Yassss mama! RuPaul será a primeira drag queen a ganhar uma estrela na Calçada da Fama

THE TIME HAS COME!

A proprietária do mundo gay e do melhor reality show desse mundo (e talvez de todos os outros), RuPaul, finalmente ganhará sua estrela na calçada da fama em Hollywood. A anfitriã de "RuPaul's Drag Race" foi anunciada junto com outras estrelas, como Kirsten Dunst, Simon Cowell, Ryan Murphy e Taraji P Henson. As datas das solenidades de entrega das estrelas ainda não estão marcadas, mas o reconhecimento só é mais um pilar do estrelar ano de Mama Ru, a primeira drag queen a repousar ao lado das mais de 2.600 estrelas da Hollywood Blvd (se você não considerar Bob The Drag Queen sendo representada pela Viola Davis esse ano, claro).

Em 2017 RuPaul ganhou um Emmy, um MTV Award, foi capa de uma das maiores revistas do planeta, a "Entertainment Weekly", lançou nada menos que três álbuns, viu seu reality ter a maior audiência em nove anos, com quase 1 milhão de espectadores assistindo à premiere em abril, E SE CASOU! Tá bom para você?


Mas como tudo na vida tem seu preço, a honraria não vem de graça: é cobrado o valor de US$ 40.000 para o pagamento da criação, instalação, cerimonial e manutenção da estrela. You'd be surprised how much it costs to look this cheap.

O anúncio da Comitê de Seleção da Calçada da Fama coincide com a final da nona temporada de "RuPaul's Drag Race", que acontece hoje (23) às 21h (horário de brasília) no canal americano VH1, e promete grandes emoções quando uma das quatro finalistas será coroada "America's Next Drag Superstar".

Deus é uma drag queen negra, can we get an "amen" up in here?

Quando o mel é bom... Coldplay volta ao Brasil em novembro com a "A Head Full Of Dreams" tour!

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Faz um pouco mais de um ano que Chris MartinGuy BerrymanJonny Buchland e Will Champion vieram respirar o nosso ar e graça brasileira, com a turnê colorida do mindinho do pé ao último fio de cabelo da banda e pulseiras brilhantes e sincronizadas

Segundo fontes, Coldplay retorna ao Brasil em novembro para novas apresentações, mas os locais ainda não foram revelados. Em 2016, os shows aconteceram em estádios lotados no Rio de Janeiro e São Paulo com o álbum "A Head Full Of Dreams".

Prestes a lançar o EP Kaleidoscope que já conta com os lançamentos de "All I Can Think About Is You", "Hypnotised" e o feat. com os meninos do The Chainsmokers "Something Just Like This", a banda deve voltar com uma turnê AHFOD aditivada, mas com aquela pegada clássica de Coldplay: turnê cheia de cores, estrutura com mais de um palco - os shows da banda contam atualmente com três palcos: A (palco principal), B (meio) e C (um anexo mais próximo às arquibancadas, onde são tocadas as músicas em versão acústica) - e lógico, muitos sucessos para deixar a multidão rouca de tanto cantar junto.

Enquanto as datas, locais e valores dos shows não são confirmados - espero não sermos tombados como aconteceu em 2013, quando a banda anunciou a vinda ao Brasil e no outro dia cancelou tudo -, recomendamos que você comece agora o seu cofre e pé de meia para garantir a entrada. Afinal vontade a gente já tem, mas e o dinheiro, né manas?

Maravilhosa! Pabllo Vittar compra peruca para fã em tratamento contra câncer

Pisa menos, Pabllo Vittar! E, felizmente, nem estamos usando essa expressão para promover qualquer competição ou comparar a drag queen mais famosa do Brasil com qualquer outra artista, mas, sim, enaltecer uma puta boa ação feita pela cantora há algumas semanas, quando foi procurada por uma fã que a questionou sobre suas perucas.

Christiane de Carvalho, 21 anos, é uma fã da brasileira que foi diagnosticada com câncer de mama e, ao longo do tratamento, precisou raspar o seu cabelo. Após contar em um grupo no Facebook que decidiu começar a usar perucas, a estudante de direito procurou por Pabllo no Instagram, para saber onde a drag comprava as suas perucas maravilhosas, e a resposta foi muito melhor do que ela imaginava: Vittar não só contou qual era o lugar, como se prontificou a pagar pela peruca que ela escolhesse.

