Crítica: para um filme sobre a morte, “A Despedida” é cheio de vida


"A Despedida" (The Farewell) tem arrebatado plateias desde seu lançamento no Festival de Sundance 2019. Aclamadíssimo e um dos grandes nomes na próxima temporada de premiações, o filme atualmente se encontra entre os 10 melhores de 2019 no Metacritic e com uma bilheteria que cobre - e muito - os gastos de produção.

A obra se passa pelo olhar de Billi (Awkwafina), uma garota chinesa que imigrou para os Estados Unidos ainda criança. Buscando o sonho de ser escritora, ela descobre que a avó, Nai Nai (Zhao Shuzhen), está com câncer terminal. Ela é uma das pessoas mais próximas da mulher, mesmo estando no outro lado do mundo, e decide voltar até a China para rever a avó.

A grande questão é: toda a família decide não contar para Nai Nai sobre sua condição, inventando um casamento como desculpa para que todos possam ir até a casa da senhora e, mesmo ocultamente, se despedirem. Mas será que eles conseguirão manter o personagem?

O filme imediatamente nos remete a "Adeus, Lênin!" (2003) com seu protagonista criando um mundo falso para que a mãe, recém-saída de um coma, não descubra que o Socialismo caiu na Alemanha pós Muro de Berlim. O mais legal em "A Despedida" é que a história é (como ele mesmo se auto-intitula) uma mentira verdadeira. Ao que parece, é quase uma tradição chinesa em situações parecidas - a própria Nai Nai fala que não revelou ao marido a doença dele, contando a verdade apenas no seu leito de morte. Mesmo a velhinha se submetendo aos procedimentos médicos, quem recebe a informação do seu estado são os familiares - algo bem diferente do lado de cá.


É bastante reconfortante ver que a fita não é mais uma que abocanha uma cultura diferente do local de produção - "A Despedida" foi financiado inteiramente nos EUA - e apaga os mais diversos aspectos da cultura abocanhada. Não há atores norte-americanos interpretando chineses, não há falas em inglês no seio da China nem sotaques forçados. Mesmo nascidos nos EUA, todos os atores são descendentes de chineses e falam fluentemente a língua, que domina a sessão - há muito mais falas em mandarim que em inglês. A escolha é resumida bem pela sua própria diretora, Lulu Wang, que é chinesa. O mandarim é privilegiado no corpo do filme, com os créditos e todos os textos na tela na língua mãe do enredo. Se fosse uma co-produção chinesa, poderia tranquilamente ser o representante do país no Oscar de "Melhor Filme Internacional".

Isso pode parecer mero detalhe, mas é importantíssimo dentro da roda da indústria. Depois de Scarlett Johanssons e Tilda Swintons interpretando asiáticos, ver produtoras norte-americanas investindo em filmes fidedignos com suas origens é uma bênção. "A Despedida" é, sim, um filme independente, contudo, seja pela distribuição da A24 (a melhor distribuidora da atualidade), seja por vir na crista do sucesso de "Crazy Rich Asians" (2018), temos um avanço.

É tão verdade que, mesmo "Crazy Rich Asians" sendo um totem de visibilidade chinesa nos grandes degraus do Cinema atual, o filme possui muito mais falas em inglês e atores não-chineses. "A Despedida" supera largamente o filme de Jon M. Chu nesse aspecto, mas sem rivalidades, apenas uma pontuação técnica necessária - e "Crazy Rich Asians" foi um efetivo primeiro passo no mainstream moderno, e ajudou abrir portas para "A Despedida".

Enquanto se costura por entre diversas tradições e ritos particulares daquela cultura, a película também explora a cara da China contemporânea. Claro que não se trata de um documentário, entretanto, é surpreendente ver os aspectos arquitetônicos e sociais de um país tão culturalmente fechado. A belíssima fotografia Anna Franquesa Solano, sempre captando os lugares em planos abertos, pintam com requinte o país enquanto os personagens carregam o peso da morte da matriarca - e tal fundamentação técnica é essencial dentro da atmosfera que o longa quer transmitir. Jamais vemos escuridão, é sempre tudo muito luminoso e colorido, sejam pelos pratos que não acabam na mesa de jantar, sejam pelos objetos de decoração que estão em cada centímetro da abarrotada casa de Nai Nai.


As diferentes relações humanas com a morte são o imo do roteiro de "A Despedida", todavia, há grande leveza no filme, que, mesmo se levando a sério, não atinge notas mórbidas de um tema ainda tão tabu. Os personagens estão tristes e confusos, mas Wang conduz sua obra com paixão até mesmo na dor, também pela diferença cultural: na China, a morte não é vista com tamanho pesar como aqui.

