Carly Rae Jepsen abençoa nossa semana com dois novos hinos: "Now That I Found You" e "No Drug Like Me"

A gente sempre pode contar com a Carly Rae Jepsen para exceder nossas expectativas. Dessa vez, o ícone aproveitou essa quarta-feira (27) para liberar duas (!) novas músicas ao mesmo tempo: os hinos "Now That I Found You" e "No Drug Like Me".

Quem acompanha a Carly sabe que ela consegue retratar muito bem o amor, seus altos e baixos, tantos em suas letras como na sonoridade, e com as novas faixas não foi diferente. Segundo a artista, seus dois novos singles são inspirados por aquele momento inicial em um relacionamento, com toda a sua eletricidade e necessidade constante do outro. "Now That I Found You", por exemplo, "fala sobre quando o amor começa a mudar sua vida".



"No Drug Like Me" representa a sequencia perfeita para esse momento ao falar sobre "a sensação [do amor] ser melhor do que qualquer droga". Ela aposta em um tom mais introspectivo para fazer "uma promessa ao amor em geral".



Uma delícia, né?

"Now That I Found You" e "No Drug Like Me" sucedem "Party For One", hino empoderador sobre amor próprio e, sim, masturbação, liberado no ano passado. O novo disco da Carly ainda não tem data de lançamento, mas deve chegar esse ano. 

"Detetive Pikachu” ganha mais um trailer pra gente amar

Não precisamos dizer mais uma vez o quão surpresos nós, e toda a internet, ficamos quando o primeiro trailer de “Detetive Pikachu” surgiu na rede mundial de computadores. Ninguém botava fé na produção e felizmente fomos silenciados. Agora, um novo trailer chega para provar, mais uma vez, que estávamos todos errados.

Trazendo maiores detalhes da trama, onde Tim (Justice Smith) une forças com o Detetive Pikachu (Ryan Reynolds) para descobrir o paradeiro de seu pai, o trailer é rechecadíssimo de inúmeros pokémon das mais variadas gerações. O principal deles é o mozão Mewtwo, que surge nos segundos finais da prévia. Confira.


"Detetive Pikachu" tem estreia prevista para maio de 2019 e conta com Rob Letterman, o mesmo diretor de "Goosebumps: Monstros e Arrepios", na direção. Além de Ryan Reynolds, Ken Watanabe, Justice Smith e Kathryn Newton também fazem parte do elenco.

Antes de clipe, Pabllo Vittar lança EP com remix fritadíssimo de “Buzina”

Pabllo Vittar tá fritadíssima, gente!

A drag brasileira aproveitou a madrugada desta terça (26) pra revelar o EP de remixes do seu novo single, “Buzina”, e além da canção original, presente no álbum “Não para não”, trouxe também duas versões: uma assinada pelos produtores do coletivo Brabo e outra pelo produtor maranhense Ico dos Anjos.

Na versão do Brabo, “Buzina” conseguiu ficar ainda mais frenética, adotando o som da chamada trance music: uma vertente da música eletrônica que nasceu ainda na década de 90, hoje sendo representada por DJs como Armin van Buuren e Above & Beyond. Escuta só:


Já com Ico dos Anjos, a faixa trocou suas batidas explosivas por synths simpaticamente dançantes, que passeiam bem entre as influências do pop e brega adotadas pela drag em seus principais sucessos.


“Buzina” sucede as canções “Problema Seu”, “Disk Me” e “Seu Crime” na divulgação do segundo disco de Pabllo e, ainda nesta quarta (26), ganhará seu videoclipe, com direção da dupla Os Primos.

“Shallow”, de Lady Gaga, não é a música mais premiada da história; recorde segue com Beyoncé

Quando Lady Gaga conquistou o Oscar de ‘Melhor Canção Original’ por sua música em “A Star Is Born”, “Shallow”, pipocaram comemorações quanto a música ter superado “Formation”, de Beyoncé, e se tornado a canção mais premiada da história.

Os números não eram tão exatos: alguns fã-sites da cantora falavam em 28 prêmios, enquanto outros comemoravam 32 títulos, que sairiam na frente dos 30 conquistados por Beyoncé (lista completa no fim do texto).

