Crítica: sexo com alienígena revela nossos preconceitos no desconcertante "A Região Selvagem"

É bastante raro vermos filmes de ficção-científica saindo de países que não sejam do eixo EUA-Reino Unido. O motivo é bem fácil de ser apontado: obras do gênero demandam, em sua maioria, de efeitos especiais, uma tecnologia ainda não tão acessível (para uma boa produção, claro). Se pegarmos este século, todos os sci-fis vencedores do Oscar de "Melhores Efeitos Visuais" ("Avatar", "A Origem", "Gravidade", "Interestelar" e "Ex Machina: Instinto Artificial") foram produzidos nesse eixo.

Então, quando vemos um sci-fi vindouro de um país fora dessa realidade, e, principalmente, feito longe dos cofres bilionários de Hollywood, é uma surpresa mais que positiva. "A Região Selvagem" é um longa mexicano que veio para provar que nem só de cifras altíssimas vive o sci-fi. O filme abre com um meteorito negro lentamente se aproximando do ecrã. A rocha gigante cai em uma montanha ao lado de uma cidadezinha mexicana (como informa a sinopse, pois não é mostrada a queda), e tal evento vai mudar a vida dos habitantes daquele lugar de forma que eles jamais imaginaram, pois, junto com o meteorito, veio um alienígena pronto para o caos e o prazer.


Concomitantemente, Alejandra (Ruth Ramos) é uma esposa dedicada à família. Mesmo não realizada sexualmente, ela vive feliz para seu marido Ángel (Jesús Meza), seus dois filhos e Fabian (Eden Villavicencio), seu irmão. O que ela não sabe é que Ángel e Fabián mantêm uma relação escondida. Fabián, que é enfermeiro, conhece Verónica (Simone Bucio), uma estranha mulher que chega em seu consultório com uma mordida na cintura, feita, segundo ela, por um cachorro. O espectador sabe que ela está mentindo, pois, na cena anterior, a vemos com um tentáculo do tal et.

Fabián e Verónica vão ficando cada vez mais amigos depois da consulta. Há uma tensão sexual partindo do lado de Verónica, sem retribuição, claro, já que Fabián é gay assumido, e essa relação começa a irritar Ángel. O homem é um retrato fidedigno de um estereótipo homossexual: aquele que se esconde atrás da fachada de "pai de família". Enciumado que o cunhado esteja com uma "namorada", Ángel, provavelmente bissexual (não vamos trabalhar com o binarismo "gay" e "hétero"), usa seu lado hétero da forma mais machista possível, humilhando Fabián sempre que pode, como na cena em que diz que não quer que seus filhos fiquem perto de Fabián para elas não se contaminarem com a "viadagem" - isso enquanto manda mensagens dizendo que deseja o cunhado. Toda a situação faz com que Fabián "termine" o relacionamento, para a revolta de Ángel. 


No dia seguinte, Fabián é encontrado inconsciente e sem roupa em um lago, e todas as suspeitas do expectador caem imediatamente sobre Ángel, mas a situação não é tão clara quanto parece. Alejandra então busca Verónica para tentar descobrir o que aconteceu com o irmão, quando descobre o caso do marido. Ela se vê entre a cruz e a espada: por um lado, devastada pela traição; por outro, sem saber como canalizar todos esses sentimentos, já que o irmão está em coma.

De uma forma bastante bizarra, ela encontra no alienígena a fuga para todo o caos que virou sua vida - sim, transando com ele. Seu "rito de iniciação" é deveras assustador: ela é drogada por um casal de idosos que cuidam do bichinho de estimação, preso num celeiro no meio do nada. Temos aqui o segundo relance da sua anatomia, entregue com pequenos enquadramentos, sem revelá-lo por inteiro.

