#AmarNãoÉDoença | 8 séries que sempre estiverem em prol da diversidade

Há alguns dias, o juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho foi favorável, em decisão liminar, à ideia de que psicólogos podem oferecer tratamentos de reversão sexual, a chamada “cura gay”. No dia 2 de outubro, o recurso do Conselho Federal de Psicologia, que reprova a decisão, foi recusado pelo mesmo juiz e a decisão continua ativa. 

São tempos difíceis meus caros, mas parece que a onda conservadora, em especial a que alastra o ódio para com a diversidade sexual e de gênero, é uma reação perante às conquistas de parte da população LGBT nesse século, como a visibilidade nunca antes vista. Os anos 2000 marcaram a “saída do armário” de gays, lésbicas, bissexuais e pessoas trans, com filmes, realitys e séries que retratam o cotidiano dessa “minoria”. Atualmente, encontramos produções audiovisuais que exploram a diversidade sexual, de gênero e étnica como nunca, saindo da forma "didática" como apresentava os personagens antigamente para papéis complexos e instigantes, que assumem o caráter plural das comunidades marginalizadas.


Conservadores lutam para retirar direitos conquistados a muito suor e sangue, mas o caminho trilhado de respeito e amor em toda a sociedade é irreversível (com muita luta, claro). A lista abaixo mostra apenas algumas produções, entre as mais relevantes, que provaram há anos que o amor é lindo de todos os jeitos, e retratam as diversas fases que o audiovisual com representatividade teve ao longo dos últimos 20 anos. 

The L World
Nossa “Sex and the City” lésbica, “The L world” representa a primeira série dedicada a explorar os dramas de mulheres lésbicas e bissexuais. O principal casal, Bette e Tina, introduziram ainda o debate sobre inseminação artificial, algo novíssimo no longínquo ano de 2004. O show foi produzido pelo canal a cabo Showtime e conta com incríveis 6 temporadas. Merece sua atenção.



Queer As Folk
A série foi uma ousadia só quando estreou, primeiro no Reino Unido em 1999 e depois com sua versão americana em 2000. A trama nos Estados Unidos aborda a vida de cinco homens gays e suas aventuras profissionais e amorosas, com foco no relacionamento de Brian e Justin, que têm idades muito diferentes. Foi inovadora por apresentar gays e lésbicas como pessoas comuns — como elas de fato são —, cheias de problemas e dúvidas como qualquer outra pessoa., sem debater muito a comunidade em si. A versão americana foi mais longe, com 5 temporadas na Showtime. 

Contudo, a versão britânica, com duas temporadas, parece ter mais fãs, com uma história mais centrada nos protagonistas, apenas três, e muito mais sexo.



Looking
Quando estreou, “Looking” foi logo comparada a “Queer As Folk”, principalmente pela semelhança física dos personagens: mais uma série de homens gays brancos e magros? É verdade que a série começou um tanto alienada, com o roteiro mais voltado à Patrick e suas frustrações e inseguranças amorosas. Apesar disso, após a segunda temporada, absorvendo as críticas que recebeu, o show voltou com uma crítica à comunidade gay higienizada e preconceituosa, com personagens gordos e  debate entorno do HIV, por exemplo, sem cair numa publicidade governamental. O momento era diferente da efervescência e do novo gosto da liberdade que já existia nos anos 2000 com "Queer As Folk".

Originalmente transmitida pela HBO, entre 2014 e 2015, “Looking” teve só duas temporadas, e o canal produziu um filme televisivo, que serviu como fim da história e agrado para os fãs. Apesar das críticas que recebeu por parte da comunidade LGBT, a série foi uma obra televisa divertida e inclusiva sim, até certo ponto. 

Orange Is The New Black
Se tem uma coisa que “Orange Is The New Black” provou, é que o amor não tem fronteiras. De casal lésbico que se ama/odeia (Alex e Piper) a casais pouco prováveis (Poussey e Soso), o fato é que a série da Netflix é sinônimo hoje de diversidade. Qualquer pessoa que esteja querendo “a cura” para si ou para outras pessoas deveriam assistir ao programa e ver o quão fluída a sexualidade pode ser, e o quão abrangente o amor é. 

Please Like Me
Alguém poderia dizer que “Please Like Me” é a “Girls” australiana, com seus personagens chatos e complexados. É quase isso. Mas “Please Like Me”, além de retratar a ansiedade dos jovens nessa era, difere-se pela abordagem de temas ainda tabu, como depressão, suicídio e, sobretudo, por ser uma série aparentemente inofensiva, mas profunda em certos momentos. Não é necessariamente um drama, embora pareça às vezes, nem mesmo uma comédia por completo. As quatro temporadas do programa estão na Netflix, e a maratona é rapidinha. Apaixone-se (ou odeie) Josh e suas neuras também, e veja como a compreensão pode gerar uma família amorosa e de bem com a vida.



Transparent
Mort já na terceira idade assume para a família, seus três filhos adultos, que é transgênero. A partir daí, a trama se desenvolve nos relacionamentos que vão se modificando a partir da revelação do pai, que pega todos de surpresa. “Transparent” é uma comédia única, aclamada pela crítica e que humaniza a população trans, refletindo sobre seus dilemas, inclusive algo apontado por Jeffrey Tambor, que faz a protagonista, questionando sua escolha para o papel ao invés de uma atriz trans de verdade em seu discurso no Emmy de 2016.

Atualmente a série está em sua quarta temporada, e pode ser assistida pelo serviço de streaming da Amazon, o Prime Video.



Modern Family
Cam e Mitchel são um casal gay com uma filha adotiva, numa narrativa bastante importante, mostrando que pessoas gays querem também, entre várias coisas, ter uma família dita "tradicional". Diferente do que alguns críticos sugerem, Cam e Mitchel não são “heteronormativos" (as pessoas abusam do termo hoje em dia), mas sim mostram que os objetivos de pessoas gays são amplos, muito além do que o imaginário popular pode sugerir. Ambos tornam “Modern Family” muito mais atrativa e são um tapão na cara do homofóbicos. 

