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Throwback Review: como o 'Can't Be Tamed' foi o primeiro passo de Miley Cyrus rumo à libertação


Três anos antes de radicalizar, cortar o cabelo, plantar maconha e sair twerkando por aí, Miley Cyrus já dava sinais de que os tempos de Hannah Montana estavam ficando para trás. Os dias da personagem estavam contados a partir do lançamento do "Can't Be Tamed", em 2010, o último disco de Miley sob o selo da Hollywood Records.

Estreando em terceiro lugar na Billboard em junho, o "Can't Be Tamed" foi duramente recebido pela crítica. O excesso de efeitos nos vocais de Miley e a mudança de estilo que trazia uma garota com menos roupa e mais liberdade pareceu incomodar a maioria que ouviu o álbum. Mal sabiam eles que Miley estava dando início ao movimento mais ousado de sua carreira, que viria a se completar em 2013.



No geral, o "Can't Be Tamed" é fortemente marcado por faixas pop e dance, com pitadas de EDM aqui e ali. Além disso, o álbum conta com baladinhas e um cover do "Poison" que foi, inclusive, single na Austrália. As letras, na maioria compostas por Miley, exploram ao máximo sua tentativa de se libertar da imagem de garota perfeita e controlada pela Disney e praticamente todas as faixas fizeram parte da setlist da "Gypsy Heart World Tour" que ajudou na divulgação do disco e chegou até a passar pelo Brasil!

Vamos entender por que, mesmo com o desempenho questionável, o "Can't Be Tamed" foi um dos passos mais inteligentes da carreira da moça?

1. LIBERTY WALK
Não poderia haver maneira melhor de iniciar o disco. "Liberty Walk" dá o tom exato das faixas que se seguem e é o resumo ideal do conceito da nova aposta de Miley. Batidas fortes acompanham os vocais, entoados quase como um hino que promove, literalmente, a libertação de Miley. "It's a liberty walk, say goodbye to the people that tied you up": o conceito não poderia ser mais claro. Miley acerta em cheio numa das faixas de maior destaque do álbum. Poderia ter sido um bom first single :(



2. WHO OWNS MY HEART
"Who owns my heart? Is it love or is it art?" é o que Miley questiona na segunda faixa do disco que também serviu como o segundo single, porém falhou nos charts ao redor do mundo. De toda a carreira de Miley até aquele momento, era a produção mais dançante e eletrônica da moça, uma aposta para bombar nos night clubs ao redor do mundo. A letra um tanto vazia e a falta de conexão com a proposta do CD podem ter sido responsáveis pelo fracasso nas paradas, mas nada que apague o brilho de uma boa faixa.



3. CAN'T BE TAMED
"...and if you try to hold me back I might explode, baby, by now you should know..." Para os desavisados que se chocaram com o lançamento do Bangerz no ano passado, Miley já parecia ter deixado bem claro em 2010 onde queria chegar. "Can't Be Tamed" foi o primeiro single do disco e a sua mensagem foi direta e certeira. Miley não era aquela garota fofa e inocente que víamos na TV em Hannah Montana ou que cantarolava com guitarras no disco anterior, o "Breakout". O clipe que trazia a moça escapando de uma jaula como um pássaro já era o prenúncio para sua trajetória em cima de bolas de demolição no futuro.



4. EVERY ROSE HAS ITS THORN
Miley sempre gostou de incluir covers em seus trabalhos. Se no "Breakout", a escolha havia sido por Cyndi Lauper, no "Can't Be Tamed", ela resolveu homenagear a banda de glam metal, Poison. "Every Rose Has Its Thorn" havia sido um grande sucesso nos anos 80 e recebeu uma nova roupagem que caiu como uma luva para Miley. Seus vocais foram bastante elogiados e a faixa tem até a participação do vocalista original. Um dos pontos altos do disco.

5. TWO MORE LONELY PEOPLE
Com letra de baladinha e sonoridade dançante, "Two More Lonely People" é boa, mas acaba sendo eclipsada pelas demais faixas do álbum. Produção da Rock Mafia, que na época, comandava os discos não só de Miley, mas também de Selena Gomez e outros artistas da Hollywood Records, a música não acrescenta nada de muito interessante no conjunto da obra.

