Demorou, mas chegou: Taylor Swift “fala mesmo” e finalmente anuncia a regravação de “Speak Now”

Durante o primeiro de 3 shows de Taylor Swift com a "The Eras Tour" na sua cidade natal Nashville, no bloco do álbum "Speak Now" a loirinha fez todo mundo surtar com o anúncio da tão aguardada regravação do álbum para o dia 7 de Julho deste ano, seus fãs já vinham pedindo por isso nas redes sociais desde que ela anunciou que regravaria seus seis primeiros álbuns.

A postagem em seu Instagram em menos de 24 horas bateu +8.1M de curtidas, superando assim o anúncio do álbum "Midnights".


"Speak Now (Taylor's Version)" se junta ao "Fearless (Taylor's Version)" e "Red (Taylor's Version)", faltando assim três álbuns para serem regravados, sendo eles "Taylor Swift", "1989" e "Reputation" até que ela conclua esse projeto. As regravações contam com as faixas originais e faixas inéditas, cujo título conta com "From The Vault".

Aos 13 anos, Taylor assinou um contrato com a gravadora Big Machine Records com a duração de 13 anos. Entre 2006 e 2017 ela lançou músicas e 6 álbuns de estúdio sob o selo da gravadora, e quando o contrato chegou ao final, a cantora fez uma proposta para comprar os masters de suas músicas, ou seja, as gravações dos seus seis discos, e assim ter controle total sobre seu trabalho. Acontece que a gravadora não quis vender para a cantora os direitos, mas os vendeu para Scooter Braun. Após muita conversa um acordo foi feito e Taylor anunciou que para adquirir os direitos sobre seu catálogo, teria que regravar todos os seus álbuns e relançá-los com a adição do título “Taylor’s Version”.

Ansiosos para ouvir as músicas desse álbum incrível?


Texto por Ana Carolina Germano 

Com referências aos anos 80, McFly lança clipe para “God of Rock & Roll” e manda recado para fãs brasileiros

A banda inglesa McFly lançou nessa quarta-feira (26) o single "God of Rock &Roll", com direito a clipe oficial e muita inspirações em bandas de rock dos anos 80. A faixa faz parte do álbum "Power To Play", que conta com uma turnê agendada pelo Reino Unido.

Com um clipe divertido cheio de neon e solos de guitarra, podemos perceber na música influências de bandas de Glam e Hard Rock.

A banda inglesa esteve em alta em 2004, e em 2016 entrou em hiato (por aqui temos medo dessa palavra), mas no ano de 2019 anunciaram um comeback marcante com um novo álbum e uma turnê mundial. 

Além da faixa lançada na última semana, McFly já disponibilizou outra faixa do próximo álbum da banda, a "Where Did All the Guitars Go?", mostrando que podemos esperar muito rock e guitarras eletrizantes para o "Power To Play". 

Fãs brasileiros de McFly podem ficar felizes, além do lançamento dos singles, a banda inglesa encaminhou um vídeo exclusivo convidando fãs e todos para mais uma festa da Fandom Experience, a McFly Party, que aconteceu na último sexta-feira (21) em São Paulo:

O quarteto formado por Tom Fletcher, Danny Jones, Dougie Poynter e Harry Judd tem lançamento de álbum novo marcado para junho. A banda, que já é conhecida pelo seu carinho com o fandom brasileiro, manda recado falando de uma possível turnê. 

Será que já podemos esperar os meninos em solo brasileiro? Acreditamos que o vídeo gravado para uma festa nacional nos dá muita margem pra sonhar, hein?

Kaytranada lamenta não poder lançar remix de “Cuff It”, da Beyoncé: “gostaria que vocês pudessem tê-lo”

Não é surpresa para ninguém que Beyoncé está trabalhando com seu próprio ritmo na divulgação do álbum “Renaissance”, lançado em julho do ano passado e, até então, sem quaisquer visuais revelados, mas, pra além dos videoclipes, a cantora parece estar guardando também outros materiais envolvendo o álbum, incluindo remixes de seus singles.

Quem tem sido bastante cobrado sobre uma versão e se pronunciou foi o produtor musical Kaytranada, que apresentou um remix da faixa “Cuff It” durante a sua passagem pelo Coachella e, desde então, não falou mais sobre ela, que nunca foi lançada nas plataformas de streaming e, no que depender das notícias vindas do produtor, seguirão assim.

“Peço desculpas a todos vocês, mas o remix de ‘Cuff It’ continuará sendo um mistério”, disse Kaytranada em seu Twitter.

Mostrando descontentamento com a situação, o produtor prosseguiu: “e eu realmente gostaria que vocês pudessem tê-lo… Isso é tudo o que eu vou dizer.”

Após o lançamento do “Renaissance”, Beyoncé chegou a apostar em algumas versões remixes, incluindo a parceria com Madonna em “Break My Soul (The Queens Remix)” e uma versão de “Cuff It” assinada pelo DJ Esentrik, que mesclou a música com trechos da faixa “Wetter”, do Twista.

Dado o histórico de álbuns remixes, como os exemplos do “Club Future Nostalgia” da Dua Lipa e “Dawn of Chromatica” de Lady Gaga, será que o segredo em torno dessa versão do Kaytranada nos guarda algo maior?