Glee
“Glee” foi responsável por fazer com que muitos passassem a aceitar suas próprias orientações sexuais e gênero. Provavelmente, pelo menos meia dúzia de seus amigos descobriram que eram gays ou lésbicas vendo o seriado de Ryan Murphy que mostrava a descoberta sexual de diversos personagens, como as lindas Britanny e Santana e Kurt e Blane, ou a diversidade de gênero, no genderfluid Unique. É certo que Ryan tem algum problema escrevendo personagens lésbicas – elas não acabam juntas em seus finais —, mas de qualquer forma os casais construídos em "Glee" foram representativos e importantes para muita gente.

XXX

Esses são apenas alguns dos melhores exemplos, centrados em personagens que contribuíram para diferentes perspectivas sobre o indivíduo LGBT na sociedade americana. Além de séries em que somos protagonistas, e que têm como objetivo mostrar um mundo reconhecível por pessoas LGBT, toda a comunidade começa a ser representada de maneira natural em produções para a massa. Estamos em séries como “How to Get Away With Murder”, “Orphan Black”, “Dear White People”, “Riverdale”, “Scream”, “American Gods”, “Shameless”, “Sense8”, “House of Cards”, “Unbreakable Kimmy Schmidt”, entre tantas outras. Esses são programas em que a sexualidade de seus personagens é apenas uma parte da complexidade humana em que neles reside.


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Sempre estivemos dispostos a usar nossa plataforma como algo além do tradicional “noticiar” e aproveitarmos nosso alcance em prol do que merece a máxima atenção possível.

Essa matéria integra a campanha #AmarNãoÉDoença, que visa celebrar a diversidade sexual e de gênero. Somos apoiados pelos veículos abaixo assinado.

Album Review: Lorde, “Melodrama”

Quatro anos separam o primeiro hit de Lorde, “Royals”, do disco lançado pela cantora e compositora neozelandesa nesse ano, “Melodrama”

Neste tempo, a jovem viu sua realidade mudar da água pro vinho, indo da pacata Auckland para a iluminada Nova York e trocou seu círculo de amigos de nomes como seu produtor e anônimo Joel Little para o esquadrão de cantoras, atrizes, modelos e celebridades que desfilam ao lado da estrela pop Taylor Swift.

Se em seu álbum de estreia, “Pure Heroine”, era sua adolescência e recém-descoberta fama que inspiravam suas letras, aqui o mundo megalomaníaco que foi inserida se tornou o laboratório para as suas novas composições, essencialmente mantendo o misto de desprendimento e obsessão daquela que nunca se imaginara na realeza, somados a vulnerabilidade e maturidade da menina que, antes dos 18, perdia o controle de tudo o que não tinha para se tornar o centro das atenções.

Esse é seu Melodrama.




“Green Light”

Escolhida como primeira faixa para nos contar essa história, “Green Light” é a música perfeita pra falarmos de uma transição. O título se refere ao verde de um semáforo, sinal para seguir em frente, enquanto sua letra fala de um ex-relacionamento que não foi tão sincero o quanto ela gostaria, mas agora só precisa dar a abertura necessária pra que ela se veja livre dele.

Musicalmente falando, a estrutura da canção é essencial para construir a sua narrativa, começando quase que acapela, ao som de um tímido piano, até que cresce sob batidas tão dançantes quanto algum hit lançado pelo Calvin Harris na época em que Lorde convencia todos a trocarem seu pop genérico por seu trip-hop anti-pop.

“Sober”

Com sinal verde para essa nova empreitada, ela e o produtor Jack Antonoff, também vocalista da banda Bleachers e baixista da fun., constroem uma verdadeira obra de arte tão eletrônica quanto orgânica, que dá o tom para a sua redescoberta, num momento em que a cantora dança enquanto não sabe se está no seu melhor momento ou apenas perdendo a cabeça.



Recomeços tendem a ser complicados, principalmente quando não se sabe aonde quer chegar, e em “Sober” é sobre isso que ela canta, aos passos que se devaneia com um novo amor e, após passar os efeitos da última noite, não sabe exatamente como isso a faz sentir. “Ao amanhecer, você estará dançando com todas as dores de seu coração e com a traição e com as fantasias de que está partindo. Mas nós sabemos que, quando estiver acabado, você estará dançando conosco.”

“Homemade Dynamite”

Ainda não amanheceu e, no ápice de sua noite, é com Tove Lo que Lorde se permite o êxtase, no que resultou numa das melhores experimentações desse disco. A música fala sobre uma alma com quem ela esbarrou e, apesar de não conhecer bem, se identificou totalmente. Elas dançam, piram e aproveitam a noite como se não houvesse amanhã, explodindo a porra toda como bombas caseiras.



Nesta faixa, a produção é feita sob um pop em desconstrução, com quês de Flume (“Never Be Like You”) e Lady Gaga (“Paparazzi”), até que, em seu refrão, inevitavelmente nos remete ao clássico das Runaways, “Cherry Bomb”. “Nossas regras, nossos sonhos, nós estamos cegas. Colocando tudo para o ar com uma dinamite caseira.”

“The Louvre”

Outro ponto alto de “Melodrama”, essa faixa é aberta com uma guitarra que quebra a atmosfera entusiasmada de “Homemade Dynamite” pra dar lugar a uma desajeitada declaração de amor; amor esse que ela tem ciência sobre não durar muito tempo, mas que a faz se sentir bem agora, e isso é o que importa. “Transmita esse ‘boom, boom, boom, boom’ e faça-os todos dançarem com isso.”



