Não foi a gente que pediu: Lady Gaga lançará "Joanne" como single de encerramento da era

Se você pensava que a era "Joanne" tinha acabado, pensou errado. Apesar de estar se despedindo aos poucos dessa parte de sua vida e de ter lançado "The Cure", single avulso bem diferente do que vimos em seu último disco, Lady Gaga parece ainda ter alguns planos para o álbum. 

"Joanne", faixa-título do material, será enviada para as rádios italianas nessa sexta-feira, 22 de dezembro. A música, escrita para sua tia, teve grande importância no documentário de Gaga lançado nesse ano, "Five Foot Two", onde ela explica melhor o conceito do CD e sua conexão com esse membro da família. 


Não sabemos se a escolha foi feita justamente para promover o documentário, ainda mais em período de premiação, ou apenas sempre foi algo planejado para terminar a era, mas o single não deve receber muita atenção de Gaga. A cantora já confirmou estar trabalhando em um novo material, enquanto o produtor Mark Nilan garantiu que eles vão dominar as rádios em 2018.

Podia ser "Dancin' In Circles", né? Lady Gaga, por que me matou?

Anitta bate recordes no Spotify com "Vai Malandra" e não choca ninguém

Ser o videoclipe brasileiro mais visto nas primeiras 24 horas não é o único recorde que Anitta alcançou com "Vai Malandra". Para além do YouTube, a música mostrou todo o seu poder no Spotify e fez a cantora bater uma série de recordes. 



"Malandra" é a primeira faixa nacional a conseguir mais de 1 milhão de execuções em apenas um dia no Spotify Brasil. A música fechou suas primeiras 24 horas com mais de 1,2 milhões de plays. O sucesso no Spotify BR fez com que a canção figurasse na parada global da plataforma, o Spotify Worldwide, onde Anitta fez a melhor estreia de um brasileiro, entrando com a canção em #49. 

Mas sabe quem já estava no Spotify Worldwide faz um tempinho? A própria Anitta, dessa vez com "Downtown"! A música acaba de alcançar seu pico no chart e chegou a 26ª posição, ultrapassando "Hear Me Now", do Alok. Agora, Anitta é a artista brasileira como principal da canção a ter a melhor posição no Spotify Mundial.


E não para por aí! Com "Vai Malandra" e "Downtown" no Spotify WW, Anitta é a primeira cantora brasileira a emplacar duas músicas no Top 50 da parada. 

Parabéns, malandra! Esse momento é só seu!

Anitta quebra recorde de clipe brasileiro mais assistido nas primeiras 24 horas com "Vai Malandra"

Não dá pra dizer que estamos surpresos, né? Anitta veio com tudo com "Vai Malandra", tacada final do projeto Check Mate, e seu clipe cheio de referências às origens da cantora lançado nesta segunda-feira (18) já quebrou seu primeiro recorde. 

Com apenas 10 horas de lançamento, "Vai Malandra" já conseguiu mais de 8.7 milhões de visualizações, se tornando agora o videoclipe brasileiro mais visto nas primeiras 24 horas. O título, até então, pertencia a Luan Santana com "Check-In", que chegou aos 8.2 milhões de views no YouTube.



Se agora o número de visualizações é esse, imagina quando a contagem do primeiro dia fechar? Uau!

Vale lembrar também que Anitta já estava no Top 5 dos clipes brasileiros com mais visualizações nas primeiras 24 horas com "Paradinha", que alcançou pouco mais de 6.4 milhões de views. 

O vídeo de "Vai Malandra" foi filmado no Morro do Vidigal e é uma grande homenagem de Anitta à cultura da favela, em uma forma da cantora não só agradecer e lembrar de onde veio, mas também mostrar que, apesar de cada vez mais internacional, ela é mais brasileira do que nunca, e também se opor ao projeto de lei que visa criminalizar o funk. Vai, malandra!

A Anitta internacional é boa, mas a brasileira e funkeira de "Vai Malandra" é muito melhor

Saiu! A tacada final do projeto #CheckMate é "Vai Malandra", música lançada nesta segunda-feira (18), que mostra o orgulho que Anitta tem do funk e de onde veio, além de reafirmar o posicionamento da cantora com relação ao projeto de lei que quer criminalizar o funk em nosso país.

"Vai Malandra" tem a participação de Mc Zaac, o cara do sucesso "Vai Embrazando", além de Maejor, rapper que cumpre a "conta internacional" estabelecida pelo projeto, segundo Anitta. A música tem a produção de Tropkillaz e do DJ Yuri Martins, produtor da própria "Vai Embrazando", além de muitos outros sucessos do funk, como "Tá Tranquilo, Tá Favorável" e "Oh Novinha". Apesar da produção caprichada, o melhor de tudo é o vídeo.  

No clipe, gravado no Vidigal, Anitta mostra que, apesar de estar investindo em uma carreira internacional, não pretende abandonar suas origens. Em uma verdadeira homenagem a cultura da favela, ela passeia de mototáxi, pega sol na laje e termina em um baile funk diverso e completamente dominado por mulheres, com a presença da revelação da internet e também funkeira, Jojo Todyinho.

Escute agora o funk oficial do Carnaval 2018: 



É isso que nós chamamos de Check Mate.

