Crítica: com grande luta feminina, "Três Anúncios Para Um Crime" é o filme certo na hora certa

Indicado aos Oscars de:

- Melhor Filme
- Melhor Atriz (Frances McDormand) *favorito*
- Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell) *favorito*
- Melhor Ator Coadjuvante (Woody Harrelson)
- Melhor Roteiro Original
- Melhor Montagem
- Melhor Trilha Sonora

Crítica editada após os indicados ao Oscar 2018
Atenção: a crítica contém spoilers.

Mildred Hayes (Frances McDormand) é uma mãe que, ao ver três outdoors abandonados, decide alugá-los. Neles ela escreve, respectivamente: "Estuprada enquanto é morta", "E ainda nem uma prisão?", "Como pode, Xerife Willoughby?". A mensagem aqui é curta e grossa; sete meses se passaram desde o assassinato de sua filha e até o momento ninguém foi minimamente ligado ao crime. O Xerife (Woody Harrelson) afirma que a polícia está fazendo seu trabalho, mas o DNA do culpado foi compatível com ninguém dentro dos sistemas. Para Mildred, isso é além de nada.

Sem perder tempo, "Três Anúncios Para Um Crime" (Three Billboards Outside Ebbing Missouri) já começa com seus três anúncios do título - e são esses meros objetos que vão desencadear toda a trama. A renovação dos esqueletos dos outdoors na feroz investida de Mildred atrairá a atenção do público - exatamente o que ela desejava -, e iniciará uma caça às bruxas. O problema é se estão caçando as bruxas corretas.


A polícia, como era de se esperar, fica em polvorosa. Jason Dixon (Sam Rockwell) é o mais revoltado com a instalação das "ameaças", principalmente depois que Mildred vai à televisão falar como "a polícia está ocupada demais torturando pessoas negras para se preocupar em resolver crimes reais" - o quote aqui é exato. Não demora até toda a cidade se revoltar junto - e é o padre da paróquia que vai até à casa de Mildred como porta-voz da população, mas ele é rapidamente enxotado da sala de estar. A mãe é irredutível, mesmo com os lamentos de Robbie, seu filho (Lucas Hedges), assombrado ao relembrar a morte da irmã todos os dias ao passar pelos outdoors.

O primeiro baque dado por "Três Anúncios" é, sem dúvida, a Mildred de Frances McDormand. A atriz é conhecida por criar incríveis personagens coadjuvantes - ela venceu o Oscar de "Melhor Atriz" por "Fargo: Uma Comédia de Erros" sendo que sua personagem só aparece na metade do filme - o que tecnicamente a qualificaria como coadjuvante. Dessa vez temos uma protagonista absoluta: Mildred não rouba, e sim assalta todas as cenas. Mesmo com forte competição - Sam Rockwell está incrivelmente insano - é impossível desgrudar os olhos da atuação brilhante de McDormand.


E o roteiro de Martin McDonagh, que também dirige, é o fomentador dessa performance. Há incontáveis camadas que potencializam a persona de sua protagonista. Mildred está presa no meio de uma sociedade altamente tóxica. Vindoura de um relacionamento abusivo, seu ex-marido a agredia física e verbalmente. As pessoas ao seu redor são violentamente racistas - uma cena emblemática é a do desprezo pelo homem negro à frente da delegacia que segundos depois se revela um xerife. Sua filha é arrancada de forma cruel e ela depende desses homens racistas e machistas para resolver o caso. Sete meses sentada esperando, a mãe não poderia mais ficar de braços cruzados, tendo que usar da criatividade para por um ponto final nesse trágico capítulo de sua vida.

É curioso notar como quase nenhum personagem fica do lado dela em relação aos outdoors. Mesmo ninguém desejando que o culpado não seja encontrado - abertamente, pelo menos -, é uma audácia Mildred decidir fazer algo. Mas por quê? Ora ora, que resposta mais simples: porque foi uma mulher que decidiu fazer esse algo.

Se fosse o pai da vítima, o mesmo que abusava de Mildred, fazendo exatamente a mesma coisa, a recepção teria sido completamente diferente. Uma mulher ousar não só clamar por justiça, como apontar o dedo para um homem, é um absurdo. Usando um trecho do discurso de Laura Dern no Globo de Ouro 2018, mulheres foram ensinadas a não reclamar, naturalização feita por uma cultura do silêncio, e Mildred joga tudo isso no lixo.