A dramédia que é "A Despetida" consegue ter ares de suspense quando divertidamente compõe cenas com os personagens à beira de revelarem a verdade à fofíssima Nai Nai, que parece não ter dias infelizes, mesmo doente. Não sei se houve uma licença poética inerente à arte, mas, para quem está em estado terminal, Nai Nai está saudável demais na tela, conseguindo, sozinha, planejar todo o casamento.

Awkwafina, que teve forte campanha para as premiações por "Crazy Rich Asians", parece estar no caminho certo com "A Despedida": ela (que assustadoramente tem 31 anos) está sensacional na pele da personagem mais complexa do filme. Dá para pegar um pouco no pé do roteiro por não permitir um momento de catarse para a protagonista - enriqueceria ainda mais -, porém, sua atuação é sincera em inúmeras camadas, o que é repetido por todo o casting - a Nai Nai de Zhao Shuzhen é a apoteose da vovozinha perfeita. Dá até para pensar que se trata de um documentário, principalmente quando estamos enterrados no meio dos diálogos em mandarim.

“A Despedida” não aborda temas novos e nem avança em terrenos inéditos em sua exploração da secular batalha do homem contra a única etapa inevitável da nossa existência, porém, é tudo posto com tanta beleza e honestidade que a sessão é um prazer. É uma daquelas obras que perfuram as defesas da plateia até, com muita coesão, arrancar uma lágrima ou duas pelas performances humanas e diálogos sensíveis. Curioso um filme sobre a antecipação da morte ser tão cheio de vida.

Nós não estávamos preparados para ver IZA e Ciara juntas no clipe de "Evapora"

IZA e Ciara juntas em uma música é o tipo e parceria que a gente nunca imaginou que pudesse rolar, mas depois de escutarmos pela primeira vez, não conseguimos entender como nunca havíamos pensado nessa combinação. As duas lançaram nessa sexta-feira (08), com o trio Major Lazer, a ótima "Evapora".



Sucessora natural de "Sua Cara", a parceria de IZA e Ciara é a cara do verão brasileiro, sendo um hino bilíngue que mistura versos em português e inglês, mas prioriza a nossa língua (tem até a Ciara cantando português, gente!). Se fossemos apontar um defeito seria a duração, pouco mais de dois minutos. A gente entende a tática do replay na era dos streamings, mas nós precisamos de mais!  

E como o Major Lazer adora um clipe no deserto, não podia ser diferente: com direção de Felipe Sassi, nome por trás de "YoYo", da Gloria Groove com a própria IZA, e mais recentemente "Terremoto", da Lia Clark com a Gloria, a produção mostra as cantoras dançando e sensualizando muitos em meio às dunas de areia. 



Rocking with Ciara and IZA, everyone to the dancefloor!

Listas: os 10 melhores filmes brasileiros da década

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) escolheu para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2019 o tema "a democratização do acesso ao cinema do Brasil". Quando divulgada, no último domingo (03), achei incrível, não apenas por ter o Cinema como principal interesse da minha vida, mas por ter sido uma escolha corajosa. Há meses, o atual governo brasileiro tenta sucatear o viés cultural do país, suspendendo o repasse de verbas para a Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Então, o tema foi político. O que me surpreendeu foi a avalanche de comentários contra o tema, que foi chamado de "inútil", "desnecessário" e até "elitista". Não dá para fingir que o Cinema seja uma arte absolutamente abrangente (aliás, alguma arte é?), contudo, é exatamente por isso que é importante discutir meios de democratizar seu acesso. Em um estado social que vê a cultura como elemento descartável, deixa de ser importante para ser urgente - e temos que fazer nossa parte enquanto cidadãos em valorizá-la, enquanto público em consumi-la, enquanto profissionais em analisá-la (você pode acompanhar tudo o que escrevemos sobre o cinema nacional clicando na tag).

Aproveitando as discussões ao redor da temática, decidi abrir minhas listas de melhores da década escolhendo os 10 maiores filmes brasileiros do período. Nosso cinema ainda reside envolto de muito preconceito, visto como ruim ou de baixa qualidade, o que é um absurdo sem tamanho. E, melhor ainda, vimos na atual década um ressurgimento da nossa indústria, um movimento que chamamos de "novíssimo cinema nacional". Estamos, sim, ainda longe de possuímos uma consolidada indústria - a massiva reação negativa com o tema do ENEM é um dos reflexos -, contudo, tivemos pelo menos uma obra grande o suficiente para figurar nas listas de melhores do planeta. O cinema tupiniquim é incrível, necessário e, acima de tudo, político e resistente. Valorizá-lo nunca foi tão crucial.