Mica Condé e Perlla querem a sua atenção com a dançante “Beijando Todo Mundo”

Mica Condé começou a sua carreira no rock, à frente da banda Divisa, mas foi ao pop que se dedicou quando saiu em carreira solo. Com um disco já lançado (“Nada Além de Mim”, produzido por Latino, foi lançado em 2015 e não chegou às plataformas de streaming), a cantora se prepara para retomar a busca por seu lugar ao sol com um novo EP, previsto para o começo de 2018, e termina o ano ao lado de ninguém menos que a cantora Perlla, que saiu da música gospel para voltar ao funk há alguns meses.

Nos passos de hits como “Loka”, da Simone & Simaria com Anitta, e “Esqueci Como Namora”, do Nego do Borel com Maiara & Maraísa, as duas se uniram para a faixa “Beijando Todo Mundo”, que mescla música pop, reggaeton e um quê de sertanejo, com a certeza de que, no mínimo, te fará dançar.

Falando sobre a faixa, Mica conta que pensou nela como uma conversa entre amigas, de forma que a parceria com uma outra cantora cairia muito bem. A escolha de Perlla, por sua vez, ainda te deu a oportunidade de colaborar com um nome que admirava quando era mais nova. “Ela é uma pessoa incrível, que marcou a minha adolescência e tem uma importância absurda no funk melody”, explicou.

“Beijando Todo Mundo” é o segundo single do seu EP de retorno, sucedendo a faixa “Me Solta”, também lançada neste ano. Ouça abaixo:



E aí, vale um espaço na sua playlist?

A CCXP 2017 nos proporcionou uma das experiências mais fodas do ano

Imagem cedida pela CCXP. Foto por Daniel Deák - Galpão de Imagens.

Há exatos 7 dias, estávamos nos despedindo de uma das experiências mais legais que tivemos neste ano. A nossa jornada começou na quarta-feira, por volta das cinco da tarde, com uma coletiva para a imprensa apresentando as novidades e objetivos da feira neste ano. Logo mais, o principal desse curtíssimo primeiro dia: a Spoiler Night, inspiradíssima na Preview Night da San Diego Comic-Con, feira que serve de inspiração para a CCXP desde 2014.


Não demora muito para gente perceber o quão oportuno é essa dia, mas só percebemos sua real importância nos dias seguintes (risos). Aqueles que adquiriam os ingressos Full e Epic Experience puderam desfrutar de bastante coisa sem enfrentar aquelas filas que podem chegar a demoradas 4hs, só para poder tirar uma foto no Trono de Ferro de "Game of Thrones", por exemplo. Um brinde ali e outro aqui, "olha a foto", e quando tomamos conta, já está na hora de ir embora. Porém, uma certeza: a edição deste ano seria incrível. E foi.

Chega quinta-feira e com ela a gratidão pelo Spoiler Night. Não demora para formar filas enormes após a abertura dos portões, e ainda bem que esta realidade não é presente na fila para o auditório principal, o Thunder, onde acontece de tudo. Nesse primeiro dia, por exemplo, rolou orquestra tocando a música tema de "Jurassic Park", provocando arrepio na alma, sem contar a exibição em primeira mão do primeiro trailer de "Jurassic World: Reino Ameaçado". Ao fim do dia, a sensação de que não poderia ficar mais legal o evento era grande.


Felizmente, a sexta-feira matou com bondade nossa suposição. Já no primeiro painel do Thunder, a emoção tomou conta do auditório com Fernanda Montenegro falando um pouco sobre sua carreira. Também tivemos Bruna Marquezine e Marina Ruy Barbosa ao som do funk proporcionado por Tatá Werneck que levou todo mundo ao delírio. Claro, o grande destaque acabou ficando pelo painel da Fox, trazendo 11 minutos de "Maze Runner: A Cura Mortal". Ainda não sabemos se é o hype, mas que troço bom, viu?

Imagem cedida pela CCXP. Foto por Daniel Deák - Galpão de Imagens.

Já no terceiro dia, só conseguimos entrar no Auditório Thunder para o painel de "The Walking Dead" com Danai Gurira, com seus discursos lindíssimos de feminismo e elogios a "Stranger Things". Doninha ♥. Depois, Nick Jonas esbanjou simpatia no painel da Sony que trouxe uma caralhada de conteúdo legal, como o vídeo com o elenco de "Jumanji: Bem-vindo à Selva" exclusivo para a CCXP. Ah!, não podemos esquecer do susto que foi conversar com Tom Hardy diretamente do set de "Venom".

Agora uma pausa nos painéis que acabou se estendendo até o último dia. Fomos parar lá no estande da Warner para ter um gostinho das ativações. Fotinha bem Aquaman, com arma, barba e cabelão e foto ao lado do icônico carro de "Supernatural"; e por fim, deu pra ser o próprio Barry Allen numa gincaninha que exigia agilidade.

Depois fomos ao estande da HBO para ver o que o canal tinha preparado ao público. Logo no começo, vários cenários que remetem às séries presentes no HBO Go, o serviço de streaming do canal, e deu pra tirar muita foto conceitual, hahahaha. O famigerado Trono de Ferro estava lá também, mas a novidade foi o trono da moça dos dragões. Para "Westworld", a experiência foi bem mais imersiva, com uma viagem para o parque, e a sensação de realmente estar na série foi constante.

