Compilação maravilhosa! Caso você ainda não tenha visto, tem 7 clipes novinhos da Grimes por aqui


Grimes postou em seu YouTube uma compilação de vídeos chamada "The Ac!d Reign Chronicle" (As crônicas de Ac!d Reign), que totaliza em 38 minutos. Os clipes, que foram gravados durante a The AC!D REIGN Tour na Europa, estão divididos em sete músicas, quatro delas do seu álbum "Art Angels" e três do EP autointitulado da cantora HANA, que abriu os shows da turnê. 

A cantora contou que ela, seu irmão Mac Boucher e HANA começaram gravando o visual de "World Princess Part II", mas eles gostaram tanto do resultado que resolveram fazer mais sete vídeos em duas semanas.


Este verão eu trouxe meu irmão Mac e minha melhor amiga Hana para a turnê e nós gravamos vários vídeos musicais. Estes 7 vídeos foram gravados em um período de duas semanas ao longo da Europa durante a The AC!D REIGN Tour. Eles são vídeos de estilo guerrilha, à la "realiti", então não havia equipe, maquiagem, câmeras, iluminação. Apenas nós e nossos celulares, então não esperem algo muito sofisticado. Dito isso, estamos muito orgulhosos do que fizemos. Então sim, inicialmente nós decidimos filmar algo apenas para WP2, mas terminamos em poucos dias então continuamos gravando entre shows e dias de folga e começamos a gravar vídeos para Hana também. Aristophanes também fez alguns shows com a gente, então pudemos filmar SCREAM. Linda e Alyson, que dançam nos shows, também aparecem nos vídeos. Vocês podem assistir cada um individualmente ou todos juntos (com um material bônus). Links abaixo. Os vídeos são os seguintes: GRIMES: World Princess Part 2, Butterfly, Scream ft. Aristophanes, Belly of the Beat. HANA: Chimera, Underwater, Avalanche Por fim, nós estivemos acordados a noite toda terminando/subindo estes vídeos para o YouTube, então eu me desculpe por esse texto não estar melhor, mas estamos extremamente loucos.

Isso é tudo.

Drake passa Michael Jackson pra trás e quebra recorde de indicações ao American Music Awards


Na segunda-feira (10), os indicados ao American Music Awards — ou AMA, para os mais chegados — foram revelados durante o programa matinal Good Morning America e o cantor Drake é o que mais aparece na lista! Ele não só recebeu TREZE indicações, como também quebrou o recorde de Michael Jackson, que há 32 ANOS tinha recebido onze indicações em uma única edição da premiação. Em segundo lugar, vem Rihanna, com sete indicações, seguida por Adele e Justin Bieber, ambos com cinco cada.

ARTISTA DO ANO
Adele
Beyoncé
Justin Bieber
Drake
Selena Gomez
Ariana Grande
Rihanna
Twenty One Pilots
Carrie Underwood
The Weeknd

ARTISTA REVELAÇÃO
Alessia Cara
The Chainsmokers
DNCE
Shawn Mendes
ZAYN

COLABORAÇÃO DO ANO
The Chainsmokers - "Don’t Let Me Down (feat. Daya)"
Drake - "One Dance (feat. Wizkid & Kyla)"
Fifth Harmony - "Work From Home (feat. Ty Dolla $ign)"
Rihanna - "Work (feat. Drake)"
Meghan Trainor - "Like I’m Gonna Lose You (feat. John Legend)"

TURNÊ DO ANO
Beyoncé
Madonna
Bruce Springsteen & the E Street Band

VÍDEO DO ANO:
Justin Bieber - "Sorry"
Desiigner - "Panda"
Rihanna - "Work (feat. Drake)"

MELHOR ARTISTA MASCULINO – POP/ROCK
Justin Bieber
Drake
The Weeknd



MELHOR ARTISTA FEMININA – POP/ROCK
Adele
Selena Gomez
Rihanna

MELHOR DUO OU GRUPO – POP/ROCK
The Chainsmokers
DNCE
Twenty One Pilots




MELHOR ÁLBUM – POP/ROCK
Adele - "25"
Justin Bieber - "Purpose"
Drake - "Views"

MELHOR MÚSICA - POP/ROCK
Adele - "Hello"
Justin Bieber - "Love Yourself"
Drake - "One Dance (feat. Wizkid & Kyla)"

MELHOR ARTISTA MASCULINO – COUNTRY
Luke Bryan
Thomas Rhett
Blake Shelton

MELHOR ARTISTA FEMININA – COUNTRY
Kelsea Ballerini
Cam
Carrie Underwood

MELHOR DUO OU GROPO – COUNTRY
Florida Georgia Line
Old Dominion
Zac Brown Band

MELHOR ÁLBUM - COUNTRY
Luke Bryan Kill the Lights
Chris Stapleton Traveller
Carrie Underwood Storyteller

MELHOR MÚSICA - COUNTRY
Florida Georgia Line - "H.O.L.Y."
Tim McGraw - "Humble And Kind"
Thomas Rhett - "Die A Happy Man"




MELHOR ARTISTA – RAP/HIP-HOP
Drake
Fetty Wap
Future

MELHOR ÁLBUM – RAP/HIP-HOP
Drake - "Views"
Drake & Future - "What A Time To Be Alive"
Fetty Wap - "Fetty Wap"

MELHOR MÚSICA – RAP/HIP-HOP
Desiigner - "Panda"
Drake - "Hotline Bling"
Fetty Wap - "679"

MELHOR ARTISTA MASCULINO – SOUL/R&B
Chris Brown
Bryson Tiller
The Weeknd



MELHOR ARTISTA FEMININA – SOUL/R&B
Beyoncé
Janet Jackson
Rihanna

MELHOR ÁLBUM – SOUL/R&B
Beyoncé - "Lemonade"
Rihanna - "Anti"
Bryson Tiller - "T R A P S O U L"

MELHOR MÚSICA – SOUL/R&B
Drake - "One Dance (feat. Wizkid & Kyla)"
Rihanna - "Work (feat. Drake)"
Bryson Tiller - "Don’t"

MELHOR ARTISTA - ROCK ALTERNATIVO
Coldplay
Twenty One Pilots
X Ambassadors




MELHOR ARTISTA - ADULTO CONTEMPORÂNEO
Adele
Rachel Platten
Meghan Trainor

MELHOR ARTISTA - LATINO
J Balvin
Enrique Iglesias
Nicky Jam

MELHOR ARTISTA - CONTEMPORÂNERO INSPIRACIONAL
Lauren Daigle
Hillsong UNITED
Chris Tomlin



MELHOR ARTISTA - MÚSICA ELETRÔNICA/DANCE (EDM)
The Chainsmokers
Calvin Harris
Major Lazer

MELHOR TRILHA SONORA
Purple Rain
Star Wars: The Force Awakens
Suicide Squad: The Album

A premiação acontece em Los Angeles, no dia 20 de novembro, às 23:00 (horário de Brasília) e será transmitida pela ABC nos Estados Unidos e pela TNT no Brasil. 

