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Review: a morte é o destino final em "301 to Paradise", a nova mixtape da Neon Hitch!


Sendo um dos nomes por trás de "Blah Blah Blah" da Ke$ha e a voz principal de "Ass Back Home" do Gym Class Heroes, Neon Hitch conquistou ainda em 2012 o topo da parada Dance/Club Play da Billboard duas vezes, com os singles "Luv U Betta" e "Gold", e esses deveriam preparar terreno para a chegada do seu disco de estreia, até então chamado "Beg, Borrow and Steal", mas os planos da cantora foram modificados de última hora, fazendo com que o tal CD fosse adiado, bem, até o presente momento em que esse post é escrito, não há nenhuma previsão para seu lançamento.

De forma justa com seus fãs, Hitch tem se comprometido a entregar músicas novas para o público frequentemente, mesmo que por meio de mixtapes e EPs, e seu mais recente lançamento foi "301 To Paradise", uma mixtape não menos que muito amor. Composta por 5 canções e uma introdução, a nova mixtape da inglesa conta com seu recém-lançado single, "Some Like It Hot" (que faz referência ao filme de 1959 com o mesmo nome, estrelado pela Marylin Monroe), além de uma versão para o hit "We Can't Stop", da Miley Cyrus, e em momentos parece suceder a viagem que fizemos com ela naquela van do EP "Happy Neon" em 2013, o destino? O paraíso.



Introduzida pelo anúncio de um acidente num trem, a música que abre o "301 To Paradise" é a cigano-urbana (sim, acabamos de inventar) "Gypsy Star". Numa ode à maneira de liberdade que escolheu pra viver, a música é uma saudação de Neon para "seu pessoal", aqui chamado por "estrelas ciganas". O refrão é bem chiclete. Na sequência, mantendo a linha do raciocínio, vamos então a sua versão para "We Can't Stop" da Miley Cyrus. É simplesmente fantástico o jeito que ela conseguiu tornar tão singular uma música que marcou o último ano, fazendo com que a gente nem sequer note que se trata de um cover em alguns momentos. E de forma dramática ao ponto de parecer poética, ela afirma que não pode parar e que não podem pará-la.

Na primeira música da mixtape, "Gypsy Star", ainda em meio a sua liberdade, Neon Hitch faz referência ao seu pessoal como criminosos — "eles nos chamam de ilegais, é apenas o que somos" —, e em "Red Lights", terceira da mixtape, retoma o tema, fazendo referência às cores de uma viatura policial em seu refrão — "vou deixar as luzes vermelhas se transformarem em luzes azuis, e posso ver as luzes brancas quando estou ao seu lado". O instrumental é todo um show a parte, dando um ar irônico e teatral à produção, enquanto seus vocais parecem narrar cada segundo desta aventura. 



Quinto ato, quarta canção. "Some Like It Hot" é uma colaboração da Neon com o rapper Kinetics e inteligente primeiro single da mixtape. Majestosamente, a cantora mescla bastante do pop radiofônico com esse jeito bem seu de fazer música, enquanto nos seduz entre a dualidade dos seus versos que, aparentemente, oficializam a vitória dela e suas estrelas ciganas. "Olha só o que começamos, uma revolução". Mesmo que não seja sua última música, essa também engloba bastante de toda a história contada aqui, além de justificar seu título e alimentar ainda mais sua obsessão pela adrenalina:
"Parem a máquina, liguem para a estação, tem uma cigana no bloco. O amor nos queima mais [do que deveria]. Gostem vocês ou não. Eu estou no 301. O trem para o paraíso. É aqui que ele para. As luzes vermelhas nos fazem suar. É algo 'tipo' quente."
Falando sobre a mixtape, Neon Hitch afirmou ter produzido um filme em áudio — não confundam com o conceito de "álbum visual" da Beyoncé. Pensando neste sentido, imaginá-lo como uma única história faz ainda mais sentido, além de acrescentar a necessidade de haver um começo, meio e fim. Logo, passamos pela introdução e desenvolvimento, entendendo bastante sobre sua ideia de liberdade e a revolução que disse ter começado, mas eis que na faixa final, chamada "Subtitles", temos o que seria uma conclusão não muito feliz. 

Com vocais que parecem ter saído de algo da Britney Spears, Hitch começa "Subtitles" toda chorosa, enquanto diz sobre sua vida com seu amor ser como um filme. "Você é meu Clyde e eu sua Bonnie, nossa vida é um filme". Foi ele que a convidou pra começar toda essa aventura, a viagem rumo ao paraíso, e prometeu que, fosse como fosse, eles não teriam nada a perder. Sem perder a chance de contar sua versão da história, o Clyde da Neon é o rapper Kinetics, que retorna pra encerrar o material. Em seus versos, temos então as razões para acreditar que o final não foi tão feliz. Assim como toda a mixtape, as rimas do cara aqui fazem diversas referências à Marylin Monroe, além de recapitular bastante das faixas anteriores, numa participação bem mais significativa do que a feita em "Some Like It Hot", leia o trecho abaixo:
"Filme em preto e branco, chorando nas cenas mórbidas. Ela é Norma Jean, normalmente tem sonhos enormes. Dois amantes que mal conversam entre si, seus desejos falam mais alto que suas palavras. Como um filme mudo. E mais aqueles filmes de gangsters. Toda essa po**a gangster de verdade. Tenho uma garota cigana do meu lado. Roubando bancos e merda, quero pegar essa. Minha garotinha, ela sabe fazer isso. Ela paga e depois pega o dinheiro de volta. Dinheiro escondido em sua cabeça. Eu e você, provavelmente deslizaríamos, como Bonnie e Clyde, dirigindo a bicicleta de um qualquer.  
Tenho uma arma totalmente carregada aqui dentro. Pelos Luzes Vermelhas, eu estaria morto, certo? Ela sempre quis uma jornada pelo mundo, então ela deixou a cidade como uma estrela de cinema. Acho que ela sempre teve uma queda pelos bad boys, mesmo pensando que eles a engana muito. Pois o amor não é mesmo amor até que você sofra muito. Ele disse, 'vamos lá, isso vai ser tão divertido. O próximo trem parte às 3:01, será o meu.' E sim, eu não entrei. Eu encontrei grandes ombros para me apoiar, coloquei meu joelhos nele e peguei uma carona. E olha só, sou bem sortudo, de fato. Ela morreu nos braços de um homem quando o trem bateu. Então talvez esteja aí a beleza numa tragédia, como Marylin, mas qual é a do paraíso quando não se pode compartilhar com ninguém o que você tem?"
Bem pesado, né? Se pensarmos no começo da mixtape, com o acidente pré-anunciado pela introdução, custamos a compreender onde isso vai dar, mas depois de "Subtitles", tudo fica bem mais claro. O importante é esclarecer também que, mesmo sendo algo triste, é com o acidente que nossa cigana, Neon Hitch, chega ao destino final de sua viagem, o paraíso. Para baixar a mixtape gratuitamente, acesse o site da cantora.
disqus, portalitpop-1

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