Verónica, uma espécie de filha adotiva dos idosos, funciona como isca para levar pessoas até a criatura, já que essa a machucou durante o último encontro - e a fome (de sexo?) do bicho tem que ser saciada. Intencionalmente ou não, há uma grande alegoria sobre tráfico sexual aqui, todavia, como numa Síndrome de Estocolmo, o que poderia ser um estupro acaba se tornando algo consensual quando Alejandra agradece Verónica por tê-la levado ao et, que emana uma área sexual - a cena do bacanal de diversos animais é desconcertantemente genial - como o monolito de "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968), clara referência para o diretor, e sua influência ao redor do universo.


E é de cair o queixo como conseguiram criar um monstro tão incrível com um orçamento baixo. Desde a sua forma que lembra um polvo, até a sua textura, a sua cor e os seus movimentos criados pelo CGI, Toda a composição imagética da criatura é excepcional, icônica e, acima de tudo, real. A cena praticamente explícita do sexo entre Alejandra e o et é um dos momentos mais impactantes do ano pela crueza e veracidade - e provavelmente inspirada em "O Sonho da Mulher do Pescador", hentai de Katsushika Hokusai que mostra uma mulher transando com polvos; e, evidentemente, o clássico atemporal "Possessão" (1981).

O filme não explica inúmeras coisas, como por exemplo: o que o alien realmente quer? Ele transa com homens e mulheres, mas parece se cansar de algumas pessoas e, assim, se tornar perigoso. Não há um padrão de comportamento, com tudo soando bastante inconstante, o que o torna ainda mais temível. Verónica, temerosa pela sua vida, não pode mais transar com a criatura depois de esta tê-la mordido, no entanto, é tarde demais para a mulher: ela até tenta ter relações com homens (humanos mesmo), mas nenhum deles consegue satisfazê-la como o alienígena.


Com a notícia do coma de Fabián, não demora até que o caso dele com Ángel caia na mídia. Amat Escalante, diretor e roteirista do longa, escancara a maneira como o machismo está impregnado na sociedade: a capa inteira de um jornal é tomada pelo caso de Ángel e Fábian, e a manchete ("Traía a esposa com o cunhado: viadinho é deixado em coma por recusar sexo") revela muito. Ángel não está errado por ter traído a esposa, ele está errado por tê-la traído com um homem. E é isso em específico que o perturba, a descoberta de que ele se relacionava com o mesmo sexo.

Toda a construção de personagem de Ángel é milimetricamente feita para refletir diversas hipocrisias e preconceitos da sociedade. Em uma cena, quando Alejandra diz que o casamento acabou, Ángel pergunta furioso se ela está ficando com outro cara - ele, que traiu a esposa, querendo tirar satisfação da ex-esposa. A vã superioridade masculina, construída a gerações, faz com que o cérebro do macho ache normal ele trair a mulher, mas ela fazer o mínimo perto disso é um crime. A questão aqui é de propriedade, com o corpo feminino existindo para servir as vontades do homem.

"A Região Selvagem" é bastante hipnótico, onírico e subjetivo, deixando que o espectador crie suas próprias verdades sobre o que está na tela. Porém, no fundo, nada mais é do que uma obra sobre uma mulher se reerguendo depois de tragédias familiares e tentando sobreviver dentro de uma sociedade machista, misógina, ultrarreligiosa e homofóbica, percalços que todos nós conhecemos tão bem. É verdade, "A Região Selvagem" não cairá no gosto do grande público pela selvageria e hermeticidade, entretanto, um filme sobre mulheres que não se sentem sexualmente satisfeitas com os machos da mesma espécie e só conseguem encontrar o prazer nos tentáculos de um alienígena não poderia ser menos que obra-prima.

Little Mix continua a viver dias gloriosos com o "Glory Days: The Platinum Edition"

Quando os dias de glória chegam, o que a gente faz? Aproveita ao máximo, é claro! Por isso, as meninas do Little Mix relançaram hoje, 24 de novembro, seu álbum de maior sucesso até então, o "Glory Days", em uma nova edição chamada "The Platinum Edition". E, com relançamento, vem sempre músicas novas. 