Voltaremos a qualquer momento com novas informações.

Liam Payne, Iggy Azalea e The Chainsmokers no Brasil: The Town levou muito a sério o “Come to Brazil”

Começa hoje (18), às 19h, as vendas gerais para o The Town. O evento irá acontecer nos dias 2, 3, 7, 9 e 10 de setembro no autódromo de Interlagos em São Paulo.

O festival, dos mesmos criadores do Rock in Rio, promete ser o maior evento de música, arte e cultura de São Paulo.

Nesta segunda e terça-feira foram divulgadas as últimas atrações que compõem a line-up do novo festival queridinho do momento. Os três principais nomes anunciados foram: Iggy Azalea, Liam Payne e The Chainsmokers.

A rapper australiana, que já tinha nos prometido uma vinda ao Brasil esse ano, se apresentará no dia 2, mesmo dia que Post Malone, Demi Lovato e os Mc’s Hariel, Cabelinho e Ryan SP. 

Enquanto o ex-One Direction Liam Payne, para a loucura dos fãs, e os DJ’s The Chainsmokers farão show dia 7, com Maroon 5 e Ludmilla já confirmados anteriormente, ambos no palco Skyline.

Esse será a terceira vez da Iggy no Brasil e em março, quando anunciou que viria ao país esse ano, disse que estava muito animada para o show e que vai arrasar, já que na última vez estava grávida.

Já Liam, que fez parte do fenômeno One Direction, vem ao Brasil pela quarta vez, sendo que em 2019 e 2021 o cantor só esteve em Goiânia, para o festival Villa Mix e um show privado em uma festa, respectivamente. Em São Paulo, ele visitou o país pela primeira vez com seus ainda colegas de banda, Harry Styles, Zayn Malik, Louis Tomlinson e Niall Horan, para shows na capital paulista e no Rio de Janeiro em 2014.

Pabllo Vittar também se juntou ao time e se apresentará dia 10, convidando Liniker e Jup do Bairro para cantar com ela. Além da cantora, foram anunciados Ney Matogrosso, Matuê com O Nordeste, Barão Vermelho com Samuel Rosa, Detonautas, Terno Rei com Fernanda Takai e Mahmundi e Marina Sena com Gal Costa, as atrações se dividirão entre os dias 3, 9 e 10 de setembro, no palco The One.

Com um line-up com nomes como Bruno Mars, Maroon 5, Post Malone, Demi Lovato, Ne-yo e muito mais, The Town promete balançar as estruturas da capital paulista. O evento vai contar com 6 palcos, 360 mil metros quadrados e mais de 235 horas de músicas.

No entanto, o evento gerou polêmica na internet após o anúncio do Bruno Mars como headliner em dois dias do evento. O público esperava por uma atração feminina, já que poucas artistas foram anunciadas, e nenhuma como principal. Isso gerou descontentamento e algumas críticas pelas redes sociais, com o evento sendo 100% de headliners masculinos.

O revendedor oficial do festival é a Ticketmaster, e os ingressos variam de R$ 407,50 (meia) a R$ 815,00 (inteira). Além disso, não serão cobradas taxas extras para a compra do ingresso!

Recomendamos já fazer o cadastro no site, para facilitar na hora da compra do ingresso.

Confira abaixo o line-up completo com os headlines divulgados até agora:

Dia 02 de Setembro:

Post Malone

Demi Lovato

Iggy Azalea

Primário: Mc Cabelinho, Mc Hariel e Mc Ryan SP

Dia 03 de Setembro:

Bruno Mars

Bebe Rexha

Alok

Luisa Sonza

Dia 07 de Setembro:

Maroon 5

The Chainsmokers

Liam Payne

Ludmilla

Dia 09 de Setembro:

Foo Fighters

Queens of Stone Age

Garbage

Pitty

Dia 10 de Setembro:

Bruno Mars

H.E.R

Kim Petras

Iza


Texto por Mariana Citron e Aline Brotto

“Depois do fim”, tem Lagum: banda mineira lança álbum visual em nova fase da carreira

A banda mineira Lagum lançou nessa sexta-feira (14) o seu quarto álbum, “Depois do fim”, após uma pré-exibição gratuita para alguns fãs em Belo Horizonte. 

O disco traz uma nova cara com músicas mais reflexivas e melancólicas, com letras sobre términos de relacionamento. Diferente do que a banda vinha fazendo anteriormente, onde suas letras tinham como tema principal o positivismo.

"Depois do fim", traz em suas faixas influências da bossa nova e do jazz, com inspirações como João Gilberto e Frank Sinatra. 

Sobre o novo disco a banda falou:
“A narrativa dele [o disco] começa a partir do fim de um relacionamento [...] Mas o ponto chave da narrativa desse disco é depois do fim como um recomeço. [...] Ele é um mergulho pra dentro de si. É como enfiar a cabeça de baixo d’agua, lá no fundo e ir subindo de novo para respirar de novo em outros ares."
Além da nova sonoridade, o álbum traz mais uma novidade, ele será um álbum visual, nunca feito antes pela banda.

Lagum mostra uma nova fase com um som totalmente diferente do que os fãs estão acostumados a ouvir da banda até aqui. Segundo os meninos, vocês vão amar ou odiar! Não é um álbum de meios termos.