Ácida e dura como pedra, a personagem deixa ninguém vê-la suando - principalmente se esse alguém for um homem. Seja em momentos onde ela manda todo mundo calar a boca ou até mesmo dando apenas uma encarada para gelar o sangue, é vibrante seguir seus passos através do filme, composta com uma personalidade que foge do arquétipo dona de casa - todavia, por trás de toda a casca grossa há uma mulher que chora escondida pela perda da filha. As dualidades da mãe de luto são orquestradas sem esforço por Frances, numa das melhores personagens da temporada. Mas sejamos realistas: ela é ajudada pelos próprios personagens masculinos, cada um mais babaca que o outro - o único sensato é, que rufem os tambores, o xerife negro.

Porém não se iluda, achando que todos os homens do filme são malvados enquanto a protagonista é uma princesa e ícone de comportamento a ser seguido. O roteiro não passa a mão na cabeça de ninguém, e até mesmo Mildred possui suas falhas - como na sua relação com James (Peter Dinklage), o anão. Ela não foge da massa que o vê como uma pessoa de segunda categoria, e, apesar de não destratá-lo, vê suas investidas com vergonha ou como uma piada. O preconceito está enraizado dentro do ser humano através de nossas práticas sociais, e fugir dele é um desafio diário.


Num paralelo gritante, o segundo grande baque da obra é o mesmo dado por "Manchester À Beira Mar" no ano passado. Ao invés de deitar para o melodrama, "Três Anúncios" também rola para o humor negro. O espinhoso tema é trabalhado de maneira genial pelo roteiro, que introduz cenas e diálogos bombásticos, hilários e cortantes, que arrancam risos e prendem garganta. Impiedoso, McDonagh elabora situações e reviravoltas magistrais, costurando um jogo de gato-e-rato cheio de cruezas - o vocabulário de Mildred é coberto de "fuck", "shit" e "motherfucker". Uma delícia.

A primeira grande reviravolta do longa é quando Mildred se cansa da passividade e decide agir mais energicamente. Depois que os anúncios não resolveram a situação - aliás, podem ter até piorado - ela incendeia a delegacia. A cena é composta inteligentemente quando a mulher atira coquetéis molotov através das janelas da empresa que fabrica os outdoors, que, sim, se localiza exatamente em frente à delegacia, por mais irônico que isso seja - propositalmente, é claro. Só que ela não sabia um importante detalhe: Dixon estava dentro do local no momento e acaba severamente queimado. Há vários choques e tensões entre os personagens, porém Mildred claramente demonstra que não queria ter causado aquilo ao homem, por mais asqueroso que ele seja.

A segunda reviravolta acontece quando Dixon encontra um homem que narra uma noitada parecida com a noite em que a filha de Mildred morreu. Ele decide então investigar o cara e arma uma briga para coletar o DNA do suspeito - levando uma surra em seguida. Moral da história: ele aceitou apanhar para ajudar Mildred, a mesma mulher que quase o matou na delegacia.


"Três Anúncios" é filme inteligente - e relevante: o que poderia ser um festival de gritos, tiros, sangue e violência entre os personagens sofre uma guinada importante quando as duas principais peças do jogo, que se odiaram o filme inteiro, são postos em posições onde as desavenças devem ser postas de lado em nome de um bem maior. Ao invés de cair na anarquia, como esperávamos, a panela de pressão que é a obra vai diminuindo seu calor para mostrar o poder do perdão. 

É belíssimo ver como o diretor/roteirista transforma meros outdoors em verdadeiros fantasmas capazes de desenterrar ódios que colocam todos os personagens contra si. Em meio à Era Trump, "Três Anúncios" dialoga com perfeição com a camada social doente, que começa a exalar seus preconceitos. Há em todo momento uma sensação de instabilidade, com Mildred andando sobre um campo minado onde a cada esquina pode gerar a fúria de alguém. Uma cena, onde ela é intimidada por um estranho dentro do trabalho, é a encapsulação da espiral de raiva desencadeada pelos anúncios, bodes expiatórios exemplares para a população extirpar sua violência - e o alvo, uma mulher, é bom demais para não ser atingido.


Mas é evidente: Mildred não perdoou o autor do crime que desencadeou toda a história - e também pudera. Ela acabou direcionando sua raiva para os peões errados, mesmo sem nunca ter esquecido quem era o real culpado. Há coisas que não podem ser perdoadas com tamanha facilidade, e, apesar de se reconciliar com Dixon, ambos partem juntos com um plano para matar um suposto estuprador.