Para essa versão especial, a girlband apostou em 3 canções inéditas.  A primeira, "If I Get My Way" é uma faixa midtempo que mistura elementos de tropical house, todos bastante utilizados no "Glory Days", numa mistura de "No More Sad Songs" e "Nobody Like You" que funciona muito bem.

 
A segunda, "Is Your Love Enough?", foi a que recebeu mais atenção das meninas nas redes sociais e ganhou diversas prévias nas últimas semanas, o que indica que este é, provavelmente, o primeiro single desse relançamento. E faz sentido. A canção, também bastante tropical, tem elementos de reggaeton e um pouco de mariachiti no refrão, o que a faz soar bem latina, pegando carona no sucesso do remix de "Reggaeton Lento", com a banda CNCO, que também está na nova versão do álbum.



A última faixa do relançamento, "Dear Lover", é bem mais eletrônica do que as outras. Seu refrão parece bem simples, acompanhado de um violão, mas depois a música explode em uma batida de house progressivo que nos lembrou bastante "Lonely Together", do Avicii com a Rita Ora (com um pouquinho de tropical, é lógico).


Em resumo: as meninas pegam o feijão com a arroz que todo mundo faz, e fazem muito melhor.

O "Glory Days: The Platinum Edition" traz também os remixes de "Touch", com Kid Ink, "No More Sad Songs", com Machine Gun Kelly e, "Power", com Stormzy, além de um documentário que mostra os bastidores da gravação do álbum e da turnê.

Dias gloriosos mesmo, viu?

E aí, a P!nk se inpirou na Anitta com o clipe de “Beautiful Trauma” ou estamos viajando?

Ao lado do ator Channing Tatum, a cantora P!nk lançou na última terça-feira (21) o clipe do seu novo single, a faixa-título do seu álbum, “Beautiful Trauma”, e se tivemos duas certezas assistindo ao clipe, foram que: 1) ele está maravilhoso e é, sem dúvidas, um dos melhores da cantora e 2) o clipe parece demaaaaais com “Essa Mina É Louca”, da Anitta, né?


Exaustivamente comparada com artistas gringas desde o começo de sua carreira, Anitta tem ganhado cada vez mais reconhecimento internacional, graças a sua empreitada com o projeto “Check Mate”, onde lançou singles como “Is That For Me”, com Alesso, e o recente “Downtown”, com J Balvin, e sendo o mundo um lugar tão pequeno, realmente não é impossível que a cantora tenha sido a inspiração para o clipe de P!nk.


Vamos aos fatos:

Os dois clipes trazem uma estética kitsch e com poucas cores, influenciada pelo visual dos anos 50.

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Tanto em “Beautiful Trauma” quanto em “Essa Mina É Louca”, as cantoras interpretam esposas belas, recatadas e do lar.

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E, assim como acontece com Anitta, Jhama e Isis Valverde no clipe brasileiro, P!nk e o ator Channing Tatum, que interpreta seu marido, passam por uma crise que parte de uma traição…

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...e, surpresa, acaba com duas mulheres se vingando do cara, enquanto flertam entre si e deixam ele só olhando.

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Pelas redes sociais, os brasileiros estão bastante divididos, entre os que acham que Anitta foi a inspiração de P!nk e os que acreditam que o primeiro grupo está viajando. Mas o Youtube está aí, o nome da Anitta está envolvido em várias parcerias internacionais e, de novo, nada é impossível neste país chamado internet.

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Você acha que rolou uma inspiração ou tá todo mundo viajando? A Anira tá cada vez mais poderosa, ela é riquíssima!

Pode entrar, carnaval! Tati Quebra Barraco e Lia Clark juntas no novo single do Heavy Baile, “Berro”

Se “Todo Dia”, da Pabllo Vittar com Rico Dalasam, foi um dos maiores hits do último carnaval, colocando a drag queen de “K.O.” e “Corpo Sensual” nos holofotes da música nacional, o nosso corpo já está pronto para o possível hit do ano seguinte, mas agora com uma outra drag brasileira.