Com dedo do Flume, lembrado na faixa anterior, a música passeia entre cordas e sintetizadores, numa construção que, segundo a própria cantora, foi inspirada pelo disco “Blonde”, de Frank Ocean. Tanto lírica quanto sonoramente, a faixa também nos remete a “I Could Say”, de uma liricista que em muito nos lembra Lorde por sua acidez poética, Lily Allen, presente no disco “It’s Not Me, It’s You”.

“Liability”

“Eu sou um pouco demais para qualquer um”, ela entoa nesta, que é uma das faixas mais simples e, ao mesmo tempo, complexas de todo o disco. Ao piano, “Liability” é sobre a responsabilidade depositada em nós quando estamos num relacionamento, ao passo em que nos dão o peso de alcançar as expectativas de outra pessoa e, consequentemente, se ver como o problema caso algo não saia como o esperado.



Essa faixa nasceu depois que Lorde pegou um táxi enquanto ouvia “Higher”, do último disco da Rihanna, e neste ponto, é possível perceber a forma como as faixas se conversam, sendo a de Rihanna uma ligação bêbada na madrugada pra falar sobre o quanto aquela pessoa te faz sentir especial e, no caso dessa canção, uma conversa na qual “o problema não é você, sou eu”. “Todos vocês me verão desaparecer pelo sol.”

“Hard Feelings/Loveless”

“Em três anos, eu te amei todos os dias e isso me deixou fraca, porque pra mim era real. Sim, pra mim era real.” O relacionamento chegou ao fim, como ela esperava, e no mesmo estúdio em que Taylor Swift gravou o seu disco “1989”, ela se debruça a cantar sobre esse término e, como sua amiga, não poupa a dedicatória: “(...) é tarde demais e essa música é para você”.

Dividida em duas partes, o primeiro lado de “Hard Feelings” volta a explorar o inexplorado da música pop, com um arranjo que se bagunça entre sintetizadores e percussões, nos lembrando da forma desritmada em que ela se lançou com “Royals”.



No lado B, “Loveless”, o sol já está se pondo, mas Lorde se lembra que ainda não deixou a festa. Apesar de conectada a “Hard Feelings”, a faixa tem o papel justamente contrário da anterior, agora se mostrando uma luz no fim do túnel para o qual ela vinha caminhando cada vez mais fundo. “Aposto que você quer ignorar as minhas chamadas agora. Mas adivinha só? Eu gosto disso (...) Nós somos a geração sem amores. A geração sem amores. A geração do todos-fodendo-com-a-cabeça-de-nossos-amados.”

Com uma letra que facilmente resgata o conceito de “New Romantics”, também de Taylor Swift, “Loveless” traz de volta a sonoridade apresentada em seu primeiro EP, “The Love Club”, quase como se, escondida por trás de “Hard Feelings”, fosse um refúgio em que ela se encontra com Ella, seu nome fora dos palcos, para então relembrar os pensamentos daquela que debochava sobre andar com as crianças populares.

“Sober II (Melodrama)”

Quando as luzes se acendem, tudo o que resta são Lorde e seu Melodrama. Numa sonoridade que implode sob um trip-hop, semelhante ao que ela trabalhou em seu primeiro disco, mas agora com uma atmosfera monumental, que beira o gospel, ela volta a se questionar sobre o que está ao seu redor. “Todo esse glamour e o trauma e essa porra de Melodrama.”



Para quem estava decidida a recomeçar, nem tudo pode ter saído como ela gostaria e, nesta altura, ela ressalta, como se nos devesse alguma explicação: “nós te avisamos que isso era um melodrama. Você queria algo que pudéssemos te dar.”

“Writer In The Dark”

Agora em casa, a cantora não conseguiu deixar o seu coração na pista e, enquanto compõe uma nova canção, volta a lidar com as falas daquele que a fez se sentir um fardo. Tanto lírica quanto sonoramente, “Writer In The Dark” se mostra conectada a “Liability”, enquanto ela volta a cantar sobre o quanto será difícil se desvencilhar desses sentimentos, em tempo que demonstra saber onde canalizá-los: nas suas canções.

Eu aposto que você lamenta o dia que beijou uma compositora no escuro. Agora ela vai tocá-lo, cantá-lo e aprisioná-lo em seu coração.



Em seu refrão, “Writer” ganha um coro que nos remete de Bowie ao Queen, dando a faixa força o suficiente para garantir que seremos pegos pelo coração e obrigados a sentir toda a vulnerabilidade que, como pediu em “The Louvre”, ela queria transmitir para que dançássemos sobre. “Eu vou te amar até que a minha respiração pare, até que você chame a polícia atrás de mim.”

“Supercut”

Conforme transforma suas vulnerabilidades em emoções cantadas, Lorde consegue resgatar a narrativa dançante com a qual abriu o disco e, em “Supercut”, nos leva direto para os versos de outra do seu álbum de estreia: “Buzzcut Season”, na qual cantava sobre como tudo parecia bem enquanto estava ilhada com o seu amor e melhor amigo. Na hiperrealidade em que vivia como se estivesse em um holograma, “onde tudo é bom”.



Desta forma, “Supercut” cresce sob sintetizadores emprestados do disco “Body Talk”, da Robyn, com ela assistindo em sua cabeça aos momentos bons que deixou para trás e, ainda presa na versão em que foi a errada da história, os finais alternativos que poderiam existir se tivesse agido de outras maneiras. 

“Essas visões nunca param, essas fitas me envolvem por completo, mas quando tento me aproximar de você, me lembro de que é só uma grande lembrança. (...) Na minha cabeça eu faço tudo certo. Quando você me liga, eu te perdoo e não brigo. São os momentos que assisto no escuro, e os fluorescentes, que ficam guardados no meu coração. Mas é só uma grande lembrança de nós.”

“Liability (Reprise)”

Lorde repete seus últimos passos mentalmente, como quem tenta se lembrar onde deixou algum objeto esquecido, e enquanto reavalia suas atitudes, reprisa as palavras que a atingiram em “Liability”, se permitindo agora uma nova leitura.