A conversa entre a fã e a cantora foi divulgada por Christiane:


Numa conversa com o site da Capricho, a estudante contou que não procurou pela drag queen esperando ganhar a peruca, mas, sim, querendo saber apenas a loja, e brincou: “Não é que a mana me diz que quer me presentear com uma peruca?”

Um mês após a conversa, Christiane voltou ao Facebook para mostrar que a peruca realmente chegou na sua casa e, mais uma vez, agradecer Pabllo. “Que esse carinho volte em dobro pra você, Pabllo! A minha felicidade não cabe em mim”, afirmou.



Atualmente, Pabllo Vittar está no Marrocos, com Anitta e o produtor Diplo, para as gravações do novo clipe do Major Lazer, “Sua Cara”.

S-O-S! Um trecho de “Woman”, clipe novo da Kesha, caiu na internet

Minha Kesha tá vivaaaaa! A cantora tirou as últimas semanas para preparar seu comeback e foi vista gravando um novo videoclipe, mas agora um pequeno trecho da produção acabou de cair na internet e nós podemos finalmente ter um gostinho de sua volta. E, sim, ela vai vir MUITO EMPODERADA. Pisa menos, rainha!

A música se chama "Woman" e o clipe mostra Kesha com jóias e dirigindo um carrão enquanto fala que é independente e não precisa de ninguém. A estética do vídeo é toda retrô, desde a fonte usada para anunciar o nome da música até a roupa e o próprio carro usado. A sonoridade também pega carona nos anos 50 e, assim, está bem diferente de seus últimos trabalhos. A americana agora flerta com o jazz e usa bastante saxofone no refrão. Que hino!


Dr. Luke MASSACRADO!

A hitmaker de "Tik Tok" trava uma batalha judicial para se desligar da gravadora de Luke, a Kemosabe Records, que antes era uma subsidiária da Sony, mas agora é um selo independente. Assim, ela continua vinculada ao produtor e ele continua tendo os direitos sobre os trabalhos dela.

Ainda que sua situação continue complicada, é bom vê-la fazendo música novamente, ainda mais um hino feminista. Volta pra gente logo, Kesha!

Rita Ora tá bem louca, mas é de amor no clipe de "Your Song"

Rita Ora voltou com sua carreira musical (aleluia!) depois de muita dificuldade e alguns boicotes (cof, cof, Calvin Harris), mas ela está melhor do que nunca, obrigado, com seu novo single "Your Song" estável no Top 15 britânico, após ter alcançado um pico de #3. Pra alavancar a música e fazer dela o hit do verão que o UK merece, a cantora lançou hoje (22) o clipe da faixa.  

O vídeo foi dirigido por Michael Haussman, nome por trás de "SexyBack" do Justin Timberlake e "Take A Bow" da Madonna, e funciona como uma representação literal de "Your Song", onde a kosovar diz "não querer mais cantar canções loucas, só querer cantar a sua música porque ela faz com que ela se sinta apaixonada". E é isso que Ritinha faz, enquanto se lembra dos momentos que viveu ao lado de seu boy e desafia a noção da realidade ao voltar no tempo pra ficar juntinha dele.

Claro que, no meio disso tudo, ela se rebela e faz uma série de movimentos bem maluquinhos, afinal, o amor faz as pessoas cometerem loucuras.



Podemos falar também do look da Rita? Fashion icon do Reino Unido faz assim!

Para seu novo álbum, que deve chegar ainda esse ano, a cantora revelou ter feito algumas parcerias bem interessante, como com Charli XCX em "Girls", faixa que ela apresentou no Big Weeknd da BBC Radio 1, além de ter colaborado com e o DJ Marshmallow em outras canções. Vem, hinário!

A gente que pediu, SIM! Vai rolar Anitta e muitas outras divas na festa “Please Come to Brazil”, em SP

Se tem uma coisa que o Brasil ama fazer na internet, é pedir pra que tudo quanto é artista venha ao país. E a gente sabe que, como bons brasileiros que somos, realmente existem muitas artistas que PRE-CI-SAM dar uma passada por aqui, bem como temos uma lista imensa de nomes que, na verdade, precisam voltar. Mas enquanto isso não acontece, a gente cata as músicas e clipes lançados e se vira como pode, né?

