo eles também reproduzem a foto icônica que tiraram ao lado da pintura da Monalisa. Don’t touch, it’s art!



Se você já assina o TIDAL ou está pronto para gastar alguns temers, clique no link abaixo e aproveite o mais novo disco de seu ano que muito provavelmente perderá o prêmio de Album Of The Year no Grammy para algum artista branco com um trabalho mediano e imemorável.

Crítica: "Transamérica" ultrapassa barreiras regionais para se tornar um complexo filme trans

Não posso afirmar com 100% de certeza, mas acho que o primeiro filme com temática trans que vi na vida foi “Transamérica”, há nem sei quantos anos. Na época, me recordo, já possuía certo conhecimento sobre a transexualidade e seus meandros, mas o filme me encaminhou por trajetos bem profundos sobre essa realidade, virando um ícone para mim; assim como muitos possuem “Orações Para Bobby” (2009) como o início de suas vidas dentro do cinema LGBT, ou, no caso em específico, do cinema gay.

Então se eu afirmar que “Transamérica” seja o primeiro grande nome do cinema trans na contemporaneidade, posso estar sob efeito da minha vivência. Mesmo não sendo o primeiro, ou o melhor, ou o mais importante, que seja, é um dos melhores debates LGBTs dentro da Sétima Arte neste novo século.

O filme conta a história de Bree, uma mulher trans a alguns dias da sua cirurgia de redesignação sexual, que recebe uma ligação informando que Toby precisa de ajuda. O problema é que Toby é o filho de 17 anos que Bree não sabia que tinha, tomando conhecimento após a morte da mãe do garoto. Ela então é forçada pela psicóloga a resolver a questão, caso contrário não poderá realizar a cirurgia na data marcada.


Bree vai até Nova Iorque, onde está Toby, para ajudar como puder e rapidamente ir embora, afinal, sua prioridade é a cirurgia, o momento mais importante de sua vida. Todavia, a situação é mais complexa do que o esperado: Toby é viciado em drogas e não quer voltar para casa. Mesmo não possuindo laços afetivos com aquele menino que nunca viu na vida, Bree se vê obrigada a depositar gentilmente o filho no lar mais fácil e próximo.

De carro, seguimos a viagem dessa dupla incomum através das estradas norte-americanas. Então, sim, “Transamérica” é um autêntico roadmovie, os filmes de viagem tão famosos no país. Só que os dilemas daquela viagem são deveras particulares. Toby nunca conheceu o pai, e não tem ideia de que Bree seja exatamente ele (ou, melhor dizendo, que Bree era ele). Ela diz que está ali à trabalho da igreja, que tem como objetivo ajudar jovens em situações de risco, o que é um disfarce perfeito para não levantar as suspeitas do garoto.

E ele nem se questiona se aquela estranha mulher, constantemente preocupada em estar sempre coberta, é ou não uma missionária religiosa. Sua cabeça está mais ocupada pensando em chegar em LA e procurar pelo pai, que, segundo ele, possui muito dinheiro. Bree engole seco ao ouvir o relato de Toby, sem saber qual será seu próximo passo, mesmo tendo consciência que a inevitável verdade está mais perto a cada quilômetro percorrido. Ela decide então levar o garoto de volta à casa do padrasto, a saída mais fácil para aquela complicação.


Na mesma estrada que leva Bree e Toby até a verdade, estão vários percalços decisivos para a velocidade que essa verdade chegará. O primeiro baque é a descoberta de que a mãe de Toby se suicidou, e que o padrasto tem abusado psicológica e sexualmente do garoto, gerando uma das cenas mais impactantes da película. O homem, desconcertado, abraça e diz que estava sentindo falta de Toby, que responde: “Eu sei do que você sentiu falta. Da minha boca, da minha bunda”, o que culmina em agressão física. O plano mais fácil foi por água abaixo, entretanto, nem mesmo a urgência de se livrar do problema pode permitir que Bree deixe o filho nas mãos daquele homem.

O jeito é levar Toby até Los Angeles, a fim de fazer com que ele esteja mais perto de realizar seu sonho: ser um astro de cinema. Pornô. Quando Bree vai urinar à beira da estrada, Toby descobre sua transexualidade, o maior medo da mulher, que virá a se concretizar quando ele a chama de “aberração” e “traveco” na frente de um estranho. Ainda é necessário apontar que esse comportamento é reflexo da nossa sociedade transfóbica? Acho que já está mais que claro.

Um ponto que merece destaque é o fato de Toby ser gay - ou bissexual, já que ele beija uma garota em uma cena, apesar de demonstrar gostar de homens, prostituindo-se com um caminhoneiro em determinado momento da fita. Mesmo estando todos na mesma sigla, há todo um universo que separa a homossexualidade da transexualidade. Apesar de ser duas populações oprimidas e em busca de seus direitos civis, é primordial aceitar que o ser gay possui privilégios que o ser trans não possui. A identidade de gênero é ainda mais passível de intolerância que a sexualidade.


