Se não fosse pelos fãs de Azealia Banks e o seu fã-site no Brasil, pouquíssimo teríamos lido sobre o que aconteceu com a artista neste final de semana. Por meio de seu Instagram Stories, a rapper preocupou seu público ao implorar por ajuda, alegando ter sido vítima de estupro na madrugada do último sábado (14).
As publicações de Azealia Banks foram apagadas de suas redes sociais. No lugar delas, a rapper manteve uma mensagem de conforto aos seus fãs, avisando que estava acompanhada de seu irmão e amigos, sob cuidados e “acordando” após ter sido dopada e estuprada.
Na contramão dos tantos casos discutidos pela indústria nos últimos meses, o silêncio foi o que prevaleceu sobre Azealia. Não houveram páginas manifestando seu repúdio, não houveram charges que ilustrassem críticas ao ocorrido, não houveram hashtags, exceto a compartilhada por seus próprios fãs, mas houveram questionamentos, ofensas e, pra variar, omissões.
Principalmente pelo Twitter e Facebook, vários usuários questionaram a veracidade da história da rapper e as possibilidades dela ter inventado o caso “para chamar atenção” e muitos ainda disseram que ela havia merecido a agressão, por conta do seu histórico de discussões com outros artistas.
Já tem mais de um ano desde que Azealia Banks protagonizou um dos momentos mais tensos da sua relação com o Brasil. A rapper, que já se apresentou no país duas vezes, foi atacada em suas redes sociais após uma discussão sobre a sua religião com a cantora e compositora Sia, e entre as ofensas, recebeu muitas mensagens racistas, misóginas e machistas. Mas, para a imprensa brasileira, incluindo sites como Huffpost e Buzzfeed Brasil, o que valeu ser destacado foram os memes e a frase infeliz, na qual ela disse que “não sabia que tinha internet na favela”.
Na época, fizemos uma matéria explicando aos mínimos detalhes o que aconteceu e o porquê do caso ter sido mais do que “uma rapper gringa atacando brasileiros”, mas no ritmo com que as notícias são disseminadas atualmente, principalmente quando carregadas por sensacionalismo e posicionamentos que reforçam o senso comum, já parecia tarde demais, e assim foi.
Hoje, não tem a menor importância o que Azealia Banks fez ou deixou de fazer, bem como com quem ela discutiu ou não, mas, sim, que a artista foi vítima de abuso sexual e em hipótese alguma merecia ser alvo de tamanha violência, e isso sequer é algo que deveríamos estar explicando.
A rapper, é claro, não é uma pessoa perfeita, assim como qualquer um de nós, mas em um momento como esse, o que ela realmente merece é toda forma de apoio e empatia, ou, no mínimo, o devido respeito.
Ainda abalada, a artista não abriu mão dos planos com seu novo single, “Anna Wintour”, que segue sendo um dos seus lançamentos mais bem-sucedidos desde o disco “Broke With Expensive Taste”, e, no mesmo final de semana em que sofreu o abuso, já estava de volta aos palcos.
Por aqui, seguimos mandando todo o nosso apoio e boas vibrações! ✊🏾
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Caso você esteja sofrendo ou tenha presenciado qualquer tipo de violência contra mulher, denuncie! No Brasil, a Secretaria de Políticas para as Mulheres está disponível para atendê-la todos os dias, sem restrições de horário, e a ligação pode ser feita de maneira anônima e gratuita para o número 180.