Crítica: com Gaga, roupas de luxo e remix de "I Feel Love”, “Casa Gucci” é um "Poderoso Chefão” gay


Vou começar essa crítica apontando algo que já devo ter apontado em algum(ns) texto(s) dessa presente coluna: não aguento mais cinebiografias. O subgênero (vou chamar assim, mesmo não tão correto) está mais do que saturado em Hollywood - felizmente, a Academia está começando a diminuir o montante de premiações para papéis biográficos - se olharmos para as últimas cinco edições nas quatro categorias de atuação, sete atores levaram um Oscar interpretando algum personagem real - fora os inúmeros indicados. Papéis criados do zero deveriam ser mais bem vistos, a meu ver.

Esse rant é, também, devido aos rumos que o Oscar 2022 se encaminha, apontando mais papéis biográficos nos postos mais altos. Por isso que fui assistir "Casa Gucci" (House of Gucci), do lendário Ridley Scott (diretor de ""Alien: o Oitavo Passageiro", 1979, "Blade Runner", 1982, "Thelma & Louise", 1991, "Gladiador", 2000, e tantos outros clássicos), com um pé atrás.

Outro elemento que garantiu esse pé bem fincado no chão foi a maneira que o filme se vendeu desde o início de sua campanha: o foco era pesadíssimo em cima do elenco, pipocando na tela como todos são Oscar winners e nominees. Claro, isso é um chamariz mais do que efetivo, porém, muitas vezes a estratégia é utilizada para dar luz (e esconder) o óbvio: o que há de bom no filme é seus atores, não o filme em si.


E sim, "Casa Gucci" é mais uma cinebiografia hollywoodiana. O longa conta como a vida da família Gucci foi mudada com o casamento de Maurizio (Adam Driver), o herdeiro do império, com Patrizia Reggiani (Lady Gaga). Ele, no alto do mundo da moda, conhece a filha de um caminheiro em uma festa, recebendo imediata reprovação de Rodolfo (Jeremy Irons), pai de Maurizio, no melhor estilo "o princeso e a plebeia". Ela entende nada de arte, um alerta vermelho para quem habita um dos países com maior apreço pela sua carga cultural do planeta. É claro que ela não pertence àquele universo.

Extremamente ambiciosa, Patrizia se desdobra pra conseguir Maurizio - o início do relacionamento pende bastante para o lado econômico, como se ela estivesse mais interessada na fortuna do pretendente do que nele em si, todavia, o desenrolar dos acontecimentos mostram que sim, Patrizia quer a etiqueta "Gucci" em sua vida, mas também ama Maurizio. E falando no primeiro ato, ele talvez seja o mais irregular da película. Há uma falta de polimento na montagem, com alguns acontecimentos sendo cortados mais cedo do que deveriam (e estamos falando de um filme de 157 minutos), o que pode atrapalhar a imersão de alguns espectadores (apesar de notar as falhas, não foi o caso comigo). Soa como se Maurizio tivesse se apaixonado pela mulher fácil demais.

Rapidamente os dois se casam e então "Casa Gucci" começa de fato. Patrizia conseguiu. Porém, Maurizio tem interesse nenhum em se associar com a marca, controlada por seu pai e Aldo (Al Pacino) - do outro lado, há Paolo (Jared Leto), o filho "idiota e inútil" (esses adjetivos são repetidos inúmeras vezes) de Aldo que almeja levar a empresa para rumos mais, digamos, excêntricos. A Gucci é rapidamente vista como um tabuleiro em que cada peça toma cuidado para dar a próxima jogada.

O filme transita por dois estilos: o melodrama e a sátira, ou seja, é uma obra muito camp. A decisão de Scott neste determinado aspecto mostra que a produção estava ciente do divisor de opiniões que seria a fita - ao invés de focar em um dramão classudo com cara de Oscar - à la "Spencer" (2021), "Casa Gucci" quer transformar sua história em um espetáculo, uma escolha arriscada, e isso se comprova do consenso dividido por parte da crítica: uns amaram e outros acharam irregular.


O ritmo do filme é uma montanha-russa que não dá aviso prévio de quando vai subir lentamente pelo dramalhão e quando vai despencar na comédia - e há momentos realmente hilários, o que surpreende: como uma história sobre jogos de poder, ganância, poder, traição e assassinato pode ser tão leve? Não consigo negar que há algumas moedas de dois lados enormes dentro da exibição, e a maior delas é, com certeza, o personagem de Jared Leto.

Vi em threads no Twitter algumas análises entre os personagens vs. as pessoas reais, e muito foi falado como o Paolo Gucci de Leto tinha nada a ver com o real herdeiro, o que, pelo menos fisicamente, é um fato. Leto está soterrado em maquiagem (alguém aí quer o Oscar da categoria), e Scott empurra o personagem ao máximo, transformando-o em uma caricatura. Já li muito como alguns acharam Paolo o elemento dissonante do longa, contudo, cada momento em que Leto estava na tela era um frescor para mim. Sim, é demasiado e não há tentativas de esconder o peso das escolhas ao redor do personagem, mas é exatamente aí que habitam os dois lados da mesma moeda.

