Crítica: está tudo bem se você for ao banheiro no meio de “O Irlandês”

Indicado a 10 Oscars:

- Melhor Filme
- Melhor Direção
- Melhor Roteiro Adaptado
- Melhor Ator Codjuvante (Al Pacino)
- Melhor Ator Codjuvante (Joe Pesci)
- Melhor Design de Produção
- Melhor Fotografia
- Melhor Figurino
- Melhor Montagem
- Melhores Efeitos Visuais

* Crítica editada após o anúncio dos indicados ao Oscar 2020

Quando pensamos no corpo de trabalho de um diretor, caso ele tenha um estilo bem característico, conseguimos definir do que seu cinema é feito. Alguns exemplos? Wes Anderson e seus filmes coloridíssimos e simétricos; Yorgos Lanthimos e seus filmes estranhos e sarcásticos; Spike Lee e seus filmes engajados e políticos, Sofia Coppola e seus filmes melancolicamente femininos; e por aí vai. Mas é curioso quando olhamos sobre Martin Scorsese.

A filmografia scorseseana é geralmente resumida por "filmes de máfia". Nos mais de 50 anos de atuação, o diretor passeou por uma enorme gama de temas, como "Touro Indomável" (1980), "Depois de Horas" (1985), "A Última Tentação de Cristo" (1988), "O Aviador" (2004), "Ilha do Medo" (2010), "A Invenção de Hugo Cabret" (2011), "O Lobo de All Street" (2013) e "Silêncio" (2016), todos bem diferentes um dos outros. Contudo, é inevitável apontar a temática gangster como a mais predominante em sua carreira - suas obras mais famosas e premiadas foram as desse mote, inclusive rendendo o único Oscar de "Melhor Direção" para Scorsese.

Então, mesmo não sendo assertivo resumir Scorsese com filmes de máfia, não é lá uma definição tão errada. "O Irlandês" (The Irishman) não me deixa mentir. O filme, inclusive, traz um dos maiores nomes na construção da fama do diretor: Robert De Niro (protagonista de "Touro Indomável" e "Taxi Driver", 1976) na pele de Frank Sheeran, um motorista de caminhão envolvido no crime organizado na Filadélfia dos anos 50. Pesadamente inspirado em fatos e indivíduos reais, a estrutura do filme não é linear, começando com Frank no fim da vida em um asilo contando o que o levou até ali.

Por possuir uma estrutura que caminha entre o tempo, o filme encontraria uma grande empecilho: De Niro, que atualmente possui 76 anos, não teria como interpretar as versões mais novas de seu personagem - assim como outros atores em cena. A solução foi um rejuvenescimento à base de efeitos visuais. O CGI é utilizado com muita precisão, sendo quase imperceptível e mantendo as expressões faciais dos atores, um dos maiores riscos da utilização da técnica - e que explica os 160 milhões de dólares em orçamento, um número altíssimo, principalmente levado em conta que o filme foi distribuído na Netflix, ou seja, sem bilheteria (com exceção do lançamento limitado nos cinemas como parte do processo de submissão ao Oscar - para ser indicado, o filme tem que sair nas salas por pelo menos uma semana).

E falando em Netflix, a plataforma está sedenta por um careca dourado. No Oscar 2019, chegou bem perto com "Roma" (2018), que viu o prêmio de "Melhor Filme" escorrer de suas mãos com uma Academia que ainda olha torto para obras vindouras do streaming. Em 2020, a Netflix vem com força total, tendo os dois maiores nomes da temporada: "O Irlandês" e "História de um Casamento" (2019). A gigante não perdeu tempo em comprar os diretos de distribuição de ambos - ainda investindo milhões na produção de "O Irlandês", visando, não podemos mentir, ser a primeira plataforma de stream a ter um Oscar na estante. Por enquanto, parece que o caminho está trilhado.


Pois bem. "O Irlandês", que foi eleito o melhor do ano pela National Board of Review e recebeu incríveis 14 indicações ao Critics' Choice 2020, um recorde na história da premiação repetido apenas por "A Forma da Água" (2017) e "A Favorita" (2018), resgata o estilo que viu o apogeu nos anos 70 - tanto "O Poderoso Chefão" (1972) quanto "O Poderoso Chefão: Parte II" (1974) venceram "Melhor Filme" na década. Então, sim, é tudo o que esse cinema hollywoodiano de ação mafiosa já nos entregou ao longo da história. E mais: são 3:30h de filme.