Só em o próprio corpo depender da decisão de terceiros já encerra os argumentos. Bree passou por anos de terapia e troca de médicos para finalmente receber o laudo de que pode realizar a cirurgia, com uma condição ainda vista como doença ou transtorno."Transamérica" passeia por todos os pormenores da condição transexual de maneira bem delicada, sem transformar o filme numa reportagem, dando ênfase aos dramas na tela.

E não é de se espantar quando o roteiro de Duncan Tucker leva a protagonista até a casa de seus pais, que há muito não a vê. Bree passa a película dizendo que os pais estão mortos, porém de uma forma figurativa, já que eles rejeitam sua existência após a descoberta do seu gênero. A mãe então, interpretada por uma afetada Fionnula Flanagan, que insiste em chamar a filha no masculino e pelo nome de batismo. "Eu quero meu filho de volta" ela diz, ouvindo como resposta "Você nunca teve um filho, mãe".

A ficha técnica do longa informa que a produção se enquadra nos gêneros drama e comédia. Passamos a fita inteira só recebendo o drama, com a comédia reservada pela tresloucada família de Bree. Há um choque entre a saída do tom bem sério para o início dos ares cômicos, encabeçados pela dondoca riquíssima que é a matriarca. A direção toma cuidado para não ultrapassar o limite da caricatura, apesar da mãe ser um clichê ambulante e exagerado; porém é um contrabalanço que funciona com toda a sobriedade de Bree.


E é ela, ou melhor, a atuação de Felicity Huffmann que funciona como o ímã para tudo, diegeticamente ou não. A atriz, famosa pela série "Desperate Housewives", está nada menos que genial no papel. Com uma maquiagem para retirar seus traços mais "femininos", ela consegue tanto entregar os momentos de altíssima emoção quanto cenas mais descontraídas - ela espantando cobras no meio do mato é hilário. Indicada ao Oscar de "Melhor Atriz", a derrota de Huffmann para Reese Witherspoon é só mais uma das inúmeras injustiças da Academia, principalmente nessa categoria.

Além da maquiagem, toda a composição visual de Bree é milimetricamente feita para potencializar sua persona. Desde as roupas sempre em tons de rosa e roxo, até os acessórios e a expressão corporal da atriz, tudo é brilhantemente unido para gerar uma personagem icônica. Num debate sobre a transexualidade, a imagem é peça fundamental, afinal, estamos falando de corpo, e corpo é o trato imagético de quem somos.

Kevin Zegers na pele de Toby não está muito atrás. O ator dá vida a um personagem complicadíssimo. É fato que ele é desprezível em vários momentos, mas toda a carga de formação do garoto deve ser levada em conta. Gay, 17 anos, sem um pai, com a mãe morta e sendo abusado pelo padrasto, ele cai nas drogas e na prostituição. É a situação em que o meio molda o indivíduo, e Zegers é bem sucedido em carregar todas as nuances de um poderoso personagem.

"Transamérica" faz jus ao seu nome e é um filme inegavelmente americano: as músicas country da trilha, o formato roadmovie e a ressignificação do "sonho americano"; todavia, imperativamente é feliz ao ultrapassar as barreiras geográficas e culturais para se tornar universal, numa obra que cumpre genialmente o papel de tecer as dificuldades da vida de uma pessoa transexual. Com um roteiro complexo, desafiador e que não poupa discussões, é um júbilo acompanhar uma trama tão cheia de camadas que faz com que seus personagens aprendam sobre si mesmos no decorrer da estrada - e a plateia não está isenta disso.

O novo single da Bebe Rexha, "I'm a Mess", tem potencial para ser seu próximo hit

Em exatamente uma semana, no dia 22 de junho, Bebe Rexha lançará seu disco de estreia, “Expectations”. Pra menter nossas expectativas (ok, não resistimos!) lá no alto, ela libera nesta sexta-feira (15) mais uma amostra desse disco, o single “I’m a Mess”.

A faixa já havia sido enviada às rádios norte-americanas há algumas semanas e, segundo a própria Bebe, a ideia era que as estações tivessem a oportunidade de tocá-la em primeira mão e a hora que quisessem, caso gostassem. A estratégia é inteligente, já que grande parte do sucesso de “Meant To Be”, maior hit da cantora até o momento, se deve pelo apoio das rádios, que alavancaram a canção.

