Ela tá chegando, galera! “Stupid Love”, novo single de Lady Gaga, pode ser lançado no próximo mês

Vai começar! Lady Gaga está pronta para dar o pontapé inicial na divulgação de seu sexto disco, que deve ter uma pegada bem pop e dançante. Segundo rumores, o primeiro single da nova era, “Stupid Love”, deve chegar já no próximo mês.

O burburinho envolvendo a canção começou com uma reportagem do jornal The Sun, que afirmou que a música será lançada no dia 7 de fevereiro. Logo depois, uma rádio da Grécia, que havia vazado a data de lançamento de “365”, da Katy Perry, confirmou que teremos "Stupid Love" no dia 07/02 mesmo. 

Pra completar, fãs encontraram o nome "Stupid Love" no código fonte de seu site e Gaga virou destaque no site da Interscope, o que indica que, de fato, novidades estão chegando 

Versões de “Stupid Love” caíram na rede ao longo dos últimos dias e com uma pequena busca no twitter por “Stupid Love” HQ já é possível encontrar um trecho em boa qualidade da canção, que lembra bastante a sonoridade da era “Born This Way”.

Esse será o primeiro lançamento da artista desde a trilha de "Nasce Uma Estrela", que deu a ela seu quarto #1 na Hot 100 norte-americana com o hit oscarizado "Shallow". Que essa nova era seja cheia de muito pop e muitos sucessos também!

Crítica: “O Escândalo”, a cultura do estupro e as escolhas de gênero na realização do cinema

Desde o boom do movimento "Me Too" em 2017 - potencializado pelas acusações contra o produtor Harvey Weinstein, magnata de Hollywood -, a indústria se mantém mais alerta às condutas predatórias dos homens em altos cargos. Uma das peças solidificadoras do movimento, dessa vez no mundo da televisão, foi quando a jornalista Gretchen Carlson processou Roger Ailes, presidente da gigante Fox, de assédio sexual em 2016.

O projeto para "O Escândalo" (Bombshell), adaptação do caso, foi aprovado assim que Ailes faleceu em 2017. No filme, o plot orbita em torno de Gretchen (interpretada por Nicole Kidman); Megyn Kelly, uma das maiores apresentadoras da Fox no período (interpretada por Charlize Theron); e Kayla Pospisil (Margot Robbie), uma repórter recém-contratada pela emissora, a única das protagonistas a não ser baseada em alguém real. John Lithgow é Ailes, em uma versão mais insana do seu Winston Churchill em "The Crown".

O início da fita é totalmente a cara do seu roteirista; Charles Randolph, que ganhou um questionável Oscar pelo roteiro de "A Grande Aposta" (2015), emula o estilo ali usado e que (infelizmente) é uma das febres da Hollywood moderna: "O Escândalo" abre como um documentário, com a personagem de Theron quebrando a quarta parede enquanto explica os acontecimentos dos corredores da Fox. O tom dado é inquestionável: esse é um filme que se passa no coração dos EUA, lida com sua cultura e expõe seus indivíduos.

Um desânimo imediatamente me abateu - os dois últimos grandes longas com esse estilo foram sofríveis ("Vice", 2018, e "As Golpistas", 2019) -, todavia, foi uma bênção quando vi que tal escolha criativa foi apenas para a introdução, sendo deixado de lado rapidamente e adotando uma narrativa convencional. Dá para se questionar se esse prólogo involuntário não seria dispensável ou uma quebra de estrutura evitável, porém, não consigo nem apontar como defeito quando o estilo foi abandonado.

Outro aspecto que pode desanimar no primeiro ato é a maneira que o filme adentra no cenário político norte-americano. Os eventos que levaram a exposição de Ailes têm como linha de partida a ascensão de Donald Trump na corrida presidencial. O passeio pelas tensões políticas e sociais do país pode soar chato, mas é importante para visualizarmos como a misoginia é peça preponderante daquela cultura - Trump ataca Kelly pelo Twitter após uma entrevista, e usa a imagem da mulher como artilharia.


Por estar no seio de uma das mais poderosas emissoras do planeta, a película mostra a correlação entre jornalismo e política, algo importante de ser lembrado. Não como uma "aula na tela", e sim com alguns momentos bastante sutis - há uma cena em que uma repórter explica para Kayla que tipo de histórias a Fox vai aceitar contar, que nada mais é que um estudo das linhas editoriais, um aspecto primordial para comprovar a ilusão da imparcialidade do jornalismo. E meu diploma de jornalismo se sentiu feliz em ver essas abordagens no filme.