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No dia seguinte, voltamos ao estande da Warner para outras ativações que acabamos não conseguindo experimentar no dia anterior: "Supergirl" e "Tomb Raider: A Origem". Para a prima do Superman, fomos suspensos no ar através de cabos e viramos a própria kriptoniana, com direito a capa vermelha. Já para "Tomb Raider", encarnamos a pele de Lara Croft e escalamos um paredão em 30s para ganhar um mimo e, não vamos mentir, o desespero bateu quando o tempo começou a acabar.

Como não pegamos nenhum painel no domingo, o ponto alto do nosso dia foi quando vimos uma multidão indo atrás de um homem mascarado. A primeira suposição é ser um cosplayer mega famoso, mas ouvimos dizer ser Will Smith. Eita! O cara atravessou o pavilhão mascarado para ir até o estande da Netflix para fazer um barulho lá no espaço de "Bright", seu novo filme com o serviço. Smith levou todo mundo a loucura com sua rápida aparição. O ator também já havia ido ao terraço do Omelete, assim como os outros convidados.

Imagem cedida pela CCXP. Foto por Daniel Deák - Galpão de Imagens.

Isso tudo foi só um pouquinho do que vivenciamos nos quatro dias e meio da CCXP 2017, e rolou bastante coisa que não conseguimos pegar, como a Alicia Vikander tirando foto com vários cosplays de Lara Croft. Filas, brindes, conteúdos especiais, ativações incríveis e convidados fodas. Isto é CCXP! Foi épico, e quem sabe no próximo ano estaremos lá de novo, né?

Os melhores lançamentos da semana: Mc Fioti com J Balvin, Banda Uó, Anne-Marie e mais

Nada foi a mesma coisa após junho de 2015, quando as gravadoras e plataformas de streaming se uniram para a chamada New Music Friday: um dia global de lançamentos com artistas de todos os gêneros nas principais plataformas pela rede mundial de computadores.

Ao virar do dia entre quinta e sexta-feira, nós religiosamente corremos para o Spotify, pra sabermos quais são as novidades mais interessantes da semana, sejam elas de artistas  novos ou consolidados, e reunimos todas nesta playlist que, sendo assim, é atualizada semanalmente.




Apesar de todas as músicas acima serem 10/10, vale ressaltarmos que as melhores das melhores se encontram no topo da lista.

Caso se interesse em ler mais sobre as faixas escolhidas, aqui vamos nós, e não deixe de nos seguir pelo Spotify!

O QUE TEVE DE BOM


👍 O remix internacional de "Bum Bum Tam Tam", do Mc Fioti com a participação de J Balvin, Future, Stefflon Don e Juan Magan é tão bom que nos faz acreditar que o funk brasileiro tem mesmo o potencial para ser o novo reggaeton. 

👍 O último single da Banda Uó antes da pausa, "Tô Na Rua", é uma despedida agridoce para um grupo que fez muito pela música brasileira e pela diversidade que encontramos hoje no cenário. Vão deixar saudade. <3

👍 Anne-Marie guardou o melhor para o final. Seu último single a ser lançado em 2017, "Then", é um mid-tempo sincero e cheio de emoção, que nos lembrou o porquê de nos apaixonarmos por ela em "Alarm". 



👍  Se nos falassem há 5 anos atrás que o Arcade Fire lançaria um remix latino, não acreditaríamos. Hoje, os tempos são outros, e todo mundo quer tirar uma casquinha da música latina, até eles. Durante sua passagem pelo continente, a banda liberou um remix de sua "Everything Now" com a dupla Bomba Estéreo, e o resultado é surpreendentemente incrível.  

👍  Com sua nova mixtape, "Pop 2", Charli XCX continua a explorar todas as possibilidades da PC Music, gênero ainda pouco conhecido pelo grande público, além de criar um som próprio e se firmar como uma das artistas mais originais do nosso tempo. "Femmebot", com a Dorian Electra e o Mikky Blanco, não nos deixa mentir.


O QUE TEVE DE RUIM


💩 Ótimas parcerias não fazem um ótimo álbum. O "Revival", do Eminem, que o diga.

NÃO PODE SAIR SEM OUVIR




Ouça e siga a playlist “It’s Nü Music Friday” no blog:

Crítica: "A Deusa da Vingança" é um quebra-cabeça mitológico sem respostas fáceis

Começar este texto com um aviso de spoiler seria simplório demais, então vamos lá: o texto em questão contém explicações pessoais sobre "A Deusa da Vingança" (Sam Was Here), longa que acaba de chegar no catálogo da Netflix e tem feito muita gente quebrar a cabeça. Recomendo que você vá agora assisti-lo - são só 70 min de filme, rapidinho - e logo em seguida retorne para, juntos, tentarmos entender o que diabos se passa ali. Caso você já tenha feito todos esses passos, siga em frente.

Como apenas 1:10h pode estar fazendo tantas pessoas amarem e odiarem um filme? "A Deusa da Vingança" segue um dia na vida de Sam (Rusty Joiner), um vendedor ambulante que chega numa cidadezinha no meio do deserto. Mas deserta também está a cidade: nenhuma das casas parece conter uma alma viva, assim como todos os lugares por que ele passa. Sam liga para o seu chefe, pedindo para ir embora dali, e para sua esposa, dando sinal de vida, porém ninguém atende. Ele se sente a última pessoa do planeta.