Se o objetivo do “Expectations” é definir o som de Bebe, “I’m a Mess” é um passo na direção certa. Com uma sonoridade bem parecida com a já lançada “2 Souls On Fire”, a parceria com Quavo que conta com uma vibe mais acústica em meio a sintetizadores, como a de “Don’t Let Me Be Yours”, da Zara Larsson, e “Wolves”, de Selena Gomez, o novo single cresce no refrão pop sob medida, com repetições e frases de efeito perfeitas, que grudam na cabeça já na primeira ouvida.



Além das já citadas, o “Expectations” trará também a emotiva “Ferrari”, lançada recentemente, e o certified hit no Brasil, “I Got You”.

Estreias da semana: "Queer Eye" voltou hoje e é só isto que importa

Em fevereiro, a Netflix trouxe um novo reality show original ao seu catálogo, "Queer Eye". Com 8 episódios, Antony, Karamo, Jonathan, Bobby e Tan, o reality conquistou alguns corações ao mostrar as transformações tocantes dos personagens ao decorrer dos episódios. Com uma pitadinha, bem pequena mesmo, de "Esquadrão da Moda", o quinteto deu um up na vida de algumas pessoas, encorajando-as a superarem seus medos e mudarem seus estilos de vida.

Após muita caixinha de lenço, uma nova temporada para o  revival de "Queer Eye For the Straight Guy" (sim, é um revival) foi anunciada há alguns meses, ela chegou ao serviço hoje, e só é isto que importa para esta semana — tanto que mudamos até mesmo o formatinho do post semanal de estreias. São oito episódios para se deliciar neste final de semana.

Há exatamente sete dias, o trailer da nova temporada foi divulgado e com ele uma novidade. Após a primeira temporada transformar somente homens, agora temos uma mulher prontíssima para receber a divina visita do quinteto em sua casa. O hit é certo.



Tem dica pros cinemas, sim!


Apesar de toda a brincadeira do post, nós não esquecemos dos demais lançamentos e trouxemos destaques nacionais — porque precisamos fomentar o nosso próprio cinema, né? — e um norte-americano para cotar. Textinhos por Júlia Arneiro.

TALVEZ UMA HISTÓRIA DE AMOR
Idem, de Rodrigo Bernardo
Mateus Solano estrela o nacional “Talvez Uma História de Amor”, que conta com a direção de Rodrigo Bernardo e traz a embaraçosa situação de Virgílio, na qual ele leva um pé na bunda de uma mulher que não se lembra de ter conhecido – mas todos ao seu redor parecem saber sobre esse relacionamento.




EM 97 ERA ASSIM
Idem, de Zeca Brito
Saindo da parte “romântica” da “comédia”, outro longa nacional que ganha destaque nas telonas é “Em 97 Era Assim”, de Zeca Brito. Neste, quatro amigos decidem perder a virgindade e se metem em algumas enrascadas indo atrás desse objetivo – tudo embalado com uma nostálgica trilha sonora, que conta até com É O Tchan.



DO JEITO QUE ELAS QUEREM
Book Club, de Bill Holderman

Outro que pode arrancar risadas do público é “Do Jeito que Elas Querem”, dirigido por Bill Holderman – cujo elenco nada modesto tem Jane Fonda, Diane Keaton e Candice Bergen –, que traz um grupo de amigas da melhor idade que decide ler “Cinquenta Tons de Cinza” no clube mensal de leitura. Pelo menos ninguém vai sair do cinema na bad com esses filmes, né?


***


É isto, meus anjos! Espero que tenham gostado das recomendações desta semana e até a próxima. Beijocas! ♥

Retratar a juventude com perfeição é pra poucos e Alessia Cara faz isso mais uma vez em "Growing Pains"

Alessia Cara está oficialmente de volta. Depois de promover uma caça à letra de seu novo single em suas redes sociais, ela libera nesta sexta-feira (15) a faixa "Growing Pains", primeira amostra de seu novo álbum, que ainda não tem data de lançamento nem nome revelado. 

Em termos de sonoridade, "Growing Pains" não foge do que a vimos fazer no "Know-It-All", nos lembrando até "Wild Things", e funciona muito mais como uma evolução de seu som do que uma nova aposta.

A diferença mesmo está no refrão, mais simples, mais chiclete e mais pop. Alessia deixa todas as palavras e rimas ágeis e inteligentes, já características de sua composição, para os versos, apostando em um hook dançante e melancólico acompanhado da frase "cause' growing pains are keeping me up at night" para a principal parte da música. 

O resultado é mais uma de suas canções com cara de hit, mas que não soa óbvia. Refrescante, original e muito relacionável, que capta com perfeição o limbo entre a saída da adolescência e a chegada ao mundo adulto. 



Mesmo com uma carreira curta, Alessia já tem na conta os hits "Here", "Scars To Your Beautiful", "Stay", parceria com o Zedd, e "1800-273-8255", com o Logic e Khalid. Seria 2018 mais um ano de hitar-sem-prometer para a canadense?

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