Tony Bennett ataca novamente: músico pode se juntar à Lady Gaga no palco do Super Bowl


Infelizmente, a gente não está brincando.

Depois de ter lançado o "ARTPOP" em 2013, que não obteve os resultados esperados, Lady Gaga se juntou ao Tony Bennett para lançar o "Cheek To Cheek", álbum de jazz com o objetivo de limpar sua imagem. Todos conhecemos essa história, não é mesmo? Mas isso tudo ficou no passado e a Era Jazz morreu, certo? Aparentemente, não.

Com um álbum pop (ou não) a caminho, Gaga vive uma boa fase da sua carreira e nesse mês foi confirmada como atração do intervalo do Super Bowl, o maior evento esportivo dos Estados Unidos e um dos maiores do mundo.

Pensaríamos que essa seria uma oportunidade perfeita para que a americana fizesse um grande espetáculo, com muita dança, muito figurino, afinal, é o halftime do SuperBowl! Mas a ideia de Lady Gaga não é bem essa. Segundo o New York Daily News, ela quer muito ter o Tony entre seus principais convidados:

A prioridade dela é colocar o Tony no show. O problema seria encaixar um artista mais clássico como ele no show super pop que ela está planejando, mas Tony está enérgico e tem uma das maiores vozes de todas - um dueto entre eles seria um dos maiores momentos da história das performances do halftime.

Seria?

Só nos resta chamar a Duny, porque tá difícil. Lady Gaga, mulher, esquece o jazz!


Além de Tony Bennett, pode ser que Gaga esteja pensando em trazer os Rolling Stones. É mesmo a maior rockeira que você respeita.

O "Joanne", novo álbum da cantora, que pode ser pop, rock, country, jazz, indie ou tudo isso junto, chega dia 21 desse mês.

Editorial: Fernando Holiday e como a direita quer te vender um conservadorismo pop

Por Ben-Hur Bernard

Nós sempre produzimos heróis. Desde a Antiguidade sempre houve um sistema dinâmico que não só os produzia, mas os lançava e os tornava referência de seus tempos; porém os melhores heróis estavam predestinados a atravessarem essa barreira cronológica. Hércules é um dos principais exemplos, mesmo que mitológico. O semideus que se esforçou bastante para acabar com a hidra de 7 cabeças, ou com o cão Cérbero teve seus grandes feitos celebrados ao longo da história: em seu tempo, tinha os trovadores e estátuas; hoje, os filmes de animação da Disney.

E a criação do herói está justamente ai, na celebração de seus feitos, o problema é que cada tempo tem sua demanda pelo o que merece ser celebrado. Nos tempos de Hércules, nada poderia ser mais celebrado que sua força física, mas ao longo dos séculos, o prestígio foi mudando de figura. Da força física, para a complexidade humana, para os defeitos inerentes a todos os seres humanos, para o herói que também tem medos, para o anti-herói e agora, em tempos de textão no Facebook, o herói é aquele que sofre. É interessante pensar que todas essas características fazem parte de todos os heróis, assim como fazem parte de todas as pessoas. Mas o que torna uma pessoa comum em herói de seu tempo é justamente o poder que essa pessoa tem de se relacionar com o seu tempo, ou seja, de celebrar aquilo que está em voga (ou em Vogue) na sua atualidade.

Se Hércules fosse um herói do século 20 ou 21, seus músculos teriam menos destaque que suas dificuldades na adolescência. Na verdade, o spin off de TV (1998) que a Disney produziu após o sucesso do filme (1997) teve como foco justamente a fase teen do herói, onde ele era o garoto desengonçado, com suas angústias e dúvidas sobre seu destino. Mas se herói hoje é aquele que sofre, que é oprimido, que é alvo de bullying, esse herói não é branco, nem cisgênero-heterossexual, nem rico, nem homem. E esse fenômeno é global, hoje.

No Brasil, porém, esse novo cenário é um grande entrave, porque os heróis precisam continuar sendo produzidos, mas aqui, mesmo os oprimidos não se veem como tais. Ninguém quer ser negro, daí os eufemismos como “moreno” e as dezenas de termos que criaram para não expor a negritude, como “pardo”; ninguém quer ser homossexual, então se cria uma diferenciação ridícula entre o que é ser “gay” e o que é ser “bicha”, ou “lésbica” e “sapatão”; ninguém quer ser considerado pobre e jura que só por ter uma smart TV, ou um carro, ou uma casa própria financiada pelo Minha Casa, Minha Vida já o diferencia da massa de mortos de fome televisionada pela TV Globo nos anos 1990. E mais: por tudo isso, ninguém se identifica como esquerda, porque sê-lo é sinônimo de se assumir como oprimido, então as pessoas se identificam como direita. Assim, os direitos que a gente conquista não são direitos, são privilégios, afinal, rico não precisa lutar por direitos, rico trabalhou muito pra ter o que tem por mérito, então eu como uma pessoa que gozo de saúde e inteligência, se eu trabalhar muito, também vou conseguir. Não preciso ir na rua levantar bandeira.

Mas os heróis precisam continuar sendo produzidos... Qual a solução?

Uma das soluções encontradas instintivamente pelas pessoas que agora se veem perdidas nesse cenário é a tentativa de se lançar ao mundo também como uma pessoa que sofre. “Mas como uma pessoa branca, cisgênero, heterossexual e financeiramente confortável pode sofrer no Brasil?”. É muito simples: “Quando eu era pequeno, me chamavam de branquelo azedo na escola”; “Entre os meus amigos de faculdade, eu era o único evangélico e eles o tempo todo botavam a minha fé a prova”; “Me sinto constrangido de dizer que sou heterossexual, porque eu gosto de ser hétero, mas as pessoas dizem que por isso sou homofóbico”; “Nunca pude brincar na rua, livre, como os filhos da minha empregada – que por sinal não podia cuidar deles, porque ela cuidava de mim, acumulando duas funções, a de empregada e de babá – então eu cresci nesse condomínio murado e não tive uma infância plena”. 