Paolo pode não ser o destaque do roteiro, mas resume muito bem o que é "Casa Gucci": é como um filme da Era de Ouro de Hollywood que se passa em um país ou com uma cultura ~estrangeira: os filmes de Humphrey Bogart, intrigas internacionais com cenários "exóticos" de Alfred Hitchcock ou homenagens à nouvelle vague. Os sotaques que não existem real motivo para existirem (os personagens são italianos, por que falam em inglês?), o exagero de características, tudo é muito nostálgico e delicioso nesse pacote assumidamente cafona (mesmo vestindo roupas de grife).

E falando nos sotaques, um rápido debate. Com tantos graduados em linguística e fonética que surgiram na internet desde o primeiro trailer da obra, muito foi falado sobre os sotaques utilizados, principalmente o de Lady Gaga: ele já foi chamado de russo, alemão, ucraniano e todas as nacionalidades possíveis para apontar como não soava italiano. É só assistir a qualquer vídeo da real Patrizia falando que vemos que o sotaque está igual, porém, não é esse o debate que quero levantar, e sim o seguinte: qual a necessidade absoluta de um filme de ficção ter que ser violentamente igual ao real? Isso não é um documentário, é uma obra fictícia baseada em acontecimentos reais, ou seja, não há qualquer contrato assinado sobre a veracidade. Se tratando de cinebiografias então, a cobrança é ainda maior. Temos que abrir mão desse apego ao real quando o cinema é uma REPRESENTAÇÃO do real - e muitas vezes nem do real é.


Se não bastasse a diversão que é a sessão, ainda temos uma porrada de atuações antológicas. Todos os cinco que compõe o elenco principal merecem uma chuva de elogios (e prêmios), com destaque, evidentemente, à Lady Gaga. Se ela encontrou sucesso com "Nasce Uma Estrela" (2018), em "Casa Gucci" ela rasga o ecrã e carrega o filme nas costas - até nos momentos em que Patrizia não está na tela desejamos que ela retorne o mais rápido possível. Gaga, que cambaleou no início de sua carreira como atriz (não esqueço o Globo de Ouro comprado por "American Horror Story: Hotel", 2015) está consolidada como uma atriz de alto escalação. Conseguir roubar a cena contracenando com AL PACINO (que está irretocável) é prova mais que resoluta de sua competência.

Algo que ficou pairando no ar foi: qual foi a motivação da existência da personagem de Salma Hayek dentro do texto? O letreiro no final informa que sua personagem foi condenada pelo assassinato de Maurizio, entretanto, fiquei em dúvida se realmente existiu essa pessoa. Existindo ou não, a Pina de Salma é bastante descartável - não em termos de atuação, e sim de peso narrativo. Se ela fosse cortada, nada mudaria no enredo, e soa cômico (no mal sentido da palavra) ver a vidente e feiticeira (?) ajudando a cada vez mais tresloucada Patrizia na sua jornada rumo à loucura. Em algumas passagens, pareceu como se Pina existisse apenas na cabeça de Patrizia, ou seja, não precisava estar ali.

De longe, a maior glória de "Casa Gucci" é um feito raramente conseguido por cinebiografias: tudo o que se passou fora do que está na tela é irrelevante. Você não precisa conhecer os personagens, nem suas histórias, nem seus desfechos antes de sentar diante do filme, uma falha recorrente dentro do subgênero. O desenvolvimento de seus personagens, principalmente se tratando de várias jogadas que mudam os rumos de todos, é inteiramente construído no ato fílmico, e você consegue entender perfeitamente as motivações e impactos de cada um, o que foi um alívio tremendo - receava que a fita fosse um "O Irlandês" (2019)

É até estranho colocar tais palavras juntas, mas "Casa Gucci" é um "O Poderoso Chefão" (1972) gay. Intrigas familiares com carregados sotaques italianos, mas adicionando roupas de luxo, remix de "I Feel Love", e, claro, Lady Gaga em cima de saltos agulha e casacos de pele se vingando do marido infiel? Mais queer impossível. O impacto cultural do longa é comprovado no momento em que quase toda a sala do cinema fez o sinal da cruz durante a já icônica fala "Em nome do pai, do filho e da Casa Gucci", e isso vale muito mais do que qualquer prêmio por aí.

O nome dela é Signora Gucci, obrigado.

Especial Lollapalooza: 5 motivos para não perder o show da Miley Cyrus no festival


Nesta terça-feira (23), Miley completa 29 anos, confirmando, simultaneamente, que é uma das maiores roqueiras da atualidade e que o “Retorno de Saturno” não é uma mera viagem mental da astrologia, já que, após um algumas “eras” de incertezas, a cantora parece realmente ter encontrado seu caminho dentro da música, atingindo um alinhamento estável entre carreira, personalidade, propósito e identidade artística.

Dentre as incontáveis realizações dessa sagitariana, também conhecida como a maior ativista do movimento #freeBritney – que aliás, também é sagitariana – está a confirmação de que a ex-Hannah Montana será headliner no Lollapalooza Brazuca de 2022, conquista que veio acompanhada de muita alegria e desespero para os smilers brasileiros. Alegria pelo show e desespero por viver em um país em recessão e não ter dinheiro para comprar os ingressos! Kkkkrying. 