As suas únicas companhias são seu page, que passa o dia recebendo mensagens anônimas o chamando de "Porco pedófilo" (que Sam ignora com certa desconfiança), e o rádio, mais especificamente o "Programa do Eddy", uma espécie de programa policial pro qual as pessoas ligam para denunciar ou reclamar de absolutamente qualquer coisa. Sam se distrai com uma caçada de um serial killer que está foragido pelas redondezas, ouvindo a população ligando para Eddy e temendo por suas seguranças. Mas onde estão todas essas pessoas?

Enquanto segue até um motel para passar a noite, o protagonista percebe uma brilhante luz vermelha no céu, que permanece imóvel e enigmática - ele nem ao menos tem alguém para perguntar "O que pode ser aquilo?". Christophe Deroo, em contrapartida, dirige o filme dando pinceladas não-diegéticas, ou seja, com apenas o público tendo ciência: no motel, tão vazio quanto o resto da cidade, há alguém escondido num dos banheiros, mesmo com as súplicas de Sam para algum atendente aparecer. Se para o homem tudo está muito estranho, para nós, que temos mais informações que ele, a situação está bizarra.


A atmosfera do longa é construída de maneira exemplar - ajudada pela estonteante fotografia de Emmanuel Bernard; o afiado design de produção de Barnabe Nuytten; e a bela montagem de Camille Guyot, todos em seus primeiros trabalhos em um longa-metragem. É impossível não se sentir desconfortável com o passar da duração e as peças se encaixando de forma hermética e não conclusiva. Desde a estranha luz no céu até o cômico programa do rádio, tudo conspira para que entremos na onda do filme e sigamos os passos de Sam em busca de alguma explicação. E manter o interesse da plateia é primordial em qualquer obra.

Quando Sam finalmente encontra um ser vivo, um policial, parece que a solidão acaba, todavia, o pesadelo começa de verdade quando o tal policial atira no protagonista, forçado a fugir. Todo o desenvolvimento de Sam é feito de maneira que sintamos a mais pura simpatia pelo personagem - suas tentativas frustradas de venda, sua preocupação com a família e até mesmo o dinheiro deixado pelos lugares vazio por que passa (junto com um bilhete dizendo "Sam esteve aqui") são mecanismos de afeto para o público - então tal violência gratuita ativa um alerta máximo na nossa mente de maneira tão urgente quanto na de Sam, tendo que lutar pela sua vida.

"A Deusa da Vingança" entra aqui num mote bastante conhecido dentro do cinema de terror: o protagonista sendo perseguido por vilões mascarados. Desde os clássicos "O Massacre da Serra Elétrica" (1974), "Halloween: A Noite do Terror" (1978) e "Sexta-Feira 13" (1980), até os modernos, como "Pânico" (1996), "Os Estranhos" (2008) e "A Morte Te Dá Parabéns" (2017), a figura do vilão por trás de uma máscara é elemento eficiente para a construção da atmosfera, principalmente se a máscara em questão conseguir gerar algum medo. É certo que psicopatas mascarados já deram uma saturada, porém "A Deusa da Vingança" não se utiliza disso como apoio principal de sua narrativa.


Isso fica claro quando a identidade de seus capatazes é irrelevante para Sam. Ao contrário do que se espera, o protagonista não demonstra querer descobrir quem sejam aqueles perseguidores. Com exceção do primeiro, de que ele meramente olha a identidade, nenhum dos rostos de nenhum dos outros personagens é mostrado de forma explícita na tela.

Sam então encontra cartas para todos os moradores da cidade, enviadas por Eddy, o apresentador do tal programa de rádio, dizendo para a população fugir do protagonista e, caso o encontre, matá-lo, pois ele era o serial killer de que todos estavam atrás. Entretanto, Sam sabe da sua inocência, e, longe de qualquer ligação com o "mundo exterior", se vê preso numa cidade que deseja a sua morte.

Ao contrário de Darren Aronofsky, que saiu explicando "Mãe!" para todos os lados, Christophe Deroo simplesmente disse que entender o longa não é o mais importante, e sim acompanhar sua atmosfera. Claro, falar é fácil, e nós, seres humanos, criaturas sedentas de curiosidade, ficamos desesperados diante do que não faz sentido, do que não tem uma explicação - e "A Deus da Vingança" explica praticamente nada do que se passa no ecrã, o que gerou comentários furiosos de como a obra é uma perda de tempo. Mas vamos entender.


Assim como qualquer obra que permita que a subjetividade do espectador crie seus próprios sentidos, não há uma explicação correta para todo o caos do filme - principalmente quando o diretor se recusa a dar essa explicação. A teoria a seguir é extremamente particular e tão correta (ou errada) quanto qualquer outra das várias que surgiram na internet, então comprá-la ou não cabe a você, leitor, que pode achar tanto que faz total sentido quanto uma viagem sem qualquer lógica.

Sam está no inferno. Todo o trecho de sua vida nada mais é que sua passagem pelas terras de Satanás, personalizado pela figura de Eddy, o rei daquele deserto, já que é o único a conseguir se comunicar com todos. A misteriosa luz vermelha nada mais é que o símbolo desse submundo, que vai brilhando cada vez mais forte até a derradeira hora do acerto de contas.