A banda também lançou recentemente o EP "Fim", que conta com 3 faixas, já trazendo essa nova fase musical. Do EP, somente a música "Ponto De Vista" fará parte do novo álbum.

Mas as novidades não param por aí, a banda anunciou também uma nova turnê, que passará por todo o Brasil e algumas partes da Europa. Alguns shows já foram divulgados e estão com ingressos à venda.

 
Texto por Mariana Citron e Aline Brotto

Crítica: a autodestruição (e ascensão) de Brendan Fraser e o festival de lágrimas em “A Baleia”


Atenção: a crítica não contém spoilers, contudo, pincela alguns detalhes específicos da trama.

Darren Aronofsky, um dos meus diretores contemporâneos favoritos, já passou por um processo que acontece com todo diretor que cai nas graças de Hollywood. Eles começam autorais, com uma personalidade fílmica definida, e vão para a grande máquina, recebem roteiros prontos e perdem toda a magia que possuíam; são raros os casos que passam pelo processo e continuam entregando obras que não carregam só seus nomes, mas suas marcas - o grego Yorgos Lanthimos (com "A Favorita", 2019) e o canadense Denis Villeneuve (com "A Chegada", 2017) são exemplos de sucesso.

Aronofsky passou, mais cedo ainda, por isso. É verdade, quando dirigiu roteiros prontos, não houve problemas - "Cisne Negro" (2010) é apenas um dos melhores filmes do século -, porém, depois de retornar com um roteiro seu em "Mãe!" (2017), sua próxima empreitada seria novamente com um roteiro externo: "A Baleia", adaptação da polêmica peça de Samuel D. Hunter (e com o texto levado para o Cinema pelo mesmo autor).

Confesso que, em 2023, não havia um filme que me produzia mais expectativa que "A Baleia" - "Beau is Afraid" vem logo na cola -, por vários motivos. Primeiro, por ser um Aronofsky, e, ignorando a bomba "Noé" (2014), minha casa serve a ele. Depois, pela aclamação estrondosa de Brendan Fraser. E, por último, por ser um filme da A24. Virou queridinha da Academia? Virou. Mas não é só da Academia, é que ela é boa mesmo. A maior produtora - e paixão de 11 a cada 10 cinéfilos de Twitter - tem uma lista de sucessos tão absurda que se tornou peça fundamental na produção da Sétima Arte na contemporaneidade - não por acaso, é dona do filme com o maior número de indicações ao Oscar em 2023, "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo", também conhecido como o maior ato cinematográfico de 2022.

Mas foquemos em "A Baleia". O filme é um aprofundamento em cinco dias na vida de Charlie (Fraiser), de uma segunda à uma sexta, e como ele tenta se reconectar com sua filha de 17 anos, Ellie (Sadie Sink, de "Stranger Things"). Inteiramente passado dentro de um pequeno e escuro apartamento, com exclusivos takes que mostram o exterior do local, a obra já começa de uma maneira bastante simbólica. Charlie é um professor gay que, em suas aulas à distância, jamais liga sua webcam. A câmera vai se aproximando no quadradinho que deveria ser a imagem do professor, mas que está inteiramente preta pelo desligamento da webcam (que ele mente afirmando que ela está quebrada), e vamos nos afogando naquela escuridão que é a imagem de Charlie para as pessoas - e para ele mesmo.

O professor é um homem com obesidade mórbida. Com quase 300kg, Charlie vive reclusamente, possuindo apenas duas visitas frequentes: Liz (Hong Chau), sua enfermeira; e um entregador de pizza, que jamais o vê. Durante a fatídica semana, também, surge Thomas (Ty Simpkins), um missionário de uma igreja que esbarra em um quase ataque cardíaco de Charlie. O homem pede, ofegante, para que Thomas leia uma ácida resenha de "Moby-Dick", o clássico de Herman Melville que traça um paralelo com a própria vida de Charlie, para a total confusão do missionário. Ali surge, também, uma relação simbiótica, com o objetivo de Thomas se tornando salvar a alma de Charlie, ateu inveterado.

A única relação saudável (afetivamente falando) que Charlie mantém é com Liz, que genuinamente demonstra amor e carinho por ele. Destaquei o "afetivamente" na frase anterior porque, mesmo sabendo que a pressão de Charlie está a horas de explodir, ela ainda traz sanduíches para ele, uma pequena ação de "conforto" para o professor - por mais nociva ela seja. Ela clama diariamente que ele vá a um hospital, porém, pelos valores absurdos do sistema médico norte-americano - defenda o SUS -, ele se nega. "É melhor está morto de dívidas do que morto", pontua Liz.

Mais à frente, descobrimos o principal motivo para a negação de Charlie, contudo, fica implícito que sua atual forma também é uma grande razão para isso. Há muito preconceito com pessoas obesas dentro do meio médico, e Charlie com certeza não quer passar por mais um obstáculo. A obesidade por si só é vista com extremos maus olhos por ser a ruptura de dois padrões ao mesmo tempo: o de saúde e o estético. Darren Aronosfky, inclusive, comentou em entrevistas que teve contatos com médicos que se surpreenderam com a carga psicológica do personagem, quase um espanto por ele também ser...... gente.