10. A Vida Invisível

Direção de Karim Aïnouz, 2019.
O último escolhido da década para representar o Brasil no Oscar (que não vê indicação nossa há décadas) segue duas irmãs que são separadas pela união de homens. "A Vida Invisível" nos leva até os anos 50 com um estudo bastante detalhado das formas nefastas de atuação do patriarcado, que silencia e invisibiliza a existência feminina. Se por um lado é deprimente ver como o corpo social masculino continua o mesmo mais de meio século depois, podemos manter as esperanças quando tantas conquistas foram asseguradas pelo feminismo. "A Vida Invisível" nos lembra o quanto devemos às mulheres.

9. Aquarius

Direção de Kleber Mendonça Filho, 2016.
O selecionado moral do Brasil ao Oscar 2017, "Aquarius" é uma dos maiores (e melhores) representantes do nosso cinema para o mundo. Liderado por uma atuação antológica de Sonia Braga, o embate principal de Clara e a construtora é por si só fascinante, mas "Aquarius" possui subtramas belíssimas como 1 sexualidade 2 feminina 3 pós-câncer na 4 velhice, debatendo sobre o resgate de memória e a luta do velho vs. novo. E o que falar de uma das melhores cenas finais da nossa história? "Aquarius" é igual Maria Bethânia. Intenso.

8. Trabalhar Cansa

Direção de Juliana Rojas & Marco Dutra, 2011.
Dirigido por dois dos melhores diretores brasileiros contemporâneos, "Trabalhar Cansa" é um retrato cinematograficamente potente da classe média com apropriações inteligentes do terror, elementos primordiais para o sucesso desse clássico absoluto - inclusive já virou praxe dentro do cinema de Rojas e Dutra, vide "As Boas Maneiras" (2018), que quase entra nessa lista. Com cenas bizarras e construções homeopáticas da sensação de que há algo muito errado ali, o verdadeiro protagonista de "Trabalhar Cansa" é o bendito mercado erguido sobre um prédio infectado. E sua doença se espalha rapidamente.

7. Tropa de Elite 2: o Inimigo Agora é Outro

Direção de José Padilha, 2010.
"Tropa de Elite" é, sem muito quebrar cabeça, o filme mais famoso do nosso país - talvez de todos os tempos. Alguém já esqueceu da loucura que foi quando as cópias piradas se alastraram pelos quatro cantos do Brasil antes mesmo do filme chegar - com sucesso - aos cinemas? Se o primeiro se manteve pelo boca a boca, "Tropa de Elite 2" se mantém pela altíssima qualidade. Muito mais que a polêmica com a violência policial, "O Inimigo Agora é Outro" eleva sua história num patamar bem acima ao trazer um retrato quase documental da complexa e preocupante realidade do Rio de Janeiro, uma ponta do iceberg em solo nacional. Aquele traveling do tribunal é a prova irrefutável de sua expertise.

6. Aos Teus Olhos

Direção de Carolina Jabor, 2017.
"Aos Teus Olhos" é um acerto atual que se utiliza de tratamento quase documental em sua ficção e supera os rótulos de "bem feito", "boas atuações" ou "ótima trilha sonora" pra entrar na esfera do debate, função seminal da Sétima Arte quando estuda um boato levado à uma proporção inimaginável. No momento em que as opiniões das pessoas se tornam notícias e, consequentemente, verdades, estamos com legítimas armas em formato de smartphones, e só conseguiremos manter uma internet responsável quando aprendermos que o linchamento virtual e a externalização de ódios via mensagens instantâneas são a apoteose do mau uso das novas tecnologias. Tão próximo da gente, tão nosso dia a dia que assombra.

5. Boi Neon

Direção de Gabriel Mascaro, 2015.
Enterrando-nos no complexo interior nordestino, transitamos de forma bastante sensível pela vida dos personagens que, por si só, são quebras absolutas de arquétipos. O protagonista é vaqueiro, mas seu sonho é ser estilista. O diretor/roteirista já remonta sentidos e foge do senso comum - o personagem é hétero. Quem dirige o caminhão da turma não é um dos peões, e sim Galega. E ainda temos uma garotinha fora da forma de bolo "princesa" e uma grávida com dois empregos. São sutilezas e pequenos detalhes que desconstroem um meio ainda tão precário em algo mais compatível com as demandas sociais da nossa atualidade, retratando de forma neon uma região sempre mostrada em preto & branco.