Os devaneios da neozelandesa voltam para a festa em que tudo começou, enquanto ela se questiona. “Talvez tudo isso ainda seja a festa. Talvez todas essas lágrimas e o quão fundo respiramos, talvez tudo isso seja a festa. Talvez apenas estejamos fazendo isso de uma forma muito violenta.”



E conforme as palavras ecoam em sua mente, “fardo, demais para mim, fardo, demais para mim”, elas abrem espaço para um coro enfatizar o quanto ela pode estar errando justamente em se ver como o erro. “Você não é o que pensava ser.”

“Perfect Places”

“Toda noite, eu vivo e morro”, começa em “Perfect Places”, que revive a euforia e synths do início do disco. Nesta faixa, a cantora busca sintetizar o que cantou ao longo do álbum, fazendo ainda uma reflexão em torno da sua persona e todo o universo que, quatro anos após “Royals”, continua a entediando.

Nesse tempo em que esteve longe de tudo o que era familiar, ela aproveitou as poucas vezes que pode voltar para sua família e amigos na Nova Zelândia e, distante de todos os exageros da América, era ali que encontrava seu lugar perfeito. “Afinal, que porra são lugares perfeitos?”, canta em seu último refrão.



Entre essas vidas e mortes, a cantora lamenta a perda de seus ídolos, como David Bowie, e ressalta o quanto isso faz com que ela valorize aqueles que ainda estão ao seu lado. “Eu tenho só 19 anos e estou prestes a explodir, mas quando estamos dançando, me sinto bem (...) Todos os nossos heróis estão partindo, agora eu mal posso ficar sozinha. Vamos para lugares perfeitos!”

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Quando a cantora neozelandesa emplacou seus primeiros hits, as gravadoras prestaram mais atenção nos artistas da internet e, não apenas desta forma, começaram a fabricar suas próprias estrelas indies, o que por si só soa contraditório, mas resultou no lançamento de artistas como Halsey, Melanie Martinez, Troye Sivan e derivados. Desta forma, Lorde não poderia simplesmente se repetir, ressurgindo com a mesma sonoridade que ajudou a pavimentar, e assim ela fez, mantendo a essência de seus primeiros trabalhos, em tempo que, musicalmente, evoluiu de maneira significativa.

A parceria com Jack Antonoff, como a própria reconhece, foi crucial para o nascimento de “Melodrama”, que entrega a sua narrativa da honestidade triste e ácida de suas letras aos muitos detalhes de seus arranjos, fazendo dele não só um disco agradável de se ouvir, mas também uma produção que nos permite assisti-lo, ainda que não seja, na teoria, um álbum visual.


Um dos inevitáveis melhores discos do ano, o segundo passo de Lorde pode não contar com a mesma atenção que ela encontrou quando era a próxima grande-coisa-pop, mas nos leva de encontro a mesma intérprete e compositora talentosa que, aos 16, colocava o mundo aos seus pés, agora para nos contar que está mais amadurecida do que nunca e, independente dos números, segura em continuar fazendo a sua arte valer mais do que ser ouvida ou comprada, mas, sim, sentida.

Bilheteria de "Blade Runner 2049" nos EUA tem resultado abaixo do esperado em final de semana de estreia


Geralmente os pipocões são os que mais faturam em bilheteria: efeitos especiais a rodo, animações e seres fantásticos e/ou irreais são alguns dos ingredientes quase que imprescindíveis para a fórmula dos blockbusters. Porém, nem sempre isso dá certo e, às vezes, o filme arrecada menos do que o esperado, obtendo pouco lucro em cima do que foi gasto para produzi-lo.

O fato é: existe uma possibilidade de “Blade Runner 2049”, que contraditoriamente teve boas críticas, seguir este caminho. Apesar de ter obtido um bom resultado de bilheteria na pré-estreia estadunidense, que rolou na última quinta-feira à noite (5 de outubro), o longa, que dá continuidade à “Blade Runner” (1982), teve um resultado decepcionante no final de semana de estreia, arrecadando apenas US$ 31,5 milhões – enquanto a expectativa da Sony era de somar cerca de US$ 50 milhões nos EUA. Vale lembrar que seu antecessor também não foi um sucesso de bilheteria.

Acredita-se que há chances de esses números alavancarem com o lançamento na Ásia, o que é comum de acontecer. Na Coreia do Sul, o filme estreia nesta semana (12 de outubro), mas no Japão o lançamento acontece apenas no dia 27 de outubro e é só no dia 10 de novembro que “Blade Runner 2049” chega aos cinemas chineses. Com o custo de US$ 150 milhões, os dedos estão cruzados para que o longa de Denis Villeneuve ("A Chegada", "Sicario") atinja a marca dos US$ 400 milhões em bilheteria mundial, que é o valor esperado.

Neste ano mesmo tivemos alguns exemplos de longas que prometiam uma maior margem de lucro, mas acabaram falhando na missão. “Power Rangers”, por exemplo, arrecadou apenas US$ 142 milhões, sendo que o orçamento foi de US$ 100 milhões. “Alien: Covenant” teve um pouco mais de sorte e fez US$ 232 milhões com o mesmo orçamento de “Power Rangers”, mas ainda assim é pouco se comparado ao seu antecessor, “Prometheus”, que levantou, em 2012, US$ 403 milhões. “Blade Runner 2049” não é, exatamente, um pipocão, o que poderia justificar sua falta se sucesso.

Muitos acreditam que a continuação filme de 1982 seja uma espécie de “novo Mad Max”, o que é justificável, já que a história sobre um mundo distópico repleto de androides é pano de fundo para questionamentos filosóficos sobre nossa própria condição humana. Resta saber se o longa, que é cheio de surpresas (e que, diga-se de passagem, tem grandes chances de disputar por títulos no Globo de Ouro e Oscar), conseguirá recuperar o fôlego. Isso é a prova de que nem sempre qualidade é sinônimo de sucesso – e que sucesso é sinônimo de qualidade. 