O âmago do longa está, sem dúvidas, na dinâmica entre Charlie e Ellie. A garota nutre um ódio narcotizante contra o pai por ele ter abandonado a família há 8 anos para viver com o então namorado, Alan. A questão é que Alan morreu, o que fez Charlie entrar em profunda depressão e desenvolver um quadro de compulsão por comida, levando-o ao estado atual. "Você é nojento", vomita Ellie, que logo acrescenta: "Não falo da sua aparência. Mesmo se não fosse gordo você continuaria sendo nojento". A filha é absolutamente cruel com o pai, só aceitando ficar ali quando Charlie oferece dinheiro e ajuda para um trabalho. Mesmo ficando, ela não poupa as doses de crueldade, ofendendo, humilhando e ridicularizando o pai.

Um aspecto bastante inteligente na produção da fita é a maneira como o design de produção e a cinematografia trabalham o apartamento de Charlie. Primeiramente, o ecrã possui um aspect ratio (a proporção da tela) de 1:33, a "tela quadrada". Muito mais que uma escolha imagética, a tela reduzida possui dois efeitos: comprimir a história em um quadrado, aumentando a claustrofobia do todo, e enfatizar o tamanho de Charlie, que parece ainda maior com uma janela tão pequena. É como se a sensação de aprisionamento sentida pelo personagem dentro do próprio corpo fosse transplantada na superfície fílmica. Outro aspecto é: ao contrário do que vemos comumente, o sofá não está encostado na parede, e sim no meio da sala. É um detalhe muito pequeno, mas que faz total diferença no desenvolvimento das relações em cena. Todos os personagens, na imensa maioria das sequências, estão na frente ou do lado de Charlie, seja no sofá ou em alguma poltrona. Ellie, por sua vez, é muitas vezes filmada por trás do sofá. Com uma mobilidade reduzida, Charlie não consegue se virar para trás, enquanto a filha oferece um festival de ofensas. É uma dinâmica que agride por meio da linguagem cinematográfica e uma escolha estética primorosa.

Por um momento, me surpreendi que todos os ataques da garota não eram recebidos da maneira que esperava - com dor -, até entender o motivo: mesmo Ellie odiando o pai, ninguém seria capaz de odiá-lo tanto quanto ele próprio. Charlie também está desesperado para consertar a relação, mais uma carga para que ele aceite o que vier de Ellie. Seria muito fácil cair em chavões rasos da figura do mártir, aquele personagem que aceita todo o peso do mundo por possuir um coração tão bondoso, mas Charlie está longe de ser assim (ainda bem). Ele mesmo assume seu egoísmo em relação ao abandono da família, sua negligência em relação à criação da filha e seu descaso com ele mesmo. Há momentos de pureza, sim, mas também de tortura como poucas vezes já vi. Nos ímpetos de raiva, Charlie come descontroladamente, e é uma dor absurda assistir àquelas cenas.

Ele não come mais pelo prazer de comer, e sim como forma de autodestruição. Cada mordida é uma tentativa de acabar com tudo, e não consigo lembrar de um filme que demonstre esse sentimento de maneira tão crua quanto "A Baleia", e aqui reside o eixo que liga a história com o cinema aronofskyano: a obsessão - a de Nina pelo perfeccionismo em "Cisne Negro", a do marido pela sua obra em "Mãe!", a de Sara pelos comprimidos em "Réquiem para um Sonho" (2000) e a de Charlie por comida. Todas essas obsessões são o combustível que tanto move quanto incendeia os personagens de Aronofsky.

Um fato bastante intrigante é a forma como a peça original foi transposta para a tela. Procurei assistir ao máximo de trechos que encontrei na internet com filmagens de várias montagens no teatro, e todas tinham algo em comum: a plateia gargalhava. A atmosfera no palco era descontraída e leve, assombrosamente o oposto do que vemos no filme, e isso se dá a partir da direção de Aronofsky. Foi realmente histriônico ver as mesmas falas sendo ditas fora do contexto presenciado na fita, quase como se tudo ali fosse uma caricatura, e não algo "real". Não consigo imaginar, mesmo assistindo às cenas, como aquele texto pode soar tão divertido a ponto de arrancar risadas do público, o que catapulta a força do diretor ao transformar a história em algo verdadeiramente impactante. Há, sim, uma cena em específico que possui humor, todavia, até mesmo dentro do contexto do filme é uma risada modesta.

Enquanto na peça a maquiagem é bastante... evidente, no filme é completamente perfeita, e isso é mais um apontamento seminal. A caracterização de Charlie no teatro reforça a áurea de caricatura, e esse seria um resultado desastroso na fita: a seriedade que o trabalho de maquiagem assume é para evitar que "A Baleia" seja um "Norbit" (2007) ou um "O Amor é Cego" (2001). O que esses dois exemplos têm em comum? São comédias que usam maquiagem para transformar atores em personagens obesos. Esses personagens estão ali para te fazer rir, com seus corpos sendo carros-chefes da alegoria. O intuito em "A Baleia" é retirar qualquer sombra de comédia e não tornar o corpo de Charlie em elemento jocoso, e sim uma pessoa completa, que o faz ser um personagem bastante inédito.