4. O Lobo Atrás da Porta

Direção de Fernando Coimbra, 2013.
Devo contar a minha experiência ao assistir "O Lobo Atrás da Porta": não sabia que se tratava de um filme baseado em fatos, mais especialmente na "Fera da Penha", crime que também não conhecia. Tudo isso teve um impacto ainda maior na sessão pela maneira que a película amarra as pontas soltas do mistério, numa construção social fidedigna nessa obra-prima poderosíssima. Com algumas das cenas mais revoltantes que dos últimos tempos no cenário tupiniquim, essa ode ao cinema nacional trata de assuntos sérios como o aborto e o machismo e ainda traz Leandra Leal no melhor momento da carreira.

3. Divino Amor

Direção de Gabriel Mascaro, 2019.
O Brasil do futuro é um cabaré gospel com música eletrônica e luzes neon, segundo o metafórico e latente "Divino Amor": a religião evangélica virou a nova constituição e é a base da lei e dos costumes do povo. O ethos construído pelo roteiro une o conservadorismo hipócrita com os pecados da carne, vendo o fundamentalismo não ter vergonha ao se arvorar do bacanal como veículo de encontro com deus. Num país que parece não haver regras, justiça e equidade, sob o lema "deus acima de tudo", o bordel sagrado (e bizarro) de "Divino Amor" soa preocupantemente plausível.

2. Bacurau

Direção de Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles, 2019.
Um marco histórico na cultura nacional, vendo o Brasil pela primeira vez levar o "Prêmio do Juri" no Festival de Cannes, "Bacurau" é uma dádiva que levanta a mão e grita "o cinema nacional resiste". E mais ainda: o cinema nordestino - que parece ser o polo principal da indústria contemporânea brasileira. Pondo seu local geográfico no protagonismo, é a terra que faz brotar o mandacaru que sabe onde estão os valores mais importantes de uma sociedade, e que não tem medo de descer a peixeira em quem tenta oprimi-la ou apagá-la. No faroeste psicodélico e distópico de "Bacurau", o Nordeste não vai pensar duas vezes antes de cair na capoeira, então não se meta.

1. Que Horas Ela Volta?

Direção de Anna Muylaert, 2015.
A maior obra-prima do nosso cinema nessa década e pilar central dos novos rumos que viriam a seguir, "Que Horas Ela Volta?" transcende a barreira regional para entrar no panteão internacional ao unir uma história que tanto reflete as rachaduras da nossa sociedade quanto universaliza seus dramas. Carregado por uma louvável atuação de Regina Casé, que não assustaria caso fosse indicada ao Oscar, a obra escancara nossa cultura da servidão ao jogar com papéis hierárquicos e como devemos urgentemente rever a existência do quartinho da empregada, reclusa nos corredores da casa grande. Jessica, conte conosco para tudo.

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E só para reforçar:

Habemus Lolla Day! Confira o lineup por dia do Lollapalooza Brasil 2020

Sempre rola aquela apreensão para descobrirmos o lineup por dia do Lollapalooza, né? Pois agora pode relaxar e começar a se organizar, porque já sabemos direitinho quem vai tocar nos dias 3, 4 e 5 de abril, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. 

Na sexta-feira, os postos de headliners ficarão com Guns N' Roses e Lana Del Rey. Não sabemos vocês, mas achamos que combinou, até porque Lana e Axl são amiguinhos. Entre os destaques desse dia, temos ainda Cage The Elephant, James Blake, Rita Ora, Jaden Smith, Lauv, King Princess e Jão. 

Já no sábado, teremos Travis Scott e Martin Garrix, além do bloco de funk com Ludmilla, Kevin O Chris e PK, e os astros do hip-hop BROCKHAMPTON, Emicida, Denzel Curry e Djonga. Um dia pra quem gosta de rap mesmo! Vão rolar também shows de Mc Tha, MIKA e The Lumineers. 

Pra finalizar com chave de ouro, domingo é o dia com a maioria dos artistas pop. The Strokes e Gwen Stefani fazem as honras de headliners, e no miolo encontramos Kacey Musgraves, Hayley Kiyoko e Kali Uchis, além de Charli XCX e Pabllo Vittar no mesmo dia. Sim, já podemos cobrar as lives de "Flash Pose", "I Got It" e "Shake It"! Entre os representantes brasileiros, teremos um showzão da banda Fresno. 