A notícia foi longe: nós comemoramos o feito aqui mais cedo; o G1, da Globo, deu a notícia afirmando ter como base uma matéria da Billboard e inúmeros outros sites, fóruns e fã-sites enalteceram o que corroborava um dos maiores momentos da carreira de Gaga desde o retorno com o disco “Joanne”.

Masssss fomos averiguar a informação com mais calma, afinal, estamos na era das fake news, né? E temos más notícias, que desta vez são reais.

O suposto título de música-mais-premiada-da-história de “Shallow” se baseava nesta lista aqui:


E a relação, apesar de contar com alguns prêmios incríveis, como Grammy, Oscar e Globo de Ouro, também deixa passar alguns títulos duvidosos e outros que sequer são prêmios reais, mas, sim, enquetes de sites e listas como os Melhores do Ano que publicamos por aqui, sabe?

Exemplificando: o tweet lista o ‘Vevo Certified’ de “Shallow”, que ultrapassou 100 milhões de visualizações no Youtube. Mas a Vevo, que descontinuou seu serviço como plataforma de streaming de vídeos em 2018, mantendo apenas uma parceria de conteúdo com o Youtube, não certifica vídeos desde 2015 —o último videoclipe certificado oficialmente pela Vevo foi “Uptown Funk”, do Mark Ronson com Bruno Mars. Ou seja, as visualizações são reais, mas o certificado não existe. Logo, “Shallow” não possui.


Em outro trecho da lista, temos um prêmio de ‘Best Original Song’ pela CCine Awards que, na realidade, se trata da premiação de um site brasileiro, realizada por meio de uma enquete com seus leitores online. Logo, não considerável para esse tipo de título. O caso é semelhante a outro título: de ‘Best Original Song’ do CinEuphoria, um blog português com exatos 120 seguidores. E também ao Golden Shepherd Awards (curiosidade: “golden shepherd”, em inglês, significa “pastor-alemão”), que sequer encontramos um blog ou site associado.

Rola ainda um ‘Best Song’ pelo site britânico Digital Spy que, assim como o site brasileiro citado, realizou apenas uma enquete aberta ao público. Não é uma premiação real, não conta como algo oficial.

Desta forma, na prática, cinco dos 32 prêmios comemorados não são títulos válidos, fazendo com que “Shallow” mantenha, até o momento, 27 prêmios, atrás dos 30 conquistados por Beyoncé, que segue com “Formation” como a música mais premiada da história.



De qualquer forma, ressaltamos que esses títulos em nada mudam a maneira como consumimos ou admiramos as duas músicas e que, com esta matéria, nossa intenção não é compará-las qualitativamente, colocando as cantoras e seus fãs uns contra os outros, mas, sim, reforçar nosso compromisso com a veracidade das informações aqui compartilhadas.

Mas se você for daqueles fãs que se preocupam sim com premiações e as usam como argumentos em discussões de fóruns e afins, guarda essa informação aqui: com “Shallow”, Gaga se tornou a primeira artista da história a conquistar os prêmios BAFTA, Globo de Ouro, Grammy e Oscar numa mesma temporada. O que é muitíssimo bacana e admirável também. Mete um gif da Gretchen no final e tá tudo certo.

LISTA DOS  30 PRÊMIOS DE “FORMATION”

A-List Award for Best Moving Image Advertising
AICE Award for Best Music Video
ASCAP Rhythm & Soul Award for Award Winning Hip Hop/R&B Song
BET Award for Video of the Year
BET Viewer's Choice Award
BET Centric Award
Cannes Lion's Excellence in Music Video
Clio Award for Video of the Year
Cultural Diver Award for Impact on Pop Culture
GRAMMY Award for Best Music Video
Kinsale Shark Award for Best International Music Video
Kinsale Shark Award for Best Directing in an International Music Video
London International Award for Best Music Video
London International Award for Best Direction
MTV Video Music Award for Video of the Year
MTV Video Music Award for Best Pop Video
MTV Video Music Award for Best Direction
MTV Video Music Award for Best Cinematography
MTV Video Music Award for Best Editing
MTV Video Music Award for Best Choreography
Music Society Award for R&B/Soul Recording of the Year
NAACP Image Award for Outstanding Music Video
National Film & Music Award for Video of the Year
One Show Award for Best Music Video
One Show Award for New Trends
Soul Train Award for Video of the Year
Soul Train Award for Song of the Year
UK Music Video Award for Best Styling in a Music Video
WatsUp Africa Music Video Award for Best International Video
Webby Award's People's Voice Award

A decadência de Lady Gaga! Cantora vence seu primeiro Oscar por parceria com Bradley Cooper em “Shallow”

Gente, tem como não ficar feliz pela Gaga? Não tem, não!