– Interrompemos nossa programação para um esclarecimento oficial urgente –

“Querido Lolla, só para deixar claro, sabemos que qualquer culpa nesse sentido tem origem única e exclusivamente no desgoverno atual, não guardando qualquer relação com a organização do evento. Atenciosamente, redação.

– Retornamos agora com a nossa programação oficial –

Brincadeiras à parte, o fato é que tanto o aniversário quanto a conquista da nossa ex-Disney merecem sua devida celebração e, por isso, o It resolveu listar 7 things 5 motivos para você ir conferir a apresentação da loirinha ao vivo no dia 26 de março, lá em Interlagos! 


1. Mother's Daughter - Tinderbox Festival

Em 2019, a nossa “filhinha da mamãe” lançou o EP “She Is Coming”, que, originalmente, seria apenas o primeiro de uma trilogia de EP’s, que, reunidos, formariam o seu então próximo álbum de estúdio, “She Is Miley Cyrus”, projeto que acabou sendo engavetado. 

Contudo, apesar do cancelamento do álbum, o primeiro EP foi devidamente lançado, contendo seis faixas, dentre as quais, “Mother’s Daughter”, que conta com esse registro oficial no canal da Miley no YouTube, gravado no Tinderbox Festival, um festival da Dinamarca, e que conta inclusive com uma participação da famosa Mother Cyrus no palco.

Swish swish, motherfucker!

2. We Can’t Stop (feat. Charli XCX) – Radio 1’s Big Weekend

Ainda em 2019, no período pré-pandemia, Miley se apresentou também no Radio 1’s Big Weekend, que acontece no Reino Unido, e para a performance de um de seus maiores sucessos, convidou ninguém menos que a rainha da PC Music, Charli XCX


3. Party In The USA – Glastonbury

Geograficamente falando, o “Glastonbury” é uma Party In The UK, mas tudo bem, até porque também não estamos no USA e queremos cantar essa no Lolla Tupiniquim, principalmente se for nessa versão mais badass!

O Caio do BBB assim nesse momento...

4. Heart Of Glass - iHeart Festival

Essa aqui dispensa comentários, né? 

E apesar de também amar a versão original da Blondie, o fato que é que esse meme vem se tornando cada vez mais real! 

5. Miley Cyrus – Super Bowl #TikTokTailgate FULL performance 

E para encerrar, temos não apenas uma música, mas um setlist inteiro, com 20 músicas, incluindo “Prisoner”, “The Climb”, “Wrecking Ball” e alguns covers já conhecidos como o de “Jolene”, da Dolly Parton, e “Head Like a Hole”, do Nine Inch Nails, utilizado no episódio da cantora para a série “Black Mirror”, dentre outros. 

Trata-se do pré-show realizado pela cantora, em parceria com o TikTok, para o Super Bowl desse ano, e que foi performado para 7.500 profissionais da linha de frente no combate a pandemia de Covid-19. 

Parabéns Miley! Graças a você...

Cinquenta tons de Red: Taylor relança o queridinho da fanbase. Saiba os 5 motivos pelos quais o It AMA esse disco

 

Nove anos depois de lançar um de seus discos mais queridinhos pela crítica e da fanbase, Taylor Swift deu fim à ansiedade de meses e lançou hoje, 12, a regravação do Red - seu grande álbum de término. 

A “Taylor’s Version” do Vermelhinho estava rodeada de expectativas desde que foi anunciada. Isso porque já era sabido que o relançamento viria acompanhado de 9 faixas bônus (ou “From The Vault”), incluindo feats com Phoebe Bridgers, Ed Sheeran e Chris Stapleton, além da versão original de 10 minutos da apoteótica All Too Well. Isso tudo, claro, conduzido - ou narrado - pela voz mais madura e orgânica de uma Taylor hoje com 32 anos.

Talvez você esteja se perguntando agora: por que toda essa comoção em cima de um disco de quase uma década atrás? Bom, pra aproveitar todo o hype em cima do relançamento desse verdadeiro hinário, reunimos os cinco principais motivos pelos quais AMAMOS o Red. E porque vamos tacar MUITO stream na lenda. 

1) Temática do disco

Tematicamente falando, Red pode ser considerado um dos discos mais coesos de Taylor. Irônico falar isso de um disco que mescla pop e country? Talvez, a gente vai chegar lá! 

É que o fio condutor do quarto disco de estúdio de Swift é o amor. Mas diferentemente do idealizado Lover, aqui Taylor transborda em suas faixas todas as fases de uma paixão, principalmente a pior delas: o término. Tem espaço para tudo: de encontros fugazes e surpreendentemente apaixonantes, como em "State Of Grace", passando pela culpa por se entregar a alguém que você sabia que era roubada (olá, "I Knew You Were Trouble"), à certeza de que um amor intenso acabou e que agora você está na merd*: pode entrar, "The Moment I Knew".

Essa é a grande beleza de Red: Taylor narra a parte dolorosa do amor. Um amor nu, cru e incrivelmente universal. Porque, na maior parte do tempo, sempre estaremos lidando com uma de suas faces. Seja a boa e gostosa ou a ruim e dolorida. 

2) Misto de country e pop

Não é novidade que Red também marcou uma fase de transição de Tay de uma sonoridade country, que a fez ser conhecida mundialmente, a beats e produções mais pop, que seriam exploradas mais a fundo no sucessor oitentista 1989. 

