10 discos para ouvir antes do Lollapalooza 2018

Estamos chegando na reta final para o Lollapalooza 2018! Tá perdido ainda com relação a quem vai tocar? Não sabe o que ouvir pra chegar arrasando e sabendo tudo no festival? Calma! Chegou nossa tradicional lista dos 10 discos que você precisa escutar antes do Lolla.

Se prepare para baixar todos esses álbuns e ouvi-los em todos os lugares: no trabalho, no caminho pra escola/faculdade, em casa, no banho, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê!


Anderson .Paak, "Malibu" 

Eles disseram “tragam o groove de volta!”, então o Anderson .Paak foi lá e trouxe. Em “Malibu”, ele usa um poquinho de R&B dos anos 90 ali e um pouquinho de soul dos anos 60 acolá, e nos traz a sensação de estar entte essas décadas, sentados em uma praia, olhando o sol se por.


Chance The Rapper, "Coloring Book" 

Uma das maiores revelações do rap nos últimos anos, Chance The Rapper é tão foda que nem precisa lançar discos oficias pra arrancar elogios de artistas como Beyoncé e Kanye West. Um exemplo disso é sua mais recente mixtape, “Coloring Book”, que combina rimas ágeis com o melhor do hip-hop, pop e até gospel.



Imagine Dragons, "Evolve"

Você pode até não gostar do Imagine Dragons, mas uma coisa não pode negar: os caras souberam como criar seu próprio som. Mergulhando cada vez mais fundo na sua identidade, a banda assumiu de vez seu lado pop, e se a proposta é evoluir o som do Imagine, o resultado é o “Evolve”, álbum com hits como “Believer” e “Thunder”.



Khalid, "American Teen"

No “American Teen”, Khalid divaga sobre o universo da adolescência, sem soar piegas e, principalmente, sem tentar forçar uma maturidade que a gente, nessa idade, não tem. É isso que faz o álbum ser tão cativante. O som urban-R&B-moderno também colabora pra que a gente absorva tudo isso com muito carinho.



Lana Del Rey, "Lust For Life"

Se contassem pra gente, lá em 2011, que a Lana De Rey que “queria estar morta” passaria a ter vontade de viver, nós não acreditaríamos. Olha as voltas que o mundo dá! Vivendo uma fase muito mais leve de sua carreira, a cantora nos entregou no ano passado o “Lust For Life”, um disco mais esperançoso do que seus trabalhos anteriores e talvez o mais coeso desde o “Born To Die”.



Liniker e os Caramelows, "Remonta"

A MPB brasileira se reinventa na voz grave, melancólica e poderosa de Liniker. A poesia de suas letras é ousada e bela, tudo ao mesmo tempo, e junto com um som que mistura soul, blues e funk norte-americano, cria uma experiência transcendental.


Mahmundi, "Mahmundi"

O primeiro disco de Mahmundi não poderia levar outro nome se não o seu mesmo. Afinal, ela escreveu, produziu e cantou sozinha em todas as 10 faixas. O resultado é um pop diferente de tudo que temos visto atualmente no Brasil, dançante e com uma pegada anos 80.



The Killers, "Wonderful Wonderful"

É difícil encontrar bandas que depois de tanto tempo de carreira ainda consigam se reinventar e, principalmente, entregar bons trabalhos. Felizmente, podemos dizer que o The Killers resistiu ao teste do tempo. “Wonderful Wonderful” reune em apenas 11 músicas um pouco do que a banda sempre foi e um pouco do que ela está pronta pra ser no futuro.



Vanguart, "Beijo Estranho"

Um choque de realidade, mas com muito amor, leveza e fofura. É assim que funciona o "Beijo Estranho", o quarto disco da Vanguart. Nesse álbum, a banda apostou em uma poesia mais pé no chão e honesta sobre nosso dia a dia. Como resultado, todas as músicas parecem fazer parte da trilha sonora de um filme indie de romance moderno. Uma tapa na cara, mas que vale a pena.



Zara Larsson, "So Good"

O primeiro disco oficial,m de Zara, o “So Good”, compila músicas muito diferentes entre si, que mostram a flexibilidade dela como artista. É como se o disco de estreia de Rihanna tivesse sido produzido pelo Major Lazer.

Conversamos com o Metronomy sobre seu disco mais recente, expectativas para o Lolla, Rihanna e mais!

Tá chegando, minha gente! Nessa sexta-feira (23) começa mais uma edição do Lollapalooza Brasil, e no último dia de festival, no domingo, quem marca presença é a banda de música eletrônica Metronomy. No aquecimento pra esse show, conversamos com o vocalista, Joseph Mount, e descobrimos qual seria parceria dos sonhos do grupo, quem deles sabe português e como estão as expectativas deles para o Lolla.