Sim. Não é a toa o surgimento de termos como cristofóbico, magrofóbico, racista reverso, heterofóbico e não me surpreenderia o surgimento de outros como ricofóbico, direitofóbico, se é que já não cunharam. É que se você surge no Facebook contando vantagem de como você conseguiu aquela vaga maravilhosa naquele concurso federal concorridíssimo, ou seja, almejando a celebração heroica pública, ninguém se importa (posso até ouvir a Duny de Girls In The House dizendo isso). Quer ser herói? Tem que mostrar o quanto foi sofrido conseguir essa vaga e aproveitar pra relembrar como naquele verão de 2005 você foi ridicularizado porque você é tão branquinho, que você não bronzeava, só se queimava. E continua se queimando, né colega?


Mas só a criação de novas opressões não é o bastante, é preciso descreditar as que já existem legitimamente para que os heróis continuem sendo os mesmos privilegiados de sempre. Assim, com 48 mil votos, não é surpresa a eleição de Fernando Holiday, membro do Movimento Brasil Livre (MBL) e filiado ao Democratas (DEM) para a Câmara Municipal de São Paulo. Holiday é negro, periférico, tem apenas 20 anos e é o primeiro gay assumido a ser vereador da cidade. É de direita, liberal, anti-PT, contra as cotas para negros e contra qualquer bandeira de luta LGBT. Sua primeira fala como vereador eleito, inclusive, é pela extinção das secretarias LGBT e de Igualdade Racial em São Paulo.

Como negro, Holiday não é só contra as cotas, ele é contra inclusive ao dia da Consciência Negra (20 de novembro), pois julga não haver “necessidade ou eficiência”, principalmente porque a data foi escolhida em homenagem a Zumbi dos Palmares, morto em 1695. Para Holiday, Zumbi foi um assassino que inclusive tinha escravos

As acusações são de uma desonestidade absurda, pois escravos brancos sempre existiram na Europa, escravos negros sempre existiram na África e escravos indígenas ou pré-Americanos sempre existiram na América, sejam porque eram prisioneiros de guerra, ou por serem população de povoados conquistados. Mas escravidão globalizada de negros se deu também pela desumanização do negro, a própria Igreja na época anunciava que negros não tinham alma e, portanto, não eram humanos e que, assim, deveriam ser escravizados. 

A ausência de contextualização no discurso do vereador não só empobrece o debate, como é má intencionada por si só. E não há muita coerência em se dizer contra a escravidão e se filiar justamente ao partido de Ronaldo Caiado, cuja família se encontra na lista do Ministério do Trabalho e Emprego como sendo beneficiada por trabalho escravo.

E claro que ele não poderia falar tudo isso sem apontar que a luta do Movimento Negro no Brasil é vitimismo e que tudo isso se resolveria com a aplicação da meritocracia.

A escolha pelo DEM como seu partido também tem muito a dizer sobre como Holiday detesta o discurso de vítima da comunidade LGBT, afinal é de Carlos Apolinário, vereador pelo DEM/SP, o projeto de lei que cria o Dia do Orgulho Hetero na cidade. Ainda em 2015, quando se desenvolvia a narrativa midiática do Impeachment de Dilma, Holiday subiu ao púlpito da Comissão Geral sobre políticas públicas para a juventude e se autodeclarou como negro, pobre e homossexual e que isso não fazia dele vítima. Que o caminho para se vencer na vida é o mérito. Não precisamos aqui dizer o quão errado é o discurso meritocrático (precisamos?), não precisamos discutir que o mérito no Brasil não alcança quem muito trabalha, mas sim quem já possui privilégios. 


É muito ingenuidade, ou muita má fé de Holiday achar que se assumir gay sem se alinhar à esquerda o faz uma pessoa aceita, que ele não deve levantar bandeiras em prol dos direitos LGBT, pois isso é vitimismo, ou seja, uma distração que o impede de conquistar seus objetivos. Que basta batalhar pra chegar lá. Holiday está chegando lá (onde quer que isso seja) aos 20 anos, mas uma pessoa trans no Brasil vive em média até os 30. É necessário dizer, berrar, escancarar que a expectativa de vida de uma pessoa trans é essa porque ELA É PESSOA TRANS. Levantar bandeira para uma pessoa trans não é uma questão de mimimi, é uma questão de vida ou morte. Mas Holiday acha que uma secretaria para a comunidade, que inclusive ele faz parte (?) é um gasto desnecessário. Talvez para Holiday, ele pense assim: “Travesti, quer vencer na vida? Vá trabalhar”. Me pergunto onde ele acha que as travestis vão trabalhar pra poder “vencer na vida”.

O grande problema de criar todo esse discurso anti-LGBT e anti-negro, não sendo parte de nenhuma dessas comunidades, é que dificilmente um herói será celebrado se ele crer nessas ideologias. Mas se você fizer parte dessas comunidades, quem poderá dizer que você está errado? Se você for na página de Holiday no Facebook, verá uma porção de comentários de pessoas que não são negras ou LGBTs, mas que se escondem atrás de Holiday para dizer “Ta vendo? Não sou racista ou LGBTfóbico, eu até apoio esse candidato a vereador aqui, olha”.

Mas não basta sofrer sem sofrer para ser herói. Num mundo onde cada vez mais a internet nos permite a visibilidade, emergir como herói é um caso de sorte, talvez mais sorte que talento. Mas nada que o dinheiro e um bom marketing não possam comprar, afinal, espaço no Facebook todos podem ter, mas visibilidade, ai você tem que comprar com tio Mark. E ai que surge o MBL na vida de Holiday, ou surge o Holiday na vida do MBL, que para a nossa triste surpresa tem como co-fundador Pedro D'Eyrot, do Bonde do Rolê. Nas palavras de Pedro, em entrevista à Folha, “Partimos da tese de que faltava estética e apelo para difundir na sociedade uma visão de mundo mais liberal. [...] Era preciso – com o perdão da ironia – revolucionar o liberalismo.”. 

Vale destacar que Holiday surge na internet aos 18, em janeiro de 2015, com um vídeo pra lá de “excêntrico” sobre como as cotas são racistas. Um vídeo até bem editado pra quem é apenas um adolescente independente e “sem partido”, pronto pra ser viral. Isso, dias antes do protesto contra Dilma. Ai no ano seguinte ele emerge como um dos candidatos a vereador mais votados da cidade de SP. Precisamos falar mais alguma coisa?