Quando se fala em Taylor Swift, as opiniões geralmente se dividem em duas: há quem prefira a fase country da mocinha e há os que foram conquistados por suas eras pop. Em Red, Swift entrega o melhor dos dois mundos. 

O mais interessante de tudo isso é que, na maior parte do disco, as faixas country se alternam com outras mais voltadas ao pop. Algumas delas, como "State Of Grace", "I Knew You Were Trouble" e "22", soaram completamente novas para o público, que as abraçou completamente. Já outras, como "Treacherous", "Begin Again" e "Girl At Home" não nos deixam esquecer os motivos pelos quais a artista conquistou tamanho respeito e aclamação no seu nicho original.

3) Composições

O grande ponto alto do Red está em suas composições. Ao longo das 19 músicas da versão original do LP, Taylor consegue transplantar todos os seus pensamentos, dores e mágoas às letras, que são sinceras, honestas e algumas até antológicas. A grande inspiração pra tanto hino foi o relacionamento da hitmaker de Cardigan com o ator Jake Gyllenhaal, que aconteceu entre 2010 e 2011.

Ouvir o Red e prestar atenção em cada letra é uma experiência bem interessante. Cada música não só narra só sentimentos e vivências, mas as conta como histórias com riqueza de detalhes. E por mais que, nesse sentido, ela sempre tenha nos entregado o melhor (antes e depois do Red), foi aqui que ela concretizou seu nome como uma das maiores da geração. 

4) All Too Well!!!!

Se você nunca sentiu um aperto no peito ouvindo essa, você ouviu errado. "All Too Well" não só se destaca como a melhor música do Red - lírica e sonoramente falando - como também é considerada pela crítica como uma das melhores da carreira de Taylor. É o caso do NME e até da Pitchfork, que chata como é colocou a canção no top 60 de melhores da década passada (é a única música de Taylor no ranking).

Não é para menos. "All Too Well" desenha uma linha do tempo de um relacionamento, do início ao fim. É de fato uma das melhores composições de Taylor, narrando cenários, ambientes, olhares e sensações, além de uma grande intensidade de sentimentos que se confundem no meio da história. A produção também entrega, dando um ritmo progressivo e, do meio para o final, até mesmo explosivo. É aquela música em que ninguém, nem mesmo os haters, pode botar defeito. E um dos principais motivos pelos quais amamos o Red!

5) O impacto da era

As eras Fearless e Speak Now foram grandes sucessos e catapultaram o nome de Taylor no mercado da música. Mas o flerte de Taylor com o pop de Red foi o que firmou seu nome como uma A list mundialmente. Foi com o lead single "We're Never Ever Getting Back Together" que Tay conquistou seu primeiro #1 na Billboard Hot 100. O smash hit "I Knew You Were Trouble" não teve o mesmo destino, mas morou em #2 na principal parada americana e também na britânica, garantindo top 20 nos charts de final de ano de ambos os países em 2013. Foi o poder! E a partir disso, nada mais seria como antes na carreira da moça. Vide o estrondoso sucesso de 1989 dois anos depois. 

Red (Taylor's Version) já está entre nós. E se muitos - como eu - duvidavam que essa masterpiece tinha como ficar melhor... Bom, a regravação estreou no agregador de notas Metacritic com 94 fucking pontos após oito críticas postadas. Simplesmente a maior nota de Taylor na plataforma! 

Só resta ouvir pra comprovar que a gata entregou mais uma vez!

Marília Mendonça é eleita Cantora do Ano pelo Prêmio Multishow de Música Brasileira

“Você virou saudade aqui dentro de casa!” Em decisão unânime, o Prêmio Multishow de Música Brasileira cancelou as votações para a categoria de “Melhor Cantora” e anunciou que a vencedora deste ano é a artista Marília Mendonça, que faleceu aos 26 anos num acidente de avião.

Inicialmente partida pelo fã-clube de artistas como Anitta e Luísa Sonza, que também concorriam ao prêmio, a iniciativa foi apoiada por todas as artistas nomeadas na categoria, que também contava com Iza e Ivete Sangalo, e visa homenagear a cantora de sucesso e impacto indiscutível na cena musical brasileira.

Em nota para a imprensa, o Prêmio Multishow classificou a decisão das cantoras como um “gesto de respeito, amor e sororidade”, e prometeram uma homenagem “à altura do brilhante e inesquecível legado” de Marília.

Dona de hits como “Infiel”, “Eu sei de cor” e “Amante não tem lar”, Marília Mendonça lançou recentemente o projeto conjunto “Patroas 35%”, em parceria com a dupla Maiara e Maraísa, anteriormente, já possuía também 3 álbuns ao vivo, 6 EPs e os também colaborativos “Agora é que são elas” e “Patroas”, ambos com Maiara e Maraísa.

Crítica: a natureza é a maior (e mais cruel) mãe no conto de fadas de horror “Ovelha”


Atenção: a crítica contém spoilers.

Existe um quadro na parede do meu quarto que informa bem uma das certezas que possuo; nele há a afirmativa "In A24 we trust", quase um mantra. Se você minimamente acompanha o Cinematofagia, já deve saber que a frase é (quase sempre) lei por aqui. Quando a produtora vai para o terror então, é um dos pilares de sustentação do gênero na modernidade - nem preciso discorrer sobre nomes como "A Bruxa" (2016), "Hereditário" (2018), "Clímax" (2019) e "Midsommar" (2019), certo?