O próprio título nacional dá uma grande dica. Não se revolte, você, que acha que as produtoras brasileiras inventam títulos absurdos ao destoarem de uma tradução literal - e isso é uma realidade: "A Deusa da Vingança" - bastante distante de "Sam Esteve Aqui", o título americano - não é uma firula para soar bonito e vender o filme em terras tupiniquins. Uma produção franco-americana, o longa recebeu na França o título de "Nemesis", figura da mitologia que era, olha só, a deusa da vingança para os gregos, a entidade responsável pela justiça e por dar o equilíbrio cósmico entre bem e o mal.


O protagonista de fato é culpado pelos crimes de que é acusado, porém não se recorda por estar diante do seu julgamento, e todo o sofrimento que percorre faz parte do pagamento de seus pecados. Eddy liga para Sam e mostra uma gravação de sua esposa, dizendo que Sam já está morto, o que reforça a ideia de que o filme se passa em seu pós-vida. Todas as pessoas determinadas a matá-lo são meros peões do jogo de Lúcifer - ou de Nemesis, ou de Eddy, ou do nome que você queira dar - destinados a causar dor e sofrimento para alguém que fez a mesma coisa em vida.

O roteiro de Deroo e Clement Tuffreau faz a sacanagem de jogar anzóis de apreço do público para com Sam e depois destruir tudo ao colocá-lo como culpado. Não dá para não torcer pelo protagonista, e toda a construção do personagem, atuado com muito poder por Rusty Joiner, que carrega o filme nas costas, é feita de modo brilhante. Todas as nuances e camadas do vendedor abandonado que vira a caça por um bando de malucos ensandecidos no meio do nada são para fazer qualquer um sentir a mínima empatia.

"A Deusa da Vingança" vem sofrendo ataques de um público que não é culpado: estamos acostumados a termos respostas fáceis, entregues de bandeja por um cinema abertamente comercial e que se utiliza de crenças religiosas familiares - como a franquia "Invocação do Mal" (2013-), por exemplo. Quando batemos a cara numa obra que não faz o mínimo esforço para se explicar, soa como algo mal feito, não finalizado e até arrogante, todavia, temos aqui um filme competente em sua proposta e execução ao orquestrar um novo olhar de referências mitológicas de maneira criativa. Basta você tentar ver além da superfície - e as profundezas às vezes assustam.

O remix de "Bum Bum Tam Tam", com J Balvin, Future e Stefflon Don, é a única coisa que você precisa ouvir hoje

Se algum dia você pensou que "Bum Bum Tam Tam", do Mc Fioti, não poderia ficar melhor, pensou errado. No remix do funk lançado hoje (15), com J Balvin, Future, Stefflon Don e o produtor Juan Magán, a música consegue chegar ao seu ápice e, como sempre, não deixa nossa bunda ficar parada.

Apesar de ser um remix internacional, tem muito português sim! O brasileiro aparece bastante e a estrutura original da faixa é mantida, com o refrão praticamente intacto. J Balvin chega mandando um espanhol, enquanto a britânica Stefflon Don e o americano Future cantam em inglês, fazendo uma grande mistura de idiomas que, acredite, não fica uma grande bagunça, e funciona muito bem.

É a flauta envolvente que mexe com a mente...



A bunda chega a tremer. 

Sem remix e de forma extremamente espontânea, "Bum Bum Tam Tam" se tornou o funk mais visualizado da história do YouTube, acumulando quase 500 milhões de visualizações em seu vídeo oficial. Smash hit faz assim!

Estamos prontos para a dominação mundial. 

Album Review: Taylor Swift, “reputation”

“Eu juro que não amo o drama, é ele quem me ama”, canta Taylor Swift em “End Game”, segunda faixa do disco “reputation”. Introduzido ao público pela vingativa e dançante “Look What You Made Me Do”, o álbum que anuncia a morte da antiga Taylor é também o que busca ressuscitá-la em seu imaginário, mas desta vez com a sua versão sobre várias histórias.

Em seu prólogo, ela explica: “nós pensamos que conhecemos alguém, mas a verdade é que só conhecemos a versão que eles escolheram nos mostrar (...) Nós nunca somos apenas bons ou ruins. Somos mosaicos das piores e melhores versões de nós mesmos, nossos segredos mais profundos e nossas histórias favoritas para contar num jantar, existindo em algum lugar entre nossa foto boa para o perfil e aquela da carteira de motorista”.

“Tenho estado sob os olhos do público desde os meus 15 anos. Tive a sorte de fazer música para viver e ver multidões apaixonadas e vibrantes, mas no outro lado da moeda, meus erros têm sido usados contra mim, minhas decepções sido usadas para entretenimento, e minhas composições sendo vistas como uma exposição excessiva.”


“Não haverá maiores explicações”, ela adianta. “Apenas a sua reputação”. E assim seguimos, sob as produções de Jack Antonoff, Max Martin e Shellback, para descobrirmos o que ela tem a nos dizer.



Esta é nossa resenha faixa-a-faixa para o álbum “reputation”:

“...Ready For It?”

Logo em sua intro, a música é tomada por batidas eletrônicas impactantes, agressivas. Os synths distorcidos nos lembram do som de suspense que antecede a chegada do monstro Demogorgon, na série da Netflix, “Stranger Things”, até que Taylor nos pergunta: você está pronto pra isso?

Apesar do soco de seus primeiros segundos, o refrão é bem mais contido do que esperávamos, remetendo, tanto lírica quanto sonoramente, a faixa “Wildest Dreams”, do seu álbum anterior. Então sim, podemos dizer que estamos prontos.