Você certamente deve ter um conhecido que detestava as roupas extravagantes da Lady Gaga, mas que quando a viu no Oscar cantando as canções de A Noviça Rebelde, ele disse “Ah, agora sim ela está se mostrando uma cantora de verdade”. Mas se você perguntar quantos álbuns da Gaga ele já ouviu, ele dirá “Poker Face? O que é isso?”. Basicamente o MBL surge numa mesma proposta, só que ao contrário: ao invés de eles irem pro jazz, eles foram pro pop. E pop no sentindo amplo da palavra: popular e jovem.

E enquanto a esquerda se fragmenta em cubinhos que se dissolvem no ar, a direita não tem pudores nenhum de se apropriar de qualquer discurso ou estética pra se manter unida. Se pra ser herói agora você tem que ter sofrido bullying, eles produzirão um branco riquinho que foi oprimido; se é preciso dialogar com o funk e o rap, eles terão sua própria Iggy ou Eminem; se agora precisa ir às ruas com palavras de ordem, eles colocarão modelos magras e brancas na capa de uma revista de moda simulando um protesto. Tudo isso para que a produção de heróis não deixe de ser dominada pelos mesmos agentes da elite de sempre, porque se tem uma coisa que eles não sabem nessa vida é o que significa ser oprimido, mas não tem importância, eles podem pagar por isso.

Mas que nem eu, nem você, nem o próprio Holiday se enganem, ele não é o novo herói. Não podemos aqui dizer que ele está sendo manipulado pelos conservadores, ou usar de termos ofensivos como “capitão do mato” para apontar Holiday como um pobre coitado ignorante. Na verdade ele pode muito bem enxergar as grandes vantagens que ele tem com tudo isso, talvez ele não seja o ingênuo que nós gostaríamos que ele fosse. E isso só piora a situação. Mas que não nos enganemos: Holiday não é o novo herói, ele é apenas um parafuso na maquinaria que produz heróis em massa no mundo contemporâneo. Ele é somente uma peça que serve para tirar a voz dos pretos, gays e pobres que poderiam emergir como heróis entre seus iguais e de suas comunidades; e pra deslegitimar os discursos de opressão que esses mesmos pretos, gays e pobres poderiam apontar. 

Os heróis, enquanto continuarem a ser produzidos por quem já detêm o poder, continuarão a ser os Hércules: brancos, héteros, cisgêneros, filhos de deuses e dotados de poderes apenas por nascer. Com tudo isso, só sinto que Fernando Souza Bispo tenha se batizado de Fernando Holiday, pois agora ouvir "Holiday" da Madonna não será uma completa celebração.

***

Ben-Hur Bernard é jornalista e mestre em Estudos da Mídia; consumidor assíduo de cultura pop, devoto de M.I.A., tem Madonna e Britney como gurus e temente a Beyoncé. Ajuda a administrar o grupo Smart Pop e escreve também no Questões Milimétricas.

Recap || X Factor UK: com novidades no formato, confira a primeira eliminação


Depois de um liveshow surpreendente como o de ontem, foi ao ar, hoje (09), no UK, o primeiro episódio de eliminação da 13ª temporada de X Factor UK.

A produção do programa não disse nada a respeito do bafão que envolve o duo Brooks Way – um dos gêmeos, Josh, está sendo acusado de ameaçar e ter um relacionamento abusivo com uma ex-namorada –, porém, alguns veículos, como The Sun (nesta ótima matéria com a vítima), reportaram que os irmãos estão fora da competição e que foram vistos chorando hoje, ao deixar a casa onde os participantes ficam. Ainda não sabemos o que vai ocorrer e se o lugar deles terá reposição.

Dito isto, vamos ao que de melhor aconteceu hoje por lá:

Começamos com uma ótima performance em grupo, com o hino (#SQN, Mike) "Sax", de Fleur East. Obviamente, pra alguns acts soou estranho cantar tal música, porém, muitos deles arrasaram e a animação no final, mostra bastante do clima descontraído dessa temporada.

Na sequência, foi a vez de termos o primeiro artista convidado da temporada. E nada mais emblemático do que o retorno de um campeão de sucesso do programa. Atual #1 há três semanas na principal parada britânica e música mais tocada nas rádios do UK há um mês, James Arthur levou uma performance intimista e muito boa do hit "Say You Won't Let Go" (mesmo esquecendo a letra no começo e admitindo isso, além do nervosismo por estar de volta).



Logo após o intervalo, foi a vez de conhecermos os resultados da votação e os três menos votados. Mesmo com uma excelente apresentação ontem, Saara não conseguiu se livrar e enfrentaria Freddy e Bratavio no novo "plot twist" do programa: o "flash vote", onde o público, em 4 minutos, pode salvar um deles, através do aplicativo do programa.

Freddy foi salvo. E, assim, tivemos o primeiro Bottom da temporada formado entre Saara Aalto e Bratavio. 

No sing off, discordando dos jurados, que amaram a performance de Saara, achamos muito nervosa e gritada em algumas partes.



Já Bratavio foram razoáveis vocalmente, mas muito mais nervosos que Saara.



Na votação dos jurados, foi um óbvio 3x1 contra Bratavio, que foram os primeiros eliminados da temporada.


Então, gente, é isso. O que acharam da eliminação? 

Semana que vem teremos como tema os hits da Motown, como revelou a Jukebox, outro novo "twist" desse ano. Além disso, teremos como convidados, Little Mix estreando mundialmente seu novo single, "Shout Out to My Ex", e OneRepublic.

Nos vemos semana que vem!

Little Mix anuncia single novo para semana que vem (com direito a performance no The X Factor!)


Há menos de um ano, as meninas do Little Mix lançavam o "Get Weird", seu terceiro álbum. O disco foi um sucesso, principalmente na Terra da Rainha, e rendeu ótimos singles como "Love Me Like You", "Secret Love Song" e "Hair", além do maior hit das garotas até o momento, "Black Magic".



Por isso tudo, depois de conseguir grandes feitos, você pensaria que a girlband pararia um pouco, tiraria umas férias merecidas para, então, se dedicar ao próximo CD, certo? Errado! Sem nem darem tempo para respirar, Perrie, Leigh-Anne, Jesy e Jade já estão com single e álbum novo a caminho!

A primeira música de trabalho dessa nova era se chama "Shout Out To My Ex" e sairá no dia 16 de outubro, próximo domingo, após a primeira apresentação da canção no The X Factor UK, programa que, como sabemos, juntou e revelou as meninas para o mundo. E, além de "Shout Out To My Ex", a girband também registrou uma nova música chamada F.U. que, ao que tudo indica, estará no novo disco.