Todas as atitudes de Mildred são motivadas pela sua filha: a garota dizia que a mãe não se importava com ela, que coloca três outdoors gigantes em "homenagem" à filha; o culpado do crime nunca pagou pelo mesmo, e ela vai à caça de um provável estuprador para externalizar essa culpa, mais uma forma encontrada pelo roteiro para mostrar que não há o binarismo de mocinhos vs. banidos. O ser humano é complexo demais - e cheio de falhas - para isso. É claro que justiça com as próprias mãos é uma atitude errada, mas o dúbio final é um regozijo, a forma que McDonagh achou para por reticências onde não pôde colocar um ponto final.

"Três Anúncios Para Um Crime" não é apenas uma obra-prima pela sua poderosíssima realização, é um filme certo na hora certa. Nessa onda feminina de denúncias contra abusos, acompanhar a luta de uma mãe em busca de justiça pela morte da filha é a história que precisávamos ver. Com seus personagens escancaradamente conturbados e situações ácidas, temos em mãos um filme atemporal - ou você acha que Frances McDormand virando caçadora de estuprador e colocando todos os homens ao redor em seus devidos lugares não será um clássico?

Você precisa ouvir o remix de "Woman", da Kesha, com trechos do discurso da Oprah no Globo de Ouro

Melhor do que uma música feminista, só uma música feminista com trechos de um discursos empoderador no meio. Ao receber o prêmio Cecil B. DeMille no último Globo de Ouro por sua contribuição para a indústria cinematográfica e televisiva, Oprah Winfrey fez um discurso icônico, e alguém teve a brilhante ideia de fazer um remix de "Woman", da Kesha, com trechos da fala da atriz e apresentadora.

Aprovado pela própria Kesha, a nova versão de "Woman" é tão incrível que, mesmo não tendo sido lançada oficialmente, já está sendo tocada por rádios americanas, como a famosa I Heart Radio. Pode se candidatar a presidência dos Estados Unidos em 2020, Oprah, que o tema da campanha já foi escolhido!


Isso não é uma música, é um SERMÃO. Amém.

Seguindo os passos de "***Flawless", canção de Beyoncé que conta com pedaços de um discurso importantíssimo da escritora Chimamanda Ngozi Adichie, o remix de "Woman" funciona muito bem, além de ser uma ótima ideia para não deixar que assuntos falados por Oprah em seu discurso, como os casos de abusos sexuais revelados em Hollywood, sejam esquecidos.



Nós seremos eternamente gratos a internet. 

Calling all the goddesses! Adore Delano anuncia três shows em agosto no Brasil

Calling all the goddesses! A drag queen e cantora Adore Delano, finalista do reality show RuPaul's Drag Race, virá ao Brasil pela primeira vez com seu show completo e, com a turnê de apoio do seu último disco, “Whatever”, se apresentará em três cidades brasileiras.


Com passagem marcada pelo país em agosto desse ano, Adore se apresentará em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre nos dias 3, 4 e 5, respectivamente, com ingressos que variam de R$100 a R$300 (incluindo meet & greet!).


Ex-American Idol, Delano foi uma das primeiras drags a irem além do efeito viral quando diz respeito a sua música e se tornou a queen mais bem-sucedida nas paradas da revista Billboard por conta do seu álbum de estreia, “Till Death Do Us A Party”, superando até mesmo RuPaul.


No Brasil, a cantora promete apresentar hits de toda a sua discografia e esperamos que, mesmo na correria, a gente consiga uma reunião dela com a Pabllo Vittar. As duas já trocaram vários elogios por entrevistas e já rolou, inclusive, algumas sugestões de parcerias. VAI QUE, né?

Tem alguns detalhes sobre os shows abaixo:

SÃO PAULO - 03/08/2018 (SEXTA-FEIRA)
Local: Teatro Bradesco
Classificação: Livre; maiores de 14 anos podem entrar desacompanhados;

RIO DE JANEIRO - 04/08/2018 (SÁBADO)
Local: Teatro Rival 
Classificação: Livre; maiores de 14 anos podem entrar desacompanhados;

PORTO ALEGRE - 05/04/2018 (DOMINGO)
Local: Opinião 
Classificação: Livre; maiores de 14 anos podem entrar desacompanhados;

Toda a discografia de Adore está disponível no Spotify:



Tudo o que nós sabemos sobre a nova temporada de “Big Little Lies”

O êxito de "Big Little Lies" é incontestável e a premiação do Globo de Ouro no final de semana coroou a produção da HBO como uma das melhores de 2017. Sedentos por mais, o que era pra ser uma minissérie tornou-se série com uma segunda temporada confirmada na HBO. O show é baseado no livro homônimo de Liane Moriarty, um volume único e teve a história contada até o fim na primeira temporada. Então, o que podemos esperar para mais um ano da ex-minissérie?