Religião, sexualidade, estética, paternidade... O texto de "A Baleia" é recheado de camadas complexas que se desenrolam brilhantemente, contudo, há um ponto elementar de ser entendido. Aquela semana de Charlie é o resultado de um longo processo causado pela homofobia. Alan, seu finado parceiro, se suicida pela culpa cristã diante da sua sexualidade, o que acarreta toda a trama. Ao contrário da maioria dos filmes LGBTQIA+ que orbitam ao redor do preconceito e de como a vida dos seus indivíduos são acometidas por esse preconceito, "A Baleia" é um "pós". Pensemos em "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005), por exemplo: "A Baleia" seria uma "continuação", o que ocorreu após o final do filme de Ang Lee, empurrando os efeitos colaterais da homofobia ao máximo. Ninguém agrediu Alan ou proferiu maldições a Chalie - a homofobia aqui é uma mão invisível que enforca seus oprimidos. É um sistema tão violento que não precisa de um terceiro para agir, ele invade a cabeça das suas próprias vítimas, kamikazes que sujam as mãos e tiram uma culpa que seria direta.

A carga dramática de "A Baleia" está paralela à insanidade em "Mãe!" - quanto mais a fita progride, maior a tragédia de um e o caos de outro. Somos engalfinhados por um peso emocional raro com a aproximação do fim em diálogos memoráveis pela dureza - quando Charlie fala que não quer que exista uma vida após a morte para que Alan não o veja naquele estado foi um soco no estômago. Curiosamente, mesmo com toda a dor do texto, "A Baleia" possui o final mais esperançoso de toda a filmografia de Aronofsky, no entanto, chegar até lá é uma tortuosa viagem que com certeza não agradará a todos. A cereja do bolo que refletiu o status de obra-prima para "A Baleia" veio quando, na cena final, em uma revelação que amarra toda a história, uma pessoa sentada ao meu lado na sessão levou as duas mãos ao rosto em completo frenesi. É a beleza da tristeza e a feiura da alegria em um dos mais arrebatadores finais da década, que arrancaram minhas lágrimas como nunca antes diante da Sétima Arte.

P.S.: todo o elenco de "A Baleia" está fenomenal - Sadie Sink literalmente faz o papel da sua vida -, entretanto, o que Brendan Fraser entrega é um milagre. Se houver justiça, o Oscar de "Melhor Ator" é dele.

Os 25 melhores filmes de 2022



Provavelmente 2022 foi um dos anos mais rápidos do século? Talvez por finalmente estarmos (quase) 100% de volta à realidade normal depois dos anos tenebrosos de quarentena, então decidimos viver tudo o que fomos impedidos. Em um ano da retomada com tudo na Sétima Arte, finalmente estamos podendo, em grande escala, apreciar o Cinema novamente. Então é claro que eu teria que vir com meus filmes favoritos de 2022.

Caso você já conheça o Cinematofagia, o foco aqui sempre foi e sempre será a busca por filmes que não necessariamente estejam no radar na grande indústria - principalmente quando olhamos para a distribuição brasileira, que nesse ano está bastante aquém, com atrasos de meses em comparação com estreias internacionais, inclusive de países minúsculos. Mas no fim deu tudo certo, e essa lista visa celebrar o melhor do Cinema.

De indicados ao Oscar a pérolas de todos os cantos do mundo, os critérios de inclusão da lista são os mesmos de todo ano: filmes com estreias em solo brasileiro em 2022 - seja cinema, Netflix e afins - ou que chegaram na internet sem data de lançamento prevista, caso contrário, seria impossível montar uma lista coerente. E, também de praxe, todos os textos são livres de spoilers para não estragar sua experiência - mas caso você já tenha visto todos os 25, meu amor por você é real - e aqui a lista no Letterboxd para você marcar quais já viu.

Sem mais delongas, meus 25 filmes favoritos de 2022:

 

 


25. Athena (idem) 

Direção de Romain Gavras, França.

Uma grata adição para o catálogo da Netflix, "Athena" tem menos de 100 minutos, mas é um verdadeiro épico. Com a morte de um garoto pela polícia, uma rebelião que atinge toda a França gera um impacto sem volta. Tendo como foco principal o conjunto residencial Athena, local onde a família do garoto assassinado mora, a fita é uma eletrizante epopeia sobre a sede de justiça que nos relembra a glória do Cinema pelas cenas de explodir a mente: desde a impressionante sequência inicial até os travellings sobre o Athena, a obra é um portfólio espetacular de uma arte inigualável. Não foi uma surpresa quando os créditos informam que Ladj Ly - diretor do maravilhoso "Os Miseráveis" (2019), foi um dos roteiristas de "Athena".


24. Vórtex (Vortex) 

Direção de Gaspar Noé, França/Bélgica.

Gaspar Noé já marcou seu nome (para o bem ou para o mal) na história do Cinema com seus filmes extremos - destaque para "Irreversível" (2002), "Viagem Alucinante" (2009) e "Clímax" (2018) -, então foi uma surpresa a abordagem adotada em "Vórtex". Seguindo a vida de uma casal de idosos, "Vórtex" vislumbra com bastante proximidade como a relação dos dois vai sucumbindo a partir da evolução da demência da esposa. Com uma sutileza anormal para o diretor, a obra é a versão noédiana de "Amor" (2012), mas não se engane: mesmo com toda a calmaria de ritmo há uma latente tragédia humana quando o filme olha sem piscar diante da irrelevância que temos sobre esse planeta e como estamos fadados para o esquecimento. Poderia, sim, ter meia hora a menos, todavia, é uma experiência dolorosa e necessária.