E as garotas não querem perder tempo mesmo, porque o clipe de "Shout Out To My Ex" já foi gravado! Elas postaram uma mensagem no facebook avisando que o single novo está chegando e acabaram revelando um pouquinho da locação do novo vídeo que, pelo que podemos ver, será mais um no estilo rainhas do deserto, que está mais em alta do que nunca.


O novo disco do Little Mix está previsto para chegar ainda esse ano. 

Recap || X Factor UK: com polêmica e sem favoritos, o primeiro liveshow tá imperdível


Oi, gente, que saudade estávamos dessa coluna que há dois anos dá o ar de sua graça aqui no It Pop, trazendo sempre o que aconteceu no final de semana do melhor reality show musical do mundo: o X Factor UK.

Depois de muito drama, "favoritos" eliminados antes de irem aos liveshows e com ótimos e singulares candidatos, a 13ª temporada teve, hoje (08), seu primeiro programa ao vivo. Tendo como mentores Simon Cowell (Girls), Nicole Scherzinger (Boys), Louis Walsh (Groups) e Sharon Osbourne (Overs 25) e com o tema "Express Yourself", o Top 12 deveria cantar músicas que mostram seu potencial enquanto artistas. E, para a surpresa geral, o programa foi SENSACIONAL.

Porém, a temporada já começou com uma polêmica gigante: o duo Brooks Way, formado pelos gêmeos Kyle e Josh, foi "removido" do programa por tempo indeterminado (muitos veículos britânicos falam da exclusão da dupla), porque um dos gêmeos (que são menores de idade) está sendo investigado pela polícia sobre a alegação de ameaçar a integridade física da ex-namorada.

Abaixo, você confere todas as apresentações, seguidas dos comentários já habituais de PV e Mike, a duplinha do X Factor pelos olhos do It Pop:

5 After Midnight - "Can't Stop the Feeling" (Justin Timberlake)


Começamos os live shows dessa temporada em alto nível com os meninos do 5AM. Apesar do começo instável e o nervosismo evidente, do meio pro final (principalmente quando Kieran assume os vocais) foi excelente, confirmando não apenas seu favoritismo, como também o quão bem o dinheiro do programa será bem investido neles, em algum momento do próximo ano. Foi divertido, cheio de energia e com muito "star quality". Sério, nos sentimos num show deles. Jurados amaram, público amou e nós, do It Pop, também. Arrasaram!

Sam Lavery - "Impossible" (James Arthur version)

 
WOW, estamos arrepiados! Após a apresentação de 5AM, o nível seguiu lá em cima, agora com a diva trevosa e ex-mascarada da temporada. A música na voz da Shontelle já era maravilhosa, James Arthur fez uma versão única na final de 2012, que popularizou ainda mais, e Sam tratou de criar outra versão singular pra ela. E que belo acerto. Vocalmente impecável, explorando o que tem de bom e sem perder o estilo sombrio que essa menina maravilhosa carrega. Sam tem talento de sobra e tem tudo pra ir bem assim que a temporada acabar. Vai, princesinha gótica!

Saara Aalto - "Let It Go" (Frozen)



Socorro, que destruição foi essa, Saara? Detestamos a música e escolha dela, mas que performance ESPETACULAR. Saiu da breguice que a norteou desde as audições, pra dar o melhor nos live shows. A nota que essa mulher segurou no ápice da apresentação foi de gelar a alma. Melhor da noite até agora, que, por enquanto, está impecável!

Ryan Lawrie – "Perfect" (One Direction)

 

Acho que todo mundo concorda com a gente: Ryan é perfeito para uma boyband. Isso é tão verdade que o próprio Ryan escolheu “Perfect” do One Direction para essa primeira semana. A apresentação foi interessante. Tudo parecia estar no lugar certo. O visual, o figurino, o palco e voz do candidato. A gente ainda sente que Niall ou Christian poderiam estar nos live shows, mas Nicole fez uma aposta certa ao trazer um candidato moderno e comercial para essa fase da competição. Ryan certamente não é o melhor vocalista da competição, mas certamente, agradará o público para crescer na competição. Já temos certeza que Ryan é o crush de muita gente por aí.

Gifty Louise – "That's My Girl" (Fifth Harmony)



QUE APRESENTAÇÃO. É exatamente isso que esperamos dos shows ao vivo do X Factor. Gifty optou por ‘That’s My Girl’ (Fifty Harmony) e fez uma apresentação impecável. Intensa, coreografada, dominando o palco e com um dos melhores vocais já apresentados até aqui, a candidata deixou seu nome na noite e, provavelmente, terá uma das apresentações mais lembradas do primeiro dia. Se Gifty continuar nesse caminho, poderá firmar seu nome como uma das favoritas ao prêmio dessa edição.

Relley C- "Shackles" (Mary Mary)

 
A gente sabe que ela já tentou entrar para os live shows do X Factor em outra temporada, mas até agora, Relley era uma candidata nula pra gente nessa temporada. Nada do que tenha feito havia se destacado, mas essa noite, finalmente, Relley parece ter se encontrado como artista. A apresentação teve energia o suficiente para chamar a atenção e mostrar o que pode fazer no programa. Mais uma candidata que cresceu com a competição e pode se tornar interessante para a temporada. Estamos de olho em você, Relley.

Matt Perry – "You Don't Own Me" (Grace)



Desde que o Matt apareceu no programa, sentimos que ele poderia ser um dos favoritos do ano. Ele tem carisma, beleza (de sobra), estilo e voz pra isso. Matt fez uma escolha arriscada para a noite, mas que não poderia ser mais certeira. Com ‘You Dont Own Me’ (Grace), Matt trouxe energia e intensidade para o show e fez a melhor apresentação da noite. Vocalmente, nos fez esquecer o desastre que foi o 6CC e arrasou. As partes altas e os falsetes finais foram destruidores. Pra mim (PV), se o programa terminasse hoje, Matt seria o campeão da temporada e iria direto pra um estúdio. Tenho crush assumido pelo candidato e sinto que ele poderá ser huge após o X Factor.

E vocês ouviram a plateia? Eles estavam histéricos ao final da apresentação. E assim como a Nicole, a gente também levantou a aplaudiu de pé.

Xuxinha – "Killing Me Softly" (The Fugees)


Nem precisamos explicar o apelido, né? Ele é a cara da Xuxinha, não é?