Segundo a HBO, a nova temporada será baseada em uma novela escrita por Liane, que ficou animada com a proposta. Os 7 novos episódios devem explorar a profundidade das mentiras, a fragilidade dos casamentos, a força das amizades e a força feroz de pais e mães na criação de seus filhos, aprofundando os personagens da primeira temporada. 

Além da Nicole Kidman e Reese Witherspoon, confirmadas em seus papéis, e também na produção do show como fizeram pela última vez, Laura Dern, que levou o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante por seu papel na série, deu uma entrevista ao E! durante o tapete vermelho e confirmou que voltará para interpretar sua personagem Renata no próximo ano. O diretor premiado Jean Marc Vallée deixa o comando de “Big Little Lies”, ficando apenas como produtor e dando espaço à uma mulher, a diretora Andrea Arnold (American Honey).

Ainda sobre novidades, o agora produtor Vallée, em entrevista, deu pistas sobre o roteiro da nova temporada, e introduziu uma nova personagem: a mãe de Perry, o marido abusivo de Celeste interpretado por Alexander Skarsgard, também vencedor do Globo de Ouro por sua atuação. 

O diretor de programação da HBO, Casey Bloys disse à Vulture que a nova temporada foi pensada com muito cuidado, e sem pressão do canal. De acordo com ele, todos os envolvidos acreditam que há mais história a ser contada e com potencial de superar a primeira temporada. 

Foi feito [a nova temporada], na minha opinião, pelo motivo correto. Eles [a direção do canal] estabeleceram um nível realmente alto e acho que todos os envolvidos acreditam que vamos bater nesse nível e superá-lo, ou nós não a faremos. Não começamos com ‘Nós devemos fazer isso’ [...] Eu acho que onde começamos foi: ‘Todos queremos trabalhar juntos novamente. Existe mais aqui? Há algo mais a fazer?

Com mais treta vindo por aí, as expectativas sobre "Big Little Lies" ficam altíssimas. A mãe de Perry pode representar uma reviravolta em como a temporada acabou, reacendendo dramas do passado. A nova season começa a ser gravada na primavera do hemisfério norte, entre março e junho desse ano, e deve estrear somente em 2019.

Caralho, a gente tá muito espiã com o novo trailer de "Operação Red Sparrow"

Quando o primeiro trailer de "Operação Red Sparrow" saiu, nós avisamos que ele precisava de sua atenção. A produção une Jennifer Lawrence e Francis Lawrence, que, pasmem, não são parentes, novamente — a dupla trabalhou pela primeira vez na tetralogia "Jogos Vorazes" —, agora em um filme que traz a atriz batendo em macho. Tem melhor coisa, gente?

O segundo trailer saiu ontem e, caralho, tem tudo para ser mais um filme incrível de espionagem protagonizado por uma mulher. O vídeo apresenta toda sua premissa e mostra que a mockingjay tá sedenta numa vingança para acabar com aqueles que a colocaram em meio à operação Red Sparrow. A farofa tá pronta, e parece que nem precisaremos de água para descer.



O filme é baseado no livro homônimo que aqui no Brasil chegou como "Roleta Russa". O livro acompanha a história de Dominika Egorova, um mulher com um passado bem pesado que, por conta da pressão de seu tio, acaba por entrar no SVR, uma agência secreta da Russia. De lá, é mandada para a Escola de Pardais onde aprende a seduzir para fins de espionagem.

"Operação Red Sparrow" chega aos cinemas no dia 1º de março.

"Time's Up" e o luto das mulheres no Globo de Ouro 2018

O discurso das “qualidades” do “pretinho básico” é repetido quase como um mantra para as mulheres: “cai bem com tudo”, “emagrece”, “é elegante”, “é sexy”. Entretanto, não foram por questões estéticas que as convidadas ao 75° Globo de Ouro escolheram a cor preta para suas vestimentas, e sim para mostrar um sinal de luto. Luto por um gênero ainda muito oprimido no mundo do showbiz; luto por carreiras destruídas por aqueles que não aceitaram um “não”; luto, também, por todas as mulheres, independentemente de suas profissões, que já sofreram abuso ou que estão sujeitas a cair na subordinação de abusadores no ambiente de trabalho.