Esses pontos aqui renderam inúmeras discussões pela internet, com um crítico fazendo um post no Twitter sobre como assistir a "O Irlandês" como se fosse uma minissérie, dividindo o filme em quatro partes (que, levanto a mão, foi o que fiz). Do outro lado, o Pablo Villaça (um beijo para ele) virou meme quando disse que deveríamos assistir às 3:30h sem parar, não podendo nem ir ao banheiro, para não quebrar o "ritmo da narrativa". Villaça, perdão, mas eu falhei. O que esses dois extremos têm a nos dizer?

Como apontei na crítica de "História de um Casamento", cinema é passível de gostos. Sabe aquele seu amigo que venera qualquer filme de super-herói enquanto você acha um saco? Pois é. Quanto mais afunilado for o estilo, gênero ou molde de uma obra, mais de "nicho" ela será. É o caso de "O Irlandês". Villaça, que tem como filme favorito "O Poderoso Chefão", não surpreende quando ama "O Irlandês", que entrega tudo o que "Chefão" entregou. Para ele, acompanhar os 209 minutos ininterruptamente faz parte das rotinas de apreciação que ele tem pelo mote, o que, de acordo com a enxurrada de comentários acerca, não é a realidade de todo mundo.

O que eu quero dizer é: se você gosta de filme de máfia, esse momento é seu. Caso contrário, "O Irlandês" será um desafio, e é aqui que eu me enquadro. É impossível saber os valores de um filme de máfia caso você não aguente nem ouvir falar sobre? Não, contudo, o gosto da sessão com toda certeza não será tão doce. Admito que me peguei me obrigando a assistir ao filme, que, querendo ou não, é um evento para a Sétima Arte, e, dividindo entre vários dias (calma, Villaça), consegui chegar até o fim. O que posso dizer sobre "O Irlandês"?

O roteiro, escrito por Steven Zaillian, vencedor do Oscar pelo roteiro da obra-prima "A Lista de Schindler" (1993) e especialista em adaptar livros complexos, se atém demasiadamente nos fatos históricos que circulam os eventos do filme. Por trazer personagens reais e fincados num contexto político, há um background da política norte-americana e como ela impacta a vida dos personagens, como a eleição (e morte) de JFK. Então é laborioso escapar da sensação de que estamos assistindo à uma aula de história na tela, mas já garante pelo menos a atenção dos EUA, absurdamente egoicos e prontos para jogarem confetes em qualquer fita que trate sobre, bem, eles mesmos.


Há três vertentes de narrativa dentro do filme. A primeira é quando temos Frank recontando sua vida e quebrando a quarta parede, afinal, ele está falando diretamente com o público. A segunda trata-se da remontagem das falas de Frank, com uma narração e cenas de acordo. Essa é a pior escolha do filme. Feita sempre com uma colagem de micro cenas que duram segundos e que não esperam a plateia assimilar o que está acontecendo, ainda tem a narração e inúmeros personagens entrando e saindo de cena. Em várias dessas sequências eu me via incapaz de entender o que estava acontecendo, soando ainda pior quando havia o contexto histórico jogado em cima de tudo. A terceira é a salvação do dia: quando a presença do Frank idoso sai de cena para uma narrativa convencional.

Aqui, as cenas são compridas e finalmente podemos adentrar no desenvolvimento da trama. E os diálogos, ah, os diálogos... Encontrando maior espaço na parte central da duração, os diálogos são deliciosos, como a briga de Jimmy Hoffa (o lendário Al Pacino) com um mafioso que chegou cinco minutos atrasado para uma reunião. Sem toda a baboseira e falatório, se atendo especificamente nos personagens centrais, o filme mostra a que veio.