“End Game”

“Nós temos uma grande reputação”, canta Taylor, quase que em tom de celebração. Primeira e única parceria do disco, a música se afasta da proposta vingativa de “Bad Blood”, do álbum anterior, para uma espécie de reunião entre pessoas mal faladas - neste caso, ela, Ed Sheeran e o rapper Future. E ainda que fale sobre seus inimigos, termina numa declaração amorosa, onde as vozes da faixa já não querem mais ser opções para a outra pessoa. “Quero ser o fim dos seus joguinhos.”

Ed Sheeran, que vez ou outra arrisca uns raps em suas canções, já havia colaborado com Taylor Swift na fofa “Everything Has Changed” e, desde o lançamento do álbum “Divide”, assumiu uma postura bastante prepotente com a imprensa, de forma que se encaixa bem no espaço que a cantora abre para sua nova fase. Sua participação aqui também lembra uma de suas influências nas investidas pop, Justin Timberlake, principalmente pela confiança como entoa os versos, não usual em sua própria discografia. Um dos grandes e inesperados acertos do disco.

“I Did Something Bad”

A mesma Taylor Swift que atendeu ao telefonema de “Look What You Made Me Do” é quem está no controle por aqui. Com vocais distorcidos, batidas pulsantes e um violino que ascende durante toda a faixa, “‘Something Bad” traz sua confissão de que, apesar de ter sido acusada por fazer algo ruim, ela gostou disso e faria outra vez. 

Essa é a primeira faixa do disco que, aparentemente, trata da sua desavença com o rapper Kanye West. A referência mais notável é o verso “se um homem diz asneiras, eu não devo nada pra ele”, que conversa abertamente com a letra original de “Famous”, em que ele dizia “eu acho que Taylor Swift me deve sexo, eu tornei essa vadia famosa”.

Neste caso, o “algo ruim” pelo qual foi acusada foram as contradições sobre o assunto, como o fato de ter aprovado seus versos numa ligação com Kanye West e, posteriormente, dito não ter sido avisada sobre a música. É um dos arranjos mais empolgantes do disco, mas a letra cai em clichês que mais parecem um compilado de legendas para o Instagram.


“Don’t Blame Me”

Lana Del Rey e Banks entram num bar. “Blame” tem bastante influência das faixas do australiano Flume (ouvir “Say It”, dele com a Tove Lo, e “Never Be Like You”, com a cantora kai), enquanto a cantora faz confissões sobre seus exageros passionais, uma vez que, após brincar com caras mais velhos e partir corações, ela foi pega por um sentimento intenso de verdade. “Que deus me salve, porque minha droga é o meu amor e eu vou usá-la até o fim da minha vida.” Outro ponto alto do disco.

“Delicate”

É interessante que, apesar da sonoridade tropical já datada, Taylor Swift consegue tornar “Delicate” um bem-sucedido experimento, especialmente pela forma como trabalha seus vocais, aqui acompanhados de um efeito chamado vocoder, que o parte em vários pedaços, como um coral. Mais vulnerável que boa parte do disco, a música fala sobre ela se abrir para um novo amor, que deverá amá-la por o que ela é, não por o que outras pessoas falam sobre, e quando volta para o assunto amor, a cantora tem seu ápice lírico, sendo essa uma das melhores letras do disco até aqui.


“Look What You Made Me Do”

Ao longo do disco, é comum ver Taylor Swift assumindo poucas de suas ações. Em “End Game”, ela canta sobre o que seus inimigos falam sobre ela, em “I Did Something Bad”, ela afirma que eles acham que ela fez algo ruim e, em “Don’t Blame Me”, ela pede pra não ser considerada culpada por suas ações. E o mesmo, como você sabe, se repete em “Look”, no qual ela declara: olha o ponto que você me fez chegar, olha o que você me fez fazer.

Um dos seus primeiros-singles mais inesperados de toda a carreira, traz a primeira aparição do produtor Jack Antonoff no disco e constrói uma narrativa apoteótica sob o arranjo de “I’m Too Sexy”, do Right Said Fred, com quês de “Operate”, da cantora Peaches.

Passada tantas faixas com sonoridades experimentais para a discografia da cantora, é aqui que ela, enfim, anuncia: a velha Taylor está morta. Mas isso não dura muito tempo.

“So It Goes…”

No livro “Matadouro 5”, originalmente lançado sob o título “Slaughterhouse Five” (1969), de Kurt Vonnegut, a expressão “so it goes” é usada sempre que uma morte acontece, como uma forma de pular para outro assunto. A alusão aqui faz sentido, como se essa fosse uma forma de Taylor virar a página e, assim como fez em “Look What You Made Me”, dar um fim ao que deixou pra trás.

Em 2016, a cantora havia chamado a atenção do público ao usar o termo “slaughtered”, que pode ser traduzido como “trucidada”, ao falar sobre a forma como a mídia tratava os seus encontros.

De volta às mãos de Max Martin e Shellback, a faixa abre um novo momento do disco que, daqui pra frente, soará como um lado B do seu trabalho anterior, “1989”, com toda uma sonoridade e lirismo que, facilmente, poderiam se encaixar no antigo trabalho. Como era de se esperar, a velha Taylor não está tão morta assim.

