Demi Lovato quer saber o que achamos de um novo single... retirado de um novo álbum

Você notou que Demi Lovato está a toda nas últimas semanas? Só na sexta-feira passada ela lançou duas novas parcerias, "Fall In Line", com a Christina Aguilera, e "Solo", com o Clean Bandit, além de estar prestes a liberar mais uma, dessa vez com o Marshmello. Mas apesar de toda a movimentação em sua carreira, nada disso é, de fato, para um trabalho propriamente seu.


Parece que o motivo dessa falta de divulgação própria é que ela já está trabalhando em um novo material, mesmo que tenha lançado o "Tell Me You Love Me" há menos de um ano. "Eu estou em processo de produção do novo álbum, então estou ouvindo minhas novas músicas, tipo, fazendo anotações, focando em minhas próprias coisas", disse em recente entrevista. Ela até parou de seguir seu empresário em todas as redes sociais, o que pode indicar mesmo que um novo CD, com uma equipe diferente, está por vir.


Mas a novidade gerou um pouco de receio nos fãs. O "TMYLM" contou apenas com dois singles, o hit "Sorry Not Sorry" e a faixa-título. Enquanto a primeira foi bem divulgada, a segunda ficou apagada, ao mesmo tempo em que Demi entrou imediatamente em turnê. Desde então, ela não se pronunciou sobre um terceiro single, repetindo e até piorando a divulgação fraca que costuma apresentar em seus trabalhos, só que, dessa vez, deixando de lado o seu melhor disco até então, com muitas músicas com potencial para serem singles.

Como Demi Lovato é uma blogueirinha nata e está sempre atenta aos burburinhos, ela aproveitou esta quinta-feira (24) pra jogar um questionamento em seu Twitter e, claro, sumir logo depois:


"Por falar nisso, vocês não preferem ter NOVAS músicas de um NOVO álbum e escolher um NOVO single entre elas?!"

Já que ela perguntou pra todo mundo, nos sentimos na obrigação de responder. E, sinceramente, não.

Como ex-estrela da Disney, Demi demorou bastante para se encontrar artisticamente, e do pop rock de seus trabalhos iniciais até o pop chiclete do "Confident", foi somente em seu sexto (!) disco que nós realmente demos de cara com a versão de Demetria que estávamos esperando ver desde o início de sua carreira. O "Tell Me You Love Me" é um trabalho coeso, sincero, que explora facetas nunca antes vistas dela e que ainda traz músicas de grande potencial, como "Sexy Dirty Love", "Daddy Issues", "Ruin The Friendship" e "Cry Baby", para citarmos algumas.


Mas o buraco é um pouco mais embaixo. Não é só frustrante vê-la abandonar o seu melhor trabalho, como evidencia um problema recorrente na carreira dela. Tudo acontece muito rápido para Demi e, justamente por isso, nada fica.

Sejamos honestos: muitos de seus álbuns anteriores são bem descartáveis, salvando uma música aqui e outra acolá. Por mais que tenha lançado um ótimo disco e tenha bons momentos, ela ainda não conseguiu criar algo que seja icônico ou memorável, não porque não seja boa ou porque não tenha capacidade, mas porque ela mesma sabota suas oportunidades pulando sempre de um projeto para outro e se mostrando com pouca visão do que é de fato música pop e de como símbolos são importantes nesse processo.

Ainda que tenha "um pacote completo", Demi não consegue se estabelecer visualmente e isso é uma das maiores falhas de sua carreira. Talvez, além de observar e admirar voz e presença de Christina Aguilera, ela deva começar a olhar também para esse senso que a ídola e agora amiga tem de sobra - "Stripped" que o diga.



Mas, ok, vamos dar um desconto. Demi Lovato é talentosa, inteligente, tem uma boa voz, uma ótima presença, boas letras, sabe o que quer fazer agora que se entendeu e ainda tem muita carreira pela frente. Vamos acreditar que a convivência com Xtina a fez ter ideias grandiosas para seu próximo álbum e que agora vai. Ou, pelo menos, vamos torcer por isso para que, assim, a vejamos alcançar todo o seu potencial como estrela pop. Estamos confiando em você, Demi. 