Se a Fox possuía um molde para agradar o seu público-alvo (majoritariamente conservador e eleitor do Trump), as contratações também passavam por um crivo bastante específico quando falamos de mulheres: elas eram contratadas não pelo currículo, e sim pela aparência - as jornalistas são obrigadas a usarem apenas vestidos e as bancadas são transparentes para que suas pernas fiquem sempre em evidência (!?!?). Kayla, almejando um cargo mais elevado dentro da empresa, consegue um encontro com Ailes, afirmando que poderia ser muito útil para a Fox. A metodologia do homem para aceitar ou não a proposta é fazer com que a mulher dê uma "voltinha" para que ele analise o "material".

Kayla, meio desconcertada, jocosamente atente ao pedido, que, para seu assombro, vai além da "voltinha". Ailes pede para que ela levante o vestido e mostre suas pernas. Essa cena é importantíssima dentro da obra, e possui vários pontos para discutirmos. Kayla vai levantando seu vestido cada vez mais até mostrar sua calcinha, mesmo claramente se sentindo agredida por aquilo. Quem está do lado de cá pode se questionar porquê diabos ela se submeteu a aceitar aquilo quando poderia virar as costas e ir embora, mas esse é um pensamento que exclui um fator que muda tudo.

O poder que aquele homem possui. Ele é um dos mais influentes empresários de todo o país, e detém a possibilidade de criar e destruir carreiras com um telefonema. É deveras intimidador receber um pedido de Ailes, e muitas vezes as mulheres ficam tão abismadas com o ocorrido que não conseguem nem ao menos pensar de forma clara o que está acontecendo. Uma das mulheres reais que denunciaram Ailes contou em entrevista que até hoje não sabe porque fez o que o homem pedia em um dos encontros em seu escritório privativo, e essa pergunta deve assombrá-la pelo resto da vida - algumas das personagens reais da história, como Megyn Kelly, estão em uma entrevista sobre o filme e a veracidade do mesmo.

É crucial que a personagem de Robbie seja inventada pois é ela que é assediada na tela - nem sou capaz de imaginar uma das mulheres reais vendo sua personagem, com seu nome e sua caracterização, na posição gráfica da cena. É verdade que a sequência em questão poderia ser muito mais refinada - seria bem mais interessante colocar a câmera no rosto da personagem enquanto ela levanta o vestido do que focá-la de corpo inteiro para que todos possam ver o que Ailes viu, uma cena grotesca. Pode ser que a escolha seja para tornar o espectador cúmplice daquele absurdo e, assim, gerar ainda mais revolta (o que pelo menos aqui funcionou), no entanto, com algo tão delicado, seria melhor a sutileza.


Kayla sai da sala após o assédio e continua sua vida sem revelar o que aconteceu. Quem teria coragem de acusar aquele que paga seu salário? Uma sequência bastante correta é quando Rudi Bakhtiar, uma âncora da Fox, é assediada por um apresentador. O roteiro intercala inteligentemente a conversa dos dois com os pensamentos da mulher, e a jornada que se passa em sua cabeça é elucidativa: ela se culpa, tenta barganhar com o homem e até passa a mão em sua cabeça, tirando a culpa que obviamente é dele. Por negar o assédio, ela é sumariamente demitida. É um sistema totalmente construído para oprimir e sair ileso.

Com a abertura do processo de Gretchen, ela precisa de reforços dentro da Fox para poder ter força contra Ailes, que possui a maior equipe possível para lhe proteger. O principal nome é o de Megyn, o maior nome feminino dentro da emissora. Ela também foi assediada por Ailes, mas não sabe se deve ou não vir a público por não querer ver sua carreira ser eternamente associada com isso. É engraçado até vê-la renegar o título de "feminista", usando a palavra como se fosse um palavrão, o que dá uma camada interessante de composição em sua personagem, que é dotada de lados certos e errados.

Como as premiações já comprovaram, as três protagonistas estão fenomenais. Kidman (a que menos possui espaço, mas que ainda assim conseguiu ser indicada a "Melhor Atriz Coadjuvante" no SAG 2020), adiciona mais um ótimo capítulo no seu retorno ao topo em Hollywood. Theron, que já tem um Oscar para chamar de seu por "Monster: Desejo Assassino" (2003) e acumula mais uma indicação a "Melhor Atriz", despe-se inteiramente a fim de incorporar a persona de Megyn Kelly, e confesso que achei que era a jornalista real nas primeiras cenas, tamanha competência de sua performance e do fenomenal trabalho de Maquiagem, o favorito ao Oscar da categoria. E Margot Robbie, ah, Margot Robbie... Sua segunda indicação ao prêmio da Academia - a primeira foi pelo maravilhoso "Eu, Tonya" (2017) - é um ponto final para qualquer dúvida sobre o imenso talento da atriz, que, mesmo tão nova dentro da indústria, já é um dos grandes nomes. Duas cenas em destaque para ela: a do assédio e quando ela finalmente revela o ocorrido. Aquele elevador, o único momento a unir as três na tela, teve que sustentar.