“Gorgeous”

Agora que está numa relação estável, Taylor também se permitiu cantar sobre isso e, numa audição do novo disco com alguns fãs, fez questão que soubessem e espalhassem quem era a inspiração desta faixa, seu atual namorado.

Musicalmente, “Gorgeous” lembra bastante “Blank Space”, do “1989”, de forma que, por conta de sua letra positiva, a música faz um contraponto interessante com a anterior, agora sobre um amor que é tão, mas tão bom, que até faz com que ela sinta como se fosse demais. “Não há nada que eu odeie mais do que o que eu não posso ter.”


“Getaway Car”

Quando ela viveu um relacionamento com o ator Tom Hiddleston, houveram muitos rumores de que essa aproximação havia começado antes dela terminar com o produtor Calvin Harris, e nesta faixa, Taylor trata justamente de um triângulo amoroso fadado ao fracasso.

Em várias composições, como “Blank Space” e “...Ready For It”, a cantora demonstra bastante convicção sobre saber como seus relacionamentos terminarão e, neste caso, ela sabe que está caminhando para algo complicado. “Nada que é bom começa em um carro de fuga”, diz em seu primeiro verso.

Segunda aparição de Jack Antonoff no disco, a faixa sampleia Hilary Duff e soa como uma típica canção da sua própria banda, Bleachers, que poderia ser facilmente cantada por Lorde ou Carly Rae Jepsen, e inevitavelmente figura entre uma das melhores do disco.


“King of My Heart”

No embalo do disco, “King” parece mais uma produção de Jack do que dos seus reais produtores, Max Martin e Shellback. A faixa é mais uma demonstração sobre o quanto Taylor está feliz com seu relacionamento atual, fazendo mais menções aos seus antigos namoros, para agora dizer que, enfim, encontrou o homem da sua vida.

“Seria esse o fim de todos os términos? Meus ossos partidos estão se curando com todas essas noites que passamos juntos. Em cima do telhado, com essa paixonite de escola, bebendo cerveja em copos de plásticos. Diga que me ama extravagantemente, não me dê extravagâncias. Querido, tudo de uma só vez, isso é o suficiente.”

“Dancing With Our Hands Tied”

Apesar de estar vivendo o amor que sempre sonhou, Taylor ainda se preocupa em se tornar um fardo para esta pessoa. Conversando com outras músicas de sua discografia, incluindo o verso “encoste em mim e você nunca mais estará sozinho”, de “...Ready For It?”, ela pesa o fato de que, ao seu lado, o cara provavelmente lidará com uma superexposição e, por outro lado, comemora o quanto eles têm se dado bem com tudo isso.

“Nós estamos dançando, dançando com nossas mãos atadas, sim, estamos dançando, como se fosse pela primeira vez.”

Ainda em contato com seu disco anterior, o primeiro assumidamente pop de sua carreira, “Dancing” soa como uma evolução natural para o que a cantora já havia nos mostrado, nem tão agressiva quanto as músicas que abriram o disco ou óbvias quanto as faixas que a antecedem. Seus primeiros versos são carregados por uma batida pulsante, até que ela dá uma guinada em seu pré-refrão e, já no refrão, ganha sintetizadores mais próximos do que escutamos no pop atual, como Chainsmokers e, outra vez, Flume.


“Dress”

Já que o clima tá bom, vamo transar. Por seu público mais jovem, foram poucas às vezes que Taylor Swift falou sobre sexo em suas canções e, quando o fez, foram sempre de formas bastante implícitas, utilizando-se de metáforas e eufemismos e, neste caso, a proposta não foi muito diferente.

Ela está se sentindo em êxtase pela singularidade do que tem compartilhado com ele e, temendo que isso não termine como ela gostaria, esclarece: “eu não quero você como meu melhor amigo. Só comprei esse vestido aqui pra você tirar.”

A sonoridade de “Dress”, também produzida por Antonoff, é bastante contida, contribuindo para a atmosfera mais íntima e sensual de sua letra.

“This Is Why We Can’t Have Nice Things”

Por um momento, até a Taylor se esqueceu que essa era estava focada nos seus acertos de contas, mas voltamos pras tretas com “Nice Things”. O primeiro e mais óbvio destinatário da faixa é Kanye West, mais uma vez. Apesar das desavenças públicas, foram várias as tentativas dos dois manterem uma relação saudável e, pela letra desta faixa, a cantora jura que foi ele quem fez com que tudo fosse por água abaixo.

O outro alvo, por sua vez, pode ser Katy Perry. As duas eram bastante amigas até rolar da Katy contratar uns dançarinos da Taylor e “Bad Blood” e “Swish Swish” e o resto você conhece.

E aí tem mais uma possibilidade, que seriam os membros que deixaram o seu squad, afinal, cê não consegue reunir um time de supermodelos, atrizes e cantoras e todos os seus egos, sem que isso termine em algumas tretas. Este último até foi lembrado no clipe de “Look What You Made Me Do”, pela cena em que Taylor aparece rodeada de manequins destroçados e, no final, em que sua personagem de “You Belong With Me” usa uma camiseta com o nome dos membros que seguiram dentro do seu clubinho.