Em suas redes sociais, a dupla Heavy Baile, formada pelo produtor Leo Justi e MC Tchelinho, começou a revelar os primeiros teasers de seu novo single, que se chama “Berro”. A faixa, por sua vez, traz duas parcerias inusitadamente maravilhosas: de um lado, a veterana do funk, Tati Quebra Barraco, e do outro, a cantora, drag queen e também funkeira, Lia Clark. É isso mesmo, hein!

Uma publicação compartilhada por Heavy Baile (@heavybaile) em

Ainda sem previsão de estreia, a música, co-produzida pelo DJ Thai, segue a proposta dos últimos lançamentos do Heavy Baile, que tem se unido a nomes que misturam o funk com a música pop, como foram os casos de “Toca Na Pista”, com MC Carol e Tropkillaz, e “Catuaba”, com a Tati Zaqui.



“Berro”, como tem sido anunciada nas redes sociais, será a primeira música inédita com a Tati Quebra Barraco desde 2014, quando lançou o disco “Se Liberta”, além de ser o primeiro trabalho de Lia Clark desde o EP “Clark Boom”, de onde extraiu faixas como “Chifrudo”, com a Mulher Pepita, e “Tome CUrtindo”, relançada numa versão remix com Pabllo Vittar.



A gente botou fé que o hit vem.

Camila Cabello mandou avisar que seu primeiro álbum solo está pronto

Foram meses de preparação e um mega hit no caminho, mas o primeiro disco solo de Camila Cabello está pronto. Na madrugada desta quarta-feira, 22 de novembro, a fada cubana fez questão de avisar em seu Twitter que finalizou seu álbum e as borboletas em seu estômago confirmam isso. 


Na foto postada por Camila, podemos ver o produtor Frank Dukes e o compositor Louis Bell, que já trabalharam com a garota em "Havana". Como era se de esperar, a imagem confirma que a ex-Fifth Harmony realmente repensou o caminho que seu primeiro álbum deveria tomar após o sucesso do single e, muito provavelmente, veremos muito mais canções com influências latinas em seu registro solo. 


A cantora confirmou em recente entrevista que seu álbum, anteriormente chamado de "The Hurting. The Healing. The Loving", não possui mais título algum e que já está pensando em outro nome para o material, mas que quer dar a novidade em primeira mão para seus os fãs. A informação reforça a ideia de que ela realmente mudou os rumos do trabalho. Rumores apontavam a possibilidade do CD se chamar apenas "CAMILA", com fotos de uma possível capa, sensual e latina, circulando pela internet. Será?

Agora ficamos aqui, no aguardo do anuncio da data de lançamento. Agiliza isso ai, Camila, a gente te implora!

O casamento de P!nk e Channing Tatum sobrevive a base de muitas pílulas no clipe de "Beautiful Trauma"

Depois de performar seu novo single, "Beautiful Trauma", pendurada em um prédio altíssimo durante o American Music Awards, P!nk deu sequência a divulgação da música lançando hoje, 21 de novembro, seu clipe. E, para ajudá-la a dar vida ao amor traumatizante descrito na canção, ela chamou ninguém menos do que o ator Channing Tatum.

Na produção, os dois satirizam o famoso casal Fred Astaire e Ginger Rogers, parceiros de dança que fizeram diversos filmes durante os anos de 1933 e 1949. Aqui, a cantora e o ator levam os nomes de Fred e Ginger Hart (sobrenome de P!nk), e retratam um casamento que sobrevive a base de muitas pílulas e bebidas alcóolicas, tudo isso em cenários coloridíssimos e enquanto dançam ao melhor estilo anos 60.