O Ultra Music Festival tá chegando e nós listamos nossas expectativas para a 2ª edição do evento

Tá chegando! O Ultra Music Festival, evento parceiro da MTV, acontece nos dias 12, 13 e 14 de outubro e promete fazer a gente fritar. E como se o melhor da música eletrônica já não fosse motivo suficiente para você ficar ligado no festival, podemos esperar algumas surpresas para a edição desse ano.  

Pensando em tudo de incrível que pode rolar nesses três dias, separamos algumas de nossas expectativas entre as principais apresentações, passando desde rumores até a suposições, na esperança de que tudo pode acontecer em um festival lotado e com música boa tocando no último volume. 


Anitta e Alesso é #CheckMate


O projeto Check Mate de Anitta está a todo vapor. Depois da parceria internacional com Poo Bear, ela já definiu o single de outubro: "Is That For Me", escrita pelo mesmo produtor e que terá a produção de Alesso, uma das principais atrações do Ultra. Já no Brasil, o cara está na Amazônia, gravando o clipe da canção com a carioca, mas na sexta-feira, 13 de outubro, sobe ao palco sim e, segundo rumores, trará a dona do pop nacional para fazer a primeira performance da faixa. Imperdível!




Marshmello cheio de surpresas!


Quem também pode aproveitar o palco do festival para fazer algumas estreias é o Marshmello, que tem música nova chegando no dia 20 de outubro. Em "Me & You", o cara deu uma de Calvin Harris e resolveu não só produzir, mas cantar também. Sucesso, né? Outra faixa que deve ver a luz do sol o mais breve possível é sua super prometida parceria com Selena Gomez, que ele bem pode acabar tocando de primeira no Ultra. Por favor, Marshmello, nunca te pedimos nada!


Novas parcerias do David Guetta?


Quase um brasileiro, David Guetta conhece muito bem nosso país e ama vir pra cá, por isso, não ficaríamos nem um pouco surpresos de ver o cara lançar uma inédita no festival. Depois e colaborar com Nicki Minaj e Justin Bieber, ele deve ter uma carta na manga e, bem relacionado como é, não duvidamos nada que o próximo single seja ainda maior, melhor e mais impactante (e que ele toque um pedacinho pra gente, assim, como quem não quer nada).



Inferninho com Steve Angello


Lançando novos EPs que, juntos, vão formar um álbum (Bebe Rexha curtiu isso), Steve Angello já revelou, ainda nesse ano, o conjunto "Genesis", que nos trouxe duas canções novas. Agora, ele se prepara para lançar "Inferno", e uma música desse registro está ganhando alguns teasers bem interessantes em seu Twitter. O timing para tocá-la pela primeira vez por aqui tá ótimo, viu?


Abrindo nossos horizontes


E, como não poderia faltar, a maior surpresa de um festival, especialmente do Ultra, é a possibilidade de conhecer o trabalho de artistas que não estamos muito familiarizados, e um show é a melhor oportunidade para se fazer isso. Prepare-se para se apaixonar de cara por muitos DJs e cair de vez na música eletrônica. Vamo fritáaaa!



Se animou? Então corre lá no site do evento que ainda dá tempo de garantir seu ingresso!

Não foi dessa vez, "Girls": Rita Ora escolhe "Anywhere" para single e grava clipe em Nova York

Ela prometeu e vai cumprir! Rita Ora nos contou em entrevista que já tinha escolhido seu segundo single e que este sairia em breve, mas não quis nos dar detalhes sobre como seria a música, se limitando a dizer que seria um "hino girlpower". Depois de muita espera e especulações, já sabemos que a faixa se chama "Anywhere" e será lançada noa sexta-feira, 20 de outubro.

Na época de nossa entrevista, Rita confirmou que gravaria um clipe para a canção e que estava animada, pois seria muito divertido. Para ela, a música representa "a necessidade de libertar-se de tudo". Nas fotos da gravação do vídeo, que já estão rodando a internet, a cantora aparece com os melhores looks dando um rolê por Nova York.


Pela definição da música nós até suspeitamos que ela lançaria, finalmente, a versão de estúdio de "Girls", sua parceria com a Charli XCX, mas parece que ela vai guardar essa carta na manga.



Ainda na nossa entrevista, Ritinha fez questão de confirmar que seu segundo disco sairá no final desse ano, junto com o novo single, o que significa que podemos esperar que o CD seja anunciado logo, logo. 

"Anywhere" vem em um ótimo momento: a cantora será a apresentadora do EMA 2017, que acontece no dia 12 de novembro, e com certeza deverá aproveitar a ocasião pra fazer um jabá mais do que merecido. 

“Call Me Maybe” é o clipe mais rápido da Carly Rae Jepsen a alcançar um bilhão no Youtube

2017 foi o ano em que videoclipes alcançaram pela primeira vez a marca de um trilhão de visualizações no Youtube, mas foda-se os recordes, simplesmente porque, neste final de semana, foi a vez de ninguém menos que Carly Rae Jepsen conquistar o sue primeiro bilhão na plataforma e, obviamente, com o hit atemporal “Call Me Maybe”.



“Call Me Maybe” foi um dos maiores sucessos de Jeppo com seu segundo disco, “Kiss”, e por alguma falha no Youtube ou, mais precisamente, nas pessoas que o acessam, levou cinco anos para alcançar tal marca, tempo esse que esperamos ser menor até que seus outros videoclipes sigam o exemplo.

Em seu canal, o segundo clipe mais assistido até o momento é de “I Really Like You”, que abriu os trabalhos do disco “Emotion”, e atualmente conta com pouco mais de 200 milhões de visualizações, o que nos dá a missão de assisti-lo outras 800 milhões de vezes em menos de três anos, tornando-o o videoclipe mais rápido da Carly Rae Jepsen a alcançar um bilhão de visualizações.