Normani cria playlist com inspirações para seu disco de estreia e, de Beyoncé a Janet, só tem hinos

Atualmente trabalhando em seu primeiro disco solo, Normani, ex-Fifth Harmony, deu um gostinho do que podemos esperar de sua carreira durante o Billboard Music Awards, quando ela apresentou “Love Lies”, sua parceria com o Khalid, e fez ISSO AQUI:

!!!!!!!!!!!!!!!!11!!1!

Nesta quinta-feira (24), Normani fez mais e liberou em seu perfil no Spotify uma playlist com todas as suas inspirações para o seu aguardado primeiro álbum.

Baseado no que a cantora sempre citou como referências e em sua performance no BBMAs, não seria surpresa pra ninguém se o disco tivesse influências claras de artistas como Beyoncé e Janet Jackson. Mas ela foi além e trouxe muitas faixas de Rihanna e Jennifer Lopez, passando por Mýa, Aaliyah, Missy Elliot, Eve e até a rainha Ms Lauryn Hill.

Entre as escolhidas como inspirações de Normani, temos clássicos como “I’m Still In Love With You”, do Sean Paul, “The Boy Is Mine”, da Brandy com a Monica, além de muitos hits memoráveis da Beyoncé, como “Check On It”, “Baby Boy” e “Beautiful Liar”, com a Shakira. Só hinos! 



Isso é o que queremos ver Normani fazer em sua carreira solo.

A playlist foi criada em parceria com o Secret Genius, do Spotify. O programa organizou recentemente um workshop de três dias em Los Angeles com vários estúdios, no mesmo estilo do "cativeiro de composição" que muitas cantoras vem fazendo, onde Normani teve a chance de trabalhar com diversos nomes interessantes, como London On The Track e Yo Pierre.

Sobre o disco, Normani conta que reconhece a dificuldade de trazer inspirações do passado, mas está pronta para fazer todas essas influências funcionarem em conjunto.

Algumas vezes pode ser assustador e eu fico tipo "Vai funcionar?". É um risco que estou disposta a correr porque eu acredito muito nisso. Eu sou destemida. Eu tenho uma visão muito clara de como eu quero que esse trabalho soe e agora é hora de executar. Eu não me importo com o quanto vai demorar, porque a primeira impressão é a que fica. 

Se depender da playlist, vem um hinário por aí, e nós estamos mais do que prontos para fazer dele #1 em nossos corações. 

É sério, fizeram um remix de “Chun-Li”, da Nicki Minaj, com a abertura de “iCarly” kkkk

A gente sabe que a Nicki Minaj tá promovendo os singles “Chun-Li” e “Barbie Tingz”, abrindo os trabalhos do seu disco novo, “Queen”, mas o que ninguém esperava, era esse remix da música nova da rapper com ninguém menos que a turma do iCarly, aquela série da Nickelodeon protagonizada pela Miranda Cosgrove.

Esse remix, chamado “iChun-Li” (hahahahah!) apareceu na nossa timeline do Twitter e simplesmente não poderíamos seguir nosso dia sem dividir esse achado com vocês.

Olha só:


HAHAHAHAHAHA, que sensacional, gente! Amamos demais!

Já tem algum tempo que iCarly tem voltado a chamar atenção pela internet, principalmente por conta do fã-clube brasileiro “iCarly312”, que lidera um movimento com bilhões de fãs brasileiros da série, que imploram pela vinda do elenco inteiro ao país. Vale seguir o Twitter e acompanhar o andar dessa petição.

Sobre a Nicki Minaj, a gente não quer falar mais nada. Quem sabe ela não chama a Miranda pra fazer uma participação nesse disco novo, né?

Eu sou professora de dança! Azealia Banks só quer saber de dançar no clipe de “Anna Wintour”

Azealia Banks finalmente divulgou o clipe do seu single mais recente, “Anna Wintour”. A faixa, que homenageia o grande ícone da moda, foi muito bem recebida pela crítica e tem tudo pra ser um grande sucesso. Até a modelo Naomi Campbell postou em seu stories do Instagram que estava ouvindo a música.