Diferente de "What About Us", onde ela aposta em algo mais performático, que nós até gostamos, aqui a americana volta a fazer o que sabe de melhor e o que nós queremos vê-la fazer pra sempre: brincar com seu lado irônico e debochado. Não tem nada mais P!nk do que isso!


Peraí, peraí... vocês também lembraram bastante de Anitta e "Essa Mina É Louca"? Ícone que mal começou a carreira internacional e já está influenciando cantoras importantes faz assim mesmo!

Atualização importante: "New Rules", da Dua Lipa, chega ao Top 20 da parada norte-americana

Dua Lipa conquistou o mundo inteiro com seu smash hit "New Rules", mas ainda faltava receber o devido reconhecimento dos Estados Unidos e, depois de passar semanas e semanas subindo rapidamente a Billboard Hot 100, a britânica finalmente conseguiu chegar ao Top 20 da parada norte-americana. Parece que agora vai!



Segundo atualizações divulgadas nesta segunda-feira, 21 de novembro, Dua pulou mais duas posições, saindo de #21 para #19. "New Rules" já estava se saindo muito bem no iTunes e no Spotify USA, mas a chegada ao Top 20 deve-se, principalmente, a aceitação das rádios por lá, que tem um peso bem grande na contagem do chart. No momento em que escrevíamos esse post, por exemplo, a música era a 15ª mais tocada nas rádios norte-americanas. 

Um pouco atrasados? Sim. "New Rules" já pegou #1 no UK e até já está fora do Top 10 da parada de lá? Também. Mas, pelo menos, eles estão seguindo as novas regras. 

Vale lembrar que Dua Lipa ainda não performou "New Rules" ne-nhu-ma vez na TV norte-americana, o que significa que, caso ela agende algumas performances, o single tem grandes chances de, em algumas semanas, chegar ao Top 10 da parada. Além disso, Dua já está investindo em apresentações em festivais, tendo marcado algumas para as próximas semanas. Nessa segunda, ela começou a etapa norte-americana de sua turnê, a "The Self-Titled Tour", o que deve ajudar bastante nesse período de divulgação. 

A justiça tarda, mas não falha. 

Crítica: "A Visita" marca a tentativa de retorno de M. Night no cinema com terror e comédia que não funcionam

Já virou quase um meme no mundo cinéfilo o aguardado “retorno” de M. Night Shyamalan. Não o retorno aos trabalhos com a sétima arte, e sim aos bons trabalhos. De 1999 a 2004, o diretor lançou sucessos atrás de sucessos, para depois enveredar numa sucessão de desastres. Em 2017 tivemos o segundo “agora vai” do indiano com “Fragmentado”, e, apesar de ter convencido boa parte do público e crítica, é só mais um esquecível exemplar de uma filmografia outrora tão incrível.

Mas o primeiro “é agora” de M. Night foi com “A Visita” (2015), que retrata a vida de Rebecca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould), dois adolescentes que passarão uma semana na casa dos avós. A questão é que eles nunca conheceram os dois pois sua mãe, Paula (Kathryn Hahn), está há 15 anos brigada com os pais. Rebecca, entusiasta da sétima arte, decide fazer um documentário retratando a semana, porém o comportamento dos idosos vai ficando cada vez mais estranho, fazendo com que as crianças temam por suas seguranças.


O primeiro baque que temos com o filme é a forma que ele foi filmado, no formato found footage, aqueles filmes montados com os próprios atores filmando e feito como se fosse um documentário real. A técnica foi introduzida por “Holocausto Canibal” em 1980, e popularizada por “A Bruxa de Blair” em 1999. De lá pra cá, o uso de tornou cada vez maior – “Atividade Paranormal” (2007), “REC” (2007), “O Último Exorcismo” (2010), “Assim Na Terra Como No inferno” (2014), etc – e, consequentemente, mais batido e reciclado. “A Visita” não escapa de nenhum dos clichês que o formato introduziu, como momentos oportunos aonde a filmagem vai até locais chaves sem muita explicação ou até o patético susto quando o personagem salta em frente à câmera.

