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O novo disco do Baco Exu do Blues, um “Bluesman” que entende Kanye West e ama Beyoncé

Baco Exu do Blues ficou famoso por seu disco de estreia, o aclamado “Esú”, de onde extraiu seu primeiro hit, “Te Amo Disgraça”.
Do premiado “Moonlight” aos discos de Kanye West e Frank Ocean, ainda são muitas as amarras que separam a vivência do homem negro dos privilégios brancos e, na arte, isso tem se tornado um assunto cada vez mais explorado, seja de forma direta, ou também com a própria falando por si só, se expressando por ela mesma, e é aqui que nasce “Bluesman”, o disco novo, impecável e classudo pra caralho do Baco Exu do Blues.

Baco, pra quem não conhece, é um rapper baiano de apenas 22 anos, que atravessou as fronteiras do país ao som do seu disco de estreia, “Esú” (2017), e acumulou fãs e odiadores por faixas como a hypada “Te Amo Disgraça”, que hoje acumula mais de 17 milhões de audições no Spotify.



Seu som é tão complexo quanto característico, mas acima da sonoridade que vai do funk ao rap, tem como marca principal suas letras, onde ‘Exu do Blues’ transborda seus amores, desafetos, desabafos e divagações.

No trabalho novo, “Bluesman”, o rapper reflete sobre a reviravolta que viveu desde o seu primeiro sucesso e as consequências disso na cabeça de um jovem negro que, após deixar o anonimato, lidou de uma forma ainda mais próxima com seus demônios interiores, e traça daí críticas e provocações também sobre racismo, sociedade e a indústria musical.

Entre elas rolam ainda precisas referências à cultura pop, como quando associa o ápice de sua depressão com a crise que Britney Spears sofreu em 2007, na faixa “Minotauro de Borges”, confessa ter sonhos com Beyoncé em “Me Desculpa Jay-Z”, afirmando amar a cantora ao falar sobre a canção ao site Genius, e se autointitula o “Kanye West da Bahia”, conhecido por sua genialidade e incontáveis posturas e declarações controversas.

O nome do disco é uma provocação por si só. Explicada já em sua primeira faixa, na qual o rapper diz:

“Eu sou o primeiro ritmo a formar pretos ricos. O primeiro ritmo que tornou pretos livres (...) A partir de agora, considero tudo blues. O samba é blues, o rock é blues, o jazz é blues, o funk é blues, o soul é blues. E sou Exu do Blues. Tudo que quando era preto era do demônio e depois virou branco e foi aceito, eu vou chamar de Blues. É isso, entenda: Jesus é blues.”


Da introdução crua e grandiosa ao soco no estômago que carrega sua conclusão, “Bluesman” é um disco preciso e necessário, que não se desespera por hits, ao tempo que nos sugere inúmeros deles, e, dos arranjos às batidas, se atenta em soar como o único trabalho possível para suceder o impecável “Esú”, mostrando mais uma vez que, sim, o rapper baiano é um nome que não esqueceremos tão cedo.

Ouça abaixo o segundo álbum do Baco Exu do Blues, “Bluesman”:

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