Muito tem se falado sobre como "O Escândalo" é o "Green Book: o Guia" (2018) da temporada porque é um filme sobre mulheres, mas escrito e dirigido por homens - assim como "Green Book" tratava sobre racismo sendo feito por brancos. Já abordei essa discussão diversas vezes aqui no Cinematogafia, entretanto, vamos repetir até entendermos. É inteiramente verdade que "O Escândalo" teria bem mais potencial se feito por mãos femininas, todavia, não podemos dizer quem pode falar o quê dentro da arte. Não podemos criar um apartheid artístico, delimitar temáticas para grupos específicos, pois, ao invés de evocar uma inclusão, excluiremos. Demandar mais inclusão e representatividade é feita por um caminho diferente, e diminuir "O Escândalo" só por ser dirigido/escrito por homens não acrescenta muita coisa para a complexa discussão da arte. Local de fala não garante competência artística. 

Colocando em uma balança, "O Escândalo" tem mais glórias do que tragédias, mas imprime a impressão de que todo o potencial que a história poderia ter não foi atingido - as atuações irretocáveis auxiliam a alavancar o apreço da obra. Se sua opção mais importante enquanto filme é gerar um senso de urgência sobre o assédio sexual e a cultura do estupro, é um objetivo atingido. A produção funciona bem como aviso para a indústria, cada vez mais atenta para esse crime ainda tão difícil de ser revelado, porém, deixa um gosto amargo ao fim: mesmo com as mulheres envolvidas na história possuindo enfim voz, o problema não foi solucionado. Cabe as vítimas aprenderem a seguir com suas vidas e com a mácula causada por um homem que fez o que fez como imposição de poder e convicção de impunidade.

Tem country, emo e diálogo de "Garota Infernal" no novo disco da Halsey, "Manic"

Só estamos em janeiro, mas já temos vários lançamentos importantes. Nesta sexta-feira (17), foi a vez da Halsey revelar ao mundo seu novo disco, o "Manic"

O terceiro material da cantora é o mais íntimo de sua carreira. Pra quem sentia que a Halsey precisava criar um estilo próprio, aqui ela delimita muito bem o tipo de artista que busca ser ao se afastar do pop com flertes de hip-hop que vimos no "hopeless fountain kingdom" e abraçar algumas referências bem diversas, como o country e o pop-rock, esse um gênero que a Halsey sempre disse que influenciou bastante sua carreira. 

Um dos lados mais experimentais  do "Manic" é quando a artista investe em faixas country-pop, algo que nunca pensamos em vê-la fazer. Aqui, as músicas que investem nesse estilo são "Finaly // beautiful stranger", que lembra bastante "You & I", da Lady Gaga, e o atual single "You should be sad", que foi inspirado em "Before He Cheats", da Carrie Underwood, e ganhou um clipe com referências a Shania Twain e as próprias Carrie e Gaga.



Tá certo que "Nightmare" não entrou na tracklist do disco (o que ainda nos deixa muito triste), mas a cantora compensou e entregou algumas músicas com uma pegada mais alternativa e pop punk, com a melancólica "I HATE EVERYBODY", a interlude com a Alanis Morissette e a nossa favorita, "3am", que traz uma atitude parecida com a do início da carreira da Avril Lavigne e até com a de músicas da própria Alanis, como o clássico "You Oughta Know".

Outros destaques vão para a interlude do SUGA, rapper do BTS, que tem uma das melhores e mais belas composições do "Manic", "killing boys", que conta com um sample de um diálogo do filme "Garota Infernal" (sim!), e a música mais honesta e responsável por fechar com chave de ouro o material, "926"

Pessoal e cheio de composições lindíssimas, mostrando toda a evolução da Halsey como artista e da Ashley como pessoa, esse é o "Manic":

Crítica: “Jojo Rabbit” usa a ridicularização como arma de massacre ao Nazismo

Atenção: a crítica contém spoilers.

Indicado a seis Oscars:
- Melhor Filme
- Melhor Roteiro Adaptado
- Melhor Atriz Coadjuvante (Scarlett Johansson)
- Melhor Design de Produção
- Melhor Montagem
- Melhor Figurino

Numa rápida aulinha sobre qual é o primeiro passo para chegar ao Oscar, "Jojo Rabbit" é um bom exemplo para exemplificarmos. Engana-se quem acha que os indicados a "Melhor Filme" são estritamente aqueles que a Academia considera os melhores do ano; para figurar entre os até 10 indicados, há vários passos a serem seguidos. O primeiro deles é: seu filme deve estrear em um dos principais festivais de Cinema do mundo.