It Pop: Falando um pouquinho do "Summer 08'", esse disco é uma continuação do "Nights Out" e fala sobre toda essa loucura que vocês viveram em 2008. Nesse ano, "Nights Out" vai completar 10 anos. Vocês pensam em fazer um novo álbum sobre suas experiências e como suas vidas mudaram desde então, meio que uma terceira parte? 
Joseph: Eu acho que, toda vez que eu faço um disco, eu sinto que é parte dessa história de quem eu sou e quem o Metronomy é, o que o Metronomy é. Eu não quis escrever algo especificamente sobre um tempo da minha vida. Tem coisas no álbum que são mais literais, que referenciam o momento em que ele foi feito. Sempre está lá, de formas diferentes.

It Pop: “Summer 08” também é sobre a culpa que vocês sentiram por não poderem ficar em casa com suas famílias. Dez anos depois, vocês estão lidando melhor com essa questão da fama, de fazer turnês e, algumas vezes, estar longe das pessoas que vocês amam? 
Joseph: Os parceiros que as pessoas da banda tem só viveram com a gente nos períodos da nossa vida em que estávamos em turnê. Isso é parte de quem somos. Se eu não fizesse o que eu faço hoje, eu nunca teria conhecido minha namorada, com quem eu tive filhos. Ainda que seja diferente de como era antes, isso nos ajuda a sentir como se nós fôssemos jovens, de certa forma. Nós temos feito isso desde que somos jovens. Agora, nossas crianças nos esperam nos bastidores, o que é estranho. Mas, nós podemos fazer isso! 

It Pop: Robyn é uma artista tão importante e icônica pra música pop, mas não tem lançado nada próprio desde 2010. Vocês conseguiram trabalhar com ela em “Hang Me Out To Dry”! Como foi essa experiência? 
Joseph: Sim, foi incrível! Como você disse, ela é uma artista muito importante, especialmente para o pop feminino. Você consegue ver a influência dela em todas as novas artistas, eu acho. Então, sim, ela é ótima! Tenho tentado fazer mais algumas músicas com ela e tomara que ela lance novas músicas logo.


It Pop: Muitos artistas da música eletrônica estão colaborando com artistas do pop. Ano passado a gente teve Kygo com Selena Gomez, Zedd com Alessia Cara... Se você pudesse colaborar com qualquer artista pop, além de, claro, Robyn, quem você escolheria e por quê? 
Joseph: Eu escolheriaaaa... Hmmmm... Eu escolheria a Rihanna. 

It Pop: Isso seria interessante.
Joseph: Eu gosto dela. Eu acho que ela é bem interessante. Ela não se limita a um tipo de música. Gosto dela. Ela seria uma boa escolha.

It Pop: Voltando um pouquinho pra “Love Letters”, eu vi que vocês trabalharam com o Michael Gondry nesse clipe. Ele já trabalhou com artistas importantes como Björk e Paul McCartney, e ele até tem um Oscar de Roteiro Original. Como foi trabalhar com ele? 
Joseph: Ele foi muito legal! Ele é uma pessoa que foi pra universidade comigo. Ele é apaixonado por fazer filmes. E mesmo que ele tenha seguido por um lado mais underground com os filmes dele, ele ainda tem muito entusiasmo pelo trabalho dele, o que é bem legal. Eu adoraria fazer outro clipe com ele!


It Pop: O quão importante é pra vocês fazer clipes que impactam na forma que as pessoas entendem a música? 
Joseph: Eu não sei se é tão importante para que as pessoas entendam a música. Mas é... tudo muda o tempo todo, mas quando estávamos começando a fazer clipes, parecia ser algo muito importante, porque foi um período importante, com o YouTube e tudo mais, então as pessoas estavam querendo “ver” a música e se interessavam nos nossos vídeos. Não acho que eles sirvam para que as pessoas entendam a música, embora muitas vezes eles literalmente representem as canções. Acho que eles ajudam as pessoas a gostar das músicas de uma forma diferente. 

It Pop: Vamos falar das músicas que você está ouvindo bastante recentemente. Quais músicas estão sempre nas suas playlists? Tem músicas novas nelas? 
Joseph: Eu estou gravando músicas novas, então estou ouvindo coisas que me ajudem a pensar nessas novas canções. O que significa que estou ouvindo muito Sade, que é muito anos 90. Estou ouvindo aquela música, "Dub Be Good To Me", do Beats International, também dos anos 90... Não sei se estou ouvindo músicas novas, não sou muito bom nisso. Quando eu estou fazendo um álbum eu tendo a voltar para as músicas antigas, estão estou ouvindo coisas mais velhas no momento. 

It Pop: Pode nos contar um pouquinho sobre esse novo disco?
Joseph: Eu acho que vai ser um disco muito bom! (Risos) Estou tentando fazer um álbum que as pessoas vão se apaixonar tanto quanto se apaixonaram por "Nights Out" e "The English Riviera". Um álbum pop muito bom. É isso que eu estou tentando fazer.



It Pop: Ok, ficamos animados!
Joseph: Ah, que bom!

It Pop: Você está vindo pro Lollapalooza Brasil! Animados?
Joseph: Sim, muito! Mal posso esperar! Nem falta muito, né? Estou bem animado!