Na noite do último domingo (24) aconteceu mais uma edição do Oscar, a maior e mais respeitada premiação do cinema, e depois de tanto se preparar para este momento, Lady Gaga finalmenteee levou a sua primeira estatueta dourada, por conta da canção “Shallow”, com Bradley Cooper. A dupla concorria na categoria de Melhor Canção Original.

Gaga, que nos últimos anos se dedicou a mostrar o quanto era maior e mais relevante que todos os adjetivos que ganhou pelos hits e visuais controversos que marcaram sua carreira, brilhou como ninguém com a estreia nas telonas de “A Star is Born” e, antes do Oscar, já havia faturado também um Globo de Ouro e Grammy pela mesma canção.



Atualmente, Lady Gaga trabalha em seu sexto disco de inéditas, sucessor de “Joanne”, que neste ano garantiu um Grammy pra cantora. Passada uma fase mais introspectiva, espera-se que esse álbum leve a Gaga de “Shallow” e “Million Reasons” de volta para as pistas, já contando com produções de nomes como SOPHIE (Charli XCX, Madonna), Bloodpop (a própria Gaga, Grimes, Justin Bieber) e Boys Noize (Skrillex, Depeche Mode, N.E.R.D).

Pra fechar, a gente te deixa com essa imagem que ilustra um momento de paz e celebração na música pop:




Uma publicação compartilhada por It Pop! (@instadoit) em

Atualização: na versão original desta publicação, informamos que a canção de Lady Gaga havia quebrado o recorde de Beyoncé como a ‘música mais premiada da história’, mas houve um engano e essa informação não é verdadeira. Entenda melhor nesta outra matéria. 

MC Loma volta com “Malévola” e bate mais de 2 milhões no Youtube em menos de 24h

Ela voltooou, gente! E já chegou com tudo!

MC Loma e as Gêmeas Lacração, do hit “Envolvimento”, estão finalmente de volta e, após muitos pedidos, apresentaram na noite deste domingo (24) o videoclipe do seu single de retorno, “Malévola”, que será também a aposta do trio para este carnaval.

Como a própria letra diz, “as definições de hits foram atualizadas, papai!”, e não é pra menos. Quando viralizou com “Envolvimento”, Loma ganhou o apoio de nomes como Kondzilla, famoso por ser um dos maiores termômetros para hits do funk no Youtube, onde mantém um dos maiores canais do mundo na plataforma, e Anitta, que até dividiu palco com a menina.

Após o primeiro hit, ela ainda trabalhou com artistas como Pankadon (dupla formada pelos produtores de Pabllo Vittar e Iza, Pablo Bispo e Sérgio Santos) e Jerry Smith, fora ter levado pra todo o Brasil a tendência do bregafunk, que ditou hits como “Amor Falso” (Aldair Playboy), “Jogo do Amor” (Bruninho) e “Quem Me Dera” (Márcia Fellipe e Jerry Smith).

O meio desta história não foi dos melhores: as meninas foram passadas pra trás por um contrato abusivo, que não repassava seus ganhos de maneira justa, e se viram proibidas de cantarem pelo resto do ano, a menos que pagassem uma multa que chegava nos R$3 milhões. E agora, com toda essa questão aparentemente resolvida, elas atendem ao pedido do público com o que esperam ser seu hit do carnaval.

Na música nova, a fórmula é conhecida: a sonoridade brega continua enaltecendo a cultura pernambucana, enquanto a letra gruda que nem chiclete, sem perder o tom imperativo que só te permite uma coisa: dançar e se divertir tanto quanto elas fazem em seus videoclipes.

“Malévola”, em menos de 24 horas, ultrapassou 2 milhões de visualizações no Youtube, onde também permanece no topo dos “vídeos em alta”, que revela as tendências da plataforma. A música ainda não foi disponibilizada em outros serviços de streaming, mas, de certo, é mais um passo certeiro na ainda recém-estreada carreira das meninas.