De Cannes a Berlim, vencer em um festival é um empurrão incrível na temporada, porém, é ainda melhor quando o filme estreia durante a abertura da janela do Oscar, que ocorre de outubro a dezembro. Foi a estratégia da Fox com "Jojo Rabbit", lançando-o no Festival de Toronto, um dos maiores do período. Para melhorar sua campanha, o longa venceu o "People's Choice Award", a maior honraria de lá. E tal prêmio é um catapultador para o careca dourado, vendo nove dos 10 últimos vencedores sendo indicados pela Academia - o vencedor de 2018 foi "Green Book: O Guia", que levou o Oscar de "Melhor Filme" (mesmo que sem merecer). Não por acaso, "Jojo Rabbit" saiu com seis indicações no Oscar 2020, incluindo "Melhor Filme".

"Jojo Rabbit" é uma sátira da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Um garotinho, Jojo Betzler (Roman Griffin Davis), faz parte da "Juventude de Hitler", um grupo com crianças e adolescentes adoradores de Adolf Hitler. Ele é obcecado pelo führer, tendo-o como amigo imaginário (interpretado pelo também diretor e roteirista Taika Waititi), que o aconselha na sua jornada de adoração ao Nazismo. Sua vida vira de cabeça para baixo quando o menino descobre que sua mãe, Rosie (Scarlett Johansson), esconde no sótão Elsa (Thomasin McKenzie), uma garota judia.

Filmes sobre a Segunda Guerra em Hollywood? Groundbreaker. O tema já foi explorado à exaustão dentro da indústria, necessitando renovações de abordagens, e essa é uma das missões de "Jojo Rabbit". Waititi possui um cinema que casa bem com o estilo, já vindo com os deliciosos "O Que Fazemos Nas Sombras (2014) e "Fuga Para a Liberdade" (2016) - assista aos dois, são pérolas - antes de cair nos braços de Hollywood com "Thor: Ragnarok" (2017), então ele é o realizador certo para tal projeto.

Uma das maiores críticas ao filme desde o Festival de Toronto é sua abordagem diante do Nazismo. Uma tragédia sem precedentes para a humanidade, seria correto usar um tom jocoso ao retratá-lo? Fui ao filme com imensa preocupação de como os horrores do período seriam retratados na tela, mas, se tratando de Waititi, não poderíamos esperar algo realmente sério.


A obra a todo o momento ironiza a lógica nazista, colocando-a sob uma luz patética. A mãe de Jojo informa que ele passou semanas aos prantos quando descobriu que o avô não era loiro, ou o quartel que pede vários pastores alemães (os cachorros) e um oficial traz literalmente pastores alemães (os camponeses). Tudo é gritantemente ridículo. Há uma ideia de que o bom humor é aquele que zomba o opressor, não o oprimido, e o texto de "Jojo Rabbit" não tem medo de fazer isso, afinal, nazista tem mesmo é que virar chacota.

Não que o humor do filme seja genial - há sacadas e momentos muitíssimos inspirados, mas a fita não consegue ser uma black comedy engenhosa e brilhante; o humor é melhor executado em "O Que Fazemos Nas Sombras", por exemplo. E o motivo para isso talvez reside no caminho final que a película anseia atingir: esse é um feel good movie, aquele que quer terminar com um sorriso no rosto, que quer que a plateia vá leve para a casa.

Por ser um feel good movie, muito da ousadia que o tema poderia render é ceifada a fim de manter o território em um campo mais seguro, o que definitivamente explica como a fita venceu o prêmio máximo no Festival de Toronto, derrotando nomes bem superiores como "História de um Casamento" (2019) e "Parasita" (2019): é o público que escolhe o filme favorito da seleção, e o molde de "Jojo Rabbit" é bem mais agradável no geral que os outros dois citados. É mais fácil de digerir quando o tom no final da sessão é tão ensolarado.

O cerne da produção está na relação entre Jojo e Elsa, a judia clandestina. Boa parte da duração é dedicada para os dois personagens, que são executados com muita competência pelos seus intérpretes - Thomasin McKenzie já havia mostrado seu talento no ótimo "Sem Rastros" (2018) e Roman Griffin Davis, que mesmo com apenas 12 anos e em seu primeiro trabalho na tela, consegue ditar os rumos da película, rendendo-lhe uma merecida indicação ao Globo de Ouro 2020 de "Melhor Ator - Comédia". Não há o que se queixar nesse departamento. Nesse.