It Pop: Muitos artistas quando chegam aqui e vêem a reação do público brasileiro dizem que não há nada como fazer show por aqui. O que vocês estão esperando dos fãs?
Joseph: Eu acho que vai ser bem divertido! Nós não vamos ao Brasil tem alguns anos, então esperamos que as pessoas estejam animados com a nossa volta. Eu sei que nós vamos estar animados! Essa volta vai ser algo bem especial. Eu não quero jogar minhas expectativas lá no alto, mas estou esperando que seja algo realmente fantástico. Espero mesmo!

It Pop: Vocês já estiveram no Brasil, então sabem falar alguma coisinha em português, né?
Joseph: Ah, não, eu sou péssimo! Sou bem ruim em português. Eu consigo falar... "obrigada"! Isso é o que eu consigo fazer.

It Pop: Ah, tá ótimo! Seu português tá melhor que o meu inglês. 
Joseph: (Risos) Ah, a Anna, que toca bateria na banda, está aprendendo português! Ela com certeza vai saber falar algumas coisas. 

It Pop: Ah, que demais! Bom, Joseph, é isso aí! Muito obrigada por falar com a gente. 
Joseph: Obrigado você!

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Rihannaaaa, mulher! Só vem! Enquanto o Metronomy não lança sua tão sonhada parceria com a cantora barbadiana, ficamos com o ótimo "Summer 08'" na expectativa pra esse show que promete.

Com homenagem a Marielle, Katy Perry mostra todo o seu amor por nosso país em show no Rio

Neste domingo (18), Katy Perry encerrou sua passagem pelo Brasil com a turnê do "Witness" em um show na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro. Com praticamente toda a estrutura de sua turnê, o carisma de sempre e em seu melhor momento vocal, ela entregou um show impecável e emocionante, que vai deixar saudade.

Na primeira música, "Witness", Katy já convida a todos para testemunhar, e claro que aceitamos os convite. Em seguida, vem "Roulette" e surpreende: apesar ser uma canção nova e que não virou single, foi bastante cantada, principalmente em seus "ahhhh". Então, é hora de "Dark Horse", o primeiro grande hit da noite. O público mostra que estava sedento para os sucessos, respondendo a altura.


A partir daí, foi uma sucessão de hits. Teve "Chained To The Rhythm", "Teenage Dream" e "Hot N Cold", com direito a brincadeira. A cantora quis saber como se dizia o nome da música em português, e é claro que quando ela disse "quente" e "frio" a plateia foi ao delírio. "T.G.I.F" chega pra confirmar: estamos numa grande festa. 

Durante "California Gurls", uma participação mais do que especial. O Left Shark, um dos marcos do SuperBowl de Katy, foi incorporado a turnê, e faz parte de um dos momentos mais divertidos do show. Ao final da música, a cantora e o tubarão lutam na passarela, e o público responde com muitos gritos. Ela vence o embate e obriga o Left Shark a dizer "desculpa!" bem alto, pra todo mundo ouvir.


Depois do momento fun, Katy chama sua garotas; é hora de "I Kissed A Girl". Como todos os seus hits passados, a faixa ganhou uma nova versão, com instrumental mais oitentista e cheio de sintetizadores para a turnê. O resultado, tanto para "I Kissed" quanto para as outras canções, foi bem  refrescante, além de ajudar a manter toda a atmosfera do show. Porém, temos que confessar: na segunda parte dessa música, quando as guitarras finalmente se fazem presentes, não tem pra sintetizador nenhum.


Depois de cantar hit atrás de hit, ela desacelera o ritmo. Com mais um figurino, Katy volta para "Deja Vú". O momento relaxante continua com "Tsunami", e é aí que vemos a estratégia de Katy para continuar a manter sua plateia entretida. Uma das rosas gigantes do cenário é um grande pole dance, onde um dançarino faz seus movimentos em meio a uma interpretação extremamente artística da canção. É impossível desgrudar os olhos. 

"E.T." vem pra deixar a atmosfera mais sombria e obscura por poucos minutos, só para "Bon Appétit" fechar o bloco trazendo toda a leveza de volta. A música se provou infinitamente melhor ao vivo, capaz de fazer todo mundo, até quem não a conhece, dançar, em um mashup com "What Have You Done For Me Lately", da Janet Jackson. 

Apesar de todos os hits animados, nada mexe mais com a plateia do que as músicas inspiradoras de Katy. Por isso, ao ouvir os primeiros acordes de "Wide Awake", a Praça da Apoteose imediatamente se acendeu com as luzes de celulares. Ao dar uma pausa para sua próxima canção, a plateia se adiantou e começou a entoar os versos de "Unconditionally". "Eu deveria cantar essa pra vocês, né?", Katy disse. Deveria mesmo.