E esses momentos informam sem sombra de dúvida o quanto as atuações do trio central são fenomenais. De Niro e o Russell Bufalino de Joe Pesci são os peões silenciosos que conduzem a orquestra, todavia, Al Pacino é o verdadeiro protagonista de "O Irlandês". Não por ter o maior tempo em tela, mas por preencher cada quadro em que aparece com sua fenomenal atuação. É uma satisfação ver o ator, que já viveu tantas glórias, voltar ao topo após sofrer com escolhas desastrosas nessa década - deixo aqui uma cena de "Cada um tem a Gêmea Que Merece" (2011) para ilustrar o que chamo de "desastre", que lhe rendeu o Framboesa de Ouro de "Pior Ator Coadjuvante" pelo papel e apontava o declínio de sua carreira.

Um dos elementos a ser tópico de discussão sobre o filme foi como as mulheres são retratadas: elas basicamente inexistem. Scorsese, um homem branco, realiza seus filmes lotados de homens brancos, o que faz sentido - ele dirige o que está próximo de sua realidade. No entanto, me assustei ao ver que Anna Paquin, vencedora do Oscar, aceitou um papel que, não estou exagerando, não fala 10 palavras. Ela, como a versão adulta da filha de Frank, tem cena após cena sem um mísero diálogo, ganhando voz por cinco segundos no ato final. A atriz saiu em defesa do papel e se disse lisonjeada por estar em um filme do diretor, que é inegavelmente um dos maiores das história, mas não faz sentido reduzir a personagem a nada - e ela ainda chegou a receber indicação de "Melhor Atriz Coadjuvante" em algum dos distritos de crítica no EUA; caso ganhe, será o menor esforço da história a render um prêmio.

"O Irlandês", se olhado de cima do nicho que se enquadra, é uma realização competente que nada difere dos padrões elevados já impostos por Martin Scorsese ao logo das décadas. Traz algo de novo para sua filmografia? Não exatamente. A partir disso, pela sua temática e sua duração, o apreço vai muito da maneira como cada um enxerga os elementos, apesar de itens intocáveis como o aparato técnico e as atuações de primeira linha. Esse é um filme que coloca a subjetividade à flor da pele quando uns o enxergam como um épico sobre moralidades rachadas e brigas de poder, enquanto o mesmíssimo material para outros (e aqui me sento) denota pouco além do letárgico. Mas o mais incompreensível é pensar que Anna Paquin saiu de casa para isso.

Produtor do hit “Onda Diferente”, Papatinho anuncia música com Luísa Sonza e artista internacional

Segura, que o hit é certo!

Famoso por produzir “Onda Diferente”, de Ludmilla e Anitta, o produtor Papatinho usou suas redes sociais pra anunciar outra colaboração pra lá de promissora: desta vez, com a cantora Luísa Sonza.


Numa boa fase desde a estreia do seu disco de estreia, “Pandora”, Sonza se consagrou como uma das grandes revelações do último ano e, desde o seu primeiro CD, já emplacou parcerias com Pabllo Vittar (“Garupa”), Vitão (“Bomba Relógio”), Gaab (“Fazendo Assim”), Heavy Baile (“Cavalgada”), Anitta (“Combatchy”) e até a boyband internacional PRETTYMUCH, na canção totalmente em inglês “The Weekend”.



Assim como rolou com Snoop Dogg em “Onda Diferente”, a parceria entre Papatinho e Luísa deverá contar com uma participação internacional, ainda não revelada, e apesar de não ter sua previsão de estreia revelada, deverá dividir espaço com outros hits da cantora, que nesta semana também estará ao lado de PK, do hit “Quando a vontade bater”, na inédita “Tudo de Bom”.

A gente ligou pro Ian Somerhalder, de Vampire Diaries, pra falar sobre sua nova série na Netflix, “Apocalipse V”


Ian Somerhalder está de volta às telas! O ator que ficou mundialmente conhecido ao dar vida ao vampiro Damon Salvatore está de volta ao mundo dos vampiros na série "Apocalipse V (V-Wars)", nova aposta da Netflix.

Ian interpreta o Dr. Luther Swan, um humano que busca a cura para uma doença misteriosa, responsável por transformar as pessoas em vampiros. Em entrevista ao It Pop, o ator fala animado sobre a nova produção é sua diferença com outros projetos que já participou.

“Estou tão animado para interpretar um personagem que seja uma boa pessoa,  que tem os superpoderes certos. Um cara legal,  que é um bom marido, um bom cientista. O que para mim é ter um super poder.  Aprendi muito com esse papel, principalmente que a audiência não quer um herói  comum, querem ver algo extraordinário, algo especial”. disse Ian.

