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Omulu e Alice Caymmi unem Kanye West e Roberto Carlos no remix mais inusitado do ano

Valendo a máxima de que o melhor do Brasil é o brasileiro, o novo disco de Kanye West, “Jesus is King”, já começou a influenciar nossos artistas nacionais e, na manhã desta quarta, quem acordou gospel foi o produtor Omulu, que aproveitou a inspiração no dono de “Jesus Walks” para dar uma prévia do que tem trabalhado ao lado da cantora Alice Caymmi.

Juntos, a dupla mandou o mashup mais inusitado possível: “Jesus Cristo”, do Roberto Carlos, com “Use This Gospel”, do Kanye, que traz aquela participação icônica do Kenny G, nos vocais da dona de “Louca” acompanhados de um batidão em 150. Impossível dar errado.



Chegadíssimo nos remixes fora da caixa, Omulu já havia misturado Dua Lipa com funk em “New Rules” e mandado uma Beyoncé à brasileira nesse arranjo de “Partition”, famoso pelo cover da Pabllo Vittar em “Minaj”.

Em seus trabalhos autorais, a pegada criativa não fica de fora: “Meu jeito de amar”, dele com Duda Beat e Lux & Tróia, por exemplo, vai do bregafunk ao funk em 150, somados a proposta romântica da pernambucana famosa por “Bixinho”; já em “Tô te querendo”, o som de Luedji Luna é remixado sob as influências do funk e música baiana.


“Roberto is King”, como Omulu explica na descrição do seu vídeo no Youtube, é apenas uma ideia que surgiu no intervalo da produção do seu novo single com Alice Caymmi. Sendo assim, mais do que esse mashup maravilhoso, fica o anúncio de que tem mais coisa vindo aí. Que Deus abençoe o rolê.

Santo e profano, no Coachella, Kanye West é uma religião

Kanye West é o ápice da contracultura na música mainstream. Meses após o contraditório apoio ao Donald Trump, seguido de declarações duvidosas sobre o racismo estrutural e a história dos negros nos EUA, o rapper emplacou um hit sexual com Lil Pump na Billboard, “I Love It”, e então se isolou para voltar a cuidar da sua saúde mental e trabalhar em seu novo disco, até então chamado “Yandhi”.

Em janeiro, deu um novo passo musical quando, aos domingos, deu início ao Sunday Service, um culto musical no qual Deus se confunde entre Ele, da religião cristã, e ele, Kanye West, que já compôs obras como “I am a God” e o disco “Yeezus”.



Neste show, West se une ao coral The Samples, com um repertório que vai de releituras de seus maiores hits aos covers de Stevie Wonder, The Throne (seu projeto em parceria com Jay Z) e do rapper e pastor DMX, que também se apresentou em algumas dessas sessões dominicais.

E foi neste formato, um culto em tributo ao Kanye West, conduzido pelo próprio Kanye West (nota do editor: ouça “I Love Kanye”, do disco “The Life of Pablo”), que o rapper aceitou tocar no grandioso Coachella que, meses atrás, havia o convidado para o posto de headliner, ao lado de nomes como Childish Gambino e Ariana Grande, mas declinou a proposta desde que West pediu, em contrapartida, um palco diferente das demais atrações, que exigiria uma estrutura além do que o festival poderia atender no momento.

Para o Sunday Service, por sua vez, o músico foi mais modesto: queria o topo de uma montanha. E, como diz o ditado, se Kanye vai ao Coachella, a montanha vai até ele.

Ao redor da montanha, uma lista pra lá de privilegiada de convidados, com nomes que foram de Kim Kardashian e Justin Bieber às coreanas do girlgroup Blackpink, enquanto, no topo, Kanye conduzia o seu culto musical ao lado de pupilos como Kid Cudi, Chance The Rapper e Teyana Taylor, além de todo coral que, durante a maior parte da performance, foi o centro das atenções.