Mas, diferente de São Paulo, aqui "Unconditionally" não é apenas um mimo para os fãs. É uma homenagem. No telão, uma foto: Marielle Franco, a vereadora do Rio de Janeiro assassinada brutalmente na última semana. E se o momento já não estivesse lindo, Katy fez mais e chamou ao palco a irmã e a filha de Marielle. A cantora pediu um momento de silêncio e depois disse, em nome dos Estados Unidos, que os entes da vereadora não estavam sozinhos. Katy, então, deu um espaço para que a irmã de Marielle falasse o que quisesse sobre o caso. Um pedido: justiça. 

Katy Perry não é brasileira. Ela não tem obrigação nenhuma de se pronunciar sobre o que acontece no Brasil. Provavelmente, apesar de ter se chocado com o caso, ela nem deve entender a dimensão de tudo isso, porque ela não vive aqui. Ela poderia ter feito um discurso bonito e, pronto, era isso. Mas, ainda assim, ela dedicou um momento de seu show para dar voz às maiores vítimas de tudo isso, os parentes de Marielle, e ajudar a trazer reconhecimento internacional ao caso. Um momento incrível, que mostra muito bem o tipo de pessoa que a cantora é o quanto ela realmente gosta do nosso país.


Katy continua o show com "Power", e lembra que nós temos o poder. "Cantem por Marielle!", ela diz. Após mais uma troca de roupa (ufa!), mais músicas inspiradoras. "Part Of Me", "Swish Swish" e "Roar" ganham ainda mais força depois da homenagem à vereadora. Por fim, "Firework" encerra o show da melhor forma possível.

Apesar de estar vivendo sua era mais conturbada, dos números baixos as críticas severas, o "Witness" foi também o trabalho mais humano da californiana. Katy erra e acerta como qualquer outra pessoa. Ela se arrisca, não alcança seus objetivos, se frustra e ainda é julgada, assim como todos somos, só que, em seu caso, para o mundo inteiro. Ainda assim, ela se mostra cada vez mais forte e capaz em seus shows. A "Witness The Tour" é sim um megaespetáculo, repleta de inúmeros adereços, mas nada disso faria sentido sem o carisma, a alegria e a entrega de Katy. E pra quem tinha dúvidas se a cantora continuava no hall dos grandes nomes do pop apesar do resultado não tão bom de seu último disco, aqui está a prova.

Anitta fala sobre Marielle Franco, apaga e reclama: “Não se pode mais ter opinião nessa vida”

Nos últimos dias, não se falou em outro assunto no Brasil. A vereadora Marielle Franco, mulher, negra, lésbica e recém eleita relatora da comissão que acompanharia os trabalhos da intervenção militar no Rio de Janeiro, foi brutalmente assassinada no dia 14 de março, despertando uma série de protestos e manifestações pelo país e fora dele, pedindo por justiça, explicações e culpados pelo crime.

Entre os pronunciamentos sobre o caso, houveram falas de muitos artistas, não só brasileiros, e cientes do quanto, por sua influência, ela poderia potencializar ainda mais essa discussão, muitos fãs começaram a questionar o silêncio de Anitta que, enquanto todos só falavam sobre o caso, se dedicava a comentar o BBB e seguir com sua agenda de shows, como se nada estivesse acontecendo.

É claro que ela não tinha nenhuma obrigação. Ninguém precisa ser forçado a falar sobre nada, quem dirá se sensibilizar. Mas faz apenas alguns meses desde que a cantora esteve numa favela do Rio, se dizendo orgulhosa de suas origens e de “levar a favela” para outros espaços, apenas alguns meses desde que ela lançou “Vai Malandra” e se mostrou empenhada a dar voz, rosto e nome para os moradores do Vidigal e, inclusive, se debruçou em discutir sobre a criminalização do funk que, assim como o assassinato de Marielle, seria mais uma maneira deles silenciarem, marginalizarem e, de certa forma, matarem a favela. E Anitta, enquanto divulgava seu novo single, estava interessadíssima em abordar todos esses assuntos, mas agora o cenário é outro.


Com manifestações por todo o país, o caso de Marielle ganhou uma nova página no final de semana, quando, durante seu show no Rio de Janeiro, a cantora californiana Katy Perry dedicou uma parte da apresentação para a ativista, exibindo sua foto em um telão e convidando sua filha e irmã para falarem com o público, dando espaço pra que pedissem por justiça e fizessem uma homenagem para Marielle. Não havia transmissão ao vivo para nenhuma emissora, muito menos uma maneira da gringa se aproveitar da situação. Foi uma postura de boa fé e respeito pelos que estavam ali presentes, e uma maneira de demonstrar que seu carinho pelo país ia além da preocupação em encher estádios.

Já Anitta, tava meio cansada. Cinco dias mais tarde, publicou um texto em que se disse pressionada a tocar no assunto, por conta do “ódio gratuito da internet”. Porque, sim, uma mulher foi assassinada com quatro tiros, se tornou o rosto da mudança há tempos reivindicada pela favela e movimentos sociais brasileiros, e enquanto todos viram nessa discussão uma oportunidade de usar suas plataformas em prol de algo maior, ela estava apenas sendo alvo do ódio gratuito desta malvada internet.