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Foi mais ou menos daí que veio a Please Come to Brazil, uma festa nova da Selva🌴, casa noturna lá da Augusta, que promete levar as divas pop tudo para nossas baladas de cada dia, e, com uma proposta tão legal, é claro que a gente foi atrás de como participar desse rolê.

Eis que, com sua primeiríssima edição marcada pra próxima sexta-feira (23), a festa homenageará ninguém menos que o maior ícone do pop nacional da atualidade, Anitta, que foi lá pra Marrocos gravar clipe novo com a Pabllo Vittar e Major Lazer, mas logo mais tá de volta pra rebolar sua bunda com a gente.



Pra essa festa, nós fomos convidados pra mandar um DJ set lindão, cheio de divas brasileiras, abrasileiradas e gringas que merecem conhecer o Brasil, e pra aquecer, preparamos então a playlist “Please come to Brazil 🙏” no Spotify, com um gostinho da bagunça que pretendemos fazer por lá.

Vai ter “Sua Cara”? Vai sim, bem na sua cara! Vai ter Cupcakke? Caralho, vai ter muito! “Wild Thoughts” com a Rihanna? Já queremos tocando mais que “Work”. “The Cure” da Gaga, as novas da Lorde e a parceria da Halsey com a Lauren em “Strangers”? Já tô na Augusta tocando desde ontem. E, dos brasileiros, ainda rolam Lia Clark, Karol Conka, Manu Gavassi, Ludmilla, Iza e mais um pouco!

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Achou que a gente tava pra brincadeira? Só vamos se for pra chegar chegando, bagunçando a porra toda.

Pra ter mais detalhes sobre a festa, pega o evento aqui. E curta a playlist abaixo, porque o aquecimento começou cedo por aqui: 

Manda mais pop nacional! Zennus lança “Blackout” e se mostra mais um nome pra ficarmos de olho

Do Rouge ao Restart, foram muitas as vezes em que grupos deram muito certo e muito errado na música pop nacional, mas nesta quinta-feira (22), seis novos rostos dão a cara por sua música ao som de uma faixa chamada “Blackout”.



Conhecidos por sua participação no X-Factor Brasil, Aísha, Mitty, Ursula, Kaico, Lau e Felipo se unem no grupo Zennus – e explicam, a letra Z vem da geração em que nasceram, após os anos 90, enquanto o final “nus” é uma variação cool da palavra “nós”. Z-nós, Zennus.

Alguns dos principais grupos da atualidade, como Fifth Harmony e Little Mix, são óbvias influências para o que querem fazer por aqui, mas artistas solos também são lembradas, incluindo Beyoncé, Rihanna, Nicki Minaj e Shakira. Eles também citaram RBD e exemplos brasileiros, como Rouge e Banda Uó. De diferente dos grupos famosos lá fora, bem como dos que já fizeram sucesso por aqui, eles trazem a diversidade intrínseca do grupo, que conta com integrantes abertamente gays, além de uma variedade étnico-racial. E, conversando com eles, é perceptível o quanto essa variedade aconteceu de uma forma natural, não sendo previamente pensada para atender as demandas do público pop atual.

Tivemos a oportunidade de bater um papo com o grupo há cerca de duas semanas e, neste encontro, conferimos também o seu trabalho de estreia. “Blackout” é uma música explosiva, tão dançante quanto o que Little Mix fez em “Touch” ou Justin Bieber em “Sorry”, e se esforça para soar democrática na divisão de vocais, permitindo que todos deem uma amostra do seu potencial, ainda que isso deva ser melhor explorado em trabalhos futuros. Ao contrário do seu título, a música é toda em português e, felizmente, eles mandaram muito bem neste ponto.

Direita para a esquerda: Ursula, Kaico, Lau (em pé), Felipo, Mitty e Aísha (acima).

O clipe da faixa, que será lançado após a canção, não traz nada excepcionalmente novo, mas conversa bem com a canção, mostrando todos numa grande festa, em que aproveitam para mostrar um pouco de seus talentos individuais, além de, (respira fundo aí!) arriscarem até uma coreografia. Como não poderia faltar, também tem muito carão.


