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Oscar Review: "Trapaça", de David O. Russell, é tudo isso que os prêmios estão falando?


FILME: Trapaça (American Hustle)
DIREÇÃO: David O. Russell
ROTEIRO: David O. Russell, Eric Singer
PAÍS: Estados Unidos
ELENCO: Christian Bale, Amy Adams, Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Jeremy Renner, Robert De Niro
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Christian Bale), Melhor Atriz (Amy Adams), Melhor Ator Coadjuvante (Bradley Cooper), Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Lawrence), Melhor Roteiro Original, Melhor Figurino, Melhor Montagem, Melhor Design de Produção.

Pelo segundo ano seguido o diretor David O. Russell, responsável pelo horroroso "O Lado Bom da Vida", tenta buscar seu tão sonhado Oscar. Em 2014 ele já conseguiu grandes feitos, como levar o Globo de Ouro de "Melhor Filme Comédia/Musical" com seu mais recente trabalho, "Trapaça", além de novamente entrar no big five do Oscar pela segunda vez, marcando assim seu nome na história.

Big five é quando um filme concorre nas cinco principais categorias do Oscar: Melhor Filme, Direção, Roteiro (seja ele Adaptado ou Original), Ator e Atriz. "O Lado Bom da Vida" também conseguiu esse feito, levando a estatueta de "Melhor Atriz" para Jennifer Lawrence. O que tudo isso significa? Quase nada, principalmente quando o filme em questão é o mais fraco entre os concorrentes dessa categoria em 2014. De novo O. Russell?!

"Trapaça" conta a história de Irving Rosenfeld (Christian Bale), um trapaceiro que trabalha junto da sócia e amante Sydney Prosser (Amy Adams). Os dois são forçados a colaborar com Richie DiMaso (Bradley Cooper), um agente do FBI, infiltrando-se na máfia. Os planos parecem dar certo, até a esposa de Irving, Rosalyn (Jennifer Lawrence), aparecer e mudar as regras do jogo. Cheio de nós que se resolvem forçadamente, "Trapaça" é uma versão scorseseana sem gordura e com açúcar. E água.

O roteiro de "Trapaça" é um caos. Colocando seus personagens no limiar da caricatura, recheando-os com milhões de diálogos rápidos, ixpertos, cheios de verborragia, tudo soa absolutamente forçado, mal feito, um horror. O personagem de Bale fala mais nesse filme do que em todos os filmes já atuados pelo ator, que tem uma peruca tão falsa quanto sua atuação. Cooper está o mesmo de sempre, ou seja, um grande nada.

O que salva "Trapaça" do completo abismo são suas atrizes (e seus gigantes decotes milimetricamente explorados pelas câmeras). Amy Adams e Jennifer Lawrence estão ótimas, com a primeira em larga vantagem. Adams, uma das melhores atrizes da atualidade, rouba o filme só para ela e faz valer as insuportáveis e impassáveis duas horas e dez minutos de duração. Lawrence vem deslumbrante e constantemente chapada, com um charme muito bom, mas como ela é a "pérola" do diretor, este pesa a mão na atuação dela e quase a transforma num gigante personagem de cartoon.

Além das atrizes, o que ajuda a tolerarmos a longuíssima duração da película é o visual do filme, com fotografia, direção de arte, figurino, cabelo e maquiagem, trilha sonora, tudo impecável, transpondo quem assiste à exagerada década de 70. Edição e montagem, ágeis para acelerar o filme, também ajudam.

"Trapaça" é um O. Russell travestido de Martin Scorsese, que também concorre ao prêmio esse ano, mais uma vez desesperado por prêmios. Isso é ruim? Não exatamente, quem não quer ganhar um Oscar? Mas o resultado, redondinho, mastigado ao máximo para toda e qualquer pessoa entender, é pobre e irritante. Mas tem quem goste. Os membros da Academia, por exemplo.


ÚLTIMA OSCAR REVIEW:
"Gravidade", de Alfonso Cuarón.
- "Ela", de Spike Jonze.

PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "Capitão Phillips", de Paul Greengrass, terça, 18 de fevereiro.
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