Não me choquei quando vi que havia sido "Green Book" o antecessor de "Jojo Rabbit" em Toronto após terminar o filme: os dois possuem a mesmíssima estrutura - o inimigos-que-vão-aprender-a-conviver-e-acabam-descobrindo-que-gostam-um-do-outro. Desde comédias românticas com um casal que se odeia e vai inevitavelmente terminar junto ou o caso de "Green Book" e o desastroso "The Nightingale" (2018), ambos com um protagonista racista que vai rever seus preconceitos ao conviver com um personagem negro, "Jojo Rabbit" abusa do comodismo ao costurar a relação de Jojo e Elsa: o final é previsivelmente harmonioso.


O que o faz sair na frente dos citados são escolhas criativas no caminho dessa relação. A maneira como Elsa é introduzida na fita remete aos melhores momentos do terror satírico de "O Que Fazemos Nas Sombras" - ela entra em cena como um fantasma, e os enquadramentos evidenciam essa impressão. Ela usa os maiores (e mais ridículos) estereótipos que o Nazismo inventava sobre os judeus ao seu favor, como dormir de cabeça para baixo como morcegos e conseguir ler mentes. É bizarro saber que essas ideias eram realmente disseminadas para fomentar o ódio contra judeus, e o roteiro sabiamente se apropria delas para humilhar o fascismo ariano.

E temos, claro, o diretor como Hitler. Foi um passo ambicioso de Waititi ao incorporar uma das mais odiadas figuras da história, o que reforça seu posicionamento de zombaria - Hitler teria um ataque do coração ao ver um homem negro interpretando o ápice do orgulho babaca ariano. Seu Hitler é imbecil de uma forma diferente do que o real Hitler era, indo para um lado mais caricaturado e cartunesco, afinal, ele é fruto da imaginação delirante de um garoto de 10 anos. Apesar de adicionar na patifaria, sua aparição não funciona sempre. Convenhamos, seria impossível não compará-lo com o melhor Hitler do cinema, o de Charlie Chaplin em "O Grande Ditador" (1940), que também caçoa do führer, e o fascista de 80 anos atrás larga muito na frente, mesmo sendo concebido no meio do auge nazista.

Chamo a atenção para um subplot interessante dentro do roteiro: há dois capitães nazistas que são um casal gay, interpretados por Sam Rockwell (vencedor do Oscar por "Três Anúncios Para Um Crime", 2017) e Alfie Allen (de "Game of Thrones"). A abordagem para os dois começa bem sutil, com troca de olhares, até deixar mais comicamente elementar, como quando eles mostram desenhos de suas futuras roupas de combate, que mais parecem um figurino usado por Elton John em alguma turnê. O personagem de Rockwell, quando a Alemanha é derrotada e os nazistas capturados são levados para a morte, salva a vida de Jojo ao dizer que o menino é judeu, o que enfureceu muitos por mostrar que "nem todo nazista é malvado".

Acho essa lógica um tanto quanto simplória diante de algo que é bem mais complexo. Não é de se espantar que um casal gay se misture como nazistas para não acabarem mortos, mesmo eles reforçando um status quo que matou tantos outros gays. Não enxergo a escolha do filme como uma passada de mão na cabeça do Nazismo, e sim uma pontuação de que, como humanos, somos capazes de atrocidades e legítimos atos de bondade. Era claro que o personagem não concordava com as leis vigentes, apenas dançava conforme a música para sobreviver (vide a cena que ele acoberta Elsa quando a Gestapo vai até à casa de Jojo).

"Jojo Rabbit" não é superior aos convencionalismos intrínsecos do feel good movie ao não possuir a coragem de empurrar sua sátira para um nível mais ousado e inteligente. Existem lampejos de tragédia e veracidade (o final da personagem de Scarlett Johansson foi uma surpresa), mas sempre há algo que puxa a fita para baixo, deixando-a na sua zona de conforto. A fita é uma boa sessão por ser um filme que enche os olhos e pela forma como lida com absurdismo essa situação absurda, ironizando posições de poder que deliberadamente escolhem oprimir. Não temos uma didática aula de como o Nazismo é uma mácula - isso já deveria ser óbvio -, e sim uma reformulação na maneira como a arte o critica, por meio da ridicularização. A produção deixa claro como ideologias são fundamentalmente inventadas e ensinadas, caso contrário, aquele pobre e ignorante menino de 10 anos não veria Adolf Hitler como um deus.

P.S.: a cena do "Heil Hilter" por si só carrega nas costas toda indicação do filme a qualquer prêmio de "Melhor Roteiro".

