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Lista: 10 found footages modernos para quem ainda tem fé no terror

Para você que acha que a esperança é a última que morre com o terror, 10 nomes que comprovam (e gelam a espinha)
Coitado do menino terror. O gênero mais massacrado que existe vê mês após mês mais bombas sendo jogadas em cima de si mesmo, maculando sua reputação. Mas nós seguimos amando filmes de terror, não é mesmo? Se você também respondeu "CLARO QUE SIM", esse post é para você.

Dentro de todos os sub-gêneros que abarcam o terror, um dos mais saturados - e a render os piores filmes - é o found footage: aqueles longas com fitas encontradas, como se fossem verdadeiras. De "Holocausto Canibal", o pai supremo do FF, até os tempos atuais, tivemos mais nomes ruins do que bons, mas vamos com calma, ainda há fé!

Para provar que a esperança é a última que morre - ao contrário dos pobres personagens dos futuros citados -, escolhi 10 FF modernos que ratificam a qualidade do sub-gênero quando bem empregado - então clássicos como "A Bruxa de Blair", "Rec" e "Atividade Paranormal" dispensam comentários. Mesmo não sendo obras-primas (a maioria deles), são filmes bacanudos que merecem atenção, dos mais populares às pérolas escondidas no catálogo da Netflix. Maratona de filmes de terror? Me chama que eu vou!


Amizade Desfeita (2014)

Do que se trata? Seis amigos estão em uma sala de bate-papo online quando são surpreendidos pela chegada de um usuário desconhecido. Achando que se trata somente de um problema técnico, os amigos continuam conversando, até que começam a receber mensagens de alguém que se diz ser Laura Barns, uma colega de classe que se suicidou há um ano. Enquanto tentam descobrir a identidade do estranho, seus amigos são forçados a confrontar seus segredos mais obscuros.

Por que é bom? "Amizade Desfeita" se vendeu como o primeiro a levar o FF para a internet, o que não é verdade - há outro filme que fez basicamente o mesmo antes (e melhor) -, porém isso não diminui o nível de diversão do longa. Um daqueles que não dá para levar tão a sério - há um espírito que mata pela banda larga, por favor -, "Amizade Desfeita" consegue aliar a tensão pedida com uma parte técnica bastante competente - até o relógio na tela do computador da protagonista é perfeitamente sincronizado. Assistir num notebook deixa a experiência ainda mais crível, o que burla a lógica máxima do cinema, que é: assistir na tela grande é a sensação completa. E se seu Skype notificar no meio do filme, bem, boa sorte.

Assim na Terra Como no Inferno (2014)

Do que se trata? Um grupo de arqueólogos está em busca de um tesouro perdido e, para isso, explora o desconhecido labirinto de ossos nas catacumbas abaixo de Paris. Aquela região, conhecida como a cidade dos mortos, revela um segredo que mexerá com a psique humana de modo que os demônios pessoais de cada um voltarão para assombrá-los.

Por que é bom? Uma galera decide entrar em uns túneis subterrâneos e acabam encontrando a porta para o Inferno. Como não sentar e assistir? Aliando o FF com o survival movie - filmes de sobrevivência -, os personagens entram na armadilha natural até cair no mundo sobrenatural dominado por Satanás. Aproveitando do medo naturalizado do Inferno na cultura católica, "Assim na Terra como no Inferno" (título nacional brilhante) nos faz percorrer seus corredores, em cenas que unem o clichê à atmosfera inquietante sem jamais esquecer da diversão. John Erick Dowdle, diretor da obra, pode ter caído de cara no chão com o sem rumo "Demônio" e o péssimo "Quarentena", porém finalmente acerta a mão novamente - há outro filme dele listado aqui.

A Caverna (2014)

Do que se trata? De férias no Mar Mediterrâneo, cinco amigos descobrem uma caverna escondida ao lado de um penhasco e decidem explorá-la, não demorando até descobrirem que estão perdidos. Dias se passam e eles não conseguem escapar, sem contato com o mundo externo, sem comida ou água. Com a esperança desaparecendo rapidamente, os amigos são forçados a tomarem decisões das quais nunca acharam que seriam capazes.

