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Presidente do Grammy comenta falta de mulheres na premiação: "elas precisam se impor"

Uma declaração incrivelmente... péssima.
A cada ano que passa, o Grammy gera mais conversas sobre injustiças ligadas a problemas sociais, principalmente no que diz respeito ao racismo e machismo. Esse ano, por exemplo, tivemos apenas uma mulher indicada a Álbum do Ano — Lorde, com o "Melodrama" —, enquanto apenas uma mulher ganhou um dos principais prêmios — Alessia Cara por "Artista Revelação" —, ainda que muitos trabalhos femininos de excelência tenham sido lançados em 2017. 

E o que a Academia tem a dizer sobre isso? Questionado pela revista Variety sobre o que tem sido chamado de #GrammysSoMale (Grammy Muito Masculino), o presidente Neil Portnow, aquele que disse no ano passado, após a derrota de Beyoncé e "Lemonade" para Adele e o "25", que o "Grammy não tem um problema racial", deu outra declaração incrivelmente... péssima. 

[A inclusão das mulheres] tem que começar com... mulheres que tem criatividade em seus corações e suas almas, que querem ser musicistas, que querem ser engenheiras, produtoras, e querem ser parte da indústria em um nível executivo... [Elas precisam] se impor porque eu acho que elas seriam bem vindas. Eu não tenho experiência pessoal com essas barreiras que você [a repórter] enfrenta, mas acho que cabe a nós — nós como indústria — criar uma recepção obvia, criando oportunidades para todas as pessoas que querem ser criativas e levando isso para frente e criando a próxima geração de artistas

O senhor Paul (e, francamente, metade dos homens que vemos por aí) diz que as mulheres precisam se impor, como se elas precisassem "fazer mais", como se a culpa fosse delas. Mas aonde ele estava quando a Lorde lançou o “Melodrama” e foi aclamada pela crítica? Quando a Kesha lançou o “Rainbow”, um disco que aborda temas pesados como abuso sexual, fez o melhor trabalho de sua carreira e um dos melhores do ano? E aonde ele se encontravam quando o “CTRL”, da SZA, arrebatava a crítica com as histórias mais íntimas de uma mulher negra e sua solidão? 

Ele estava fazendo-as perder em todas as categorias em que concorreram, contra homens que tiveram críticas muito inferiores.


Além da singela indicação de Álbum do Ano para o “Melodrama”, Lorde também se viu diante de outra polêmica no período pré-Grammy. Enquanto todos os indicados a essa mesma categoria, homens, foram convidados a realizarem performances solo, em apoio aos trabalhos indicados, Lorde foi convidada apenas para uma performance em grupo, que serviria como um tributo a Tom Petty. Sem entrar em um acordo com a produção da premiação, Lorde optou em não performar de forma alguma. 

Não colocar a Lorde entre as performances foi um erro? O produtor do Grammy, Ken Ehrlich, disse não saber: “Esses shows são feitos de escolhas. Nós temos uma caixa e ela fica cheia. Ela fez um ótimo álbum. Não há como arrumar espaço para todos”

Não há como arrumar espaço para a única mulher indicada em Álbum do Ano, mas há como arrumar espaço para performances de quem nem estava indicado. Um pouco controverso, não?



Homens culpabilizando mulheres por não conseguirem espaço na indústria? Não dá pra dizer que estamos chocados. 
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