Oscar 2020: tem documentário brasileiro, "Parasita", "Coringa" e dobradinha de Scarlett Johansson nos indicados

A Academia liberou nesta segunda-feira (13) a lista dos indicados ao Oscar 2020, que acontece em fevereiro. Entre os nomeados para a edição deste ano, temos como destaques o queridinho "Parasita", "Coringa", com 11 indicações, aquele filme de guerra que precisa ter sempre e "O Irlandês". O Brasil desta vez não ficou de fora e temos uma indicação para nos orgulhar: "Democracia em Vertigem", na categoria Melhor Documentário.

Uma grata surpresa é ver que "Coringa" é o longa-metragem que detêm o maior número de indicações. A produção, aliás, foi indicada nas principais categorias como Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Direção, além das técnicas como Fotografia, Edição de Som e Mixagem de Som. Quem disse que não tem espaço para quadrinhos no Oscar?

O filme sul-coreano de Bong Joon Ho, "Parasita" também se destacou entre os indicados, com seis nomeações, nas categorias Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Direção, Melhor Edição, Melhor Design de Produção e Melhor Roteiro Original. Se dependesse exclusivamente do It Pop, o longa levaria para casa todas as categorias. Desculpa, "Coringa".

Já na categoria de Melhor Atriz e Coadjuvante, temos Scarlett Johansson sendo indicada duas vezes, por "História de Um Casamento" e o polêmico "Jojo Rabbit", de Taika Waititi ("Thor: Ragnarok"). Cynthia Erivo ("Harriet") foi a única negra indicada em Melhor Atriz. Em Melhor Ator e Coadjuvante, temos também os merecidíssmos Adam Driver e Joaquin Phoenix na primeira categoria, e Anthony Hopkins e Al Pacino na segunda.

Na categoria Melhor Animação, as grandes apostas da Disney em 2019, "O Rei Leão" e "Frozen 2", ficaram de fora, um deles merecidamente, mas entraram "Toy Story 4", "I Lost My Body", "Link Perdido", o fofíssimo "Como Treinar o Seu Dragão 3" e "Klaus", da Netflix. Se a justiça fosse realmente feita, "Como Treinar" levaria a estatueta para casa.

Por fim, entre as surpresas e comodismos deste ano, mais uma vez o Oscar se mostra injusto e racista. No ano em que tivemos Eddie Murphy em "Meu Nome é Dolemite!" e Lupita Nyong'o em "Us", assim seu próprio diretor, Jordan Peele, todos foram esquecidos. Awkwafina também foi completamente esquecida, igual o filme que estrela, "A Despedida", além de Jennifer Lopez, que roubou a cena em "As Golpistas".

Confira as principais categorias abaixo.

Melhor Filme

1917
Adoráveis Mulheres
Coringa
Era Uma Vez Em...  Hollywood
Ford v Ferrari
Jojo Rabbit
O Irlandês
Parasita

Melhor Filme Estrangeiro

Corpus Christi
Dolor y Glória
Honeyland
Os Miseráveis
Parasita

Melhor Animação

Como Treinar o Seu Dragão 3
I Lost My Body
Klaus
Link Perdido
Toy Story 4

Melhor Documentário

American Factory
Democracia em Vertigem
For Sama
Honeyland
The Cave

Melhor Direção

Bong Joon Ho, Parasita
Martin Scorsese, O Irlandês
Quentin Tarantino, Era uma vez em… Hollywood
Sam Mendes, 1917
Todd Phillips, Coringa

Melhor Atriz

Charlize Theron, O Escândalo
Cynthia Erivo, Harriet
Renée Zellweger, Judy: Muito além do Arco-Íris
Saoirse Ronan, Adoráveis Mulheres
Scarlett Johansson, História de um Casamento

Melhor Atriz Coadjuvante

Florence Pugh, Adoráveis Mulheres
Kathy Bathes, O Caso Richard Jewell
Laura Dern, História de Um Casamento
Margot Robbie, O Escândalo
Scarlett Johansson, JoJo Rabbit

Melhor Ator

Adam Driver, História de um Casamento
Antonio Bandeiras, Dolor y Gloria
Leonardo DiCaprio, Era Uma Vez… em Hollywood
Joaquin Phoenix, Coringa
Jonathan Pryce, Dois Papas

Melhor Ator Coadjuvante

Al Pacino, O Irlandês
Anthony Hopkins, Dois Papas
Brad Pitt, Era Uma Vez… em Hollywood
Joe Pesci, O Irlandês
Tom Hanks, Um Lindo Dia na Vizinhança

Melhor Roteiro Original

1917
Entre Facas e Segredos
Era Uma Vez Em... Hollywood
História de Um Casamento
Parasita

Melhor Roteiro Adaptado

Adoráveis Mulheres
Coringa
Dois Papas
Jojo Rabbit
O Irlandês

Todos os indicados podem ser conferidos aqui.