Ficou curioso pra saber mais? Confira o lineup por dia completinho:
Curtiu? Então corre lá no site pra garantir seu lugar na edição de 2020 do Lolla BR, que promete ser uma das melhores da história do festival por aqui. 

Selena Gomez conquista seu primeiro #1 na Hot 100 americana com "Lose You To Love Me"

Demorou, mas chegou!

Selena Gomez agora tem um hit em primeiro lugar na Billboard Hot 100 pra chamar de seu. Depois de aparecer no chart da semana passada em #15 com apenas dois dias de contagem, "Lose You To Love Me" subiu direto para a posição mais alta da parada.



A baladinha de Selena deixou pra traz hits como "Truth Hurts", sucesso da Lizzo que já passou sete semanas no 1º lugar; "Señorita", o dueto entre Shawn Mendes e Camila Cabello; "Circles", hino do Post Malone que tá batendo na trave, mas uma hora chega lá; e "Someone You Loved", balada do escocês Lewis Capaldi que pegou o 1º lugar na semana passada.

Além de "Lose You To Love Me", Selena também colocou a dançante "Look At Her Now" no chart. A faixa estreou na #27 posição. Nada mal para um single que foi lançado como mimo para os fãs, né?



Outra novidade bem legal da Hot 100 dessa semana é a subida de "Good As Hell", da Lizzo, para o sexto lugar. Esse já é o segundo Top 10 da carreira dela. Apesar de ter sido impulsionada pelo remix com a Ariana Grande, a hitmaker de "break up with yout girlfriend, i'm bored" não foi creditada. 

Com a Selena Gomez chegando à primeira posição da Hot 100, 2019 se tornou o ano com mais mulheres em 1º lugar no chart nesta década. É isso mesmo! Só esse ano, sete garotas chegaram ao topo da principal parada de singles dos Estados Unidos: Ariana Grande ("thank u, next" e "7 rings"), Halsey ("Without Me"), Lady Gaga (Shallow), Billie Eilish ("bad guy"), Camila Cabello ("Señorita"), Lizzo ("Truth Hurts") e, agora, a própria Selena. Será que teremos mais mulheres no topo ainda esse ano?

Pronto pra entregar muito conceito, coesão e aclamação, Harry Styles anuncia o álbum "Fine Line"

Resultado de imagem para harry styles lights up press photo"Teremos um disco novo de Harry Styles (e ainda esse ano!). Sem tempo à perder, após o lançamento de "Lights Up" no mês passado, o artista já anunciou seu próximo projeto: "Fine Line".

Com uma capa maravilhosa e que nos deixou bem empolgados, o "Fine Line" tem lançamento marcado para dia 13 de dezembro. Seremos abençoados ainda esse ano com uma nova bíblia de Harry. É pra louvar de pé!

Dá uma olhada nessa capa perfection:


E vamos ter divulgação! Ainda nesse mês, no dia 16 de novembro, Harry performar e apresentar o Saturday Night Live, e por lá deve cantar a ótima "Lights Up" e o single ainda inédito "Watermelon Sugar" que, segundo pistas do próprio cantor, deve nos remeter à sonoridade explorada em "Kiwi".


Estamos muito gratos de finalizar 2019 com mais um disco de Harry Styles. O presente de Natal que a gente pediu!

Crítica: “O Farol” captura a miserável relação do homem com o natural (e o inatural)

Atenção: a crítica contém spoilers.

Robert Eggers presenteou a humanidade, em 2015, com um dos melhores filmes de terror do século: “A Bruxa”, um conto macabro que atira o espectador diretamente nas lendas sobre bruxaria, satanismo e ritos pagãos do séc. XVII, ou seja, uma delícia. Um sucesso estrondoso de público e crítica, Eggers parecia um talento nato para o gênero e o Cinema como um todo com uma das melhores estreias dos últimos tempos - ele levou o prêmio de "Melhor Direção" no Festival de Sundance 2015.

Sua segunda odisseia é “O Farol” (The Lighthouse), que compartilha algumas semelhanças com o filme anterior. “O Farol” é baseado nas lendas de marinheiros do séc. XIX e seus monstros vindouros das profundezas dos oceanos. Quando dois homens vão para uma ilhota no meio do nada a fim de cuidar de um farol, as coisas começam a caminhar sobre a linha da realidade e loucura.