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Sinceramente, não entendo a escolha da Nicole em levar o Freedy para os shows ao vivo. Como era de se esperar, ele começou a apresentação no piano – que sempre foi o seu estilo – e até que fez uma escolha não tão segura. O problema é que ele tentou ser diferente do meio pro final, mas não rolou. Ele parece estar abaixo dos demais candidatos e, sinceramente, não sabemos se ele tem personalidade e versatilidade o suficiente para o programa. Novamente, Niall e Christian teriam sido escolhas melhores para essa temporada.

Bratavio – "Boom Boom Boom" (Vengaboys)


Tudo bem ser diferente, tudo bem ser fora da caixinha, tudo bem não ser convencional, mas de qualquer forma, você precisa ser bom o suficiente para estar ali. Bratavio foi divertido até uma fase da competição, mas já deu. Não mereciam estar ali! A impressão que eu tenho (PV) é que a produção contratou uma atração barata para divertir o público – de uma forma sem graça – entre uma apresentação e outra.

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Emily Middlemas – "Closer" (The Chainsmokers)

 
Obrigado, Simon. Você conseguiu fazer com que a Emily saísse daquelas versões chatas no violão de grandes clássicos do pop. Pela primeira vez, vimos uma nova versão da candidata e ela pareceu muito mais interessante. Particularmente, eu (PV) ainda acho a Emily sem carisma, com uma personalidade fraca – para o show – e a não a entendi como artista, mas pelo menos, ela pareceu mais atual do que poderia imaginar. Por mim, Simon deveria ter escolhido Caitlyn (mesmo com aquela apresentação desastrosa da Judge’s House) e pedido para que Emily estudasse mais, se encontrasse como artista e voltasse daqui uma ou duas temporadas. A escolha da música, provavelmente, levará Emily para a próxima semana!

Honey G – "California Love" (Tupac)



Ela precisa mesmo se tratar na terceira pessoa? Sério. Já está chato e sem graça faz tempo. Talvez a escolha mais criticada para os live shows (olá, Bratavio), Honey G chegou completamente desacreditada para os shows, mas sabe de uma coisa? Estamos com o Simon e não sabemos o motivo, mas adoramos essa apresentação. Dificilmente a gente a levará a sério, afinal, nem ela se leva a sério, mas a apresentação foi legal e divertida – diferente dos meninos do Bratavio que fizeram uma apresentação caricata e sem graça. A gente não faz ideia de qual será o futuro da Honey G, mas por hoje, ela fez o seu papel!

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Com o fim das apresentações, ficamos surpresos com a qualidade do primeiro live show da temporada. Aos poucos, os fantasmas de alguns nomes que pareciam certos para essa fase da competição vão desaparecendo e dando espaço para que o Top 12 brilhe e tenha o seu merecido destaque.

5 After Midnight, Gifty, Saara , Sam e Matt – o melhor da noite – não decepcionaram e já conquistaram nossos corações. Ainda é muito cedo pra apostar em algo, mas se tivéssemos que arriscar um palpite para amanhã, acreditamos em um bottom com Xuxinha (Freddy), Ryan e Bratavio. E, se tudo ocorrer bem, assistiremos a dupla mais sem graça da competição sendo eliminada.

E vocês, o que acharam?

Amanhã estamos de volta com a primeira eliminação da temporada. Com show de James Arthur e seu novo/maravilhoso single, a noite promete ser tensa (inclusive com a definição sobre Brooks Way). A partir de agora, os três menos votados passam por uma "flash vote" de 5 minutos, salvando um candidato e deixando os outros dois nas mãos dos jurados! Já estamos nervosos!

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Crítica: "Demônio de Neon" é um macabro editorial de moda sobre a fome da beleza

Atenção: esta crítica contem spoilers.

Em 2011, o dinamarquês Nicolas Winding Refn conseguiu consolidar um estilo cinematográfico com “Drive”, que rendeu ao cineasta o prêmio de “Melhor Diretor” no Festival de Cannes do mesmo ano. O neo-noir, estrelado por Ryan Gosling, em um dos seus melhores papéis, trouxe estilização técnica afiada em nome de uma experiência sensorial, o que uns chamam de inovação e outros de “pura perfumaria”. Em 2013 veio a dobradinha com Gosling em “Apenas Deus Perdoa”, que dividiu o público em Cannes, sendo vaiado e aplaudido ao mesmo tempo, acentuando o efeito “bonito, mas vazio”.

A nova empreitada de Refn está sendo apontado como sofredor do mesmo mal. “Demônio de Neon” conta a história de Jesse (Elle Fanning), uma aspirante à modelo de 16 anos que chega à Los Angeles para tentar emplacar o sonho de ser uma top model. A beleza da jovem é hipnótica, e ela imediatamente consegue despontar na cena fashion, o que gerará intriga, inveja e rancor nos bastidores da moda.

Durante um ensaio fotográfico para criar seu portfólio, Jesse conhece Ruby (Jena Malone), uma maquiadora que se torna sua amiga. Durante uma festa com a mesma, Jesse conhece Gigi (Bella Heathcote) e Sarah (Abbey Lee), duas calejadas modelos. Logo no primeiro frame, Jesse é estudada dos pés à cabeça pelas concorrentes, como um novo animal exótico chegando ao zoológico. Refn é nada sutil na captação das reações dos personagens, criando enquadramentos rígidos para que vejamos nitidamente o que cada um está pensando apenas com os contornos dos seus rostos.

No banheiro feminino, as mulheres falam sobre beleza e o mundo da moda. A cena é de extrema importância para a mitologia do filme. Ruby diz que o nome do batom vermelho-sangue de Gigi se chama “Rum Vermelho” (Red Rum), numa divertida referência a “O Iluminado” de Stanley Kubrick. O batom é um trocadilho com “Redrum”, a palavra clássica do filme que nada mais é que “murder” (“assassinato”) ao contrário. E no filme de Kubrick, a palavra “Redrum” é escrita com batom vermelho.

“As mulheres são mais inclinadas a comprarem batom se ele tiver nome de comida ou sexo”, fala Ruby, citando alguns nomes para provar. “E você? É comida ou sexo?”, pergunta ela à Jesse, recebendo resposta de Gigi: “Ela é sobremesa por ser tão doce”. A partir de então Jesse é cercada pelas modelos como urubus, que tentam tanto intimidar a novata quanto extrair o máximo de informações sobre sua vida.