Na contramão de suas últimas turnês, mas em sintonia com seus últimos álbuns, nos quais o rapper assume cada vez mais o papel de produtor, e não intérprete principal, Kanye West quase não foi ouvido no seu palco do Coachella. Suas primeiras rimas só apareceram após cerca de duas horas de show, com “All Falls Down”, e assim ele seguiu, entre versos cantados, sorrisos para todos os lados e, em dado momento, choro, consolado por Cudi e Chance.



Assim como a passagem bíblica de Moisés ou, no Coachella, o show de Beyoncé no último ano, a performance de Kanye West é divisora de águas para o festival. Um dos rappers mais relevantes da música atual, abrindo mão do título de headliner, se apresenta na manhã de um domingo, conduzindo um tributo no qual sua arte é a sua religião. Pretos elevando suas músicas para outro patamar, outra vez.

Santo e profano, West nos lembra dos versos do brasileiro Baco Exu do Blues, autointitulado Kanye West da Bahia, que responde na faixa “En Tu Mira”, de seu primeiro CD, “Por que você fala tanto de Deus? É porque eu sou humano.E, apesar das poucas palavras, se utiliza da música para nos lembrar o porquê dele ainda ser um dos artistas vivos mais geniais da nossa geração e, enquanto gênio, também louco, protagonizando uma contradição que não poderia terminar diferente do seu Sunday Morning: com muitos aplausos e saudosa admiração.

Kendrick Lamar, Drake, Lollapalooza e a consolidação do rap nos festivais brasileiros

Familiarizado com o consumo pela internet, pela cultura das mixtapes e, na era pré-Spotify, a utilização massiva de videoclipes e compilados do Youtube para a divulgação de suas obras, o rap coube como uma luva na era dos streamings, que só fez centralizar o que eles já exploravam como ninguém por plataformas como Soundcloud.

De olho nesse nicho, as plataformas não tardaram em abraçar os gêneros e seus principais representantes, do Tidal com Kanye West a Apple Music com Drake, e aí não deu outra: o gênero cresceu esmagadoramente pelas paradas, ocupando posições antes tomadas por artistas pop, e disseminou ainda mais os seus hits e mensagens.



No lado offline da história, não poderia ser diferente. Os festivais viram nessa virada uma possibilidade de agarrar mais um público no seu target e, pra ontem, pegaram os rappers, antes presentes timidamente pelas menores, para o posto de headliners.

Em 2016, por exemplo, Lollapalooza trouxe dois nomes de peso: Eminem e Snoop Dogg. Dois anos mais tarde, em 2018, vieram de Mano Brown, Chance The Rapper e Wiz Khalifa. E já neste ano, meteram o pé na porta com o gigante Kendrick Lamar, acompanhado de Post Malone e os brasileiros BK’ e Rashid.



Seguindo pelo mesmo caminho, outro grande festival brasileiro, Rock in Rio, também foi ambicioso e tentou chegar na dobradinha de Beyoncé e Jay-Z, The Carters, mas, pelo menos desta vez, não rolou. Em compensação, fechou com outros dois gigantes da era digital: o canadense Drake e a americana Cardi B.

E a história se repete pelos eventos com menor porte, como o maravilhoso Coala Festival que, no último ano, apoiou e produziu a obra visual “Bluesman”, do rapper baiano Baco Exu do Blues, que encabeça toda uma nova geração do gênero entre os nomes brasileiros.



Para o próximo ano, as apostas são ainda mais altas: Kanye West, que se apresenta no Coachella daqui alguns dias, estará com novo material nas ruas; Nicki Minaj, todo ano especulada num desses festivais, pisou no Brasil para um evento fechado em 2018 e prometeu voltar; Childish Gambino, também no Coachella e no Lollapalooza Chicago 2019, chegou a vir ao Lolla brasileiro em 2015, mas agora está envolto de todo o hype pós-“This is America” e com um disco visual saindo de forno e, claro, brasileiros como Djonga, Baco, Coruja BC1, Drik Barbosa, entre outros, acenam para uma nova era do rap nacional, que precisa marcar presença também nos palcos.


No último domingo (07) de encerramento do Lollapalooza, como atração principal e mais aguardada do maior palco do festival, Kendrick Lamar fez mais do que um puta show, ele selou a consolidação do rap como gênero obrigatório nesses festivais.

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