Seja pra quem for, a faixa acerta em trazer uma Taylor Swift solta e bastante bem-humorada sobre toda essa confusão, com um cinismo ainda melhor do que o apresentado em “Look”, com direito a uma pausa na faixa pra ela rir de todo esse pessoal, quando diz que “perdoar é a melhor coisa a se fazer”. Não dá pra ser legal com todo mundo, Taylor.


“Call It What You Want”

Sob o arranjo minimalista de Jack Antonoff, bem próximo dos trabalhos do produtor com o último disco da cantora Lorde, Taylor Swift baixa a guarda para falar sobre o tempo em que não estava dando as caras na mídia e, ainda assim, assistia ao seu nome sendo o assunto da vez.

Logo nos primeiros versos, ela conta que seu castelo desmoronou, porque ela entrou numa briga sem saber contra o que estava lutando e terminou sendo chamada de mentirosa por pessoas que ela considera serem os mentirosos, no que pode ser mais uma referência ao caso de “Famous”, quando foi publicamente desmentida por Kim Kardashian, que expôs uma gravação da ligação em que ela concordava e aprovava os versos de Kanye West. “Eles tomaram a minha coroa, mas está tudo bem.”

Na sequência, ela demonstra ter dado a volta por cima quando, apesar de toda a confusão, ainda tinha com quem se confortar. “Ninguém tem ouvido falar sobre mim há meses, porque eu estou melhor do que eu sempre estive.”

Daí em diante, não importa os esforços de seus inimigos, ela está preocupada em continuar bem com aquele que se preocupa com ela. Neste ponto, ela ainda menciona as “rainhas do drama” e os “palhaços vestidos de reis”, talvez se referindo não só a Kim e Kanye, mas também a Katy Perry, que usa um jogo de palavras semelhante na sua música pra Taylor, “Swish Swish”. “Meu amor passa por cima de tudo isso e me ama como se eu fosse uma outra pessoa, então chame isso como você quiser.”


“New Year’s Day”

Com Antonoff no piano, assim como fez em “Liability”, de Lorde, “New Year’s Day” é a única baladinha do “reputation” e, também, o suspiro mais característico da velha Taylor Swift, que parece se recompor aos passos que a cantora deixa pra trás o ódio alimentado por suas últimas desavenças pelo amor encontrado em seu último relacionamento.

Também como na música de Lorde, os pensamentos de Taylor vão do táxi a festa que ela não gostaria que acabasse, com ela se prendendo nas memórias e torcendo pra que ele realmente não seja apenas mais um que passará por sua vida e, depois de tudo o que compartilharam, se tornará mais um estranho. “Se apegue às memórias, porque elas se apegarão a você.”

***


O disco “reputation” vem acompanhado de um poema escrito pela própria Taylor Swift, que se chama “If You’re Anything Like Me” (“Se somos parecidos em algo”, em tradução livre) e busca aproximar a sua imagem de hábitos comuns, muitas vezes distantes da ideia que temos sobre celebridades e, até aqui, do que suas próprias composições nos permitiam ver. Em um dos trechos, ela afirma: “se somos parecidos em algo, existe um sistema de justiça na sua cabeça, para nomes que você nunca falará outra vez, e você precisa tomar as decisões cruéis. Cada novo inimigo se torna aço, eles se tornam as grades que te confinam em sua própria cela de ouro… Mas, querida, aí é onde você conhece a si mesma.”

Por mais dramatizado que isso tenha soado quando dito pela primeira vez, não duvidamos de Taylor Swift em relação às discussões sobre Kanye West e Kim Kardashian: essa é uma narrativa que ela não gostaria de fazer parte. Quando fez, a cantora, que tinha todo um reinado aos seus pés, viu sua imagem sofrer a primeira crise significativa de toda a sua carreira e, no meio de tantas histórias e especulações, viu sua reputação ser colocada em xeque.

Como a própria diz no prólogo de “reputation”, existem diferenças entre ser quem você é, quem você quer que te vejam e como te veem, de uma forma que, quando tentou controlar todas essas imagens, a cantora se viu no papel da vilã manipuladora, que começou a dar as caras em “Blank Space”, uma faixa que define boa parte da sonoridade e composições deste álbum, e se tornou essa pessoa oficialmente em “Look What You Made Me Do”, onde declara a sua própria morte.


Na sua cela de ouro, que até aparece no clipe desta última canção, entretanto, é que Taylor percebe para onde está caminhando e, sendo tomada por um novo amor, encontra possibilidades além do que sua reputação permitia, alimentando as esperanças sobre um relacionamento que não esteja fadado a terminar na sua “long list of ex lovers”.

“reputation” soa como uma fase de transição que ainda não chegou ao fim, talvez dando margem pra que, em seus próximos passos, descubramos uma Taylor Swift que amadureceu com seus erros e, na melhor das hipóteses, definiu prioridades mais sérias do que meras discussões com outros famosos por puro ego, principalmente dentro de um momento em que tantos artistas têm se mostrado empenhados em usar suas vozes para causas além de seus próprios privilégios.

Musicalmente falando, o álbum demonstra uma vontade ainda maior da cantora em explorar sua faceta pop, ao mesmo tempo em que, quando parece ter ousado demais, dá alguns passos pra trás para garantir seu fiel e antigo público. Movimentos precisamente calculados, que explicam como Taylor Swift se tornou uma das maiores artistas pop da nossa geração e, inevitavelmente, mantém segura a sua reputação. Como canta na primeira música do disco, deixe que os jogos comecem!

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