Nem tão malandra, a cantora ficou desconfortável com a repercussão do texto - uma falácia sobre não importar a cor, gênero ou classe social de Marielle, porque “ninguém merece morrer” - e voltou atrás, substituindo toda a conversa por um simples emoji, e, nos comentários, continuando a se defender. Num desses, uma fã estava perdida com toda a discussão, perguntando “O que há de errado com o texto? (...) Daqui dois meses vocês vão estar nessa comoção toda? (....) Foi isso o que ela quis dizer”. E Anitta reapareceu: “Não se pode mais ter opinião nessa vida. Se sua opinião não for igual a do outro é madeira em você… Dá não.”

Lorde virá ao Brasil em novembro, como headliner do Popload Festival, e já estamos pirando

Vai ter Lorde no Brasil, sim! E ainda nesse ano!

A cantora neozelandesa foi confirmada como a atração principal do Popload Festival, que acontecerá no mês de novembro em São Paulo, no Memorial da América Latina.

Em sua quinta edição, o festival brasileiro já contou com a participação de artistas como The xx, Tame Impala e Metronomy, e trará em 2018, além de Lorde, as bandas Blondie, MGMTAt the Drive In e Death Cab For Cutie, fora os brasileiros Tim Bernardes e Letrux.


O evento acontecerá no dia 15 de novembro e os ingressos já estão à venda, com valores entre R$180 e R$750.

Lorde, que se apresentou no Brasil pela primeira vez em 2014, volta ao país ao som do disco “Melodrama”, de onde extraiu singles como “Green Light” e “Perfect Places” e garantiu uma indicação ao Grammy de ‘Disco do ano’. Leia nossa crítica ao disco aqui.



Cata as infos todas detalhadas abaixo:

Data: 15 de novembro 
Local: Memorial da América Latina 
Horário: Memorial da América Latina 
Classificação: A partir de 16 anos desacompanhados
Preços: R$180,00 a R$750,00 
Pontos de venda: Cine Joia @ Praça Carlos Gomes, 82 (próximo ao Metrô Sé e Liberdade). Funcionamento de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 14h e das 15h às 18h.

Os 10 artistas que você pre-ci-sa conhecer antes do Lollapalooza 2018

É incrível ir ao Lollapalooza para ver aquele artista especial, mas é sempre melhor ainda quando saímos de lá com uma lista de novos artistas para escutar quando chegarmos em casa. E, quem sabe, essas descobertas de festival serão tão importantes pra gente que, um dia, voltaremos ao Lolla só para assisti-las ao vivo. 

Pra você já ir aquecendo e conhecendo um pouco dessas apostas para a edição de 2018, listamos 10 artistas relativamente desconhecidos que não podem passar batido nesse Lolla. 

AURORA 

Ainda dá tempo de conhecer a substituta do Tyler, The Creator! A norueguesa AURORA é dona de um som bem orgânico influenciado por suas raízes nórdicas e pelos sintetizadores bem característicos da Escandinávia.


Kaleo

Seguindo uma linha mais acústica e alternativa, a banda islandesa Kaleo usa do rock, do blues e do folk pra criar aquelas músicas com atmosfera de filme de ação e destruição, quase como o que o Imagine Dragons faz, mas de uma forma muito mais calma e introspectiva. 


Metronomy

Conseguir tirar a Robyn da toca em que ela está há 8 anos pra lançar a ótima “Hang Me Out To Dry” já é motivo o suficiente pra merecer nossa atenção. Aí que o Metronomy também faz um indie-pop-eletrônico muito bom. É demais pra gente. 


Milky Chance

Sabe aquelas ritmos que a gente não consegue nem dar o nome por serem tão misturados? É exatamente assim que é o som do Milky Chance! A banda alemã faz um pop-rock-folk-eletrônico (sim!) diferente de tudo o que você já ouviu. 


Oh Wonder

Tecnicamente, o Oh Wonder faz um indie pop bem pra cima. Na prática, a dupla faz música-perfeita-pra-cantar-bem-alto-com-seus-amigos. E não é exatamente esse tipo de música e vibe que queremos no Lolla? 


Royal Blood

O Rock não está morto! Para o Royal Blood, essa ideia de encontrar “salvadores para o rock” não faz sentido. Afinal, é tudo sobre músicas boas! E isso eles tem de sobra em seus dois primeiros discos, “Royal Blood” e o chiclete “Why Did We Get So Dark?”


Sofi Tukker

Com o smash “Best Friend” em mãos, a dupla Sofi Tukker faz um dance pop que, segundo a Sophie, parte do duo, tem inspiração nos artistas clássicos brasileiros (ela curte muito nosso país e até sabe português). Ah, eles estão prestes a lançar seu disco de estreia,“Treehouse”, então espere por músicas inéditas no show. 