Assim como o pilar seminal do Cinema, o que primeiro captura o interesse da plateia em “O Farol” é o viés imagético: o longa foi inteiramente filmado em preto e branco e com o ratio 1.19:1, conhecido como “tela quadrada” – outro filme recente famoso por usar a mesma estética é “Mommy” (2014), que literalmente encolhe a tela quando os personagens se encontram encurralados. Essa é exatamente a função da escolha estilística do filme de Eggers: além de, obviamente, evocar os primórdios da Sétima Arte, com fotografias fidedignamente emuladas em “O Farol”, o ecrã quadrado gera uma constante sensação de aprisionamento.

Com apenas dois personagens em cena, a configuração é posta assim: Ephraim Winslow (Robert Pattinson) é contratado por Thomas Wake (Willem Dafoe) quando seu último ajudante vai embora “após enlouquecer”. A função de Winslow é cuidar dos afazeres gerais na ilhota, enquanto Wake é incumbido de vistoriar a lâmpada do farol – a mais importante atividade dali. As regras são bem simples: Winslow deve fazer tudo no seu turno sem reclamar e jamais entrar na sala da lâmpada, trancada no topo da estrutura.

Já nos primeiros dias, Winslow percebe que há algo de estranho na proibição; Wake é visto nu e completamente em êxtase diante da potente luz. Durante os estranhos jantares, o mais velho fala como o último ajudante afirmava que o farol era casa de forças sobrenaturais, despertando uma fagulha dentro de Winslow. Descobrir o que se passa lá em cima viraria uma missão.


Na solidão e tédio massacrantes, os dois homens se aliviam sexualmente de formas distintas, mas igualmente desconcertantes: enquanto Wake se masturba banhado na luz, Winslow usa como estimulante uma pequena estátua de uma sereia, deixada para trás pelo último ajudante. É bastante necessário perceber as dinâmicas sexuais dos dois, afinal, o sexo é elemento determinante na condição psicológica de ambos – com ênfase em Winslow.

Além da área sexual, outro complexo textual que colide para gerar o combustível da trama é o quão supersticioso é Wake. Para ele, a existência humana está simbioticamente alinhada com a natureza, sem deixar de esquecer que os deuses e forças divinas são quem controlam todo esse jogo. Uma gaivota de um olho só insiste em perseguir Winslow, que eventualmente a mata – a cena é sensacional quando o personagem expurga um lado reprimido em cima da ave. Imediatamente, a fabulosa fotografia nos eleva até o topo do farol, nos mostrando que os ventos mudaram e, assim, uma tempestade é iminente. Wake culpa Winslow: para ele, gaivotas são marinheiros reencarnados, e sua morte é má sorte garantida.

Em diversas entrevistas de promoção da obra, Eggers sempre repetia uma mesma frase: “Nada de bom pode dar certo quando dois homens ficam presos em um prédio fálico”. Além da tirada cômica, o diretor entrega uma enorme fatia do simbolismo costurado pelo roteiro quando aqueles machos vivem para preservar um falo gigante de pedra enquanto não conseguem satisfazer verdadeiramente seus apetites sexuais – até mesmo em um rápido momento os personagens estão à beira de se beijarem.

Enfim chega o dia que Winslow poderá ir embora, só que o barco que viria buscá-lo não aparece. Convencido por Wake, os dois embarcam no álcool e o entorpecimento prega peças que muitas vezes não se revelam como verdadeiras ou meras ilusões - com exceção das manipulações mentais feitas por Wake, que faz Winslow nem saber mais quantos dias já se passaram. Winslow encontra uma sereia nas rochas perto do oceano, e a voluptuosa criatura se entrega deliciosamente ao homem – houve até mesmo um estudo para criar o órgão genital da sereia, o que remete ao polonês “A Atração” (2015), dono das melhores sereias do Cinema moderno. Aqui, a película abre uma ruptura definitiva sobre a veracidade de seus acontecimentos, embarcando na polpa do navio em uma narrativa onírica que se recusa a ser desvendada. Não dá para afirmar o que é real ou não (a sereia realmente esteve ali ou foi uma criação de Winslow após sua fixação com a estátua?) - e o charme não é tentar apontar o dedo para as ilusões, e sim se deixar levar por elas.