Tanto na faixa quanto no videoclipe, são as integrantes femininas quem roubam a cena, até pela música pop ser um gênero em que elas sempre estiveram em alta, elas têm maior potência vocal e também são melhores na postura em frente às câmeras, mas, durante nossa conversa, todos concordaram que os caras dançam mais. O que esperaremos por outros exemplos para ter certeza.

Apesar da descontração de sua letra, o papo com o sexteto é muito inteligente. Eles assistiram “Dear White People”, da Netlix, e trocam ideias sobre as bandeiras que, naturalmente, representam. Felipo, o único hétero entre os homens da Zennus, fala sobre como aprende com os outros integrantes sobre seus privilégios, por exemplo, bem como as formas que pode contribuir na luta contra a homofobia. E levando essa diversidade para além do que apresentam visualmente, todos se mostram muito dispostos a levarem com o grupo essas pautas, há tempos discutidas por artistas pop lá fora, mas muitas vezes evitadas ou omitidas por artistas de grandes gravadoras por aqui.

O público brasileiro tem aberto cada vez mais a mão do nosso velho viralatismo quando falamos em música pop nacional, com os exemplos de Pabllo Vittar, Anitta, Manu Gavassi, Karol Conka, Rico Dalasam, entre outros, de forma que, apesar do formato arriscado, Zennus tem tudo para oferecer mais uma perspectiva para esse cenário que ainda vem sendo construído. Como não podíamos evitar um trocadilho com o nome “Blackout”, o que vemos neles é mais uma luz no fim desse túnel.

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Durante sua passagem pelo X-Factor, o Zennus apresentou versões de Rihanna, Bruno Mars, Pussycat Dolls e Usher. A nossa favorita foi essa aí embaixo:

Melhor sequência que você respeita: Mulher-Maravilha já tem confirmação de segundo filme


Nunca antes na história desse país tivemos tantas notícias boas de uma só vez. Claro que já, mas só poderíamos começar essa notícia assim para dizer o quanto estamos felizes com a confirmação - mais do que adiantada - de Mulher-Maravilha 2.

Em entrevista para a Variety, o chefão da DC, Geoff Johns, revelou que a sequência do filme da heroína está sendo trabalhado em parceria com Patty Jenkins - o que nos deixou com o coração transbordando de orgulho, já que este filme representa um marco na história do cinema no quesito representatividade de mulheres nas telonas e direção - falamos disso por aqui. Além de quebrar recordes de bilheteria,  no primeiro fim de semana foram mais de US$ 243 milhões indo para o bolso da DC. Pisa menos!

O produtor Jon Berg também comentou sobre a participação de Diana Prince no próximo lançamento da DC, "A Liga da Justiça", com estreia prevista para novembro deste ano:

O papel dela não vai mudar, mas ela já era importante. As pessoas responderam bem à Gal [Gadot] em Batman vs Superman, então sabíamos que tínhamos algo especial.

Minha gente, quem responderia mal a Gal Gadot? É impossível, essa mulher é maravilhosa (deer).

Durmam em paz queridos amigos. Mulher-Maravilha 2 vem por aí e é melhor ninguém ficar no caminho que ela tá que tá, ela.

Você já pode escutar um trecho da parceria de Justin Bieber e The Chainsmokers

Justin Bieber tem aproveitado enquanto não lança seu novo disco para fazer muitas parcerias e garantir o #1 de muita gente na Hot 100. Seja com "Despacito" ou "I'm The One", o canadense continua hitando mesmo em seu ~hiatus~, mas os dias de dar hit para os amiguinhos estão contados, porque vem aí o novo single do cara e, ao que tudo indica, será mesmo uma colaboração com o duo The Chainsmokers

Um trecho de um minuto de uma nova música de Justin chamada "Can We Be Friends?" chegou à rede mundial de computadores hoje (21). Com essa pequena prévia em baixa qualidade não deu pra perceber muito, mas já conseguimos saber que o duo de música eletrônica deve seguir a mesma fórmula usada em todas as suas canções (cê jura?) e que o sucesso tá mais do que garantido.  

Escute o gore por sua conta e risco:


Não foi a gente que pediu. 