Por que é bom? O meu favorito dessa lista, "A Caverna" acerta pela simplicidade em sua premissa. Os amigos entram na caverna e é isso, têm que sobreviver até achar a saída. O longa faz o que muitos terrores esquecem: o quanto nós mesmos somos estopins para o medo. Abrindo mão de qualquer traço fantasioso ou supernatural, o horror é gerado pelas mãos humanas, e isso, quando bem feito, é para causar a mais tangível agonia. É muito mais fácil aceitarmos o medo vindouro de algo que existe do que vampiros, lobisomens ou demônios - e em situações como a de "A Caverna", a pessoa do seu lado é seu inimigo mais do que qualquer alienígena invadindo o planeta. Quando menos é mais.

Creep (2014)

Do que se trata? Aaron é um filmografista que decide aceitar um emprego que viu nos classificados, em que ele teria que filmar Josef, um homem com uma doença terminal e que quer guardar algumas memórias para seu filho não-nascido. No entanto, Josef vai se tornando mais bizarro e assustador e Aaron começa a temer que ele está em perigo e nas mãos de um homem mentalmente instável.

Por que é bom? Absolutamente estranho, "Creep" começa como se não soubesse para aonde vai. A situação entre aqueles desconhecidos é desconcertante, principalmente pela personalidade de Josef. Apesar de dar uma forçada na barra em alguns momentos, tudo é usado em prol da atmosfera, conseguindo gerar medo legítimo em cenas assustadoras - a do lobo gelou meu coração. Mesmo com um começo frágil, o modo como é curto, sem rodeios, simples e climático faz a sessão ser única. E o que dizer daquela DELÍCIA de final?

As Fitas de Poughkeepsie (2007)

Por que é bom? Quando centenas de fitas cassetes, mostrando torturas, assassinatos e desmembramentos, são encontradas em uma casa abandonada, elas revelam uma década do reino de terror de um serial killer e se tornam a mais perturbadora coleção de provas criminais jamais vistas.

Do que se trata? Do mesmo diretor de "Assim na Terra como no Inferno", "As Fitas de Poughkeepsie" é contado como um mockumentary - um falso documentário. Há cenas em vibe noventista e montagem à la televisão americana com entrevistas de "vítimas" e "testemunhas", uma linguagem bastante convincente. Mas nada se compara com o realismos das tais fitas. Gráficas e grotescas, as sequências que revelam os supostos crimes reviram o espectador na cadeira, nos deixando vidrados e crentes de todo o horror durante a duração. E há particularmente uma sequência violentamente bizarra: a da criatura quadrúpede (ou seja lá a definição daquilo). Definitivamente o maior calafrio entre todos os filmes desse post.

Infectado (2013)

Do que se trata? Dois amigos decidem viajar para os confins da terra, ver o mundo, e viver a vida ao máximo, documentando-a com uma câmera amadora. Porém, a viagem logo toma um rumo sombrio e sangrento quando um dos homens apresenta sinais de uma doença misteriosa que gradualmente toma todo o seu corpo. Agora longe de casa, os amigos devem correr para descobrir a origem da doença antes que ela o consuma completamente.

Por que é bom? O body horror - sub-gênero que retrata a degradação do corpo humano - geralmente aposta num gore excessivo e pesada maquiagem para destruir a matéria orgânica do homem. Já "Infectado", uma mescla de vários sub-gêneros do terror, vai gradativamente afundando seu protagonista da desconhecida doença que o afligi, com a câmera sendo cúmplice impotente de sua transformação. Tenso e lindamente atmosférico, "Infectado" ainda possui um dos melhores usos do FF ao jogar a câmera em ângulos e sequências de tirar o fôlego, acertando com dignidade em todas as referências da sua própria colcha de retalhos. 

JeruZalém (2015)

Do que se trata? Duas garotas americanas em férias partem para uma viagem a Jerusalém, com elas também está um misterioso estudante de antropologia. As férias são interrompidas quando o trio se vê no meio de um apocalipse bíblico. Presos entre as antigas muralhas, os três viajantes devem sobreviver o tempo suficiente para encontrar uma saída. Mas a fúria do inferno foi desencadeada sobre eles.