Desesperado para chegar ao #1 com "Yummy", Justin Bieber pede para que fãs burlem streams

Não é segredo pra ninguém que o Justin Bieber quer o #1 na Billboard Hot 100 com seu novo single, "Yummy". O cara não tem escondido isso, falando em lives sobre como "segundo e terceiro lugar são coisa de perdedores" e pedindo para que os fãs mostrem sua devoção comprando diversas versões do single em seu site oficial. 

O que a gente não esperava é que ele iria longe demais, chegando a pedir para que os fãs que não são dos Estados Unidos burlem streams para ajudar na contagem da primeira semana na Hot 100. Sim, isso aconteceu!

Em uma postagem já deletada chamada "como fazer 'Yummy' chegar ao 1º", Justin ensina ao fãs como tirar o máximo de plataformas de streaming e compra de música. No Spotify, por exemplo, o cantor orienta seus seguidores a criar playlists com a faixa para deixar no repeat, não tirar o som, deixando tocar em um volume baixo para que os streams contem e, mais importante, deixar tocando enquanto você dorme. Olha o pesadelo, gente! 

Pra piorar, a postagem diz ainda que, se você não for dos Estados Unidos, é necessário baixar um aplicativo chamado VPN. O problema é que esse app, muito usado por fan clubs afora, é responsável por burlar streams: ele faz parecer que os plays vindos de um Spotify daqui do Brasil, por exemplo, são, na verdade, dos EUA mesmo. E pode isso, gente?!



Tudo isso nos faz questionar... e se fosse uma artista mulher e, mais ainda, negra fazendo a mesma coisa? Recentemente, Lizzo virou assunto no Twitter ao pedir para que seus fãs comprassem e dessem muito stream em "Good As Hell". A cantora, uma das maiores revelações de 2019, foi atacada, chamada de desesperada e de alguém que só se importa com charts, ainda que estivesse apenas pedindo por algo honesto e que não burlaria contagem alguma. Será que o Justin vai chegar a sofrer o mesmo que a Lizzo sofreu?

Com relação ao Justin e sua "Yucky" "Yummy", por enquanto a música está prevista para estrear em #4 na Billboard Hot 100. Ficamos de olho para ver se o cara vai conseguir (de forma honesta) chegar ao 1º lugar da parada. 

Megan Thee Stallion e Normani se transformam nas “Aves de Rapina” no clipe de “Diamonds”

É tudo de bom quando duas artistas novas e ótimas se juntam pra criar música boa, né? Melhor ainda quando elas chegam com o pacote completo e investem em um videoclipe incrível também. Esse é o caso de “Diamonds”, parceria entre Megan Thee Stallion e Normani para a trilha do filme “Aves de Rapina”.

A faixa vai servir como o primeiro single da trilha sonora do longa e dá pra entender porque: a música é divertida e caótica, sendo bem a cara das “Aves de Rapina”.



No clipe, assim como Arlequina e suas amigas no filme, Megan e Normani resolvem tomar conta dessa versão colorida e perigosa de Gotham. Elas aparecem com figurinos maravilhosos, do tipo que veríamos no guarda-roupa da própria Harley, usando o taco e a marreta da protagonista. 

O destaque vai também para a referência a “Diamonds Are a Girl’s Best Friend”, canção performada por Marilyn Monroe no filme “Os Homens Preferem as Loiras”. No videoclipe, Normani fica responsável por refazer a cena icônica em que Marilyn canta essa música, enquanto no filme Arlequina também vai fazer sua própria versão desse momento.



Além de Megan e Normani, a trilha completa, que deve ser lançada no dia 7 de fevereiro, conta ainda com outros nomes em ascensão como Doja Cat, Saweetie e Summer Walker, além de canções da Halsey e da Lauren Jauregui. Gostamos! 

Olha só a tracklist:

1. ”Boss Bitch”, Doja Cat
2. “So Thick”, Whipped Cream (feat. Baby Goth)
3. “Diamonds”, Megan Thee Stallion & Normani
4. “Sway With Me”, Saweetie & Galxara
5. “Joke’s On You”, Charlotte Lawrence
6. “Smile”, Maisie Peters
7. “Lonely Gun”, CYN
8. “Experiment On Me”, Halsey
9. “Danger”, Jucee Froot
10. “Bad Memory”, K.FLAY
11. “Feeling Good”, Sofi Tukker
12. “Invisible Chains”, Lauren Jauregui
13.“It’s A Man’s Man’s Man’s World”, Black Canary (interpretada pela atriz Jurnee Smollett-Bell)
14. “I’m Gonna Love You Just A Little More Baby”, Summer Walker 
15. “Hot Me With Your Best Shot”, Adona

Deu pra animar, né? E se essa trilha já nos deixou ansiosos, imagina o trailer novo de “Aves de Rapina” que saiu ontem? Estrelado pela Margot Robbie, o longa chega no dia 06 de fevereiro aos cinemas brasileiros.