Jesse ainda está no ensino médio, mora sozinha num motel decadente, não possui pais (que estão mortos) nem família. Tímida, retraída e virgem, a única força motriz encontrada pela garota é a moda, como se uma câmera despertasse o Cisne Negro que habita dentro do Cisne Branco que ela normalmente é.

Por falar nos cisnes, “Demônio de Neon” recebeu comparações óbvias com a obra-prima “Cisne Negro” de Darren Aronofsky. Nina (Natalie Portman), protagonista de “Cisne Negro”, é, assim como Jesse, puritana e infantil, o Cisne Branco, sendo grandiosa apenas pelos fios de seu sonho. Nina passa o filme tentando desabrochar o Cisne Negro (o lado sexy e ambicioso), enquanto é devorada pela pressão e suas concorrentes, caindo num mundo alucinógeno onde a realidade a fantasia se misturam.

O roteiro de “Demônio de Neon”, co-escrito por Refn, Mary Laws e Polly Stenham, se apoia em situações óbvias: Jesse vai conseguir holofotes, enquanto suas (agora) rivais são pouco a pouco descartadas. A já citada captação de sensações nada sutis do diretor é escancarada quando Jesse e Sarah estão no mesmo teste para um grande estilista. O cara mal põe os olhos em Sarah, enquanto fica grudado em Jesse, que consegue a vaga, para a ruína de Sarah. É previsível, sim. A cena começa e já sabemos que isso vai acontecer, e pode soar extremamente desconcertante pela obviedade, mas é necessária para o andar da carruagem.

Depois, Sarah vai até um banheiro, rasga todas suas fotos e destrói um espelho, o que ativa um gatilho no espectador. Em quase todas as cenas do longa vemos espelhos, e os personagens sempre dão uma parada para verem o próximo reflexo, como se o objeto tivesse força própria. Ao estilhaçar o espelho, Sarah está quebrando seu amor à própria imagem, que não foi o suficiente para conseguir a vaga.

“Eu sou um fantasma”, diz Sarah à Jesse no banheiro. “Você é como o sol no meio do inverno”, aquela que todos param para olhar, que surge para mudar uma cena. “Como você se sente?”. “É tudo”, responde Jesse, fazendo Sarah animalescamente tentar um ataque. Jesse corta a mão com os estilhaços de vidro e Sarah bruscamente bebe seu sangue, causando uma ruptura narrativa. A partir de agora, a fita começa a soar mais fantasiosa.


Ao lado das luzes neon e filtros carregadíssimos, a fabulosa trilha sonora de Cliff Martinez é protagonista na atmosfera do filme. Na primeira parte, temos tons suaves e hipnóticos, como um conto de fadas, gradualmente aumentando de força até soarem aflitivos, claustrofóbicos e tensos conforme o horror cresce. O clima à la David Lynch se torna mais palpável a partir do momento que Jesse, ao contrário de Nina em “Cisne Negro”, consegue matar seu Cisne Branco e deixar o Negro tomar conta de sua persona. Num grande desfile, ela evoca seu lado mais mortífero ao notar que está no topo do mundo.

A sequência, simbólica e onírica, mostra o lado inocente de Jesse confrontando o nascimento do lado perigoso. Chocada, ela vê aquela pessoa tão confiante de si mesma e de seu poder tomar as rédeas da situação. Dentro de um grande triângulo neon, ela beija o próprio reflexo, numa síndrome de Narciso perfeita. Sua beleza esmagadora é o maior amor de sua vida.

Não possuindo mais volta, Jesse passa a viver num eterno topor alimentado por sua beleza infinita. Questionada se ela quer ser como os fúteis e vazios do mundo da moda, ela responde: “Eu não quero ser como eles. Eles querem ser eu”. Suas roupas, seu cabelo, sua maquiagem, seu salto, tudo agora parece intrínseco ao seu próprio corpo, potencializando sua beleza e, consequentemente, a inveja dos que a cercam.

Ruby, a maquiadora, é a ponte entre a garota e Sarah e Gigi. Durante um encontro, ela diz que Jesse tem um “quê a mais”, para o total desgosto das modelos. “Ela não é tão especial assim”, fala Gigi amargamente. “Quem vai querer leite azedo quando se tem carne fresca?”, questiona Sarah. O fascínio de Ruby por Jesse é instantâneo, desde a primeira sequência, quando ela fala “Eu estou te encarando demais? Desculpa, é que você tem uma pele linda”. Ela parece quase se vangloriar por possuir alguma ligação com Jesse, pois se você está ao lado de alguém especial, torna-se especial também. E, com Jesse conseguindo cada vez mais louvores, a fome de Ruby pela garota vai às alturas.


Jesse acaba parando numa mansão, onde Ruby está cuidando enquanto os donos estão fora. No local, luxuoso, mas com uma aura soturna, a maquiadora tenta transar com Jesse. Rejeitando o quase estupro, a garota violentamente empurra Ruby, que vai embora para seu segundo trabalho, num necrotério: quando não maquia modelos, ela maquia cadáveres. E no filme isso é quase a mesma coisa. A sacada é brilhante, com Ruby ganhando seu sustento ao embelezar pessoas vazias, cada uma com sua forma oca. Enquanto trabalha numa mulher, ela inicia um ato sexual com a defunta enquanto fantasia com Jesse – toda a necrofilia é filmada de forma seca e crua, com foco em detalhes e troca de fluidos, capaz de gerar arrepios. Nota: a cena foi improvisada por Jena Malone, que deveria apenas beijar o cadáver.

Enquanto isso, Jesse está cada vez mais dopada pela sua beleza, saindo pela casa se maquiando compulsivamente, e assumindo para Ruby – quando esta retorna como se nada tivesse acontecido – que ela sabe que é bonita, que as pessoas fazem plásticas e tiram pedaços de si mesmas para tentarem ser como ela é, mas sempre acabando como uma versão de segunda mão. O diálogo é feito com Jesse na prancha de uma piscina vazia, formando uma metáfora visual com a garota flutuando sob o nada, exatamente como seu ego, inflado por algo tão ínfimo e finito como a beleza, dita por uns como “não sendo tudo, mas a única coisa” que importa.

O filme abre o debate importante sobre “afinal, o que é belo”? “O quão vazio é a beleza?”. O padrão imposto pela indústria da moda, com suas modelos alegres por parecerem cabides, é criticado através do roteiro. Jesse afirma que não possui talento algum, mas que por ser bonita, consegue ganhar a vida. A futilidade é tremenda, com todos inseridos naquele meio compartilhando essas verdades.