O primeiro desafio encontrado pelo roteiro é construir uma justificativa forte e plausível para o uso do found footage. No horror, há diversas situações que largaríamos a câmera e sairíamos correndo, enquanto os personagens continuam filmando tudo sem propósito, o que claramente aniquila a veracidade do filme – isso sem mencionar as baterias infinitas dos eletrônicos do filme, bem distantes da nossa realidade escrava de carregadores. A justificativa de “A Visita” convence, mas a técnica poderia facilmente ter sido deixada de lado. Isso só mostra o quão desesperado está M. Night ao ceder para uma jogada tão banal e amplamente comercial, já que o filme seria bem melhor se feito convencionalmente. Está fácil para ninguém.


Um dos principais erros em filmes found footage é quando sua montagem esquece da própria linguagem. Se ele é filmado puramente pelos atores, tudo na tela é diegético, ou seja, tudo acontece na realidade do filme. Todas as imagens foram filmadas por eles e todos os sons são “reais”. Muitos desses filmes colocam trilha sonora por cima da fita, o que claramente quebra a linguagem do longa, ou até mesmo cenas que claramente não foram filmadas pelos personagens, como as imagens de descanso, aqueles momentos do filme onde vemos o céu, plantas ou detalhes do cenário para dar “respiro” ao ritmo. Num filme “convencional” isso é normal, mas num “documentário” como o de “A Visita”, onde tudo é feito de forma básica e sem grandes cuidados, planos alinhados e estáticos são quebras do próprio estilo escolhido - além de demonstrar um descuido com a própria linguagem, erro primário que não poderia ter acontecido com um cineasta tão experiente.

O encontro dos jovens com os avós é o choque de duas gerações. Pela delicadeza da situação, todos os envolvidos tentam manter a simpatia e o clima harmônico, mesmo que as crianças sejam a representação da briga com a mãe. Doris (Deanna Dunagan), a “Nana”, é a típica vovó de propaganda de margarina: vive para cuidar da casa e ama cozinhar as maiores gostosuras para os netos. John (Peter McRobbie), o “Papa”, mostra sempre grande intimidade e afeto pela esposa. É o casal e velhinhos perfeitos. Mas na casa há uma regra: cama às 21:30h. As crianças claramente acham aquilo um tédio, e decidem sair do quarto depois do horário, quando se deparam com cenas aterradoras da avó.


Os avós possuem na ponta da língua explicações para tudo o que há de estranho na casa. Dormem cedo porque eles são velhos. Não podem ir ao porão porque tem mofo. O vovô tranca celeiro porque ele tem incontinência. A vovó vomita pela casa à noite porque está doente do estômago. É tudo tão absurdamente lógico que deixa o roteiro com tom de muitas coincidências juntas. Claro, esse feito é óbvio para nós, já que sempre sabemos que de fato há algo errado na situação, mas soa bobo demais ver as crianças caindo em todo o papo dos avós.

M. Night, que além de dirigir “A Visita”, também o roteirizou, decidiu dar um tom de comédia para o longa, o que acabou por destruir sua solidez. Mesmo vendido com “thriller”, como seu cartaz, trailer e toda mercadoria promocional informa, a veia cômica está presente em diversos momentos, caindo como um tiro no pé no desenvolvimento que cambaleia entre o terror e a comédia, sem nunca assustar ou fazer rir, o que dita o fracasso. Mas se há uma sacada interessante para amantes de cultura pop é o modo como Tyler troca palavrões por nomes de cantoras.


Enquanto Rebecca é centrada e séria, Tyler é o alívio cômico do filme, cheio de manha e versos rap para toda e qualquer situação (que são as verdadeiras partes assustadoras do filme). Os dois são mortalmente sem charme e nunca conseguem passar o mínimo de afeição para o espectador, que acaba não se importando para o destino de ambos – e isso não se deve apenas a suas pobres atuações, mas também ao roteiro esquemático e previsível do diretor, que não nos poupa de problemas pessoais dos dois para justificar no final algumas cenas para dar tensão – como a germofobia do garoto e o medo da menina em se olhar no espelho.