O protesto foi convocado pelo movimento Time’s Up, criado por figuras do meio televisivo, cinema e teatro após à enxurrada de denúncias de assédio sexual que ocorreu no ano passado – que eclodiu, principalmente, após à revelação dos casos ligados ao produtor Harvey Weinstein, acusado de assédio por atrizes como Ashley Judd, Rose McGowan, Cara Delevingne, Angelina Jolie, Lupita Nyong'o, Léa Seydoux, Lena Headey, Gwyneth Paltrow, entre outras.

A partir da urgente necessidade de acabar com esses casos no meio artístico e em todas as outras posições de trabalho, Emma Stone, Natalie Portman, Shonda Rhimes, Maryl Streep, Eva Longoria, Ashley Judd, Reese Witherspoon e muitos outros nomes, que totalizam mais de 300 (veja aqui todos os nomes), lançaram, no dia 1° de janeiro, a Time’s Up. Porque, realmente, já deu.

Preto é o novo rosa.

Ver a premiação desse ano foi uma mistura de tristeza e beleza. Triste porque é digno de perplexidade estarmos vivendo esse tipo de calamidade em plena década de 2010 (beirando a de 2020), porém belo pela união de praticamente todas as mulheres presentes para lutar contra esse pesadelo. Tal união não foi demonstrada somente pela cor da roupa, mas também pela fala. Grande parte das mulheres ganhadoras gastaram alguns segundos do escasso e contado tempo de agradecimento para dar uma palavra de protesto e apoio à causa.

Nicole Kidman, que ganhou o prêmio de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para TV por "Big Little Lies”, mostrou todo o carinho e lealdade a suas colegas Reese Whiterspoon, Laura Dern, Shailene Woodley e Zoe Kravitz; e enfatizou sua vontade de mudar a história de mulheres que passam pelo mesmo abuso que sua personagem na série. Elizabeth Moss, Melhor Atriz em Série Dramática por "The Handmaid's Tale" leu uma citação de Margareth Atwood para encorajar mulheres a lutar pelos seus direitos. Oprah Winfrey, a grande homenageada da noite, não apenas abordou a condição de mulher em seu rico discurso, mas também sobre ser uma mulher negra em uma sociedade machista e racista. “O tempo dos abusadores acabou” foi o fechamento de sua memorável fala.

A festa foi delas, mas a indústria ainda é deles. 

Mesmo com os vestidos pretos, alfinetadas pesadas de Seth Meyers a Harvey Weinstein e Kevin Spacey, discursos empoderadores e provocadores, broches da campanha usados também por homens e prêmios para “Big Little Lies”, “The Handmaid’s Tale”, “Lady Bird” e “Três Anúncios para um Crime” – obras protagonizadas por mulheres que abordam questões relacionadas ao gênero –, não houve uma mulher concorrendo ao prêmio de direção — fato lembrado por Natalie Portman ao apresentar a categoria, inclusive. Barbra Streisand também fez questão de relembrar isso ao apresentar a principal categoria de Melhor Filme Dramático. Em 75 anos de história da premiação, apenas 5 cineastas mulheres concorreram ao prêmio e apenas ela, a própria Barbra, o conquistou, em 1984 por “Yentl”.

O bônus da noite vai para James Franco, ganhador do prêmio de Melhor Ator em Comédia ou Musical por "Artista do Desastre". De broche da campanha e tudo, Franco foi denunciado por assédio por diversas mulheres do meio via Twitter já durante a premiação.

No último domingo as mulheres ganharam a batalha, se assim podemos dizer, mas ainda seguem perdendo na guerra. Porque é fácil colocar um broche apontando um dedo e não olhar os outros três apontados para si. É fácil discursar sobre a igualdade de gênero se é parte do gênero opressor. É mais fácil ainda achar um absurdo não ter mulheres disputando um prêmio consigo, mesmo já estando na nata da competição há muitos anos e achar, até então, que estava tudo bem. O Globo de Ouro 2017 durou apenas algumas horas, mas a mudança deve ser constante e crescente. Fazer bonito na frente das câmeras é mole. Difícil é abrir mão dos próprios privilégios para reparar uma injustiça.

Os discos mais esperados de 2018

Um novo ano começa e, com ele, chegam novas expectativas: quais músicas vão dominar 2018? E quais álbuns? Teremos algum trabalho memorável? Nosso pop vai mostrar que está mais vivo do que nunca?

Nos próximos 12 meses, seremos agraciados com grande parte dos lançamentos abaixo. Alguns desses trabalhos já estão em andamento, com singles lançados e datas fechadas ou, pelo menos, especuladas, enquanto outros nem confirmados estão, mas, surpresa é surpresa, e como lançar um álbum de forma inusitada está cada vez mais na moda (obrigada, Beyoncé), não descartamos nada.