Além de "Despacito", do Luís Fonsi com o Daddy Yankee, e de "I'm The One", colaboração com o DJ Khaled, Chance, The Rapper, Quavo e Lil' Wayne, Bieber também aproveitou o tempo sem lançar músicas próprias para aparecer em "Let Me Love You", do DJ Snake, "Cold Water", parceria com Major Lazer e MØ, e mais recentemente em "2U", do David Guetta. Mesmo que algumas das citadas não tenham chegado ao topo da Billboard, ainda assim, foram grandes hits. Juntando o poder do cantor com o da dupla eletrônica, que não sai do Top 10 da parada por nada, o #1 é certo. É aturar ou surtar, né não?

Crítica: "Colossal" tenta ser comédia, ação, sci-fi e até feminista, mas falha em todos os gêneros

Atenção: a crítica contém spoilers.

A comédia é um gênero bastante interessante quando se alia ao humor negro. Tais comédias geralmente caem de cabeça no nonsense, seja para causar estranheza ou reflexão na plateia. Nomes atuais como “O Lagosta” (2015) e “Um Cadáver Para Sobreviver” (2016) se utilizam do humor negro não exatamente para nos fazer rir de uma piada, e sim rir do descontentamento exibido na tela.

Em 2017 temos o primeiro grande exemplar do humor negro na comédia americana com “Colossal”. Estrelado pela ganhadora do Oscar (e do coração de milhões de fãs) Anne Hathaway, a queridinha vive Gloria, uma escritora desempregada e alcoólatra que mora com seu namorado, Tim (Dan Stevens). Depois da milésima mentira contada por ela para esconder o fato de que está chegando em casa bêbada, Tim termina o relacionamento, o que a leva a voltar para sua cidade de infância. Na cidade, ela reencontra Oscar (Jason Sudeikis), dono de um bar local e velho amigo da protagonista, que a ajuda a recomeçar sua vida.

A construção da personagem de Hathaway é basicamente um clichê ambulante que tenta ser “cool” pelos seus trejeitos. Ela é desengonçada, bêbada, sem grande apelo social e com vício de coçar o topo da cabeça. Dos seus cabelos desgrenhados até as roupas, tudo é composto para gerar a áurea “maneira” e “descolada” da personagem (reflexo da áurea que o próprio filme quer assumir para si), que acaba sendo um grande e óbvio esforço cinematográfico não bem sucedido. Nem todo o carisma da atriz consegue dar fôlego num papel tão batido.


Todos os elementos primários de “Colossal” renderiam um drama, mas o diretor/roteirista Nacho Vigalondo, diretor do interessantíssimo "Crimes Temporais" (2007), injeta cavalares doses de elementos "indie" e, por que não?, "nerds" em sua trama. Ao mesmo tempo em que Gloria retorna à cidade natal, um kaiju aparece destruindo Seul, na Coreia do Sul – kaiju nada mais é que um monstro no estilo Godzilla, e é aqui mesmo, nessa óbvia referência, que o longa dá boas vindas ao lado nerd, quando nos pegamos relembrando varias criaturas gigantes que destruíram o cinema ao longo dos anos, como o próprio Godzilla, King Cong e o Cover, o alien da franquia "Cloverfield" (2008).

Mas fugindo do padrão dos monstros citados, “Colossal” traz o nonsense quando a responsável pelo surgimento do monstro em Seul é a própria Gloria: sempre que ela passa por um parquinho na cidade às 8:05h da manhã, a criatura se materializa no outro lado do planeta e faz exatamente o que ela faz. A cena em que ela descobre que é a “culpada” pelo evento de maior impacto global no momento é, de longe, a melhor da película, orquestrada com belo requinte de tensão quando vamos acompanhando a protagonista descobrir o óbvio.


Já está bem evidente que o espectador deve comprar o ingresso dessa loucura para a história funcionar (quais as chances de Gloria passar na hora exata e no local exato para que apareça o monstro e quais as chances de isso se repetir?). Como se não bastasse ter um monstro assassino nas suas costas (mesmo sem querer), Gloria ainda tem que lidar com todos os problemas de sua vida: o término com Tim, sua conta bancária zerada, sua casa sem móveis e seu problema com o álcool.

Oscar, que de início se mostrou um salva-vidas para Gloria, dando um emprego a ela em seu bar e até ajudando a mobiliar a casa, vai pouco a pouco mudando sua persona quando a protagonista se interessa por um dos amigos dele, Joel (Austin Stowell). A situação piora quando ele descobre o “poder” de Gloria e, ao ir ao parquinho no mesmo horário, outro monstro gigante surge em Seul, dessa vez um robô, controlado por ele.