No clipe, Azealia mostra o melhor de seu lado dançarino e arrasa na coreografia. Em um certo momento, ela ainda pega o característico megafone que usa em performances como a de “Yung Rapunxel” em seus shows.



“Anna Wintour” é o primeiro single do “Fantasea II: The Second Wave”, sucessor da primeira mixtape da cantora lançada em 2012.

Cleo fala sobre comparações com Lana Del Rey: “Acho que você absorve algo dos artistas que gosta”

O que cês tão achando da Cleo cantora?

Até então conhecida por seu trabalho como atriz, a brasileira lançou há alguns meses o seu primeiro EP, chamado “Jungle Kid”, e em suas cinco faixas, buscou passear por suas influências e gosto musical, indo do pop ao rock alternativo, tudo com uma áurea pra lá de misteriosa e sensual.

Sem tempo a perder, bastou uma semana pra que o álbum emplacasse várias faixas entre as virais do Spotify, com destaque pra canção “Bandida” que, sem mesmo ser single, entrou para a lista viral da plataforma mundialmente.



Pra promover esse trabalho, Cleo realizou na última semana um evento de lançamento com direito à coletiva de imprensa e um pocket-show bem intimista, se abrindo um pouco mais sobre essa nova fase da sua carreira.

“Eu sempre quis cantar. Comecei a escrever aos 12 anos, tive uma banda na adolescência, e escrevo desde então, aí chegou uma hora que tomei coragem de fazer o que eu queria”, dividiu a cantora.


Sobre comparações com outras artistas e, em especial, com a cantora Lana Del Rey, Cleo garante que não passou de uma grande coincidência.

“Acredito que tenha sido uma coincidência”, explicou. “Ouço Lana desde antes dela ser Lana Del Rey, acho que você absorve alguma coisa dos artistas que gosta, mas quando falam isso, acho que até pode ser, porque eu realmente a ouço.”

Prestes a voltar para a TV, estrelando uma nova novela, Cleo agora pretende conciliar o seu tempo entre as câmeras e palcos:

A princípio quero fazer shows, sim! Eu gosto de cantar, eu gosto de estar com a banda, gosto do microfone, da preparação, eu gosto bastante de tudo isso. Talvez eu consiga um tempinho de domingo.

E, entre suas referências, ela cita Marilyn Manson, Gwen Stefani, grandes nomes da MPB e JLo que ,segundo ela, é seu “spirit animal”.

Eu queria soar diversa, como o Caetano Veloso que faz de tudo, acho isso muito legal, ele foi uma grande influência. Eu também queria ter uma presença muito única e inteira, como da Mara Bethânia, que também foi uma influência pra mim.

Após a coletiva, a cantora realizou seu primeiro pocket-show, apresentando todas as faixas de seu EP, que está disponível para streaming no Spotify.

O Diplo não descansa e já tá de single novo com o projeto Silk City, ao lado de Mark Ronson

Ele não para! Menos de um mês após se juntar à Sia e Labrinth no trio LSD e lançar as maravilhosas "Genius" e "Audio", Diplo deu início ao projeto Silk City, ao lado do também produtor Mark Ronson, que produziu o hit "Uptown Funk", com Bruno Mars, e "Perfect Ilusion", de Lady Gaga.

O primeiro single, "Only Can Get Better", que traz a participação do cantor Daniel Merriweather, tem uma vibe disco, bem diferente do que os dois artistas vinham fazendo em seus trabalhos anteriores. O clipe da música também já foi lançado e traz cenas distorcidas de um passeio noturno por uma cidade:



Em entrevista à revista GQ, o lider do Maejor Lazer falou um pouco sobre o rumo que o novo projeto deve tomar:

“Sabe o álbum que eu fiz com o Skrillex, Jack Ü? Eu e Mark estamos tentando fazer algo parecido com disco music.”