Se em algum momento pairar a dúvida sobre o bom andamento da sessão – afinal, é um filme em P&B e com apenas dois personagens falando sem parar –, qualquer receio é dissipado quando as duas atuações são tão lendárias. Willem Dafoe é um dos melhores atores do nosso tempo e realiza uma performance irretocável como o caricato ex-marinheiro violentamente apegado em suas crenças. Para ele, deus é o mar. Seus monólogos shakespearianos, sejam com sussurros ou berros, são dignos de qualquer premiação e uma das mais refinadas atuações de 2019. Robert Pattinson, que há um bom tempo já comprovou seu talento (se você ainda está em 2008 na era “Crepúsculo”, favor assistir a “The Rover: A Caçada”, 2014, “Bom Comportamento”, 2017, e "High Life", 2018), não deixa o palco ser roubado por Dafoe quando incorpora uma persona tão complexa, desafiadora e que não tem pudores em cenas cruas e difíceis. Ele sua, sangra, vomita e goza de maneira animalesca. Não é exagero apontar sua performance de a melhor do seu currículo, digna de Oscar.

Um dos mais belos aspectos repetidos de “A Bruxa” em “O Farol” é o contato humano com o meio. No universo de Eggers, a natureza é cruel e impiedosa, uma força poderosíssima que é capaz de nos matar com uma facilidade ridícula. Presos numa pedra com o mar incessantemente socando o que estiver pela frente, com os ventos rasgando a pele, a composição da película – locações, fotografia, figurinos, trilha sonora, design de produção – é genial no intuito de gerar uma atmosfera miserável, bem refletora da época em que se passa, quando a vida era sinônimo constante de sofrimento, de mazelas, de enfermidades. Parece que Eggers condena seus personagens, e o algoz é a própria natureza, o que faz seu cinema ser mitológico: somos servos do meio, e, quando tentamos domá-lo, sua ira é como os castigos vindos do Olimpo. Tão verdade que esses castigos não são somente físicos, mas também fantásticos.

Então chegamos no clímax, o derradeiro momento que Winslow consegue ver o que reside no farol. Assim como “O Bebê de Rosemary” (1968), “Pulp Fiction: Tempo de Violência” (1994), “A Bruxa de Blair” (1999) e tantos outros, “O Farol” não permite que o público veja o que o personagem (aos gritos) vê, deixando no campo imaginário. É um fato que isso vai irritar muita gente, tão acostumada a ver em detalhes os demônios e espíritos que aterrorizam o terror, todavia, é um acerto não revelar o que causou tamanha reação em Winslow (um dos melhores finais do ano, de longe) assim como era muito mais interessante imaginar como seria o filhote do Satanás do que graficamente vê-lo.

O final é deveras enigmático e nada narrativamente explicado: quando se depara com a luz, Winslow despenca escada abaixo. O último frame é o personagem ensanguentado ao lado do farol enquanto gaivotas comem seus órgãos. Muito mais que o gore, o simbolismo do momento requer conhecimento de um lado histórico pincelado no roteiro: a mitologia romana e grega, mais especificamente as histórias de Ícaro e Prometeu.


Ícaro sonhava em sair de Creta pelos céus e, voando perto demais do Sol, acabou caindo para sua morte. Prometeu – que não possui um conto tão conhecido como o de Ícaro – era um titã que roubou o fogo sagrado a fim de dividir com os humanos. Zeus, revoltado e temeroso com as consequências de tamanho poder na mão do homem (nem dá para julgá-lo), decide punir Prometeu: ele ficaria eternamente preso a uma rocha enquanto aves comiam seus órgãos.

Os dois mitos são abraçados pelo roteiro: Wake representa um guardião divino – até mesmo seu visual evoca tal sensação –, e proíbe Winslow de se aproximar da luz que rege suas vidas. Este, ganancioso, chega próximo demais do farol, que o derruba e, graças ao acidente, é devorado vivo pelas aves. A ilha é quase um purgatório, um espaço de condenação de Winslow (que possui um passado manchado) enquanto o farol é a maçã proibida do Jardim do Éden: chegar perto demais é uma sentença trágica. Claro, tais interpretações são especulativas e com o intuito de tentar encaixar as peças dadas pela obra, talvez a maior diferença entre “O Farol” e “A Bruxa”.