23. Argentina, 1985 (idem) 

Direção de Santiago Mitre, Argentina.

Ao ler a sinopse de "Argentina, 1985", você pode ficar com preguiça: o filme retrata os acontecimentos que levaram ao julgamento dos militares responsáveis pela ditadura argentina - entretanto, o que poderia ser só uma aula de história se torna um suspense político nas mãos de Santiago Mitre. Mesmo com 140 minutos, "Argentina, 1985", que está prestes a ser indicado ao Oscar de "Melhor Filme Internacional", é um filme fundamental sobre o uso da esfera jurídica para a reparação história - ainda mais impactante quando a Argentina foi o ÚNICO país da América Latina que julgou e condenou os responsáveis pelas atrocidades da ditadura - aprende, Brasil. A cena do argumento final durante o tribunal é de arrancar lágrimas para qualquer sociedade que já esteve presa na mão de ditadores. Nunca mais.


22. A Menina Silenciosa (An Cailín Ciúin) 

Direção de Colm Bairéad, Irlanda.

Mais um semifinalistas ao Oscar 2023 de "Melhor Filme Internacional", "A Menina Silenciosa" é sobre uma menininha em um lar construído com base na negligência que vai viver com parentes distantes quando sua mãe está prestes a ter mais um filho. O filme irlandês não possui um molde que me agrada: é uma pequena história contada com bastante realismo, contudo, a força de sua narrativa está na belíssima emoção desencadeada pelos personagens, pessoas solitárias em busca de afeto. No fim das contas, todos nós estamos em busca de um espaço que nos acolha verdadeiramente - e "A Menina Silenciosa" prova que pequenas histórias rendem enormes filmes quando contados com muito amor.

 

21. Quanto Mais Cru Melhor (Barbaque)

Direção de Fabrice Eboué, França.

Um casal dono de um açougue enfrenta a recessão e vê seu negócio afundar sem controle - assim como seu casamento. Quando um crime acontece - o assassinato de um homem vegano -, a carne do falecido vai parar na prateleira do açougue, virando sem querer a mais nova iguaria para a clientela que forma filas. É aí que o casal vira caçadores de veganos. Sim, é isso aí. "Quanto Mais Cru Melhor" não tem papas na língua no politicamente incorreto ao abordar discussões hilárias em que rimos com a mão na consciência, numa contraposição de veganos absurdamente insuportáveis e seus protagonistas desprezíveis. O banquete visual é servido com cenas gráficas explícitas que evocam toda a bizarrice de sua premissa.

 


20. O Acontecimento (L'événement)

Direção de Audrey Diwan, França

Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, "O Acontecimento" vai até a França da década de 60 quando uma universitária descobre que está grávida. O desespero da menina está à flor da pele, mas não o suficiente para impedi-la de buscar meios fora da lei para conseguir um aborto. Com um dos temas mais polêmicos da atualidade, "O Acontecimento" estuda um tempo quando o aborto era um tabu ainda mais forte - apesar de não termos evoluído tanto assim 60 anos depois. A menina é abandonada por todo mundo e se vê obrigada a buscar meios brutais que rendem cenas desconcertantes - mas importantes - sobre como a criminalização do aborto é uma violência. De fato, "O Acontecimento" é um dos melhores filmes já feitos sobre a temática.


19. Crimes do Futuro (Crimes of the Future)

Direção de David Cronenberg, Canadá/Reino Unido.

David Cronenberg voltou para a ficção-científica, podemos dormir em paz. 23 anos após seu último sci-fi, Cronenberg retorna com "Crimes do Futuro" ao lado de três enormes nomes: Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart. Um futuro não definido possui humanos com mutações genéticas que afetam dois pilares fundamentais de suas existências: eles não sentem mais dor e infecções deixaram de existir. Soa incrível, não? Só soa. Essa distopia cronenberguiana é tudo o que diretor serviu com "Videodrome" (1983) e "A Mosca" (1986): uma bizarrice estética que tenta apontar o dedo para a forma com que nos relacionamos. De fato, o começo da fita é bastante hermético, sem espaços para grandes aproximações, no entanto, quando a chave do sentido é girada, todo aquele estranho universo onde a cirurgia é o novo sexo encontra lógicas espetaculares.

 

18. Ao Cair do Sol (Sundown)

Direção de Michel Franco, México/França.

Michel Franco está entre os meus cinco diretores favoritos da atual geração em seu cinema pessimista e misantropo - é dele três dos melhores filmes dos últimos anos: "Depois de Lúcia" (2012), "As Filhas de Abril" (2017), e meu filme #1 de 2020, "Nova Ordem". "Ao Cair do Sol" não fica atrás: uma família passa férias no México, porém, todos devem voltar ao saber que a matriarca morreu. A questão é que Neil (Tim Roth) faz todo e qualquer malabarismo para não sair dali, o que perturba sua irmã, Alice (Charlotte Gainsbourg). O cerne do texto é esse, por que diabos Neil inventa qualquer desculpa para não voltar para casa? Com uma apatia destoante, "Ao Cair do Sol" é um afiado estudo de personagem que não abre mão do seu segredo até os últimos minutos, quando toda a viagem desgraçada de Neil faz sentido.