Seja pela modelo que passa por milhares de correções cirúrgicas para deixar o corpo perfeito, até a agente que fala, como se fosse o maior elogio, “jamais poderia te chamar de gorda”, com o adjetivo “magra” sendo a oitava maravilha do mundo, “Demônio de Neon” é um manifesto que mostra o lado feio do belo, e como esse belo vem atrelado a outros descompassos sociais, como o machismo enraizado no meio das próprias mulheres, que afirmam que você só pode ser grande na indústria se “foder” com algum homem de cima.

De volta à mansão, Jesse é perseguida por Gigi e Sarah, mas é Ruby que dá o cheque-mate, empurrando-a para dentro da piscina vazia. Imobilizada, a garota é – literalmente – devorada pelas três, retomando à pergunta de Ruby na cena do banheiro. “Você é comida ou você é sexo?”. Ao rejeitar o sexo, Jesse acabou virando comida, a doce sobremesa que Gigi afirmou.

O longa não mostra a cena de canibalismo, apenas o ritual onde as três tomam banho encharcadas de sangue. No fim das contas, Sarah, Gigi e Ruby são verdadeiras bruxas à la “Suspiria”, que comem e bebem o sangue da rival para absorverem sua beleza num ritual sexy e macabro. As tatuagens de Ruby, agora à mostra em seu dorso nu, evocam o tom de bruxaria, com ela realizando um ritual sob a lua onde sangue escorre pelos seus genitais, como se a maquiadora estivesse dando a luz a uma nova vida. No fim das contas, ela finalmente conseguiu ter Jesse, da forma mais assustadora possível – no seu estômago.

Que "Demônio de Neon" está para a moda assim como "Cisne Negro" está para o balé, nós já sabemos, porém, o grande editorial de luxo que é o filme de Refn (notem como a sigla do nome do diretor nos créditos é uma cópia do logo do Yves Saint Laurent) aborda de forma mais brutal e macabra os corredores sujos de inveja e sangue que alimentam (e matam de fome) sonhos e egos, sendo uma onírica viagem ao submundo fashion, com requintes técnicos violentamente perfeitos evocando sensações desconcertantes no espectador, forçado a embarcar em loucuras de página de revista. O final, onde o filme empurra todos os limites, culmina numa das mais memoráveis e arrepiantes conclusões dos últimos tempos, a última cereja do bolo grotesco – todavia sempre lindíssimo – trabalho que é “Demônio de Neon”.


O trailer de "Power Rangers" está foda pra caramba e é tudo o que você precisa ver hoje!


NÃO ESTAMOS NADA BEM!

Lionsgate errou feio, errou rude ao não divulgar o primeiro trailer de "Power Rangers" no maior evento que celebra a cultura pop todos os anos. Depois de um pôster contraditório, visuais que dividem opiniões e pôsteres maravilhosos, finalmente o trailer do mais novo reboot que iremos respeitar está entre nós e TAQUEOPARIU!

Temos uma atmosfera sombria, realista e bem Nolan que tanto queríamos ver nesta franquia — não é mais direcionado só pra crianças —; um grupo de adolescentes desajustados na sociedade que devem render bons pilots para o decorrer do longa; titia Elizabeth com uma rápida aparição como Rita Repulsa; e por fim, os Rangers recebendo seus uniformes, ao melhor estilo "segunda pele", como esperado.




QUE TRAILERZÃO DA PORRA!

Esse famigerado reboot dos “Power Rangers” está previsto para março de 2017 e tem como intuito torná-los grandes nos cinemas, apostando em novos nomes para as telonas e também tirando a má impressão que os fãs de heróis da atualidade tem sobre o histórico trash da franquia.

Os melhores lançamentos da semana: MØ, MC Carol, Alicia Keys e mais


Desde junho do ano passado, a sexta-feira foi escolhida para o dia mundial de novos lançamentos musicais, chamado New Music Friday, e, no geral, todos esses lançamentos acontecem por plataformas como Spotify, Apple Music, Tidal, iTunes, etc.

Como tem se tornado costume, ao virar do dia entre quinta e sexta-feira, corremos para o Spotify, para sabermos quais são as novidades mais interessantes, sejam elas de artistas novos ou consolidados, e daí surgiu a ideia de tornarmos isso uma playlist que, obviamente, será atualizada semanalmente.



Como uma introdução, vale ressaltarmos que as músicas foram ordenadas de forma que as melhores se encontrem no topo e que, em todas as edições, faremos uma breve revisão sobre o top 10, apenas a título de informação.

Caso você não esteja interessado em ler sobre isso, pode apenas apertar o play na lista acima, mas se você realmente está disposto a saber o que temos a dizer sobre isso, aqui vamos nós:


 Agora ela é do pop. “Drum” é o mais novo single da e, como nossa audição não nos deixa mentir, tem os dedos de Charli XCX, Noonie Bao e Bloodpop. Que time dos sonhos, não é mesmo?

 Outro time dos sonhos é esse aqui: MC Carol, Karol Conka, Leo Justi e Tropkillaz, que botaram para foder com “100% Feminista”, um trap funkeiro e pra lá de agressivo, com empoderamento do início ao fim.

 A volta de Bruno Mars foi oficializada com a funky “24k Magic”. Essa é daquelas que levaremos um bom tempo para tirarmos da cabeça.

 OneRepublic finalmente lançou seu novo disco, “Oh My My”, e uma das nossas músicas favoritas é a parceria com a Santigold, também conhecida como o hino “NbHD”.

 A maior cantora sertaneja que você respeita, Lady Gaga continua nos surpreendendo com “Million Reasons”, mais uma amostra do álbum “Joanne”.

 Outra que continua nos surpreendendo é Alicia Keys. Após a confortável “In Common”, a cantora nos traz a maravilhosa “Blended Family”, com participação de ninguém menos que A$AP Rocky.

 “So Good”, do Basic Tape, é TÃO BOA, com o perdão do trocadilho.

 Kid Cudi não está passando por um bom momento na sua vida pessoal, mas isso não o impediu de lançar “Surfin’”, que é simplesmente uma das melhores músicas desse ano, sem exageros.

 Se Lorde e Troye Sivan se unissem numa canção, ela provavelmente soaria como “Bow Down”, do britânico Louis Mattrs.

 Nós já conhecíamos o duo Lost Kings por seus remixes, mas agora que nossa relação ficou séria, ao som de “Phone Down”. Um bom nome pra ficarmos de olho.

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