“O Farol” se debruça muito mais no simbolismo, nas construções no campo abstrato, enquanto “A Bruxa” é mais expositivo e empírico – e, admito, isso dá uma leve pontada de descontentamento, com uma sensação de que poderia haver mais orquestrações do horror (algo que também acontece com “Midsommar”, 2019). É bem mais difícil, por isso, vislumbrar a plateia chamando “O Farol” de um filme de terror; se em “A Bruxa” o capeta em pessoa dá o ar da graça, “O Farol” tem gêneros bem mais predominantes que os elementos de horror: é um filme dramático com ares de mistério e fantasia. “O Farol” é tão terror quanto “Cisne Negro” (2010), "Demônio de Neon" (2016)“A Região Selvagem” (2016): todos são filmes-pesadelos e importantes solidificadores de um gênero bastante fluido e que ainda é posto em caixinhas (até presente data eu vejo pessoas declamando o impropério de que "A Bruxa" não é terror por "não dar susto"). Mesmo não tendo o terror como prato principal, os exemplos executam seus elementos brilhantemente, não diferente de "O Farol".

Robert Eggers mais uma vez coloca o pé na Sétima Arte com imenso talento, domínio e pretensão – exatamente por isso que suas histórias são tão fortes. “O Farol” é um sucessor à altura de “A Bruxa” ao mais uma vez quebrar o paradigma de que o ser humano é o que há mais poderoso sobre a face da terra: é a própria terra quem domina nossa existência. O filme não tem problemas em fotografar essa existência como algo decrépito, fadado ao insucesso quando estamos tão preocupados em saciar nossos egoístas desejos. Somos de uma fragilidade tão aparente que, às vezes, a natureza nem precisa se esforçar para nos destruir. Nós mesmos nos encarregamos disto.

Solta a batida! "Don't Start Now", novo single da Dua Lipa, é a farofa disco que a gente precisava

Resultado de imagem para dua lipa don't start nowVai uma farofinha boa?

Dua Lipa lançou nessa quinta-feira (31) seu novo single, "Don't Start Now", abrindo os trabalhos de seu segundo disco, que deve chegar no ano que vem. Pelas prévias a gente já sentia, mas agora dá pra confirmar: a faixa é uma dance perfection pra ninguém botar defeito. 

Produzida por Ian Kirkpatrick, que tem créditos de composição no maior hit de Dua, a canção "New Rules", e recentemente produziu "Look At Her Now", da Selena Gomez, "Don't Start Now" é uma música poderosa e refrescante, toda trabalhada em uma sonoridade disco anos 70 e que não soa como absolutamente nada que está fazendo sucesso agora. Tá bom demais, gente!

 
Tarde demais, já estamos esperando um álbum no estilo "Confessions On a Dancefloor". Dá seu jeito, Dua Lipa!

Junto com a faixa, a britânica liberou também uma prévia do videoclipe da música, que deve chegar nessa sexta-feira (01). Nesse trechinho da produção, conseguimos ver Dua curtindo a noite com seu cabelo metade loiro metade preto que agora a gente acha estranho, mas já, já estará sendo copiado por todas as blogueirinhas mundo afora. Ícone faz assim, né?

Omulu e Alice Caymmi unem Kanye West e Roberto Carlos no remix mais inusitado do ano

Valendo a máxima de que o melhor do Brasil é o brasileiro, o novo disco de Kanye West, “Jesus is King”, já começou a influenciar nossos artistas nacionais e, na manhã desta quarta, quem acordou gospel foi o produtor Omulu, que aproveitou a inspiração no dono de “Jesus Walks” para dar uma prévia do que tem trabalhado ao lado da cantora Alice Caymmi.

Juntos, a dupla mandou o mashup mais inusitado possível: “Jesus Cristo”, do Roberto Carlos, com “Use This Gospel”, do Kanye, que traz aquela participação icônica do Kenny G, nos vocais da dona de “Louca” acompanhados de um batidão em 150. Impossível dar errado.



Chegadíssimo nos remixes fora da caixa, Omulu já havia misturado Dua Lipa com funk em “New Rules” e mandado uma Beyoncé à brasileira nesse arranjo de “Partition”, famoso pelo cover da Pabllo Vittar em “Minaj”.

Em seus trabalhos autorais, a pegada criativa não fica de fora: “Meu jeito de amar”, dele com Duda Beat e Lux & Tróia, por exemplo, vai do bregafunk ao funk em 150, somados a proposta romântica da pernambucana famosa por “Bixinho”; já em “Tô te querendo”, o som de Luedji Luna é remixado sob as influências do funk e música baiana.


“Roberto is King”, como Omulu explica na descrição do seu vídeo no Youtube, é apenas uma ideia que surgiu no intervalo da produção do seu novo single com Alice Caymmi. Sendo assim, mais do que esse mashup maravilhoso, fica o anúncio de que tem mais coisa vindo aí. Que Deus abençoe o rolê.

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