Apesar do universo vampiresco, não espere por nada sobrenatural. Ian conta que a série trata de assuntos atuais da nossa sociedade, como as mudanças climáticas, refugiados, racismo, crises políticas, entre outros assuntos importantes, o objetivo é levantar o debate de questões sociais global.

Sobre estar de volta às telas depois de tanto tempo Ian comenta:  “É muito incrível estar de volta. Não  estive em frente às câmeras há muito tempo. O que me deixa ainda mais animado para que as pessoas vejam a série e possam conferir que é um projeto maravilhoso”.

O ator também se aventurou em outras áreas da série, dessa vez produzindo e dirigindo um dos episódios.  "Foi uma jornada incrível com uma equipe incrível que montamos. E isso é ótimo para aprendizado." comenta. Quando questionado sobre os planos de dirigir algo sozinho ele completa: "Não pretendo ser um Quentin Tarantino ou Soderbergh, mas só me vejo envolvido em projetos que posso estar presente em todo o processo criativo". 

A série é baseada em uma graphic novela com o mesmo nome "Apocalipse V".  "Existem cinco livros neste momento, isso mostra a quantidade de histórias que podemos extrair do material de original, o que é incrível. Isso foi o que realmente me atraiu para fazer parte do projeto. Quando você começa a ler entende o universo rico em que esta inserido. Esse é um dos motivos que incentivando as pessoas a assistir, porque preciso que as pessoas assistam a primeira temporada para entrar na segunda temporada." Comenta Ian. Não vamos deixar nosso ex-vampiro, agora herói decepcionado né?

Nós do It Pop já começamos a maratonar a série, e você? Confira o trailer e corre para ver também:

Hino atemporal: "All I Want For Christmas Is You" chega ao top 3 da Hot 100

Não nos resta dúvidas de que Mariah Carey é uma das maiores hitmakers de todos os tempos: a diva reinou absoluta nas décadas de 1990 e 2000, acumulando #1s. Seu legado é tão forte que ela carregou o título de música que ficou mais tempo em #1 na Hot 100 por 23 anos com “One Sweet Day”, sendo batida apenas esse ano por Lil Nas X e o smash “Old Town Road”.



E se todo ano tem natal, todo ano tem Mariah. É mais que certo que nessa época do ano um hino atemporal renasça em nossos corações e plataformas de streaming, sendo ela “All I Want For Christmas Is You”. Lançada em outubro de 1994, a canção faz parte do primeiro álbum natalino de Mimi, “Merry Christmas”. Todo ano a música dá as caras pelos charts, fazendo o natal de todo mundo muito mais feliz.

Essa semana, o "christmas hit" alcançou a posição #3 no Hot 100, um feito incrível pra uma música que tem nada mais nada menos que 25 anos. E não para por aí é provável que ela consiga o tão esperado #1 (sim, estamos esperando muito por esse momento). Então taca stream na lenda natalina!


All I Want For Christmas is #1 😉

Conceito, coesão e aclamação: Gal Gadot laça raios no trailer de "Mulher-Maravilha 1984"

Após uma longa espera, o primeiríssimo trailer de "Mulher-Maravilha 1984", dirigido por Patty Jenkins, está entre nós! O vídeo foi liberado neste domingo (8) após ser exibido na CCXP 2019 e traz a heroína interpretada por Gal Gadot sendo fodona pra caralho, laçando raios e usando uma amadura dourada que deixou todo mundo de queixo caído. A própria Cavaleira do Zodíaco.


Conforme anunciado há meses, o trailer traz de volta também o Steve Trevor, interpretado por Chris Pine. A volta do personagem traz mistério para a trama, visto que ele morreu no primeiro longa-metragem da heroína, estreado em 2016. De qualquer modo, esta é somente uma das diversas subtramas que o filme irá trazer, né? Só pelo trailer parece que irá ser abordado muitas coisas em um play de prováveis duas horas.