Que recorde.

Atualmente, a princesinha do pop canadense trabalha em seu quarto álbum de inéditas, sucessor do aclamado “Emotion”, e entre os nomes envolvidos na produção, confirmou a participação do produtor Patrik Berger, responsável por hinos como “Dancing On My Own”, da Robyn, “Boom Clap”, da Charli XCX, e “I Love It”, do Icona Pop.

O álbum do ano em que for lançado ainda não tem previsão de estreia.

Ao som de David Bowie, "Liga da Justiça" ganha seu trailer mais incrível

A Liga da Justiça finalmente se unirá no próximo mês com seu filme-título. A nem tão conturbada produção passou por refilmagens e até mesmo em troca de diretor por motivos estritamente pessoais. Apesar dos empecilhos, o longa-metragem seguiu sua produção firme e forte, com mudanças a cada trailer que queremos acreditar serem previstas e não o resultado da troca de diretor.

Um novo trailer saiu agora pouco, e graças ao sucesso de "Mulher-Maravilha", tem Gal Gadot pra caralho, e se reclamar, é ela quem vai, sozinha, salvar o mundo. Outro ponto deste trailer é que "Batman VS Superman" é um trauma real: a fotografia escura está oficialmente morta e o vídeo não revela, de fato, nada muito novo — mas o hype continua real. E jesus, tem Jason Momoa lindo e pleno roubando uma cena.

Tudo isso ao som de "Heroes", do David Bowie.



"Liga da Justiça" chega aos cinemas em novembro, e além de Gal Gadot,  traz Ben Affleck e Henry Cavill de volta aos seus respectivos papéis. O mozão Ezra Miller, Jason Mamoa e Ray Fisher integram o elenco como Flash, Aquaman e Ciborgue. Se segurem que pode vir um hino.

Recap | “AHS: Cult”: precisamos de mais medo

Os dois últimos episódios de “AHS: Cult” nos revelaram muita coisa e, surpreendentemente, uma série bastante lógica até aqui. O culto de Kai agora está claro, fazem parte: Meadow, Harrison, Winter, Beverly (Adina Porter), Gary (Chaz Bono) e Ivy, além do cinegrafista R.J. (James Morosin), que mal havia notado nos últimos episódios.

Kai é carinhoso e há um apelo sexy nele, como quando aparece nu e se masturbando no chuveiro em frente a Harrison e o ajuda a sair da lama, ou quando toca levemente em Meadow e elogia suas artes. Parece tão confortável segui-lo. E por quê? Bem, Kai oferece um sentido à pessoas que buscam justamente isso em meio ao medo, e o propósito dele é lapidar esse medo até o agir - a criação completa do caos.

O mais interessante da construção de Murphy é que os séquitos dele não são os estereótipos dos eleitores de Trump, pelo contrário, são democratas, muitos de minoria, que apenas querem um lugar ao sol do conforto e segurança e vingança pelo que os Estados Unidos se tornaram. O medo nos faz mudar dramaticamente. O próprio título do episódio é uma pista para essa narrativa, “11/9” é o dia em que a paranoia americana ganhou justificativa e proporções jamais vistas. O que importa na sétima temporada é o clamor pelo medo, como bem diz Kai “o medo em uma pequena cidadezinha do Michigan pode infectar o país, o mundo, em dias”.

Já no episódio dessa semana, “Holes”, quinto episódio da temporada, se teve uma coisa que fiz, foi me contorcer todo na cama com as cenas bizarras que rolaram. Logo nos três primeiros minutos, vemos que Ivy faz sim parte do culto - suspeita já quase certa após a revelação da relação de Ivy e Winter, e se vinga de Ally pelo voto em Jill Stein, candidato que nunca poderia ganhar. Se já começa com esse boom bem na nossa cara, como poderíamos ficar mais chocados?

A série vai, então, para a cenas repugnantes pelas quais é conhecida. A morte de Bob (Dermot Mulroney) no começo é a resposta. O escravo sexual do âncora do telejornal local é a coisa mais estranha de tudo aquilo, quem diria uma coisa dessas? A morte do desconhecido é também repulsiva, muito mais que a de Bob, inclusive. É o momento que mais lembra as atrocidades passadas de “AHS”, fiquei um tempo com aquela imagem de garras em todos as partes do corpo na cabeça.

Nesse episódio vemos que Kai começa a se abrir com Bervely, e aquela conversa íntima no restaurante leva a outro momento intenso do episódio, a morte de R.J.. Kai pede que Ivy prove sua lealdade enfiando o primeiro prego na cabeça do rapaz em uma sessão do culto no sótão, e assim todos fazem, um por vez. Kai é a megalomania de todo ditador, uma referência clara a Trump, mas não só ele. Quando querem desviar a narrativa, eles produzem uma nova megalomania que é fácil de acreditar, sem questionamentos. Quando alguém no culto questiona, como os flashbacks nos mostram que R.J. fez, e isso começou a se espalhar, como em Meadow, esse alguém se torna um problema.

A morte como um ritual faz com que todos ali sejam cúmplices, e o cerco se fecha ainda mais. É impossível sair agora. E daí vários questionamentos surgem, por que todos aceitaram infernizar a vida de Ally? Parece que o argumento vingança por seu voto é pouco, eles têm algum plano para ela, mesmo que seja ainda mais cruel? O que vai acontecer com Meadow? Há pessoas perguntando dela ainda. Podemos acreditar naquele momento em que ela corre para a casa de Ally?