Por que é bom? De todos os inúmeros longas do gênero a caminharem sobre a cultura do catolicismo, "JeruZalém" vai mais longe a literalmente levar seus personagens à terra santa e desencadear o apocalipse sobre suas cabeças. Muito bem desenvolvido, essa obra de Israel infelizmente abraça a americanização de sua linguagem - usar o Google Glass como desculpa para o FF é a prova máxima -, todavia, ao usar traços de outros longas do gênero, como "Rec" e "Cloverfield", a sessão  termina descompromissada e divertida, o que já é muito além da média.

A Possessão de Deborah (2014)

Do que se trata? Mia Medina finalmente encontrou o tema perfeito para o filme de sua tese de doutorado sobre o mal de Alzheimer. Nos próximos meses, as câmeras irão gravar o cotidiano de uma mãe, Deborah Logan, e sua filha, Sarah. Conforme os dias progridem, porém, coisas estranhas começam a acontecer em torno de Deborah, que são incompatíveis com quaisquer conclusões sobre a doença. Torna-se evidente que há algo além do Alzheimer, que assumiu o controle da mãe.

Por que é bom? Um dos maiores erros dentro do FF é as motivações que levam os envolvidos a começarem a filmar os acontecidos e, principalmente, o que os leva a continuarem filmando - sabe quando você se pergunta "Por que eles não largaram a câmera e correram?"?. Pois é. Isso não acontece em "A Possessão de Deborah". Todo o argumento trabalha com cuidado para manter a câmera de Mia ligada, e esta se mostra cada vez mais sedenta a continuar filmando quando Deborah claramente sofre de maiores problemas. Usando todos os clichês possíveis da estrutura narrativa no gênero, a produção faz o inimaginável ao criar algo que está cada vez mais raro atualmente: atmosfera. E aqui há uma das mais icônicas cenas do terror moderno.

The Den (2013)

Do que se trata? Para sua tese de pós-graduação, Elizabeth se cadastra em um site de vídeo-chat chamado “The Den”, para estudar os hábitos de seus usuários. Durante as suas navegações aleatórias, ela testemunha horrorizada um assassinato brutal de uma adolescente na frente de sua webcam. Enquanto a polícia considera como uma brincadeira viral, Elizabeth acredita que o que ela viu é real e toma para si a responsabilidade de encontrar a verdade. Só que a sua investigação fica fora de controle, e ela com seus entes queridos poderão ter o mesmo destino terrível da primeira vítima.

Por que é bom? O filme que originou a premissa de "Amizade Desfeita" (para não dizer "que foi copiado") não encontrou 1% do alcance de sua cria, mesmo sendo muito melhor. "The Den" é a apoteose da simplicidade e de como abraçar a tecnologia para orquestrar uma obra simples e eficiente. A saturação do FF encontra um sopro de ar fresco com a abordagem e vai além: traz cenas cruas e palpáveis, produzindo medo genuíno mesmo com todos os questionamentos (irrelevantes) sobre sua fundação. Pra gerar desconforto até em quem já é calejado no gênero.

V/H/S 1 & 2 (2012/2013)

Do que se trata? A franquia gira em torno de grupos encontrando fitas VHS contendo crimes, enquanto os mesmos acabam fazendo parte das fitas.

Por que é bom? Bom deixar claro que você não só pode como deve ignorar o terceiro exemplar da saga, "V/H/S: Viral", péssimo em todos os aspectos. Os dois primeiros longas são nada mais que homenagens aos mais diversos sub-gêneros do terror em formato FF: há sequências sobre zumbis, vampiros, alienígenas, espíritos, seitas, demônios e tudo o que você quiser. Por ser antologias, há claramente alguns segmentos melhores que outros - "Safe Heaven", em "V/H/S 2", incrível -, no entanto, "V/H/S" é quando amigos se juntam numa roda na madrugada e começam a contar as histórias de terror mais assombrosas que eles conhecem. Entretenimento de qualidade - apesar da sexualização feminina desnecessária.

***

Prometi 10 e entreguei 11 filmes, para quê melhor? E 2014 foi um ótimo ano pro gênero, não?, metade da lista foi lançada no ano. Sua madrugada não será mais a mesma com esses nomes e você já pode indicar seus found footages favoritos pois, no caso, mais é mais.
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