Na corrente década, a A24 já prometeu dois novos terrores para se unirem nessa seleta lista de preciosidades, "Santa Maud" (2020) - que desde janeiro habita na lista de melhores do ano, spoiler alert - e "Ovelha" (Lamb), que acaba de chegar na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. "Ovelha" compartilha várias similaridades entre outras fitas da produtora, que já é elemento fundamental da sua filmografia: é o filme de estreia de Valdimar Jóhannsson, diretor e roteirista islandês. A A24 tem apostado em cineastas estreantes em diversos gêneros, acertando com louvor no terror - "A Bruxa", "Hereditário" e "Santa Maud", por exemplo, foram todos filmes de estreia de seus respectivos diretores, e essa característica diz muito não só na forma como a produtora trabalha (apostando em novos talentos) como também na expertise em selecionar projetos de sucesso.


Ao contrário de todos os citados até agora - e da imensa maioria do portfólio da A24 -, "Ovelha" não é falado em inglês. Inteiramente passado na Islândia, o roteiro abraça a língua do país, e tal ponto faz toda a diferença. Em "Ovelha", María (a ótima Noomi Rapace) e Ingvar (Hilmir Snær Guðnason) são um casal de fazendeiros em uma planície gelada do país. Entre cuidar do plantio e de diversos animais, em especial ovelhas, a vida passa de maneira devagar e pacata, sem grandes acontecimentos. O auge acaba sendo o nascimento de cordeiros, com o parto realizado pelos dois, mas até isso já virou atividade corriqueira. Até que um dia um desses pequenos cordeiros choca o casal.



A produção faz escolhas na primeira parte que, apesar de ""frustrantes"", são corretas: demoramos uma boa parte da duração para ver o que assustou os dois. A primeira cena, inclusive, é rodeada de mistério: a câmera é a visão de alguma criatura, que caminha sem pressa até o celeiro onde se encontram as ovelhas. A fita não entrega as peças na tela, deixando o rápido prólogo como estopim nas sombras. É claro que, enquanto plateia, ficamos sedentos de vermos graficamente o que está acontecendo, todavia, imaginar o que está se desenrolando pode ser muito mais intrigante do que de fato ver.

O cordeiro recém-nascido é, de alguma maneira, um híbrido de ovelha com humano - sua cabeça e metade do tronco, até um dos braços, é composto de anatomia ruminante, enquanto o resto do corpo é humano. María e Ingvar acabam "adotando" a criatura e cuidando como se fosse um filho. A faixa temporal na película não é diretamente delimitada, acompanhando com certa precisão a partir do crescimento de Ada (o nome do bichinho), que dorme em um berço do lado da cama do casal.

A calmaria e felicidade da nova família começa a ser perturbada pela ovelha-mãe de Ada, que passa o dia do lado de fora da casa berrando atrás da cria que foi, de certa forma, roubada. María é a mais afetada pelas perturbações do bicho, até que perde a paciência e mata a ovelha - o que ela não sabia era que o irmão de Ingvar, Pétur (Björn Hlynur Haraldsson), acabara de chegar na fazenda e viu todo o ocorrido.



É claro que Pétur não vai entrar no conto de fadas de bom grado - a presença de Ada é uma aberração para ele, reforçado pela maneira que o casal lida com a situação: como se fosse a coisa mais natural do mundo. Fica ainda mais desconcertante quando descobrirmos que "Ada" não foi um nome sem propósito: esse era o nome da filha de María, que morreu em algum momento e de alguma forma não explanada.

Pétur perfura a bolha de fantasia quase histriônica da obra e traz mais elementos dramáticos que dão mais luz à trama. Ele, sempre que o irmão vira as costas, faz investidas sexuais em cima de María, que, apesar de negar, não parece se surpreender, o que demonstra que há uma história ali. Decidido a dar um ponto final naquele absurdo, Pétur tenta matar Ada, contudo, na hora H, desiste, se transformando em uma figura paterna. Aqui acende uma luz vermelha.

Talvez, e esse é um enorme "talvez", Ada (a filha morta) não era de Ingvar, e sim fruto de uma traição de María com Pétur. Com a chegada de Ada (a pequena ovelha), María a acolhe como sua em uma desesperada tentativa de reparação do passado - ela seria "genuinamente" filha do casal. O encantamento pela resolução e substituição do erro é tão grande que Ada se torna o ímo da felicidade dos dois, que a defendem a qualquer custo. A montagem e fotografia (belíssima, mas isso não é difícil, ligar uma câmera em qualquer lugar da Islândia é garantia de imagens perfeitas), no momento em que Pétur está com a arma apontada para Ada, foca na troca de olhares entre o homem e a criatura, e há uma áurea de ternura ali, comprovada pelo próximo corte em que Ada está dormindo no colo de Pétur. Ele viu ali a representação da filha perdida.