Neste trailer, ainda pudemos ver um pouco sobre a relação de Diana e Cheetah, que será vivida por ninguém menos que Kristen Wiig. É interessante perceber que ambas irão desenvolver um relacionamento de amizade antes que o roteiro as transforme em inimigas. Infelizmente, o visual final de Cheetah ficou de fora por enquanto.

Antes do lançamento do trailer, em uma parceria inédita, a Warner e Twitter ainda exibiram ao vivo o painel do filme na CCXP, que contou com Patty Jenkins e Gal Gadot. No painel, ambas falaram um pouco sobre suas expectativas quanto a produção e Gadot revelou que este é o maior filme que ela já fez.

"Mulher-Maravilha 1984" chega aos cinemas em junho de 2020.

Crítica: a D.R. de “História de um Casamento” conquista por abraçar o universal

Atenção: a crítica contém detalhes da trama.

Indicado a seis Oscars:

- Melhor Filme
- Melhor Roteiro Original
- Melhor Ator (Adam Driver)
- Melhor Atriz (Scarlett Johansson)
- Melhor Atriz Coadjuvante (Laura Dern)
- Melhor Trilha Sonora

* Crítica editada após o anúncio dos indicados ao Oscar 2020

Noah Baubach é um dos maiores expoentes do cinema indie norte-americano na atualidade. Seja pelos seu roteiros (ele co-escreveu "A Vida Marinha com Steve Zissou", 2004, e "O Fantástico Sr. Raposo", 2009, com Wes Anderson), seja pelos seus próprios filmes (como o clássico independente "Frances Ha", 2013, protagonizado pela sua esposa e cristal do cinema, Greta Gerwig), há muito tempo Baubach encontra o carinho do público e crítica, mas nunca antes como com "História de um Casamento" (Marriage Story).

Charlie (Adam Driver) comanda e dirige uma companhia de teatro em Nova Iorque, e tem como estrela de suas peças a sua esposa, Nicole (Scarlett Johansson) - teve um déjà vu? Só que a relação nos palcos não reflete mais a relação doméstica, e o casal decide se separar. Como prominente atriz, Nicole é escalada para uma série em Los Angeles, e vai até lá com o filho, o que transformará uma pacífica separação em uma guerra judicial.

O longa espertamente é aberto com um voice-over do casal, contando os meandros do outro e todos os detalhes que os fizeram se apaixonar. É muito divertido acompanhar a dicotomia dos dois, e impossível não projetar para nossas próprias vidas, afinal, estamos em constantes relações com pessoas que inevitavelmente terão diferenças drásticas com o que somos. E essa é a magia da coisa. O que parecia um apaixonado início é brutalmente cortado: os textos são cartas que cada um teve que escrever na terapia, só que Nicole se recusa a ler a dela em voz alta. O público é o seu cúmplice.

Com cada um vivendo em cidades diferentes, o trabalho é o motivo para, civilizadamente, justificar o afastamento (emocional e geográfico) dos dois - uma peça de Charlie está indo para a Broadway e as gravações de Nicole começaram. Havia um acordo entre eles: não seria preciso a intervenção de advogados no divórcio, com uma camaradagem expressiva entre eles, até mesmo na divisão dos bens, só que Nicole quebra o acordo e contrata Nora (Laura Dern), advogada especialista em separação que mudará toda a dinâmica do jogo.


Charlie fica consternado quando recebe a intimação judicial, sem entender o que levou a ex-esposa a tomar tal decisão. O roteiro diabolicamente não entrega a resposta de imediato, quase transformando Nicole na vilã da história, contudo, há um motivo, e dos bons: ela descobriu que Charlie a traiu. É claro que cada um tem uma "justificativa" que tenta anular a reação do outro, em uma das melhores cenas de toda obra, quando os dois aos berros vomitam suas mágoas e procuram atacar da forma mais baixa possível o outro. E note o trabalho belíssimo de fotografia e montagem, abrindo a cena com um enorme plano e gradualmente fechando até focar no rosto transtornado do casal.