 

17. As Bestas (idem)  

Direção de Rodrigo Sorogoyen, Espanha/França.

Um casal francês se muda para um vilarejo nos confins da Galiza - comunidade autônoma no norte da Espanha - para viver sua vida eco-friendly e restaurar casas abandonadas. O problema é que uma grande empresa quer comprar as terras do local, e, ao contrário de todos os outros moradores, o casal não quer vender a propriedade. Isso cria uma animosidade entre os nativos e os estrangeiros, afogando a situação em xenofobia e violência. "As Bestas" possui atuações brutais, uma fotografia estonteante e um roteiro que escalona a situação até alcançar medidas extremas e impiedosas que balanceiam um jogo de interesses que, apesar de opostos, fazem completamente sentido para suas partes.


16. A Morte de um Cachorro (La Muerte de un Perro)

Direção de Matías Ganz, Uruguai/Argentina.

Há um sub-sub-gênero (vou chamar assim) no Cinema que tenho particular deleite: histórias que possuem um pequeno acontecimento se tornando o caos, uma Lei de Murphy cinematográfica. "A Morte de um Cachorro" se enquadra nesse hall: Mario é um veterinário em Montevidéu que, após um descuido no trabalho, acaba matando um cachorro; a partir de então, sua vida tranquila e burguês vira de cabeça para baixo. A cada segundo há mais pessoas envolvidas na bagunça que Mario conduz sem freio, que gera brigas, roubos e mortes, até desbocar em um final genialmente cara de pau. Não dá para acreditar no quão cretinos conseguem ser os personagens para limpar a própria pele, e cabe à plateia se divertir com o desespero de todos os presentes - incluindo o cachorro da família. Ninguém escapa.

 


15. Suave & Silencioso (Soft & Quiet)

Direção de Beth de Araújo, EUA.

O nome da diretora já entrega: sim, ela tem os pés no Brasil. Nascida nos EUA, mas com cidadania tupiniquim, Beth de Araújo dirige a fita mais revoltante de 2022, de longe. É verdade que o próximo da lista tem cenas bem mais chocantes, porém, o que assombra no filme de Araújo é a proximidade com o real e o atual. Minha sessão foi ainda mais forte quando sentei diante do filme sabendo NADA acerca, e nunca pensei como uma simples torta, símbolo das iguarias norte-americanas, poderia derrubar meu queixo. Filmado inteiramente sem cortes - a câmera só desliga no último segundo após ligada -, "Calmo & Silencioso" é o terror do ódio moderno com violento poder em texto e imagens.


14. Não Fale o Mal (Speak No Evil)

Direção de Christian Tafdrup, Dinamarca/Holanda

O nome de Christian Tafdrup ainda não é tão difundido nas rodas de Cinema, e isso deve ser mudado pra já com "Não Fale o Mal". Uma família dinamarquesa está de férias e conhece uma simpática família holandesa. Com a barreira linguística não existindo, os adultos formam uma amistosa ligação, que recebe o convite para um estreitamento ainda maior quando os dinamarqueses são convidados para um fim de semana na casa dos holandeses. É aí que a amizade vai por água abaixo. "Não Fale o Mal" é perverso, não tendo piedade com seus personagens e, consequentemente, com a plateia, ao atirar a todos em situações desconcertantes que escondem um segredo repugnante, tudo baseado em uma fuga de conflitos que, apesar de soarem forçadas vistas de fora, são plausíveis em sentidos amplos. E desolam.

 

13. Não! Não Olhe! (Nope)

Direção de Jordan Peele, EUA.

Existem filmes e existem experiências, e o foco principal de "Não! Não Olhe!" é o espetáculo. O terceiro terror de um dos mestres da atualidade, Jordan Peele - vencedor do Oscar pelo já clássico "Corra!" (2017) - continua seu mais-que-necessário cinema negro com uma família que é perseguida por um e.t. que decidiu transformar em casa o céu da fazenda dos protagonistas. Com performances ímpares de Keke Palmar e Daniel Kaluuya, "Não! Não Olhe!" é uma fita para ser degustada na tela gigante, com um som poderosíssimo que emoldura a maior sessão pipoca de Terror do ano e que eleva à uma nova potência o Terror alienígena - e que design belíssimo o do bichinho.

 

12. Até os Ossos (Bones And All)

Direção de Luca Guadagnino, Itália/EUA.

Luca Guadagnino é célebre por "Me Chame Pelo Seu Nome" (2017), mas seu melhor filme é, sem a menor dúvida, "Suspíria: A Dança da Morte" (2018), remake do clássico de 1977. Então o italiano sabe fazer um terror, e prova mais uma vez com "Até os Ossos". Uma menina é abandonada pelo pai aos 18 anos por não conseguir lidar com a natureza dela: ela é canibal. No universo do filme, canibais são uma espécie diferente de seres humanos, que nascem com a necessidade de ingerirem carne humana e com a capacidade de identificarem outros canibais pelo olfato. Ao ser abandonada, ela parte para descobrir o mundo e a si própria ao lado de outros canibais, se apaixonado por um que tem mais experiência na caçada. "Até os Ossos" passeia pelo drama, romance e terror com cenas que misturam ternura e gore na mesma medida. O significado final do título é arrasador.