Como esperávamos, o final surpresa de “A Visita” existe, e, apesar de ser interessante num primeiro momento, é fraco dentro do todo. A banalidade de toda a expectativa pela solução é piorada pela forma que diretor resolveu dar fim ao filme. É água com açúcar, é sem impacto, sem coração, sem cérebro, ou seja, sem vida, o que reflete perfeitamente a obra como um todo. Soa alarmante ver um diretor que fez obras tão incríveis entregar em sequência filmes fracos e que, com exceção das cifras em bilheteria, estão pouco a pouco acabando com a boa imagem construída com afinco na década passada.

“A Visita” erra como comédia, erra como terror e erra como Cinema em sua simplicidade. Mais um found footage genérico e óbvio, daqueles feitos por diretores iniciantes que estão loucos para chamar um pouco de atenção em troca de alguns trocados e, quem sabe no futuro, conseguir realizar bons filmes. Mas não estamos falando de um diretor iniciante, pelo extremo contrário. “Sexto Sentido” é aquele filme com tapete vermelho na estreia. “A Visita” é o DVD que fica no canto mais escuro da locadora da esquina. M. Night Shyamalan está nadando no fundo do poço que ele próprio cavou, mas que continue tentando - ainda temos esperança que aquele cineasta tão bom ainda está enterrado aí dentro.

A melhor definição de “A Visita” é: Katy Perry!

7 atores negros que Hollywood precisa fazer acontecer

Vira e mexe, Hollywood pega algum ator negro para dar destaque na mídia e fazer de conta que não é nenhum pouco racista, porém o ator some do nada e ninguém ouve mais falar dele — ué. Às vezes acontece do ator não conseguir realmente emplacar um novo sucesso por outros motivos. E também tem o caso de atores estão ressurgindo só agora, mas que ainda não tiveram todo seu reconhecimento merecido.

Pensando nisso e aproveitando que hoje é o Dia da Consciência Negra, bolamos uma lista com atrizes e atores negros que precisam urgentemente ressurgir ou ganhar um maior destaque na sétima arte por conta de seus grandiosos trabalhos. Me ajuda a te ajudar, Hollywood!


Chadwick Boseman

Começamos nossa lista com um nome que tem tudo para acontecer em Hollywood. Chadwick Boseman é um dos novos rostos da Marvel, já que eventualmente nomes como Chris Evans e Chris Hemsworth serão substituídos, seja por motivo financeiro ou pelos atores estarem de saco cheiro de seus papéis. Boseman protagonizará "Pantera Negra" e estará também em "Vingadores: Guerra Infinita". Se organizar certinho, dá pra trazer o moço em outras produções diferenciadas já seu nome tende a crescer cada vez mais.

Lupita Nyong'o

Se um prêmio Oscar é o simbolo máximo de reconhecimento de um ator, Lupita Nyong'o já não precisaria atuar mais em Hollywood, né? Porém Lupita não parou desde "12 Anos de Escravidão", filme que lhe deu Oscar, mas só anda protagonizando personagem que não dá à moça o reconhecimento que ela realmente merece. No próximo ano o jogo pode virar com a atriz em "Pantera Negra".

Quvenzhané Wallis

Por onde anda Quvenzhané Wallis? Um beijo, Quvenzhané Wallis. A atriz é um daqueles casos mirins que surgem do nada, fazem um puta sucesso e depois somem. Wallis ganhou os holofotes quando foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz no Oscar em 2013 por "Indomável Sonhadora", e mais tarde participou de "12 Anos de Escravidão". Desde 2014 a atriz mirim não emplaca mais um papel legal no cinema — nem seu protagonismo no remake do clássico "Annie" serviu para isso.