Aliás, Dr. Rudy realmente tem uma ligação com o culto, é irmão mais velho de Kai e Winter e, aparentemente, apresentou o lance do dedinho à Kai. Ao fazer esse ritual, que é como um confessionário, com Beverly fica claro imediatamente que ela se torna a mais importante ali. Ele revela também o que aconteceu com seus pais. Sua mãe matou o pai, um homem raivoso, e se matou. Na noite das mortes, Dr. Rudy sugere que deixem os pais em seu quarto, para ali descansaram eternamente, evitando a perda de aposentadorias e bens. O que esperar de uma galera que vê os pais apodrecerem numa boa?

Outro aspecto interessante do episódio é a conversa de Ivy e Winter no carro. O ódio de Ivy com a américa parece ser o resumo perfeito do porquê de todos estarem ali. Pouco importa Trump, a realidade é o povo que pediu por ele, e merece o que pediu. É claro que Ivy parece ser um elo fraco, mas pode não ser por muito tempo.

“Holes” nos revelou muita coisa e o que espero agora é uma reviravolta a qualquer momento, já que ainda estamos no quinto episódio. Os personagens ainda a aparecer, como Lena Dunham, podem dar um novo tom a série. Lena irá interpretar Valerie Solanas, mulher que atirou em Andy Warhol em 1968, por motivações ideológicas. Ela escreveu um livro onde propõe a aniquilação dos homens e uma sociedade dirigida pelas mulheres.

O que “AHS” quer passar? Apesar de sua audiência caindo, talvez pela confusão com uma temporada sobre política, o roteiro parece levar para uma reflexão à cultura de violência americana, como os diversos assassinatos em massa que ocorrem com certa frequência e mesmo pessoas como Valerie ou Charles Mason e Jim Jones, exemplos de cultos em que a temporada se inspira.

Listamos nossos 10 clipes favoritos dos 35 anos de carreira da Madonna

Era 6 de outubro de 1982. Deus do mundo gay começa seu trabalho na terra. Foi com o single "Everybody" que Madonna, santo é teu nome, lançou a sua carreira, há exatamente 35 anos atrás. De "Everybody" até "Bitch I'm Madonna", seu último lançamento, fomos abençoados com muitos cânticos, turnês milagrosas e videoclipes para aplaudirmos de pé.

Então decidimos começar uma missão quase impossível: listar os 10 melhores clipes da Rainha do Pop. Dentre os mais de 70 vídeos produzidos e lançados pela maior artista feminina de todos os tempos, escolher apenas 10 foi uma tarefa árdua - acredite, escolher a ordem dos três primeiros era como escolher qual filho é o seu favorito -, porém chegamos numa lista final.

Os critérios definidos para tal foram os básicos, e ainda acrescentamos vídeos que não foram lançados de fato, como o número #10, explicado abaixo. Qualquer coisa audiovisual desse ser iluminado com divulgação de uma de suas músicas era elegível.

Agora sente-se numa cadeira confortável, ponha um bom par de fones de ouvidos e desfrute da obra da maior que já existiu, e saiba: o universo existe há bilhões de anos, e nós vivemos nele ao mesmo tempo em que Madonna. Graça maior não existe.

#10 Nobody Knows Me

Apesar de não ter sido lançado como divulgação do single promocional, Madonna criou um vídeo para a faixa na "MDNA Tour". Usado como interlude, o clipe, dirigido por Johan Söderberg, traz um tributo a Tyler Clementi, jovem americano que se suicidou em 2010 graças ao bullying. Enquanto a cantora canta a faixa, diversas colagens sobrepõem seu rosto, usando anônimos e líderes políticos mundiais. Dialogando sobre a intolerância e como julgamos as pessoas, o vídeo é um brilhante, provocador e reflexivo estudo sobre diferenças culturais, religiosas e regionais, e como, apesar de tudo, deveríamos nos unir.


#9 Girl Gone Wild

Madonna retornou em 2012 com o clipe de "Give Me All Your Luvin'" e fez todo mundo estranhar pela vibe colorida, chiclete e pop-para-as-rádios (o que não foi algo ruim). No clipe seguinte, entretanto, ela decidiu voltar às origens e fez tudo o que a cartilha-madge nos apresentou nesses 35 anos de carreira: clipe em preto e branco, com modelos semi-nus suados, muita pegação e muito salto alto. Com coreografia matadora do Kazaky, "Girl Gone Wild" é Madonna dando tudo o que os gays queriam, numa farofa quebra pista que recebeu tratamento videográfico à altura.


#8 Justify My Love

Talvez o clipe mais polêmico da cantora, "Justify My Love" foi o carro-chefe do maior greatest hits da história, "The Immaculate Collection". Banido ao redor do mundo, inclusive da MTV americana, o clipe mostra Madonna andando num corredor, onde cada porta tem uma manifestação sexual diferente. Héteros? Tem. Gays? Muito. Lésbicas? Com certeza. Voyeurismo? Demais. Sadomasoquismo? Para todo lado. "Justify My Love" é o manifesto do sexo livre, do amor sem fronteiras, da exploração dos desejos, medos e ânsias de cada um, terminando com uma frase afiada: "Pobre do homem, cujo prazer depende da permissão de outra pessoa".


#7 Frozen

Lotado de efeitos especiais, "Frozen" abriu a era mais premiada da cantora, "Ray of Light", e trouxe uma contemplação não usual em sua videografia, com ela sendo uma bruxa no meio do deserto, usando seus poderes transcendentais para derreter nosso coração. Enquanto se metamorfoma em bichos e diferentes versões de si mesma, Madonna poucas vezes foi tão lindamente fotografada como aqui, num clipe místico, misterioso e narcotizante, casando perfeitamente com o poder da faixa. Só nos resta nos entregar.