A atmosfera denota uma fixação de todos por Ada, talvez um simbolismo que também fomente uma teoria gerada pelo roteiro. É curioso que o animal escolhido seja um cordeiro - poderia ser facilmente um cavalo ou qualquer outro encontrado no cenário rural, então por que um cordeiro? O animal tem fortíssima referência religiosa, sendo, na mitologia cristã, a representação de Jesus, o Agnus Dei. Ada, de certa forma, é o messias daquela família, sendo a salvação e razão para María e Ingvar - até mesmo o problemático Pétur é arrebatado pela pureza da "criança".

Os nomes escolhidos para os poucos personagens não devem ter sido sem propósito. "Ada", em dialeto do povo Aro, na África, significa "a primeira filha", e "nobreza" em origem alemã. "Ingvar" é um antigo nome escandinavo que significa "protegido por deus". "Pétur" é a derivação islandesa do nome "Pedro", que foi um dos 12 apóstolos de Cristo. E "María" dispensa maiores descrições. Até o nascimento de Ada remonta a vinda do salvador na manjedoura.

No clímax da obra, finalmente vemos quem é o pai verdadeiro de Ada, a criatura que acompanhamos no prólogo: uma mistura de homem com bode, ele mata Ingvar e leva Ada embora, para o desespero de María, que perde o marido e a filha em um só golpe. Se você assistiu "A Bruxa" ou tem conhecimento das escrituras bíblicas, a figura da pai é ligada diretamente com Satanás, em uma mistura alucinada dessa mitologia específica - o diretor ainda afirmou que o enredo não é baseado em algum folclore islandês ou da região. Ada pode ter sido uma redenção para a família, mas ela não era deles. Ao ser roubada, a cordeirinha sai de glória à ruína num piscar de olhos.

É bem claro que um longa como "Ovelha" não será de largo apelo popular por inúmeros motivos - o ritmo lento, a ambientação contemplativa, as alegorias complexas, a falta de explicações diretas e até mesmo a língua acabam afastando -, sendo um daqueles filmes que precisam ser digeridos para não ficarem na superfície do "o que diabos foi isso?". Mais um pilar na nova onda de horrores que focam no drama ao invés da gratuidade que muitos exemplares do gênero acabam caindo, "Ovelha" é um estudo declaradamente estranho sobre a morte, a culpa e como encontramos nas mais diferentes coisas um motivo para nos trazer a felicidade. No fim das contas, a moral é que a natureza é a maior mãe de todas, e com ela é olho por olho e dente por dente.
 

Quebrando jejum de mais de 700 dias sem um line-up, habemus atrações do Lollapalooza Brasil 2022


E saiu a notícia que ninguém acreditou!

Passados tantos adiamentos e promessas de que estava vindo aí, o Lollapalooza quebrou o jejum de mais de 700 dias sem anunciar um line-up (!) e revelou nesta quinta-feira (28) as atrações oficiais da sua edição brasileira de 2022, que acontece entre os dias 25 e 27 de março em São Paulo, no Autódromo de Interlagos.

Revelada através de suas redes sociais, a line-up do festival que deverá ser um dos primeiros termômetros dos grandes eventos internacionais em solo brasileiro desde o isolamento pelo coronavirus traz alguns nomes já familiares à escalação da edição anterior, que não aconteceu também por conta da pandemia, mas revela inúmeras positivíssimas surpresas, como é o caso de Doja Cat, Machine Gun Kelly e Alessia Cara.

Com The Strokes, Miley Cyrus e Foo Fighters entre os headliners, o festival também CAPRICHOU na seleção nacional, confirmando shows de artistas como Pabllo Vittar, Gloria Groove e Fresno, além de ter arrasado no número de atrações femininas, em resposta às críticas que receberam sobre a desproporção entre artistas homens e mulheres de edições anteriores.

Cata o line-up completo ai embaixo:


O Lollapalooza Brasil 2022 acontece entre os dias 25 e 27 de março em São Paulo, no Autódromo de Interlagos. Os ingressos adquiridos antes do isolamento seguem válidos para essa edição e maiores informações, bem como novos ingressos disponíveis, podem ser encontrados no site da Tickets for Fun.

O circo chegou na Billboard! Gloria Groove estreia em parada americana com “A Queda”

Extra, extra! Gloria Groove tá colhendo muitos frutos da sua música nova, “A Queda”, parte do vindouro disco “Lady Leste”, e depois do hit no TikTok e destaque em plataformas de streaming como Deezer e Spotify, a música atingiu mais um feito: colocou a cantora na parada global da Billboard.

Chamada “Billboard Global 200”, a parada da revista americana elenca os 200 maiores hits de todo o mundo, com base nos streamings fora dos Estados Unidos, e trouxe Gloria Groove em sua 171ª posição, sendo a drag a única brasileira entre todos os artistas citados.

Em “A Queda”, Gloria abre uma discussão sobre a famigerada “cultura do cancelamento”, propondo um debate sobre até que ponto as críticas e questionamentos aos “cancelados” buscam uma desconstrução ou espetacularização da sua “destruição” ou, como diz o nome da faixa”, “queda”.

A faixa segue os trabalhos da artista com o álbum “Lady Leste” após o single “Bonekinha”, um rave funk pra ninguém botar defeito que, não bastasse ser bom, veio no timing certíssimo para os memes envolvendo a série sul-coreana “Round 6”.

