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Assistimos ao show da Katy Perry em SP e podemos dizer que “Witness” é a sua melhor turnê

Evolução vocal, show sóbrio e novos arranjos marcam a atual fase da cantora, muito disposta a nos mostrar que, além de hitmaker, é uma ótima artista.
“Você será a minha testemunha?”, pergunta Katy Perry para as 40 mil pessoas que foram prestigiá-la neste sábado (17) no Allianz Parque, durante a passagem da turnê com o disco “Witness” por São Paulo.

Logo de início, todas as explosões, figurino e estrutura já entregavam: estávamos prestes a testemunhar um show épico, no sentido real da palavra, não banalizado como frequentemente acontece pela internet, e assim seguimos.

Em sua quarta turnê, Katy Perry entrega um show muito mais enxuto, disposto a explorar a versatilidade de sua música e, ao contrário do que apresentou nos clipes de seus últimos singles, com muita seriedade, e breves momentos bem humorados, que pareciam agradar aos fãs mais novos e viúvos de seu segundo álbum, “Teenage Dream”.

Falando no “Teenage”, todos os hits dessa era foram retrabalhados, trocando as batidas de Dr. Luke e companhia por guitarras, sintetizadores e uma pegada muito inspirada no new wave, vez ou outra nos lembrando da estética recém-assumida pela banda Paramore, e também das apresentações ao vivo da cantora St. Vincent.

A proposta diferentona mostrava não só uma maneira de reviver músicas que Katy já canta há dez anos, como também uma saída pra cantora se expressar além da música pop, e que saída! Antes tivera ela a chance de nos mostrar tudo isso com a era “Witness”, que amargou alguns de seus piores números e posições, ainda que seja um de seus trabalhos mais ousados.



Na linha fora da bolha, um dos melhores blocos do show acontece quando a cantora conta com o menor retorno do público, bem apático aos novos arranjos e faixas de seu último CD. O trecho com “Deja Vu”, “Tsunami” e “E.T.” nos deixam sem ar, tanto pela estrutura no palco, quanto pela performance em si. A cantora parece despreocupada em nos mostrar versos chicletes e muito mais interessada na parte artística da coisa. Funciona. Pra galera se animar, entretanto, o bloco encerra com uma jogada sensacional: o single “Bon Appetit”, aqui com uma apresentação bem mais lúdica do que as anteriores, e um medley com “What Have You Done For Me Lately”, da Janet Jackson, que deixa o palco - e público - mais dançante.

Os fãs pareciam ansiosos pelas músicas lentas. Bastaram os primeiros versos de “Wide Awake” pra que acendesse um céu de celulares pelo estádio, e arriscamos dizer que esse foi um dos momentos em que o público melhor correspondeu ao show, cantando do início ao fim, chorando e, quem estava em casal, também fazendo vídeos e se beijando. Pra faixa seguinte, ela trouxe uma surpresa, substituindo o hino “Thinking of You” por “Unconditionally”, que não fez parte de nenhum outro show pela América do Sul, e a reação dos fãs ao mimo foi ainda maior.

Com o show perto de chegar ao fim, surge mais uma alteração: Katy Perry vai de “Power”, do seu último disco, a uma nova versão de “Part of Me”, pulando o single “Hey Hey Hey”, e eis que finalmente chegamos ao momento mais aguardado da noite, com a participação da cantora e dançarina brasileira Gretchen, que repete a interpretação do lyric video de “Swish Swish” AO LADO da cantora!

Com o estádio aos gritos, Gretchen e Katy Perry se abraçam e rebolam muito. O show se torna uma grande festa, mais uma vez com um humor bastante contido, e ao fim da faixa, o estádio ganha uma chuva de “recibos”. Nós pegamos o recado.



O final é bem manjado, mas funcional. Katy apresenta “Roar” com uma estrutura menor, contando com o auxílio do telão em forma de “olho” - símbolo da sua era atual - e encerra com o hit atemporal “Firework”, enquanto é erguida por uma grande mão, como se estivesse sendo entregue ao público.

“Witness: The Tour” representa um momento necessário pra carreira de Katy Perry. Passados dez anos de hits, a cantora parece muito mais interessada em mostrar do que é capaz no palco do que manter a alcunha de hitmaker e, mesmo com a apatia do público, pouco engajado pela descaracterização de seus sucessos e apresentações mais sóbrias, menos infantilizadas, entrega não só um de seus melhores shows no Brasil, como também a sua melhor turnê, abrindo mão de toda a pirotecnia e grandes estruturas de seus concertos anteriores pra dar espaço para a sua absurda presença de palco e uma baita evolução vocal. Nós somos a sua testemunha.

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