The Neighbourhood

Uma daquelas bandas que você com certeza conhece pelo menos uma pessoa que curte, mas que você nunca escutou nenhuma musiquinha. Acertamos? Se sim, não perca a oportunidade. O alvoroço da internet é justificável e nós podemos provar. 


What So Not

Se você curte um EDM mais experimental, o What So Not é uma ótima pedida. Com a benção de Skrillex, o cara é um dos principais responsáveis pelo renascimento da música eletrônica australiana, ao lado do Flume, ex-membro dessa dupla que agora é de um homem só. 


Yellow Claw

Apadrinhados por Diplo, o duo holandês Yellow Claw aprendeu direitinho com o cara e sabe bem como juntar os melhores rappers do momento com as batidas mais viciantes pra mandar Aquele Som™. 

Assistimos ao show da Katy Perry em SP e podemos dizer que “Witness” é a sua melhor turnê

“Você será a minha testemunha?”, pergunta Katy Perry para as 40 mil pessoas que foram prestigiá-la neste sábado (17) no Allianz Parque, durante a passagem da turnê com o disco “Witness” por São Paulo.

Logo de início, todas as explosões, figurino e estrutura já entregavam: estávamos prestes a testemunhar um show épico, no sentido real da palavra, não banalizado como frequentemente acontece pela internet, e assim seguimos.

Em sua quarta turnê, Katy Perry entrega um show muito mais enxuto, disposto a explorar a versatilidade de sua música e, ao contrário do que apresentou nos clipes de seus últimos singles, com muita seriedade, e breves momentos bem humorados, que pareciam agradar aos fãs mais novos e viúvos de seu segundo álbum, “Teenage Dream”.

Falando no “Teenage”, todos os hits dessa era foram retrabalhados, trocando as batidas de Dr. Luke e companhia por guitarras, sintetizadores e uma pegada muito inspirada no new wave, vez ou outra nos lembrando da estética recém-assumida pela banda Paramore, e também das apresentações ao vivo da cantora St. Vincent.

A proposta diferentona mostrava não só uma maneira de reviver músicas que Katy já canta há dez anos, como também uma saída pra cantora se expressar além da música pop, e que saída! Antes tivera ela a chance de nos mostrar tudo isso com a era “Witness”, que amargou alguns de seus piores números e posições, ainda que seja um de seus trabalhos mais ousados.



Na linha fora da bolha, um dos melhores blocos do show acontece quando a cantora conta com o menor retorno do público, bem apático aos novos arranjos e faixas de seu último CD. O trecho com “Deja Vu”, “Tsunami” e “E.T.” nos deixam sem ar, tanto pela estrutura no palco, quanto pela performance em si. A cantora parece despreocupada em nos mostrar versos chicletes e muito mais interessada na parte artística da coisa. Funciona. Pra galera se animar, entretanto, o bloco encerra com uma jogada sensacional: o single “Bon Appetit”, aqui com uma apresentação bem mais lúdica do que as anteriores, e um medley com “What Have You Done For Me Lately”, da Janet Jackson, que deixa o palco - e público - mais dançante.

Os fãs pareciam ansiosos pelas músicas lentas. Bastaram os primeiros versos de “Wide Awake” pra que acendesse um céu de celulares pelo estádio, e arriscamos dizer que esse foi um dos momentos em que o público melhor correspondeu ao show, cantando do início ao fim, chorando e, quem estava em casal, também fazendo vídeos e se beijando. Pra faixa seguinte, ela trouxe uma surpresa, substituindo o hino “Thinking of You” por “Unconditionally”, que não fez parte de nenhum outro show pela América do Sul, e a reação dos fãs ao mimo foi ainda maior.

Com o show perto de chegar ao fim, surge mais uma alteração: Katy Perry vai de “Power”, do seu último disco, a uma nova versão de “Part of Me”, pulando o single “Hey Hey Hey”, e eis que finalmente chegamos ao momento mais aguardado da noite, com a participação da cantora e dançarina brasileira Gretchen, que repete a interpretação do lyric video de “Swish Swish” AO LADO da cantora!

Com o estádio aos gritos, Gretchen e Katy Perry se abraçam e rebolam muito. O show se torna uma grande festa, mais uma vez com um humor bastante contido, e ao fim da faixa, o estádio ganha uma chuva de “recibos”. Nós pegamos o recado.



O final é bem manjado, mas funcional. Katy apresenta “Roar” com uma estrutura menor, contando com o auxílio do telão em forma de “olho” - símbolo da sua era atual - e encerra com o hit atemporal “Firework”, enquanto é erguida por uma grande mão, como se estivesse sendo entregue ao público.

“Witness: The Tour” representa um momento necessário pra carreira de Katy Perry. Passados dez anos de hits, a cantora parece muito mais interessada em mostrar do que é capaz no palco do que manter a alcunha de hitmaker e, mesmo com a apatia do público, pouco engajado pela descaracterização de seus sucessos e apresentações mais sóbrias, menos infantilizadas, entrega não só um de seus melhores shows no Brasil, como também a sua melhor turnê, abrindo mão de toda a pirotecnia e grandes estruturas de seus concertos anteriores pra dar espaço para a sua absurda presença de palco e uma baita evolução vocal. Nós somos a sua testemunha.