Duda Beat lidera indicações ao WME Awards; confira as indicadas para premiação dedicada às mulheres da música

Chegando em sua quinta edição, o WME Awards, premiação totalmente dedicada às profissionais mulheres da música, anunciou nesta semana suas indicadas para o prêmio de 2021 e, refletindo o que tocou na indústria brasileira ao longo deste ano, traz como as recordistas de nomeações Duda Beat, que concorre a cinco prêmios, Luísa Sonza (quatro) e Ludmilla e Marília Mendonça empatadas por 3 indicações.

Realizada pela Music2!, a premiação acontecerá pela primeira vez no Teatro B32 dia 16 de dezembro e, com a apresentação de Preta Gil, contará com 17 artistas e profissionais premiadas, além de performances musicais e homenagens para as cantoras Sandra de Sá e Cássia Eller.

Confira a lista de indicadas completa abaixo:


1 - Radialista

Sarah Mascarenhas

Fabiana Ferraz

Fabiane Pereira

Paula Lima

Valeria Becker


2 - Profissional do Ano

Anita Carvalho

Cris Garcia Falcão

Eliane Dias

Alana Leguth

Ana Morena Tavares


3 - DJ

Curol

Eli Iwasa

Lys Ventura

Badsista

KENYA20Hz


4 - Cantora

Luísa Sonza

Ludmilla

Maiara e Maraisa

Majur

Duda beat


5 - Revelação

Marina Sena

MC Dricka

Japinha Conde

Fenda

Bixarte


6 - Videoclipe

Duda Beat - Nem Um Pouquinho

Mulamba - Lama

Marília Mendonça e Maiara & Maraisa - Esqueça-Me se For Capaz

Iza - Gueto

Luísa Sonza - Melhor Sozinha


7 - Música LATAM

Miss Bolivia feat Perotá Chingó - Menos Mierda

Nathy Peluso - Mafiosa

Paloma Mami - Que Wea

Natti Natasha - Noches em Miami

Karol G feat Mariah Angeliq - El Makinon


8 - Música Alternativa

Liniker - Baby 95

Marina Sena - Me Toca

Duda Beat - Meu Pisêro

Urias - Foi Mal

Linn da Quebrada - I Míssil



9 - Produtora Musical

Mahmundi

Natália Carrera

Malka Julieta

Iasmin Turbininha

Bárbara Labres


10 - Jornalista Musical

Pérola Mathias

Isabela Yu

Chris Fuscaldo

Fabiane Pereira

Kamille Viola


11- Diretora de Videoclipe

Sabrina Duarte

CeGe (Camila Toun e Gabiru)

Gabi Jacob

Joyce Prado

Cris Streciwik


12 - Instrumentista

Silvanny Sivuca

Ana Karina Sebastião

Josyara

Rayani Martins

Michele Cordeiro


13 - Álbum

Liniker - Indigo Borboleta Anil

Duda Beat - Te Amo Lá Fora

Luísa Sonza - Doce 22

Ludmilla - Numanice

Anavitória - Cor


14 - Inovação na Web

Music Rio Academy

Phonogram me

UH Manas TV

Hervolution

Festival Mana


15 - Empreendedora Musical

Arleyde Caldi

Kamila Fialho (K2L)

Eliane Dias (Boogie Naipe)

Anita Carvalho (Rio Music academy)

Juli Baldi (Bananas Branding)


16 - Música Mainstream

Mari Fernandez - Não, Não Vou

Marília Mendonça - Troca de Calçada

Iza - Gueto

Luísa Sonza - Penhasco

Ludmilla - Rainha da Favela


17 - Compositora

Juçara Marçal

Carol Biazin

Ana Juh

Marília Mendonça

Duda Beat

Agnes lança seu "Magic Still Exists" provando que o revival da Disco ainda não acabou!



Ganhadora do programa “Ídolos” da Suécia em 2005, Agnes volta a música após 9 anos em hiato. Seu poderoso e cintilante “Magic Still Exists” emana o poder da liberdade por meio do hedonismo e da psicodelia da disco music dos anos 70. 

“Fingers Crossed” foi seu primeiro single lançado ainda em agosto de 2020, que já nos dava um gostinho do que vinha por ai!


Trazendo influências de Donna Summer, Grace Jones, CHIC, Boney M. e até seus conterrâneos do ABBA, “Magic Still Exists” propõe reflexões existenciais, como a liberdade do corpo, da alma e do gênero e até nossa busca incessante por algo superior que nos conduza. 


Com pouco mais de 35 minutos, o LP possui 4 interlúdios que servem de sons psicodélicos a verdadeiros mantras, conectando perfeitamente uma música a outra e tornando indispensável qualquer segundo da obra. 

as referências a Grace, TU-DO! cê também catou?!

Ano passado tivemos o grande revival da Disco  com Dua Lipa e seu estrondoso “Future Nostalgia”, Kylie Minogue com seu delicioso “DISCO” e o majestoso taça-de-gin-dançando-na-sala; “What’s Your Pleasure?” de Jessie Ware. Agora, Agnes volta mostrando que ainda há muito o que ser explorado no gênero que fomentou a música pop e o conceito das pistas de dança.

FREE YOUR MIND AND FREE YOUR BODY!


Com "Faking Love", Anitta avança no seu projeto de exportação do funk para o mundo

 


Nesta quinta-feira, Anitta deu mais um passo na divulgação do seu futuro álbum de estúdio, “Girl From Rio”, com o lançamento de seu novo single, a faixa “Faking Love”, parceria com a americana Saweetie. 