Taylor Swift posta foto enigmática no Instagram e nova era pode estar prestes a começar

Taylor Swift normalmente reserva seus comebacks para o final do ano, mas parece que em 2019 ela vai fazer as coisas um pouquinho diferente. Isso porque a artista postou nesse domingo (24) uma foto bem enigmática em seu Instagram, dando a entender que tem algo chegando em breve.

Toda trabalhada no mistério, a foto de Taylor traz 7 coqueiros, no que seria uma alusão aos seus sete discos: seis já lançados e o sétimo que está pra chegar. A legenda confirma o que estamos vendo, sendo compostas de 7 emojis de coqueiros.


Você entendeu alguma coisa? Porque a gente não entendeu nadinha. 

É claro que as teorias já começaram a tomar conta da internet. Tem quem diga que o tema bem “verão” da foto é pra sinalizar que o novo disco chegará durante o período dessa estação lá nos Estados Unidos, ou seja, a partir do final de junho. Teve até quem tenha ido mais longe e dito que os quatro conqueiros de um lado representam seus álbuns country, enquanto os dois do outro simbolizam os pop. No meio, o maior coqueiro simbolizaria o novo material, que seria uma mistura das duas sonoridades. Será?

Nos resta ficar de olho nos próximos passos de Taylor, porque esse ano, já sabemos, teremos o sucessor do “reputation”.

Crítica: o filme trans “Garota” e quando local de fala não é garantia de competência

De todas as letras da sigla LGBT, o "T" é o que ainda está um pouco atrás no quesito produção cinematográfica. Mas nos acalmemos: o cinema trans, felizmente, vem crescendo ano a ano, não só em termos de produção, mas também em qualidade. Só vermos "Uma Mulher Fantástica" (2017), o primeiro longa trans a vencer o Oscar de "Melhor Filme Estrangeiro" ano passado - e merecidamente. A obra chilena foi aclamada mundo afora tanto pelo filme em si como por um detalhe relevante: sua protagonista, a fabulosa Daniela Vega, é uma mulher trans.

Essa é uma discussão que circula a indústria: buscar artistas LGBTs para realizarem filmes LGBTs. A problemática é moderna, e demonstra como o público está consciente da importância por trás da representatividade, porém, um efeito extremista vem sendo posto na mesa. Podemos observar bem com as críticas ao redor de "Garota" (Girl), escolhido da Bélgica para representar o país nas premiações internacionais. Indicado ao Globo de Ouro e vencedor de vários prêmios no Festival de Cannes 2018, incluindo a Queer Palm, mostra exclusiva para longas LGBTs, o filme tem sido desvalidado por sua protagonista, Lara, ser interpretada por um garoto cis, Victor Polster.

Somando a isso, o diretor da fita, Lukas Dhont, também é um homem cis. O resultado? "Garota" foi taxado de "filme trans para pessoas cis", um limitador alarmante. Sim, eu também sou um homem cis, contudo, me preocupo fortemente com representações diversas no Cinema, principalmente no meio LGBT, já que estou dentro dessa população. Fui assistir a "Garota" receoso, esperando um trabalho que transforma sua protagonista em objeto, não em sujeito. Felizmente, obtive o oposto.

Antes mesmo de entrar nos trâmites da narrativa, preciso discorrer sobre o processo de produção de "Garota". Em primeiro lugar, a ideia do filme surgiu quando Dhont quis fazer um documentário sobre a vida de Nora Monsecour, bailaria trans belga. Ao declinar a proposta, Monsecour se uniu a Dhont para criarem um filme de ficção baseado na vida da mulher, com a própria Nora sendo co-roteirista (apesar de pedir para ser deixada de fora dos créditos).

Só isso derruba o argumento de "cisgenerização" do filme: há uma base sólida de fundamentação do que está na tela. Mesmo evitando a mídia, Nora foi a público dar diversas entrevistas defendendo o filme, que dividiu a comunidade LGBT e recebeu pesadas retaliações. Todavia, até mesmo a escalação de Victor Polster é justificada. A produção fez testes com 500 pessoas, e só 7 delas eram mulheres trans. Polster nem estava nesse grupo, e sim naquele que fez a audição para os bailarinos figurantes - ele é dançarino profissional. Nora escolheu pessoalmente Polster como protagonista juntamente com os produtores e estava presente nos sets durantes as filmagens.