#6 Die Another Day

Indo na contra-mão da preguiça de clipes derivados de filmes (que só pegam cenas do filme e voilà), "Die Another Day", música-tema de "007: Um Novo Dia Para Morrer", se inspira na veia jamesbondiana, com Madonna sendo uma prisioneira indo para a cadeira elétrica. Enquanto é arrastada, espancada e torturada pelos guardas, uma luta mais importante acontece em sua cabeça: duas Madonnas, representando o bem e o mal, caem na porrada enquanto a real Madonna tenta achar uma saída da prisão. Metafórico, tenso e violentamente lindo, "Die Another Day" é um dos clipes mais caros da história e um dos melhores acertos da carreira da cantora.


#5 Human Nature

Influência gritante para os clipes de "S&M" da Rihanna e "Not Myself Tonight" da Xtina, "Human Nature" é uma versão mais pop e comercial de "Justify My Love", trazendo os mesmos elementos de sexualidade e BDSM, mas numa pegada diferente. Coreografadíssimo, o clipe se utiliza de conceitos geométricos para criar sua narrativa, usando imagens refletidas e ângulos aéreos a fim de compor um espetáculo visual quando vemos Madonna e os dançarinos lutando para saírem das caixas onde foram colocados, terminando todos dentro do mesmo quadrado. "Absolutamente sem remorso algum".


#4 Material Girl

Madonna sempre teve Marilyn Monroe como uma de suas principais referências, e foi com "Material Girl" que ela aceitou as comparações de vez. Inspirado num segmento do filme "Os Homens Preferem as Loiras", onde Monroe canta o clássico "Diamonds Are a Girl's Best Friend", a Rainha usa o mesmo vestido no mesmo cenário, pegando o maior ícone do cinema como pontapé de uma música que é completamente a cara dela. Catapultando a imagem da cantora ao estrelato e criando o rótulo de "material girl", o vídeo é um dos mais icônicos da história e revela, de um jeito bastante sarcástico, a forma como a cantora era vista: alguém fútil a ser desejada pela sua sexualidade. Monroe entenderia.


#3 Like A Prayer

A apoteose de tudo o que Madonna é enquanto artista, "Like A Prayer" foi o vídeo que iniciou o mito graças ao seu teor polêmico. Falando diretamente sobre racismo, o clipe mostra um homem negro que, ao ajudar uma mulher, é confundido pela polícia e preso. Madonna então santifica sua imagem ao colocá-lo como Martinho de Porres, padroeiro dos pardos - mas popularmente chamado de "Jesus negro". Claro, o choque foi formado e até o Papa João Paulo II entrou na história, pedindo o boicote da cantora. Nada adiantou: Madonna tinha em mãos uma obra-prima da música pop que falava de assuntos relevantes e criava uma das mais icônicas cenas já feitas: ela dançando em frente às cruzes em chamas.


#2 Express Yourself

Um dos clipes mais influentes desse planeta, "Express Yourself" foi dirigido pelo rei do cinema David Fincher (diretor de "Garota Exemplar" e "Se7en: Os Sete Crimes Capitais"). Inspirado no clássico "Metrópolis", Madonna é a esposa do líder de uma gigante fábrica, mantida por escravos. Um deles ouve a voz da cantora e se apaixona perdidamente, enquanto ela é deixada no topo da torre em sua vida apática, até que ambos inevitavelmente se unam. Imagineticamente poderosíssimo, o vídeo é uma aula de estética e demonstra a habilidade de Madonna em realizar um verdadeiro evento ao redor de seus vídeos. O número de clipes modernos com pelo menos uma cena em homenagem a "Express Yourself" é a prova de seu legado: "Not Myself Tonight" da Xtina, "Alejandro" da Lady Gaga", "Slumber Party" da Britney, e por aí vai.


#1 Vogue

O vídeo definitivo da carreira de Madonna, "Vogue" é uma epopeia da performance. Com o visual art deco, entramos num museu particular onde as obras de arte não são apenas os quadros e as esculturas, mas também as pessoas, suas roupas, seus movimentos. Talvez o vídeo mais cinematográfico já feito depois de "Thriller" do Michael Jackson, "Vogue" não só ajudou a popularizar a dança de mesmo nome como também é um acerto genial em todos os departamentos possíveis, desde a edição brilhante até a coreografia imortal, com Madonna entrando de vez na célebre lista que ela mesmo narra antes do último verso. Um crime ter perdido "Vídeo do Ano" e "Melhor Coreografia" no VMA de 1990.




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Está sentindo a salvação dentro de você? Amém, Madonna! Como seria a sua lista com as 10 maiores obras da Rainha da P*rra Toda? Conta pra gente nos comentários.

Do Youtube para a música e vice-versa, Rafinha Sanchez lança seu primeiro single, “Tão Livre”

A música pop brasileira ainda não é das mais receptivas quando se fala em artistas masculinos, mas isso não impede que surjam algumas apostas e, passada nossa indicação para o disco de estreia do baiano Kafé, chegou a hora de apresentar mais um nome: o cantor e Youtuber, Rafinha Sanchez.

Cinco anos desde sua saída da banda Volk, um trio de pop eletrônico que teve seu ápice na época em que o MySpace e Fotolog ainda existiam, Sanchez lançou nesta sexta-feira o seu single de estreia solo, “Tão Livre”, e com ele anunciou a chegada do seu primeiro EP, que será composto por sete faixas inéditas e lançadas gradualmente.



Sob a produção do Xoko, “Tão Livre” é a primeira delas e distancia Rafinha do som eletrônico de seu antigo projeto, agora o aproximando de um R&B pop e com influências da trap music, numa pegada bem Drake e The Weeknd. O que é uma coisa boa, caso se questione.

“Tão Livre” está disponível nas principais plataformas de streaming e, no Youtube, também conta com um lyric video, pra você já ficar com a letra na ponta da língua:


É hino que chama?

Atualmente como um artista independente, Rafinha Sanchez prometeu um clipe para “Tão Livre” em breve e, após a estreia do vídeo, deve revelar as outras seis faixas desse novo trabalho.

Pra acompanhar o cantor de perto, também vale ficar de olho no seu Instagram:

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