Uma das nuances mais corretas de "História de um Casamento" é não se limitar em ser somente um olhar sobre uma relação em ruínas. Há um forte estudo sobre o que é essa instituição que chamamos de casamento e qual o papel de homem e mulher dentro dele. Tudo é jogado ao máximo quando inserido no contexto da advocacia, que tem como base o uso desses papéis no grande jogo de convencimento jurídico. Nicole jamais pode transparecer ser uma esposa ruim, pois isso a configuraria como uma mãe ruim, e a guarda do filho seria perdida. No caso do homem, tal peso inexiste. É aqui que habita, para mim, o melhor diálogo das mais de 2h de sessão, quando Nora dá uma aula sobre a construção social da mulher dentro do relacionamento, lincando com a imagem de Maria, mãe de Jesus, "uma virgem que dá à luz, apoia o filho incondicionalmente e o abraça enquanto ele morre; e o pai nem dá as caras, deus é o pai, deus está no céu e nem aparece!". O Oscar de "Melhor Roteiro Original" já tem dono.

Falando em Dern, uma das maiores cotadas ao Oscar de "Melhor Atriz Coadjuvante" e uma das melhores atrizes em atuação, não há muito o que se falar contra ela, porém, sua personagem é similar demais com Renata Klein, seu papel vencedor do Emmy na série "Big Little Lies" - mas não se engane, ela é ótima em cena, mesmo com uma personagem dentro do molde "advogado ixperto" tão batido no cinema. Adam Driver, que só pode ser escalado para personagens bem específicos, parece transbordar na pele de Charlie, caminhando com imensa segurança entre os momentos dramáticos e cômicos (a cena do canivete). Todavia, "História de um Casamento" é engolido por Scarlett Johansson.

A atriz, que na corrente década caiu de vez nas graças do cinema pipoca - "Os Vingadores" (2008) e todos seus intermináveis filhotes, "Lucy" (2014), "A Vigilante do Amanhã" (2017), etc - entrega a sua melhor atuação do período nessa personagem que exige tanto talento. Há monógolos enormes e coreografados, que são executados com maestria pela atriz, unindo uma exigência enorme para a fluidez de cada cena com o estilo mumblecore que Baumbach adota em seus filmes. De fato, o apogeu de Johansson e a volta para sua boa forma.


A maior cartada de "História de um Casamento" é o realismo a que se propõe. É um filme bem "gente como a gente", tratando de dramas reais com pessoas reais, o que explica o imenso apreço dos espectadores, catapultando o longa como um dos mais ovacionados do ano. Além disso, há esmero na composição de seus indivíduos, enriquecendo ainda mais o universo multidimensional que é a vida dos personagens, contudo, mais uma vez iremos nos debruçar em um elemento seminal de qualquer arte e que muita gente ainda se recusa a aceitar: a  subjetividade.

Entre achar "História de um Casamento" um "filme sobre brancos discutindo a relação" e "uma das mais tocantes histórias do ano" (são comentários reais que li a respeito da película), tudo parte do princípio que cada pessoa irá ser atingida de uma forma diferente pelo mesmo filme. O estilo proposto por Baumbach possui fácil apelo pela proximidade que ele coloca seus mundos dos mundos reais, só que esse é um filme que, daqui a um mês eu estarei na fila da padaria e pensando "nossa, que perfeito"? Não.

Aqui temos o Cinema como contador de histórias do cotidiano, uma das funções seminais da Sétima Arte, e "História de um Casamento" atinge esse objetivo facilmente. É simpático, caloroso e, ao mesmo tempo, emocionante, uma fórmula pronta para arrebatar multidões, no entanto, mesmo tendo abraçado e me apegado ao todo, não é um estilo que me arranque suspiros ou que me devaste; é o mesmo que alguém amar filmes de super-herói, ou de faroeste, ou os "estranhões", ou os de máfia, e por aí vai e está tudo bem. É um ótimo filme que, sendo bem detalhista, não foge à regra de tantos outros com a mesmíssima temática e estilo, como "Cenas de um Casamento" (1973) e a maior referência, "Kramer vs. Kramer" (1979) - até os posteres são parecidos. Soa desconfortável apontar, porém, o apreço circula ao redor da sua preferência estilística - como basicamente acontece com todo filme - mas, no fim do dia, é essa a verdade.