Esses são os discos mais esperados de 2018:

Alessia Cara

Aquela que hita sem prometer, Alessia Cara lançou seu disco em 2015, mas foi somente em 2017 que conquistou as paradas ao conseguir 3 top 10 e se tornar uma das poucas mulheres a se sobressair em um ano dominado por homens. Trabalhando em seu novo disco, a cantora ainda não estipulou uma data, mesmo que seja constantemente bombardeada de perguntas do tipo pelos fãs, mas acreditamos que seu segundo álbum não deve demorar.



Ariana Grande

Talvez a estrela pop da nova geração mais bem consolidada, Ariana Grande se encontrou em "Dangerous Woman" e tem tudo para lançar seu melhor disco em 2018. Conduzido por Pharrell Williams, o trabalho, que foi produzido durante sua última turnê, vem ganhando prévias em suas redes sociais. Na virada do ano, ela fez questão de nos avisar para ficar atentos, enquanto rumores dizem que o primeiro single de sua nova fase deve chegar em fevereiro.


Avril Lavigne

Avril começou 2017 anunciando que seu álbum novo, baseado nas experiências que viveu com a Doença de Lyme, estava chegando. Trezentos e poucos dias depois, como você pode perceber, nada foi lançado. Ainda assim, continuamos a ter esperança e acreditamos que 2018 é o ano em que Avril finalmente fará seu retorno.


Beyoncé

Pronta para fazer seu comeback pós-nascimento dos gêmeos com show de retorno marcado no Coachella, Beyoncé já está preparando um disco novo e, claro, gravando novos clipes. Como estamos falando de Queen B, é difícil saber o que vem por aí, mas onde há fumaça, há fogo, então vamos começar 2018 atentos e prontos para sermos surpreendidos.



Camila Cabello

O lançamento mais próximo dessa lista (e o único com data oficial), "CAMILA", o primeiro disco solo da ex-Fifth Harmony, chega na sexta-feira, 12 de janeiro, e tem tudo para ser incrível. Apresentado pelo hit "Havana", o disco deve explorar um pouco mais das raízes cubanas de Camila, enquanto passeia por todas as variáveis do pop, entregando um pouco de tudo que amamos no ritmo. Expectativas altíssimas!



Cardi B

Maior revelação do rap feminino dos últimos tempos, Cardi B conquistou as paradas de sucesso com uma rapidez surpreendente, e seu sucesso não parece diminuir. De lançamento em lançamento, a dona do hit "Bodak Yellow" vem quebrando cada vez mais recordes com faixas avulsas e parcerias, mas um álbum está a caminho, ainda que esteja demorando, afinal, tem que aproveitar esse hype todo, né?


Carly Rae Jepsen

Depois de um processo de criação intenso para o sucessor do aclamado "E.mo.tion", Carly Rae Jepsen parece pronta para voltar e salvar a música pop, como ela já está mais do que acostumada. Em suas redes sociais, a agora loira vem dando indícios de que uma nova era está para começar, e fontes afirmam que a cantora até já teria gravado a primeira apresentação do novo single no programa do Jimmy Kimmel.


Christina Aguilera

Agora vai? Em 2018 completamos nada mais, nada menos do que 6 anos esperando um novo disco de Christina Aguilera. Segundo os mais recentes rumores, a cantora estaria trabalhando com Anderson .Paak, mas todas as informações concretas sobre esse álbum, que já pode ter sido refeito milhares de vezes durante esse período, permanecem um mistério. Estamos na torcida.



Florence + The Machine

Florence já confirmou que está trabalhando em um novo álbum, cujo lançamento tem tudo para acontecer em 2018, mas essa é a única informação que temos. De qualquer forma, se tratando de Florence + The Machine, podemos ficar tranquilos: demore o tempo que for, quando chegar, será incrível. Amém.



IZA

Representante do Brasil em nossa lista, IZA é uma das maiores revelações da nossa música, e se seu disco de estreia for tão bom quanto "Pesadão", apostamos que teremos um novo fenômeno em nosso país. A cantora revelou em recente entrevista que se considera perfeccionista e, por isso, está levando o tempo que precisa para finalizar o "Dona de Mim". Tudo bem, IZA. A gente espera.