No próximo mês, eles devem fazer a primeira apresentação juntos no Governor's Ball Festival, em Nova York.

E só pode melhorar. Em entrevista à Billboard, o duo revelou que em breve poderemos ouvir uma colaboração deles com Dua Lipa, que deve ser lançada durante o verão americano, ou seja, em algum momento entre junho e setembro. Não dá nem pra escondermos a animação.

Anitta é a grande vencedora do MTV MIAW, Pabllo Vittar fez o melhor show e Felipe Neto ainda levou umas vaias

Foto: Maurício Santana

Aconteceu, gente! Na última quarta-feira (23) rolou em São Paulo a primeiríssima edição dos Prêmios MTV MIAW 2018, que é a primeira premiação da MTV Brasil desde a sua ida para a tevê fechada, sucedendo o antigo e, infelizmente, descontinuado VMB.

Neste novo prêmio, a pegada da emissora tava longe de ser focada na música. Os tão famigerados Youtubers e influenciadores foram os donos da noite, do apresentador do evento, Whindersson Nunes, aos principais vencedores, mas ainda sobrou espaço para alguns artistas e, entre suas atrações musicais, contamos com Pabllo Vittar, Anitta, Jojo Maronttinni, Alok, Kevinho e Tropkillaz.



Sem grandes surpresas, a maior vencedora da noite foi a cantora Anitta, que abocanhou os troféus por Artista Musical, Feat do Ano e Hino do Ano; na cola da malandra, quem também recebeu três prêmios foi Felipe Neto, que subiu ao palco para agradecer ao maior prêmio da noite, a categoria Ícone MIAW, e foi recebido com muitas vaias, que não cessaram até que o cara deixasse o palco.



O momento desconfortável foi um dos poucos que nos levaram de volta ao VMB, quando rolou algo parecido com a banda Restart que, naquela época, tinha como um de seus “haters” o próprio Youtuber. Situação difícil de contornar, né? ¯\_(ツ)_/¯

Ainda entre os prêmios que vale citarmos, a vereadora Marielle Franco, brutalmente assassinada há dois meses, no Rio de Janeiro, foi homenageada na categoria Transforma MIAW, com direito a discurso da sua filha, Luyara, ao lado da atriz Taís Araújo; a Aposta Digital ficou nas mãos da Blogueirinha de Merda e, concorrendo ao título #Prestatenção (Artista Revelação), o cantor Jão também levou a sua primeira estatueta.



Falando das performances, nosso destaque fica para a cantora Pabllo Vittar, que se apresentou ao lado do coletivo ÀTTØØXXÁ e, além de ser sido uma das poucas atrações que realmente cantaram ao vivo, entregou um show impecável, performando os hits “Então Vai” e “Elas Gostam (Popa da Bunda)”. Já queremos o mashup no nosso Spotify até a próxima sexta-feira.

E como nem tudo é comemoração, aproveitamos o espaço pra expressar nossa insatisfação com a ausência de rappers negros na premiação. Em um ano de artistas como Rincon Sapiência, Baco Exu do Blues, Drik Barbosa, Gloria Groove, Karol Conka, Rico Dalasam e tantos outros em atividade, chegou a ser vergonhoso assistir a apresentação de nomes como Haikaiss, 1Kilo e aquele projeto pós-Post Malone do Youtuber Christian Figueiredo. Esperamos que, na próxima, essa seja uma preocupação para a emissora.



Os Prêmios MTV MIAW 2018 serão exibidos na televisão na noite desta quarta (24), obviamente, na MTV Brasil. 

O clipe de "Fall In Line", de Christina Aguilera e Demi Lovato, é uma lição de empoderamento e sororidade

Christina Aguilera e Demi Lovato não tem pena da gente. Depois de destruírem nossas vidas com a gente na primeira apresentação de “Fall In Line”, no Billboard Music Awards, elas agora voltam para mais um round nesta quarta-feira (23), com o clipe poderoso e emocionante da canção. 