Michael B. Jordan

Nosso próximo dessa lista é o cara que só agora tá ganhando o destaque que realmente merece. Michael B. Jordan sempre se mostrou promissor no cinema, e nem mesmo a bomba que foi "Quarteto Fantástico" conseguiu abalar sua carreira. O ator protagonizou "Creed", filme que retomou o universo de "Rock", porém foi ignorado em todas as premiações. Felizmente, o cara estará em "Pantera Negra", como um dos vilões, e esperamos que com isso sua popularidade aumente e o ator esteja em novas produções.

Aja Naomi King

Aja Naomi King é a grande representante da TV aqui. A atriz está ganhando um pouco de destaque na mídia por conta de seu protagonismo em "How To Get Away With Muder", e infelizmente os holofotes estão apenas nesta série. De 2010 para cá, a atriz esteve em 9 produções cinematográficas e nenhuma delas deu força a guria em Hollywood. Por conta da nova temporada da série de Shonda Rhimes, é esperado que Aja ganhe pelo menos uma indicação ao Emmy do próximo ano, dando um gás em sua carreira, fazendo-a acontecer também na sétima arte.

Daniel Kaluuya

Provavelmente ninguém nunca ouviu falar deste nome até este ano, porém o ator tá batalhando pra construir sua carreira cinematográfica desde 2006. Pois é. O cara é o protagonista de "Corra!", produção que pega um terror ordinário para abordar o racismo da melhor forma possível. Ele é mais um que estará em "Pantera Negra" no próximo ano e é torcer para ele deslanchar outras produções grandiosas graças ao filme da Marvel.

Tessa Thompson

Fechando nossa lista, temos o mais novo nome do universo cinematográfico da Marvel. Tessa Thompson é um nome bastante em voga na TV, inclusive a moça está em "Westworld", a série da HBO que tem tudo para ser o novo fenômeno pós-"Game of Thrones". No cinema, a carreira da atriz tá começando a alavancar nos últimos anos. Thompson está presente em "Dear White People" (o filme), "Selma" e "Creed", além de "Thor: Ragnarok", interpretando uma Valquiria e sendo a melhor coisa da produção. O próximo projeto da atriz é "Vingadores: Guerra Infinita", infelizmente com pouco destaque na trama.

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Só ator foda, né? A gente optou por pegar alguns nomes mais novos e outros que sequer começaram uma carreira realmente primorosa no cinema. Acha que faltou algum? Deixa aí nos comentários.

Anitta está mais sensual do que nunca no clipe de "Downtown", sua parceria com J Balvin

Lançada com destaque pelo Spotify, a parceria de Anitta e J Balvin, "Dowtown", já tinha ganhado um vídeo vertical na plataforma, mas hoje, 20 de novembro, ganhou um clipe tradicional, no YouTube, e com muita sensualidade, do jeito que a brasileira gosta. 

Na produção, Anitta usa de todo o seu poder de sedução para conseguir viver muito bem. Junto com J Balvin, a cantora seleciona caras com dinheiro para ir atrás deles e arrancar um graninha. E se os clipes dela já tinham uma ótima qualidade quando eram apenas nacionais, agora que estão internacionais alcançaram outro nível. A gente bem poderia ver várias estrelas americanas, por exemplos, lançando vídeos como esse, viu?


Depois desse storyline todo, só conseguimos pensar... quando sai o filme? O Oscar vem!

"Downtown" é o terceiro single do Check Mate, projeto mensal de Anitta que começou em setembro e já trouxe as músicas "Will I See You", com Poo Bear, e "Is That For Me?", com o DJ Alesso. Ao que tudo indica, o próximo, e talvez último single do projeto, chega no mês que vem e será a tão aguardada "Vai Malandra", música cujo clipe foi gravado no morro do Vidigal e funcionará como uma forma de se posicionar contra o projeto de lei que pretende criminalizar o funk. 

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