Lady Gaga

Embora Lady Gaga não tenha oficializado o lançamento de um novo trabalho, muitas pessoas ao seu redor já deixaram registrado que a Mother Monster vai dominar 2018: de produtores a coreógrafos, muitas confirmações já foram dadas, e sabemos que Gaga está trabalhando em novas músicas que, muito provavelmente, devem seguir uma linha mais pop do que o "Joanne".



Liam Payne

"Strip That Down" dividiu opiniões, mas foi, inegavelmente, um hit. Com uma provável parceria com Nicki Minaj, além de outras possíveis colaborações na manga, Liam ainda pode nos oferecer muito mais do que mostrou em seus primeiros singles, e se seguir a linha que vimos em "For You", será ainda melhor. Nós confiamos em você, Liam.



Little Mix

Little Mix apenas relançou o "Glory Days" no ano passado, mas, vivendo a melhor fase do grupo, achamos improvável que elas passem mais um ano sem lançar um disco completamente novo - até porque, segundo rumores, o contrato delas é para lançamentos anuais. Elas já estão em estúdio e, conhecendo a girlband como conhecemos, não esperamos nada menos do que hits com qualidade.


Louis Tomlinson

Enquanto todos os ex-1Ds se desvincilharam do que a boyband fazia, Louis Tomlinson promete fazer o trabalho mais pop entre os cinco, o que não significa que não vão ter mudanças. Mais eletrônico, o som dele ganhou produções de nomes importantes, como Digital Farm Animals e BURNS, e se continuar seguindo essa linha, tem tudo para surpreender.



Madonna

Deus não descansa e, preparada para defender o posto de turnê feminina mais lucrativa da história, Madonna não só confirmou lançamento de álbum para 2018 como também uma tour novíssima, com tudo que tem direito. Segura!


Nicki Minaj

Nicki não lançou seu quarto disco em 2017, mas não deixou seus fãs desamparados: foram 24 músicas lançadas, entre remixes, faixas próprias e parcerias, em ritmos variados. Mas é hora de lançar seu novo álbum e, segundo a própria, vem algo épico por aí.


Rihanna

A proprietária de Barbados tirou 2017 para se dedicar a projetos paralelos, como sua linha de maquiagem, e apareceu somente como participação em músicas de amigos, mas 2018 pode ser o ano em que Riri nos dará o sucessor do "Anti". Para o #R9, a cantora recrutou a revelação RAYE, e já registrou algumas faixas. Manda os hits, Rihanna!


Rita Ora

Após ter seu segundo disco adiado algumas vezes, Rita Ora parece ter definido março de 2018 como o mês oficial para o lançamento desse novo trabalho, que promete. Apoiado pelos hits "Your Song" e "Anywhere", o segundo álbum de Rita terá ainda uma mega parceria com Charli XCX, Bebe Rexha e Cardi B chamada "Girls Girls Girls". É muito cedo pra gritar "que hino"?


Robyn

Sem contar projetos paralelos, nós estamos há 8 anos (!) sem um novo disco oficial da Robyn, e sempre temos esperanças de que o ano em que estamos será o ano que ouviremos um novo trabalho da dona da Suécia. De concreto não temos nada, mas como ser Alice não é pecado, aqui está ela em nossa lista.



Troye Sivan

Seu EP de estreia, "TRXYE", agradou bastante, mas o primeiro disco, "Blue Neighbourhood", dividiu opiniões. Para 2018, Troye Sivan pode finalmente mostrar a que veio. Pelo conceito apresentado, o lead single de seu novo álbum, "My My My!", parece vir em uma pegada diferente, e talvez esse segundo álbum finalmente faça justiça ao Troye de "Happy Little Pill".


Selena Gomez

Ela ensaiou seu retorno em 2017, mas complicações relacionadas ao Lupus levaram Selena a realizar um transplante de rim, fazendo-a colocar a música em segundo plano. Em entrevistas, a cantora revelou que já tem tantas músicas prontas que poderia lançar dois disco (e nós adoramos a ideia), enquanto ao ganhar o prêmio de Mulher do Ano pela Billboard, disse que agradeceria fazendo o melhor disco de sua carreira. Depois de ser aclamada com "Bad Liar", não temos dúvidas disso.



ZAYN

O que ZAYN fará para além do "Mind Of Mine"? Depois de deixar de lado "Still Got Time" e lançar a parceria com Sia, "Dusk Till Dawn", ele parece ter encontrado um caminho suficientemente próximo, porém suficientemente diferente do que apresentou em seu disco de estreia para seguir. Como isso vai se traduzir em um álbum? Só o tempo dirá.



ESSE. ANO. PROMETE.