Sigrid lança “Raw” e mostra que não precisa de muito para nos impressionar

Sigrid nos mandou ficar atentos nessa quarta-feira (14), e nós ficamos! Embora desse a entender que lançaria um EP, ela veio apenas com a primeira música do trabalho, “Raw”, que compensa esse pequeno tombo que levamos.

É como se “Sail”, do AWOLNATION, ganhasse uma roupagem bem mais pop. A faixa soa vagamente como algo que a Lily Allen poderia ter feito em seus primeiros álbuns, com uma pegada mais atual. 

E se, em tradução livre, “Raw” significa “cru”, a voz da Sigrid da todo esse tom. Simples e até um pouco anasalada, ela deixa a canção mais natural, honesta e visceral, mesmo com tantos sintetizadores. 


Não há nada de errado com músicas sobre amor, diversão e festas, mas é sempre refrescante e confortável ouvir canções que falem sobre a pressão colocada pelo mundo nas nossas costas, e isso a Sigrid sabe fazer muito bem. “Don’t Kill My Vibe” está orgulhosa agora.

De onde “Raw” veio, logo, logo virão outras quatro músicas. Só nos resta ficar ATENTOS pra esses lançamentos! 👀

Crítica: dispensando o sobrenatural, "A Caverna" tem o terror feito pelas nossas mãos

Atenção: a crítica contém detalhes da trama.

Estamos quase chegando na terceira década do século XXI, e um dos estilos cinematográficos mais saturados é o found footage - as "filmagens encontradas" que são ficcionalmente verdadeiras e em "tempo real". Bastante inerente no terror, o primeiro expoente a usar a artimanha foi "Holocausto Canibal" (1980), causando tanto alvoroço que o diretor, Ruggero Deodato, teve que comprovar às autoridades que a fita não era real.

Mas foi com "A Bruxa de Blair" (1999) que o estilo ganhou massiva força no berço da internet. Foi ali que os estúdios perceberem o quanto o found footage era uma mina de ouro, pois: carecia de baixo custo de orçamento e rendia rios de dinheiro, pela facilidade de produção e o apelo comercial gigantesco. "A Bruxa de Blair" é até hoje um dos mais rentáveis filmes da história, custando US$ 60 mil e arrecadando US$ 250 milhões mundialmente, 4.166X mais.

O longa definitivo do FF no novo milênio é "Atividade Paranormal" (2007). O maior filme em custo e benefício já feito foi o pontapé de uma franquia de sucesso (de público, pelo menos) e tanto ajudou a consolidar quanto a saturar o estilo. O primeiro exemplar, sem grandes questionamentos, é um dos melhores filmes de terror já feitos por ser fresco, empolgante e verdadeiramente assustador.

E os nomes que se utilizam do FF são inúmeros - em Hollywood então, nem se fala: "O Último Exorcismo" (2010), "Apollo 18: A Missão Proibida" (2011), "A Pirâmide" (2104), "A Forca" (2015), "A Visita" (2015), etc etc etc. Uma boa rota de fuga do modelo comercial plastificado de Hollywood são os terrores espanhóis - e é da Espanha o melhor FF já feito no século: "[Rec]" (2007). Outro a render um franquia, "[Rec]" não só revitalizou o subgênero como também o cinema de zumbis, sendo comprado nos EUA com o remake (terrível) "Quarentena" (2008). Mas esse texto é sobre nenhum dos citados, e sim acerca de um pequeno e até anônimo terror espanhol que, com esse texto, eu espero ganhe mais visibilidade, mesmo que ainda distante da fama que essa pérola mereça: "A Caverna" (La Cueva/In The Darkness We Fall).


A premissa de "A Caverna" é a mais simples possível: cinco amigos - duas garotas e três rapazes - estão fugindo de suas realidades e compromissos para curtir as férias na ilha Formentera, em território espanhol. Perto da paradisíaca praia, eles encontram uma caverna e, ao explorá-la, acabam perdidos enquanto lutam contra o tempo para encontrar uma saída. E é isso.

O primeiro ato é o mais puro cliché de qualquer subgênero do terror: jovens bebendo, causando confusão, festejando, namorando e tudo mais - aquele climão de baderna imbecilóide que já está mais do que batido. Apesar dos chavões, o começo serve para desenhar a personalidade de cada um e a relação entre eles, o que será vital do decorrer da película, principalmente no último ato. É o caso de ceder às obviedades em prol de algo maior que estar por vir - e de obviedades o filme não escapa, sendo previsível em muitos momentos, no entanto, jamais deixando a atmosfera sair da tensão.