Tá acontecendo, gente! Após mais de 4 anos de espera, Selena Gomez lança seu novo álbum, o "Rare"

E não é que o dia chegou? Depois de mais de quatro anos de espera pelo sucessor do "Revival", Selena Gomez lança nessa sexta-feira (10) seu novo disco, o "Rare".

Com produções de Mattman & Robin, duo por trás de músicas da Janelle Monáe, Taylor Swift, Julia Michaels e de "Lose You To Love Me", da própria Selena, Jon Belllion, que mais recentemente produziu "Graveyard", da Halsey, e MNEK, mais conhecido por trabalhos com Little Mix e Zara Larsson, o "Rare" traz uma sonoridade que mistura o pop minimalista apresentado no "Revival" com batidas eletrônicas que nos lembram bastante o "Stars Dance"

Mas o maior destaque do material são suas letras. Se o disco anterior já trazia composições bem honestas sobre a vida da cantora, o "Rare" vai ainda mais fundo, se tornando o trabalho mais vulnerável e visceral da artista, que nesses últimos quatros anos enfrentou  problemas de saúde relacionados ao Lúpus e a ansiedade e términos conturbados de relacionamento. 

Em seu novo material, Selena fala sobre a importância de se estar aberto a sentir, seja o que for, na faixa "Vulnerable"; a necessidade de cortar de sua vida aqueles que já não te faziam bem, tema de "Cut You Off"; a aceitação de que algumas pessoas vem e vão em nossas vidas, retratada em "People You Know"; e, finalmente, a importância de se descobrir especial e suficiente na canção que merecidamente dá o nome ao disco, "Rare".  



Ainda que seja um disco introspectivo e muito pessoal, o novo álbum de Selena é divertido e dançante, nos convidando a tratar sobre as questões mais difíceis de nossa vida com uma certa leveza, algo que fica bem evidente em canções como "Dance Again" "A Sweeter Place". A artista nos mostrou a parte mais sombria de seus pensamentos e recuperação em "Lose You To Love Me" e guardou o melhor e mais aconchegante para esse momento.

O "Rare" como um todo não é tão ousado quanto músicas como "Bad Liar" e "Fetish", canções que foram incluídas na versão Target do disco e que podem ter gerado uma certa expectativa com relação ao direcionamento dos futuros trabalhos de Selena, mas é o material que melhor a define como artista: alguém que consegue conversar com sua geração de forma simples e direta, porém acolhedora e muito verdadeira, sobre saúde mental, autoaceitação e, mais do que tudo, amor - não o amor romântico, mas o amor pelas pequenas coisas, pelos sentimentos, pelos ensinamentos e, em suma, pela vida. 

Arlequina conta um pouco sobre sua emancipação no novo trailer de "Aves de Rapina"

"Aves de Rapina" tem tudo para ser um dos filmes mais divertidos da DC e o seu novo trailer, divulgado nesta quinta-feira (9), prova isso. A prévia traz Arlequina (Margot Robbie) contando um pouco sobre sua separação com o Coringa e como ela se uniu a Canário Negro, Caçadora e Renee Montoya contra o Máscara Negra.


Indo contra-mão ao primeiro trailer, este traz um tom que realmente deve ser explorado no longa-metragem. A Canário Negro simplesmente vai ser tudo, teremos efeitos especiais coloridões e a produção deve ser engraçadinha pra caramba - todo o alívio cômico ficará a comando da Arlequina, como esperado.

Não somente seguindo os quadrinhos, o filme é uma resposta a recepção do público quanto a relação de Arlequina e o Coringa de Jared Leto em "Esquadrão". Nas HQs, a separação vai além, com a personagem se descobrindo bissexual e casando com a vilã Hera Venenosa. Ainda é cedo afirmar que isso pode acontecer nos cinemas, mas não fiquem surpresos caso acontecer um dia.

Além de Margot Robbie e Ewan McGregor, estão no elenco Jurnee Smollett-Bell (Canário Negro), Mary Elizabeth Winstead (Caçadora) e Rosie Perez (Renee Montoya). "Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fabulosa" estreia em 5 de fevereiro.

NÃO SAIA ANTES DE LER

música, notícias, cinema
© all rights reserved
made with by templateszoo