E aí? Por qual disco você está mais ansioso? Tá esperando algum que não incluímos na lista? Conta pra gente nos comentários!

Esses foram os vencedores do Globo de Ouro 2018

A 75ª Edição do Globo de Ouro aconteceu no último domingo, numa edição histórica onde grande parte das atrizes convidadas usaram preto em protesto aos inúmeros casos de assédio e abuso da mulher, além do reforço da campanha Time's Up.

Apresentado por Seth Meyers (SNL), a premiação abordou o tópico do momento dentro da industria hollywoodiana em meio a entrega de prêmios. Dentre os premiados da noite, os destaques ficam por conta de "Três Anúncios Para Um Crime" (quatro prêmios), "Lady Bird" (dois prêmios), "A Forma da Água" (dois prêmios), "Big Little Lies" (quatro prêmios) e "The Handmaid's Tale" (dois prêmios). Confira a lista completa dos vencedores abaixo.

TV

Melhor Série de Drama

"The Handmaid's Tale"

Melhor Série de Comédia ou Musical

"The Marvelous Mrs. Maisel"

Melhor Série Limitada ou Filme para a TV

"Big Little Lies"

Melhor Ator em Série de Drama

Sterling K. Brown em "This Is Us"

Melhor Atriz em Série de Drama

Elisabeth Moss em "The Handmaid's Tale"

Melhor Ator em Série de Comédia ou Musical

Aziz Ansari em "Master of None"

Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical

Rachel Brosnahan em "The Marvelous Mrs. Maisel"

Melhor Ator em Série Limitada ou Filme para a TV

Ewan McGregor em Fargo

Melhor Atriz em Série Limitada ou Filme para a TV

Nicole Kidman em "Big Little Lies"

Melhor Ator Coadjuvante

Alexander Skarsgård em "Big Little Lies"

Melhor Atriz Coadjuvante

Laura Dern em "Big Little Lies"

CINEMA


Melhor Animação

Viva: A Vida é uma Festa

Melhor Filme Estrangeiro

"Em Pedaços"

Melhor Filme de Drama

"Três Anúncios de Um Crime"

Melhor Filme de Comédia ou Musical

"Lady Bird: É Hora de Voar"

Melhor Ator em Filme de Drama

Gary Oldman em "O Destino de Uma Nação"

Melhor Atriz em Filme de Drama

Frances McDormand por "Três Anúncios de Um Crime"

Melhor Ator em Comédia ou Musical

James Franco em "Artista do Desastre"

Melhor Atriz em Comédia ou Musical

Saoirse Ronan em "Lady Bird: É Hora de Voar"

Melhor Diretor em Filme de Drama

Guillermo Del Toro por "A Forma da Água"

Melhor Ator Coadjuvante em Filme

Sam Rockwell em "Três Anúncios de Um Crime"

Melhor Atriz Coadjuvante em Filme

Allison Janney em "Eu, Tonya"

Melhor Roteiro de Filme

"Três Anúncios de Um Crime" de Martin McDonagh

Melhor Trilha Sonora em Filme

"A Forma da Água" de Alexandre Desplat

Melhor Canção Original para Filme

"This Is Me" de "O Rei do Show"

***

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Com Dua Lipa, Sia e Hailee Steinfeld, a trilha de "Cinquenta Tons de Liberdade" parece promissora

As trilhas sonoras da série "Cinquenta Tons" sempre geram hits em meio a encontros bem inusitados entre os mais variados artistas. Com o capítulo final da franquia, não poderia ser diferente, e a tracklist de "Fifty Shades Freed" ("Cinquenta Tons de Liberdade"), liberada nesta segunda-feira (8), indica que o disco promete. 

Com foco nos novos artistas, temos parcerias entre Dua Lipa e Whetan, Hailee Steinfeld e BloodPop, além de Jessie Reyez e Black Atlas. Julia Michaels aparece com 2 faixas, enquanto Sabrina Claudio lançará versões em inglês e em espanhol de sua música para o filme. Jessie J e Sia, figurinhas carimbadas em trilhas de filmes, também estão na tracklist, além de, claro, Liam Payne e Rita Ora com a já divulgada, "For You".



As surpresas ficam por conta de Ellie Goulding, retornando com uma nova versão do hit "Love Me Like You Do", tema do primeiro filme da série, e Jamie Dornan, ator que interpreta o Christian Grey, com uma faixa bônus chamada "Maybe I'm Amazed".

O lançamento está previsto para dia 9 de fevereiro. Dá uma olhada na tracklist completa:

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