6. FORGIVENESS AND LOVE
A primeira baladinha original do álbum acaba servindo como um balde de água fria pra quem a ouve. Se Miley vinha mantendo um ritmo interessante com as 5 primeiras faixas, "Forgiveness and Love" acaba soando maçante e interminável para quem estava animado com o disco. Produção esquisita e chatinha, ainda é uma surpresa a escolha da cantora em performá-la, toda emo e gótica, no palco do American Music Awards 2010.



7. PERMANENT DECEMBER
A faixa pode pecar pelo excesso de efeito e autotune, mas a letra chiclete e o ritmo empolgado de "Permanent December" poderiam ter garantido o sucesso da música nos charts, caso tivesse sido lançada. A canção segue um padrão parecido com outros hits da mesma época como "California Gurls" e "Tik Tok" e até hoje, muitos fãs acreditam que poderia ter sido a salvação do disco.

8. STAY
Miley acerta em cheio na baladinha mais poderosa do disco (e uma das melhores da carreira). "Stay" tem uma produção bem simples, marcada pelo som do piano, e uma letra bela e marcante. Os vocais da cantora são fortes, porém controlados, e passam muita emoção. Rumour has it que se trata de mais uma canção inspirada pelo romance com Nick Jonas, mas nada foi confirmado por Miley. Poderia ter sido um single interessante.



9. SCARS
Em geral, "Scars" não é uma faixa de grande destaque no disco, mas tem seus pontos bem interessantes. De alguma forma, a velha Miley que adorava rock e guitarras está presente ali, numa produção dançante, contudo com acordes mais marcados. A música é animada e ajuda os ouvintes mais conservadores a acompanhar a transição de Cyrus de maneira menos agressiva que "Can't Be Tamed", por exemplo.

10. TAKE ME ALONG
Uma das produções mais genéricas do disco, "Take Me Along" traz mais do mesmo que já vimos em qualquer artista ao redor do mundo. Mid-tempo que dura longos quatro minutos, é daquelas faixas que só servem pra ocupar espaço mesmo. Dá pra entender um pouco das críticas negativas ao álbum quando chegamos a este ponto.

11. ROBOT
"Stop trying to live my life for me, I'm not your robot!" A penúltima faixa é realmente o grito de socorro mais explícito de Miley no disco. Apesar da produção pobre e bagunçada, se alguém ainda não tinha captado a mensagem de Cyrus, "Robot" faz esse favor de maneira primorosa. "I can love, I can think, without somebody else operating me": Miley, claramente, demonstra toda sua revolta pelos anos de controle da Disney, algo que a própria já citou em entrevistas mais recentes. A surpresa fica por conta de COMO uma faixa com tal conteúdo foi aprovada pelos empresários da Hollywood Records. Parabéns, Miley, você não é mais um robô!



12. MY HEART BEATS FOR LOVE
Apesar de chata, principalmente para encerrar o disco, "My Heart Beats For Love" traz uma mensagem muito legal. Se hoje Miley é um grande ícone do mundo gay, principalmente entre os tantos adolescentes que saem do armário, foi nessa época que ela começou a militância. O hino em ode ao amor incondicional e sem preconceitos, finalmente, traz a Miley mais madura que ela tanto buscou vender no disco.


RESUMINDO:
Apesar das críticas ruins e do desempenho pífio nos charts, o disco foi sim uma das estratégias mais inteligentes da carreira de Miley Cyrus. Se hoje a moça está por aí com línguas gigantes e cachorros-quentes suspensos dominando o mundo e ganhando espaço entre as grandes pop stars adultas, é porque um dia ela fez a transição necessária para que isso pudesse acontecer.

"Can't Be Tamed" pode não ser o melhor disco de sua carreira, mas foi um passo necessário para chegar onde ela está hoje. Algo que a destacou definitivamente das outras estrelas Disney de sua época, como Selena Gomez e Demi Lovato, que ainda patinam para conseguir espaço entre um público mais maduro e dependem muito da recepção dos teens. Praise for Miley.

disqus, portalitpop-1

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