Aliás, quanto à Saweetie, vale mencionar que a rapper, apesar da carreira recente, já conta com alguns sucessos na indústria fonográfica americana, muito graças ao seu bom desempenho com o público jovem em apps de dancinha, vide faixas como “My Type”, “Tap In” e “Best Friend (feat. Doja Cat)”, que alcançaram respectivamente as posições #21, #20 e #14 na Billboard Hot 100. E você aí achando que a Sassa não era famosa!

Além disso, a rapper também foi a primeira artista a colaborar com as Little Mix em sua nova formatação, agora como trio, na regravação da faixa “Confetti”, o que demonstra o bom senso natural e um feeling primoroso da gatinha para escolher parcerias (espero que o shade não esteja muito pesado). Por fim, visando afastar quaisquer questionamentos quanto à fama de Sassa, vale mencionar que, mesmo antes da parceria com a Anitta, Sawee já possuía uma carreira no Brasil, sendo bastante conhecida pelo hit “Lesgo”

Mas... esse não é um post sobre a carreira da Saweetie, então bora pro feat!

Com produção de Ryan Tedder, que tem um milhão e trezentos hits, Andres Torres e Mauricio Rengifo, nomes por trás de “Despacito” e “Me Gusta”, “Faking Love” é o terceiro single da era “Girl From Rio”, sendo, contudo, o primeiro deles a investir diretamente no funk como gênero central da produção. Aqui, um parêntese, ainda que “Me Gusta” também apresentasse alguns elementos do funk carioca fusionados ao pagode baiano e que “Girl From Rio” tenha ganhado um remix do Troyboi, no qual o funk foi incorporado à produção da música, esta foi a primeira vez que o funk veio como elemento central e facilmente identificável dentro de um single internacional da cantora. 

Claro que “Faking Love” chega como uma introdução do gênero ao mercado americano, sendo, portanto, um funk mais “clean”, sem muito barulho, sem muito grave, nem mesmo muita aceleração, afinal, como a própria Anitta já disse, não dá pra chegar lá fora e entregar de cara um funk 170 bpm, é preciso vencer por etapas, adotando uma fórmula mais radio-friendly, pro pessoal ir se acostumando com a sonoridade primeiro. E aqui está o provável grande acerto de “Faking Love”, ser um funk melody!

O funk melody é um subgênero do funk carioca, que conta com uma batida mais suingada e letras menos explicitas (mas nem sempre), que costumam retratar aspectos da vida e/ou relacionamentos amorosos, aumentando também a margem de identificação com o público. Aliás, o funk melody também teve um papel fundamental na popularização do funk carioca no próprio Brasil, servindo de base para carreiras de muitos artistas, inclusive da própria Anitta, que agora repete a fórmula lá fora, claro que com as  adaptações necessárias a esse tipo de investida. 


Inclusive, como boa poderosa, empresária, foda e milionária, Anitta planejou o lançamento com bastante cuidado, incluindo os versos de uma rapper para criar aproximação entre o ritmo brasileiro e o público americano, além de investir em uma composição que, além de falar muito sobre o próprio jeito da artista, reflete valores compatíveis com uma visão de mundo mais atual, apresentando a narrativa de uma mulher que, rompendo com as expectativas mais tradicionais, não sofre prelo final de um relacionamento, já que suas conquistas são maiores que um relacionamento, sendo muito fácil deixar o boy ir!

Também merece destaque o registro visual do lançamento, dirigido pelo duo de diretores Bradley & Pablo, responsáveis, dentre outros, pelos vídeos de “Aute Cuture” da Rosalia, “2099” da Charli XCX, “Electricity” do Silk City e Dua Lipa, “React” das PCD e “Watermelon Sugar” do Harry Styles, o que evidência, além da versatilidade dos diretores, o comprometimento da brasileira em entregar um trabalho tecnicamente competitivo no mercado internacional. 

Também é interessante apontar, dentro do clipe de “Faking Love”, a utilização de alguns elementos apreciados pela cultura pop e que podem interferir positivamente no desempenho de uma música, como a presença de uma coreografia replicável, principalmente em tempos de TikTok, e os visuais da própria artista. No caso de “Faking Love”, os looks utilizados pela cantora acabam funcionando como um reforço de imagem para a identidade visual que artista pretende trabalhar, sendo relativamente fácil associar cada look a um traço da persona Anitta, seja a sensualidade no look bege, a força no dominatrix, a “meiga” do vestido branco, a poderosa no dourado e a latina no look da coreografia, evidenciada, principalmente, pelos brincos, penteado e blusa (que a título de curiosidade é da shein e custa 33 reais! Lenda fashion que continua acessível mesmo após o MET!). 

Por fim, vale mencionar também que, segundo a própria Anitta, tanto “Faking Love” quanto os singles anteriores, “Me Gusta” e “Girl From Rio”, não foram lançadas com a intenção de serem grandes sucessos, mas sim músicas de qualidade que pudessem compor um material de base para a criação da identidade da cantora no mercado americano, preparando o terreno para o lançamento do quarto single, esse sim, a grande aposta de hit do álbum! Vem aí!  






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