A produção se passa em um mundo distópico que nos lembra bastante a série "The Haindmaid's Tale". Na história, Xtina e Demi são amigas de infância que, ainda quando crianças, brincam em um campo, livres, e são raptadas por homens. Colocadas em um bunker debaixo da terra, elas sobrevivem em celas e fazem tudo o que eles mandam, sendo subjugadas e tratadas como objetos.

Mas, como ambas falam na música, elas tem direito de mostrar sua força e, juntas, viram o jogo e conseguem, enfim, se libertar. Um conceito bem simples para uma lição importante sobre empoderamento feminino e sororidade. Sigamos juntas! <3


“Fall In Line” é o primeiro single do novo disco de Christina, “Liberation”, que chega em pouco menos de um mês, no dia 15 de junho. A libertação tá só começando, galera!

Crítica: "Eu Não Sou um Homem Fácil" garante reflexão sobre igualdade de gênero, mesmo se limitando

Damien (Vincent Elbaz) é um homem que carrega todos os arquétipos do patriarcado: machista, assediador, joga cantadas em qualquer ser humano do gênero feminino que encontra pela frente e é louvado pelos outros machos da espécie pelo alto índice de "pegações" que possui. Damien é o rei de sua selva. Porém, após um acidente, ele acorda num mundo virado às avessas: são as mulheres que mandam e desmandam. Ele vai então provar do universo matriarcal enquanto, claro, aprende uma coisa ou duas.

"Eu Não Sou um Homem Fácil", de Éléonore Pourriat, é uma das novidades da Netflix - e um dos poucos filmes em francês do catálogo original. A obra, derivada de um curta da diretora, não é de difícil conexão, gerando déjà vu rapidamente ao esbarrarmos na premissa. O Cinema já explorou diversas vezes o macete de trocar os personagens de lugar ou situação para que uma epifania moral ou social aterrisse em suas cabeças: desde "Sorte no Amor" (2006) até o nacional "Se Eu Fosse Você" (2006), esse sub-sub-gênero quase sempre, também, abraça a comédia como gênero base.


Das comédias pastelão das matinês da tevê até os legítimos nomes da Sessão da Tarde, esses filmes visam, além de entreter, inserir as mesmas epifanias dos personagens na cabeça do público, o que geralmente é bem vindo. "Homem Fácil" não foge à essa regra. É escancarado o seu objetivo: criticar o patriarcado, o machismo e a misoginia. Resumindo, a desigualdade de gênero.

O que observei em muitos comentários sobre a obra foi a maneira que ela é absorvida a partir do parâmetro de língua. Por ser em francês, o filme automaticamente ganha um status mais "cult" - ou menos "pipoca", como queira. Se fosse exatamente o mesmo roteiro, porém em inglês e com um George Clooney e uma Sandra Bullock como protagonistas, o todo seria degustado de maneira diferente - e eu não estou isento a esse fenômeno. É curioso notarmos esse efeito, como se o nível de acesso da língua ditasse também a percepção do todo - um filme em croata?, uau, que culto. Mas lá na Croácia, os diferentões somos nós falando português. Pequena pontuação cultural que vale a pena ser levantada, voltemos ao filme.


A própria maneira que leva Damien para o "mundo invertido" é um traço de comédia absoluto: ele, ao se distrair com uma mulher na rua, bate com a cabeça num poste, desmaiando. A placa no dito poste, que antes exibia o nome masculino da rua, vira feminino quando o protagonista reacorda. E lá os homens dão dois beijinhos ao encontrar outras pessoas, usam roupas curtíssimas e são "paquerados" pelas mulheres, estas dirigindo carrões luxuosos e sendo as chefes das empresas. Abro um parênteses válido aqui: o filme se limita a mostrar homens heterossexuais nos poucos personagens desenvolvidos para retirar a ideia de "trejeitos" com homossexualidade. Mesmo "afeminados", eles são héteros, uma discussão mais abrangente sobre expressão de gênero, uma construção.

Sutileza não é o forte de "Homem Fácil", já deu para perceber. As situações são as mais gritantes possíveis para a obra não ter dúvidas de que a plateia entenderá o que ela quer dizer, com exceção de pequenos momentos, quando por exemplo, num jogo de poker, a carta mais importante não é o rei, e sim a rainha (!). Esses detalhes diminutos são muito mais eficientes e inteligentes que os mais escancarados, além de dar beleza ao roteiro.