Aonde quero chegar com tudo isso é: nós não podemos dizer quem pode falar o que dentro da arte. Não devemos segregar temáticas para determinadas pessoas em nome da inclusão, porque, ao invés de incluirmos, estamos excluindo. A celebração da diversidade deve ser posta na mesa por quem quiser celebrá-la. Sebastián Lelio, diretor de "Uma Mulher Fantástica", não é trans, e isso não o impediu de realizar um filme maravilhoso.

É claro, a vivência de alguém trans rende muito mais ao contar uma história trans que a imaginação de uma pessoa cis, todavia, querer silenciar "Garota" por não ser dirigido e protagonizado por trans é um desserviço. Isso só vira algo ruim em três pontos. 1: quando a produção tem condições de recrutar artistas que fazem parte da minoria em específico; 2: quando o tratamento dado para essa minoria é desrespeitoso e; 3: quando o trabalho desse artista que emula a minoria é ruim.

Temos exemplo de filme que tem os três pontos na ficha? Temos sim, "A Garota Dinamarquesa" (2015). O filme sobre uma das primeiras mulheres trans a se submeter à cirurgia de resignação sexual é dirigido por Tom Hooper (ganhador do Oscar), protagonizado por Eddie Redmayne (ganhador do Oscar) e distribuído pela Universal (uma das maiores produtoras do planeta). A escolha do diretor e do ator foram feitas, também, por motivos mercadológicos. Seus trabalhos - sim, entrando na enorme esfera da subjetividade - são rasos e injustificáveis. Mesmo dando visibilidade, "A Garota Dinamarquesa" é ruim dentro do cinema trans.

Durante a sessão de "Garota", fica visível a preocupação dos envolvidos em dar um respeitável trato à vida de Lara, de 15 anos. Logo em uma das primeiras cenas, a vemos furando as orelhas, ação tão simplória, mas que ainda define bastante nossas barreiras de gênero - ela, por ter nascido "homem", não teve as orelhas furadas quando pequena. Lara vive em um ambiente bastante acolhedor, com seu pai, Mathias (Arieh Worthalter), trabalhando duro para compreender sua transexualidade. Ela a leva às consultas e demonstra preocupação com a saúde da filha.

Só que Lara, no pico da adolescência, está cansada da espera. Seu corpo é uma prisão, e ela quer ao máximo passar logo pela cirurgia de resignação - e não de "mudança de sexo", como é popularmente chamada. O roteiro explica com detalhes os procedimentos que ela será submetida, gerando efeitos distintos e curiosos. O pai fica aflito com a descrição da cirurgia, complexa, demorada e de pós-operatório longo, no entanto, para Lara, é música para seus ouvidos. A ânsia de se encarar no espelho e se sentir totalmente realizada com o corpo é maior que qualquer medo da maca médica.


Lara também passa pela terapia com um psicólogo especializado na vivência trans. Particularmente, busco me aprofundar em relatos de pessoas transgêneras sobre tanto sua visão de mundo como as etapas que passam na vida, e o filme é fidedigno quando entra na terapia: sua função é fazer com que Lara entenda seu corpo e consiga dialogar de uma maneira mais pacífica consigo mesma. A questão é que ela trata a ideia da cirurgia como um deus ex machina, aquilo que vai resolver todos os seus problemas.

Acho que o serviço mais importante que "Garota" faz no âmbito da educação básica da plateia é quando Mathias pergunta se Lara está interessada em algum menino da escola. Ela rapidamente responde "Como você sabe que eu gosto de meninos?". A cena, bem descontraída, é uma pontuação clara de que identidade de gênero e sexualidade são coisas totalmente distintas, uma confusão recorrente.

E tem, também, o balé. A melhor óptica dessa arte no Cinema desde "Cisne Negro" (2010), "Garota" encontra sucesso ao embarcar na rotina de treino de Lara. A fotografia requintada, ainda melhor pelo trabalho de edição, observa o corpo da protagonista sem a sensação de fetichismo - como temos em "Love" (2015) -, e essa observação é inevitável. No balé, o instrumento que produz a arte é o próprio corpo. Além disso, há gritante binarismo dentro da dança, o que faz a existência de Lara ali ainda mais rica.

