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Oscar Review: dizem que "Philomena" é o mais fraco entre os concorrentes ao Oscar, será mesmo?


FILME: Philomena (idem)
DIREÇÃO: Stephen Frears
ROTEIRO: Steve Coogan, Jeff Pope
PAÍS: Estados Unidos/França/Reino Unido
ELENCO: Judi Dench, Steve Coogan, Sean Mahon, Michelle Fairley
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Atriz (Judi Dench), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora.

O último filme do nosso especial Oscar 2014, "Philomena", de Stephen Frears, é considerado o concorrente com o menor poder "bélico" entre os indicados ao prêmio de "Melhor Filme" - isso reflete no número de indicações por ele recebido, quatro, o menor número entre todos os concorrentes ao principal prêmio da noite ("Gravidade" e "Trapaça" tem 11 indicações cada, os maiores da vez). Porém engana-se quem acha que esse filme é inofensivo, água com açúcar ou menor. É um filme grande e delicioso.

Baseado numa poderosa história real, "Philomena" conta a história da personagem título, interpretada com muita paixão por Judi Dench. Quando jovem, Philomena engravida e é mandada a um convento, onde lá é forçada a se separar do filho, e desde então a mãe nunca mais soube notícias dele. 50 anos depois disso, ela decide, com a ajuda de Martin Sixsmith (Steve Coogan), um jornalista tentando se achar na profissão, procurar o filho sumido.

Irlandesa, Philomena enfrenta os costumes, para ela, estranhos do britânico Martin. O choque de culturas é um dos maiores feitos do filme, com Stephen Frears construindo cenas essenciais para notarmos as personalidades distintas dos protagonistas, como na cena do café da manhã. Ao mesmo tempo que ambos buscam o filho de Philomena, buscam também achar seus lugares no mundo. Philomena se sente incompleta sem o filho, mesmo depois de tanto tempo. Martin se sente incompleto na profissão, sem saber qual deve ser o próximo passo.

Quanto mais próximos do paradeiro do filho, mais subtramas são acrescentadas à trama. O que viria a ser uma simples "dramocomédia" acaba ganhando força, com discussões sobre homossexualidade, ética jornalística e principalmente religião. Alguns críticos acusaram o filme de ser "anti-cristão" pelos ferrenhos acontecimentos causados pelo convento de Philomena, e que a levaram àquela situação. E todas essas subtramas são tratadas de forma competente, sem passar "só por cima", o que enfraqueceria a obra.

Se não bastasse a trama riquíssima e incrível (não se esqueçam que é baseada em fatos reais) ainda temos as performances de Steve Coogan, convincente no seu papel cético e metódico, e Judi Dench, maravilhosa, que concorre ao Oscar de "Melhor Atriz". Judi cria uma velhinha apaixonante, tridimensional, humana e palpável. Claro, tudo isso é pesadamente ajudado pelo roteiro de Jeff Pope e do próprio Coogan, que criam situações espertas e inteligentemente identificáveis. Gostar ou não de "Philomena" é fácil, difícil é se manter indiferente.

Mesmo sendo mais um filme que não ganhará o reconhecimento merecido, seja por parte de premiações quanto daqueles que insistem em dizer que ele não deveria concorrer ao Oscar de "Melhor Filme", "Philomena" é um drama lindo, divertido, classudo e que nunca cai em maneirismos ou sentimentalismos de um real e noventa e nove. Se adaptado por um novelista competente, daria uma ótima novela das nove.

P.S.: "Trapaça" concorre em sete categorias a mais que "Philomena" e tem duas horas a menos de beleza.


Confira todas as resenhas do nosso especial Oscar 2014:
disqus, portalitpop-1

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