Até aqui, o filme corre meio cambaleante, mesmo sem cair de cara no chão, porém tudo começa a desandar quando Oscar deixa de ser o prestativo moço para se tornar um abusador e manipulador. É claro que o personagem foi construído para ser detestado pela plateia, e sua posição de “vilão” é óbvia, porém as situações não fazem o menor sentido. Basicamente ele começa a manipular Gloria, ameaçando usar seu avatar para destruir Seul caso ela não obedeça. Mas espera, se ele fizer isso, o que ela tem a ver? Sim, ela contou sobre seu avatar, o que fez Oscar descobrir o dele, todavia, se ele usa a criatura para o mal é totalmente fora da jurisdição dela. Mas, dentro do filme, isso não existe, pois ela cede a tudo, inclusive rejeitando Tim, que vai até a cidade pedir para que ela volte com ele. Oscar se gaba em dizer que Gloria está na palma da sua mão.

A partir de então o filme se torna uma briga patética entre os personagens, e fica difícil saber quem é mais insuportável: Oscar, por ser um completo imbecil, chegando a agredir a protagonista, ou Glória, que aceita tudo quando poderia simplesmente pegar suas coisas e ir embora. As motivações para a situação chegar até aqui são ainda mais risíveis: a dor de cotovelo de Oscar, que deseja de forma doentia uma mulher que ele não vê há anos e que está na sua cidade há apenas alguns dias. Precisamos, sim, comprar o ingresso do absurdo para lidar com a premissa, mas o roteiro extrapola o limite do aceitável com momentos verdadeiramente irritantes.

Na verdade, todo o filme poderia ser resolvido com sessões de terapia, o que se comprova quando Gloria se lembra do motivo para todo esse caos: quando crianças, um raio caiu sobre ela e Oscar. Cada um segurava um brinquedo, que são exatamente seus avatares em Seul (como ela não se lembrou do ocorrido quando viu os avatares, que são IGUAIS aos brinquedos?). Gloria também lembra que Oscar destrói um projeto dela porque “ele se odeia” (?). E é isso que “explica” as ações do personagem. Ele se odeia. Ah, tá.


Um dos lados do prisma mais interessantes da obra é a posição que Gloria assume perante Oscar. No recente "A Garota no Trem" (2016) temos uma situação parecida de misoginia onde a personagem principal aceita diversas humilhações vindas de um homem - todavia, com justificativas sólidas, o que não a deixa como uma boboca. Não contente em jogar os dados em vários gêneros, "Colossal" tenta ainda soar feminista, com a iminente reviravolta na situação de Gloria no clímax.

A solução do filme é ainda pior: como Oscar agora é um maníaco assassino que está matando inocentes em Seul, Gloria vai até a Coreia do Sul para, de lá, levar seu avatar até o parquinho e acabar (ou “matar”, sendo mais claro) com Oscar, arremessando-o no horizonte. Sim, a garota que não tinha dinheiro para os móveis da própria casa conseguiu chegar de avião até Seul. Numa rápida pesquisa, se você quiser sair dos EUA até Seul hoje, as passagens custam, no mínimo, R$ 5.500. Faz todo e absoluto sentido para alguém falido.

“Colossal” é um filme que atira em vários gêneros e referências. Há a comédia com os diálogos, há ficção científica com os monstros, há ação com as lutas, há lampejos de “Transformers” (2007), de “Avatar” (2009) e de diversos outros filmes, e há, também, o derradeiro posicionamento feminista quando a protagonista, depois de ser tão massacrada pelo macho opressor, acaba com ele quando o mesmo grita "Me coloque no chão, sua vadia!". No entanto, nenhum desses tiros consegue acertar com maestria a colcha de retalhos que o longa costura.

Há toda uma veia filosófica quando temos a ligação entre os dois protagonistas e seus avatares, numa metáfora que diz que todos nós temos nossos monstros internos (o que só reitera a necessidade de um psicólogo para esses personagens), o que no papel é fonte de muito material, que renderia uma apropriação válida do cinema como ferramenta de discussão, porém, com todos os furos, os personagens incongruentes e uma resolução gratuita que parece (mas só parece) feminista, eis um filme tenta ser original e profundo, mas soa como um vazio colossal.


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