Com a pesada rotina de treinos, Lara entra numa espiral de ansiedade. Ela aumenta por conta própria a dosagem de hormônios que toma e fica obcecada por uma mudança imediata. A pressão externa massacra - ela está diariamente rodeada de meninas com corpos que ela mesma deseja ter -, o que aumenta ainda mais a pressão interna. Quando mal notamos, o balé deixa de ser algo gracioso e prazeroso para virar um desconto físico da menina. Cada passo que destrói os seus pés existe para esconder a dor psicológica que a consome.


O contexto aqui empregado é prisma do quão ainda estamos despreparados para entender a transexualidade. Mesmo em uma realidade favorável - com boas condições financeiras e uma família acolhedora -, Lara está afogada em dilemas. Ela se distancia do pai e acompanhamos sua lenta danificação emocional, que vai ecoar no físico. Muitas críticas apontam o dedo para isso, chamando o filme de estereotipação da riqueza, o que acho patético. Os conflitos emocionais de uma pessoa LGBT podem ser atenuados pelo contexto em que ele habita, mas não é uma certeza de pacifismo. A relação que temos conosco é muito profunda para ser resumida dessa forma. Até mesmo a maneira como a crítica enxerga o filme, em pólos tão distintos, é sinal da necessidade que ainda temos em ampliar os estudos do tema.

Enquanto mantinha um olhar clínico em cima de Victor Polster, lembrava de "Tomboy" (2011), que possui a situação oposta: é um filme sobre um menino trans interpretado por uma menina cis. E, assim como Zoé Héran - protagonista de "Tomboy" -, Polster está magnífico no ecrã. Sua entrega é louvável, tanto nas complicadas sequências de dança como nos vários momentos em que ele dá vida àquela menina trans cheia de bloqueios. Há verdade, há paixão e há excelência em tudo que está ao seu redor. Ele é um dos raros exemplos de atores cis a fazerem jus à escalação em papéis trans, como Felicity Huffman em "Transamérica" (2005) e Georges Du Fresne em "Minha Vida em Cor-de-Rosa" (1997). Mas sim, precisamos de mais Danielas Vegas e mais "Tangerine" (2015), interpretado também por atrizes trans.

É importante lembrarmos que as críticas (tanto positivas quanto negativas) ao redor de "Garota" são válidas e ajudam no crescimento no que tange esse - ainda - tão complexo tema que é a transexualidade. A sessão é impactante não só pelo o que a fita mostra, mas pelo o que ela gera como sensações, navegando pelas ansiedades, medos e momentos mais obscuros que um LGBT passa ao se ver em uma sociedade que não está capacitada para entendê-lo. Porém, a maior lição que retirei de "Garota" foi óbvia: o local de fala é importante, mas não garante coisa alguma, principalmente se tratando de expertises artísticas. Sua bagagem não vai, necessariamente, fazer um bom filme. Felizmente, não foi o caso de "Garota", um delicado filme baseado na vivência de uma real mulher trans, não uma fantasia erotizada de uma pessoa cis.

Já nasceu aclamado: Emily Blunt volta como protagonista em "Um Lugar Silencioso 2"

Com o sucesso de “Um Lugar Silencioso”, John Krasinski já engatou sua sequência, porém pegando uma galera de surpresa ao anunciar que o novo filme teria uma história e personagens completamente novos, podendo então não trazer Emily Blunt de volta. Felizmente, tudo pudemos naquele que nos fortalece e a atriz de “A Garota no Trem” está confirmadíssima.

O Deadline não somente garante a volta da atriz como também garante a volta de Krasinski na direção. Aliás, o ator, diretor, roteirista e produtor postou em seu Twitter uma foto anunciando a data de estreia: 15 de março de 2020. As filmagens tem previsão de início em julho deste ano.


Com a notícia, Emily Blunt retorna ao papel de Evelyn Abbott que lhe rendeu o merecido prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante pelo Screen Actors Guild Awards neste ano. Emily, tu já pode separar o vestido para pegar o prêmio em 2021, gata.

NÃO SAIA ANTES DE LER

música, notícias, cinema
© all rights reserved
made with by templateszoo