Ao mesmo tempo em que as situações são gritantes, há algumas perdas de oportunidades. Os estudos sobre o gênero humano são vastos e complexos, e um dos principais artefatos de padronização de gênero é o vestuário. A produção poderia ter colocado os extremos: homens de vestidos, salto, maquiagem e afins. Enquanto as mulheres nesse mundo invertido usam ternos, os homens usam roupas masculinas, porém curtas, e possuem trejeitos femininos. A mensagem da construção de gênero não é tão efetiva pelas escolhas curtas do longa, talvez por medo de levar a mensagem longe demais e afastar o público.

Curiosamente, um viés inesperado é que Damien, ao mesmo tempo em que odeia ser subjugado socialmente, ama a libertação sexual feminina. São elas que se gabam da farta quantidade de machos que "pegam", e ele está mais que disposto a entrar para a conta. O homem sempre encontra uma forma de se beneficiar, não importa em qual universo. Porém, seus pelos, comuns aqui, são abomináveis do lado de lá, e uma mulher se nega a transar com ele por causa dos fios, uma crítica certeira para a idealização do corpo feminino: liso.

Outra inversão dos valores bastante simples e criativa é a maneira como os mamilos são vistos de acordo com o gênero. Os mamilos femininos são expostos com louvor, enquanto os masculinos são, até mesmo após o banho, enrolados com a toalha - da maneira como as mulheres do nosso mundo fazem. E as propagandas são com homens desnudos em poses sexualizadas, para satisfazer o apetite feminino.


É então que os homens se reúnem para criar grupos "masculinistas", reivindicando o direito de igualdade entre os gêneros e protestando com mamilos de plástico, o símbolo mor do poder feminino - ao mesmo tempo em que são hostilizados pelas mulheres, que gritam "Vocês não têm uma cozinha para limpar?". No meio de tudo isso, nosso protagonista se apaixona por Alexandra (Marie-Sophie Ferdane), famosa escritora que decide usar o cara como inspiração para seu próximo romance. Porém ela é a mais picareta possível, usando Damien afetiva e sexualmente apenas para escrever sobre esse estranho homem masculinista que, ao mesmo tempo, ama a dominação feminina. Como a boa Sessão da Tarde que a obra é, isso gerará as maiores encrencas.

A produção encontra o Olimpo, mesmo rasamente, quando expõe que o gênero é uma construção imposta. Achamos que todas as características ditas "masculinas" e "femininas" são detalhes inerentes do nascimento humano - de acordo com sua genitália -, entretanto, nossa existência é muito mais complexa que essas caixinhas para rotularmos uns aos outros. Toda essa discussão não consegue encontrar alta voz durante a película, sendo um produto de raciocínio extraído de fontes anteriores. O roteiro de Pourriat e Ariane Fert, no intuito de comercializar o filme, acaba cedendo à superficialidade em nome de um maior alcance de ingressos - ou, já que estamos falando de Netflix, maior número de streamings.

"Eu Não Sou um Homem Fácil" não é lá uma sessão tão memorável, terminando mais como uma reflexiva, porém limitada obra. Seus convencionalismos, didatismos gritantes e críticas fáceis são superadas pela enorme boa vontade de fazer o espectador pensar em como seria o oposto desse nosso espelho. Fazer com que os homens experimentem o que as mulheres passam diariamente - opressão, subjugação, objetificação, silenciamento, sexualização e etc - é cinematograficamente importante. Caso não abraçasse tanto a comédia e fosse um trabalho que se levasse mais a sério, sem dúvidas teria chances de figurar entre os melhores do ano ao mostrar que não importa qual gênero esteja no topo da pirâmide, de qualquer forma a desigualdade prejudicará o corpo social. Apenas uma realidade igualitária será benéfica e, assim, ajudará a essa espécie tão louca a viver de forma melhor.

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