"História de um Casamento" é um filme que deve ser visto pela dissecação palpável do quão complexo somos e como tudo vai para um limite além quando buscamos a utópica máxima de "juntos somos um só" dentro de um relacionamento. A vida de Charlie e Nicole é tão congruente com a vida de vários outros Charlies e Nicoles sentados diante da tela, e as decisões feitas por Noah Baumbach universalizam sua obra a um estágio que pode ser explicado pela sua imensurável aclamação. Assim como não dá para fugir que "História de um Casamento" é feito para fisgar multidões - até mesmo o genérico título, que não denota singularidade, resume a ideia -, não dá para fugir da particularidade de que prefiro muito mais uma fita que extrapole a realidade nas imensas possibilidades que a Sétima Arte nos agracia do que uma que seja expectadora da realidade pura e simples. E isso não é um problema de "História de um Casamento".

Só as românticas online: Camila Cabello lança seu segundo disco, "Romance"

Estamos no finalzinho do ano, mas ainda temos alguns lançamentos programados para 2019. Um deles era o "Romance", segundo disco da Camila Cabello, que chegou nesta sexta-feira (06). 

Diferente de seu disco de estreia, o "Camila", que veio em um tom mais despretensioso e trouxe a cubana tentando experimentar um pouco pós-Fifth Harmony, aqui a cantora encontra uma zona mais confortável para refletir sobre sua vida romântica, tudo embalado em uma sonoridade ora acústica ora levemente latina e em um visual que naturaliza o brega (e a gente fala isso como o melhor dos elogios). 

O "Romance" tenta soar mais sério do que o disco anterior e consegue em músicas como "Easy", a balada "First Man", a confessional "Bad Kind Of Butterflies" e a bela "Used To This", ainda que nos faça questionar se a cantora não está se levando a sério demais logo no início de sua carreira.

Porém, para os que procuram músicas mais divertidas, "My Oh My", que parece uma irmã de "Havana", "Liar", um dos primeiros singles lançados do material, e a dramática e com cara de Marina & The Diamonds "Cry For Me".

Ouça o "Romance" abaixo:




Aposta do pop nacional, Tolentino faz pop melancólico com cara de Lorde no single "Nunca Tive"

O pop brasileiro tá vivendo sua melhor fase, crescendo cada vez mais e ganhando nomes diferentes e muito promissores. Um deles é o Tolentino, que lançou na última sexta-feira (29) o single "Nunca Tive".

Produzida e composta pelo Tolentino, e com produção musical adicional do Rodrigo Kills, "Nunca Tive" é, como o artista define, uma mistura entre "o retrô e o futurístico".

A faixa soa quase como uma junção da melancolia que vemos em trabalhos da Lorde com o autotune característico das músicas da Charli XCX, tudo isso em meio a uma letra bem reflexiva sobre términos e expectativas frustradas que nos revela um pouquinho sobre sua experiência como "jovem gay que não está exatamente dentro dos padrões". Tem conceito, coesão e aclamação no novo pop br sim!


Vamos tirar um momentinho para apreciar também essa capa que tá uma lindeza?

"Nunca Tive" fará parte do do EP de estreia do "Tolentino", o "Caos", que também vai contar com as já lançadas "Caso Perdido" e "Aquele Dia". E no sábado, 7 de dezembro, às 19h, o artista vai apresentar essas e outras músicas na Noite do Novo Pop Brasileiro, na Semana Internacional de Música/SIM SP, que rola no Matilha Cultural.

Demi Lovato posta mensagem enigmática nas redes sociais e comeback pode estar próximo

Estamos quase entrando em uma nova década e quem deve começar com o pé direito é a Demi Lovato. Nesta quarta-feira (04), fez um post enigmático em suas redes sociais pra já nos deixar de olho em seu comeback. 

No Instagram, a cantora fez um pequeno blackout, postando uma imagem toda em preto, e avisou que "na próxima vez que ouvirmos falar dela, ela estará cantando". 



Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Demi Lovato (@ddlovato) em

Demi Lovato lançou seu último disco, o "Tell Me You Love Me", em 2017. De lá pra cá, a cantora acabou de afastando dos holofotes ao ter uma recaída e voltar a tratar seu vício em álcool e drogas, se internando em uma clínica de reabilitação. 

Será que dessa vez ela vai voltar com algo bem animado, ao estilo "Cool For The Summer" e "Sorry Not Sorry", ou teremos uma balada poderosa e sucessora natural de "Skyscraper"?

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