Não falei sobre algum personagem em específico porque a protagonista da obra é a caverna. Pesquisei em várias páginas e artigos sobre a produção do filme e infelizmente achei quase nada - reflexo do seu anonimato. Nos créditos há um diretor de arte, porém não posso dizer com certeza a maior questão que me permeou durante a duração: as filmagens aconteceram dentro de uma caverna real ou ela foi feita em estúdio? 


A impressão que a fita passa é de que o cenário é real, todavia, o que está na tela é impressionante, não importando a resposta. Se for cenografia em estúdio, a veracidade é de cair o queixo. Se for uma caverna mesmo, a pesquisa de campo foi perfeita. Ali é um assustador labirinto, e desde a entrada a caverna vai marcando os personagens como algo maligno que está feliz por ter presas entrando em sua garganta de bom grado. A fotografia complicadíssima - há momentos em passagens baixas e estreitas, onde os atores precisam se arrastar - consegue extrair beleza das formas geológicas construídas pelo tempo, mesmo em filmagens de mão características do FF. Há cenas que parecem se passar em outro planeta, tamanha estranheza dos moldes lapidados pela natureza.

Os pobres personagens não demoram a perceberem que estão perdidos nas profundezas da terra. O que parecia ser um caminho direto se mostra impossível ao ter diversas entradas e saídas, que vão enterrando cada vez mais o destino de todos ali, o que fará com que a plateia se recorde de "Abismo do Medo" (2005), que também coloca suas personagens dentro de uma caverna. Mas ao contrário do citado, e da maioria dos FF, única criatura a atacar os personagens em "A Caverna" é um rato, não entidades ou espíritos. 


Sem água e comida, o longa se torna um survival movie - aqueles em que os personagens devem sobreviver - física e psicologicamente - às condições extremas: "127 Horas" (2010), "Gravidade" (2013), "O Regresso" (2015) e "Águas Rasas" (2016) são alguns exemplos modernos. E é aí que reside todo o horror de "A Caverna". Além de desenhar as relações, o pateta início mostra uma das personagens passando mal depois de uma bebedeira, e, caso você já tiver tomado um porre, sabe o quanto o dia seguinte é péssimo. Álcool desidrata, e toda a bebida da noite anterior bate com força na personagem, a primeira a sucumbir aos efeitos colaterais da desidratação.

Depois de dias rodando pelos caminhos tortuosos da caverna, um dos rapazes chega à conclusão de que um deles deve morrer para salvar os outros - sim, ele estava sugerindo canibalismo. O que poderia ser algo construído apenas para o choque é virada precisa do roteiro, que não se dá ao luxo de banalidades - tudo está na tela porque deve estar. De longe a cena mais aterrorizante da película, vemos reações fidedignas, distantes da massa de terror em que os atores esboçam pouquíssima reação ao ver seus amigos morrendo. Aqui o pânico e o encarar da realidade é palpável e gela a espinha.


A obra é, além de tudo, um estudo sobre a complexidade das reações humanas. Um grupo tão unido começa a se enxergar como rivais diante da pressão, do medo, da fome, da morte. O ímpeto de sobrevivência é tão gigante que ultrapassa qualquer laço criado por nós? Podemos julgar os caminhos escolhidos por não estarmos dentro da situação? O que nós mesmo faríamos ali? São questão complexas que o filme não faz questão de responder, apenas de levantar. O roteiro do também diretor Alfredo Montero e Javier Gullón (que adaptou o maravilhoso "O Homem Duplicado", 2013), é riquíssimo ao abordar cada personalidade com uma reação diferente, e como os conflitos vão moldando o caldeirão que pode rachar a qualquer momento.

E "A Caverna" é um FF que respeita o próprio estilo. O que mais existe é exemplar que destrói a própria diegese - como "O Último Sacramento" (2013), que ora é filmado usando o FF, ora linguagem normal, além de possuir câmeras simplesmente impossíveis. O argumento primário do subgênero é o filme ser a filmagem crua - ou editada de forma "documental" quando "encontrada". Apenas uma pequena sequência inicial e final saem da câmera de mão e ganham trilha-sonora em "A Caverna", deixando claro que não se tratam do rolo original: todo o resto do filme é pura e simplesmente as imagens e os sons da câmera dos personagens, justificados pelas escolhas dos envolvidos. Aqui você não se perguntará "Por que eles não simplesmente largaram a câmera?".

"A Caverna" é um dos maiores acertos do horror contemporâneo ao unir a veia comercial com o primor da arte - a plateia vai se manter grudada na cadeira enquanto se contorce de claustrofobia num produto de real qualidade. Simples em sua premissa e estrelar em concepção, o longa faz o que muitos terrores esquecem: o quanto nós mesmos somos estopins para o medo. Abrindo mão de qualquer traço fantasioso ou supernatural, o horror é gerado pelas mãos humanas, e isso, quando bem feito, é para causar a mais tangível agonia. É muito mais fácil aceitarmos o medo vindouro de algo que existe do que vampiros, lobisomens ou demônios - e em situações como a de "A Caverna", a pessoa do seu lado é seu inimigo mais do que qualquer alienígena invadindo o planeta.

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