 

11. Os Banshees de Inisherin (The Banshees of Inisherin)  

Direção de Martin McDonagh, Irlanda/Reino Unido.

Martin McDonagh havia uma tarefa difícil: fazer um filme tão bom quanto "Três Anúncios Para Um Crime" (2017), um dos melhores da década passada. Parabéns, McDonagh, você conseguiu. "Os Banshees de Inisherin" volta 100 anos no tempo, em uma Irlanda assolada pela guerra civil. Se de um lado as bombas ecoam pelo país, do outro, em uma pequena ilha, a guerra é entre dois amigos: do dia para noite, um dos homens para de parar com o outro, o que destrói a vida de todo mundo. Com atuações perfeitas de Colin Farrell e Brendan Gleeson, "Os Banshees" é uma tragicomédia irretocável que alcança níveis cada vez mais absurdos no conflito dos (até ontem) amigos e como o desprezo é pior do que o ódio.



10. A Tragédia de Macbeth (The Tragedy of Macbeth)

Direção de Joel Coen, EUA.

Devo confessar que minha animação para "A Tragédia de Macbeth" não era das maiores. Apesar de ser dirigido por Joel Coen (a metade da dupla Joel & Ethan, donos da obra-prima "Onde os Fracos Não Têm Vez", 2007) e com um elenco estrelar, a adaptação do conto de William Shakespeare não soava tão interessante, todavia, o espetáculo que é a película derruba qualquer dúvida. Quando um trio de bruxas proclama o trono para Macbeth, sua saga para a glória e a queda afeta a vida de todos a sua volta. Com um dos melhores designs de produção e cinematografia já feitos na história do Cinema, Denzel Washington e Frances McDormand carregam a história com um poder avassalador, sem jamais tornar desinteressante um roteiro que é falado em inglês arcaico (!).

 

09. A Caixa (La Caja) 

Direção de Lorenzo Vigas, Venezuela/México.

O representante venezuelano para o Oscar 2023 - e que infelizmente não figurou entre os semifinalistas -, "A Caixa" é uma curiosa história de um garoto que é mandado pela avó para resgatar os restos mortais do pai, que foi encontrado em uma vala clandestina. Após recuperar a caixa com a ossada do pai, ele, no ônibus de volta, avista um homem que ele jura ser o pai. A partir de então, a vida do garoto e do homem muda pra sempre. "A Caixa" é um estudo de situação com potência incrível ao analisar como funciona a paternidade - seja real ou "emprestada" - e a maneira como elementos machistas são transpostos de pai para filho. O menino faz de tudo para poder receber um amor que nunca teve, porém, vale mesmo a pena?


08. Deserto Particular (idem)

Direção de Aly Muritiba, Brasil.

Um policial afastado do cargo por má conduta mantém um relacionamento virtual com uma misteriosa mulher que desaparece sem deixar rastros. Ele sai do sul do Brasil até o Nordeste a fim de encontrar a amada, só para descobrir que ela não é uma mulher cis, e sim uma pessoa não binária. Aly Muritiba ficou conhecido pelos seus pesados e obscuros filmes - assista a "Ferrugem" (2018) - e decidiu mudar seus ares com "Deserto Particular", um drama com toques de romance que mergulha de cabeça em discussões de gênero e sexualidade com uma delicadeza perspicaz.  Não apenas um dos melhores filmes do Novíssimo Cinema Nacional, uma das mais certeiras escolhas de representantes para o Oscar, como também um exemplar fabuloso do cinema LGBTQIA+.

P.S.: "Deserto Particular" estreou no Brasil no finzinho de 2021 em circuito limitado, chegando na HBO Max em 2022, então vai entrar na lista de 2022 sim, a lista é minha e é isso.


07. Red Rocket (idem)

Direção de Sean Baker, EUA.

Na minha casa, nós louvamos Sean Baker. O coração da sua filmografia gira em torno da observação de grupos que, por motivos que sejam, caem no trabalho sexual - as travestis de "Tangerina" (2015), a mãe da protagonista de "Projeto Flórida" (2017), etc. Em "Red Rocket" temos Simon Rex como Saber, um ex-ator pornô cujo sucesso é apenas uma memória. Tendo que retornar para a cidade que prometeu nunca mais por os pés, ele conhece e se apaixona por Raylee (Suzanna Son), uma atendente menor de idade. O trunfo de "Red Rocket" é ver até onde conseguimos detestar o carismático Saber, um poço aparentemente sem fundo de trambicagens, roubos e sim, pedofilia. O questionamento principal é: o Cinema deve ter uma moral intocável e sem espaço para dúvidas? Ou ele pode analisar personagens odiosos sem precisar transformá-lo em exemplo? É uma discussão complexa, e Baker assume o risco de não poupar o caráter tenebroso de seu protagonista em prol de uma punição explícita na ficção.

 

06. O Bom Patrão (El Buen Patrón) 

Direção de Fernando León de Aranoa, Espanha.

"O Bom Patrão" foi um fenômeno sem precedentes na Espanha. O filme de Aranoa recebeu absurdas 20 indicações no Goya (o Oscar da Espanha), vencendo seis, incluindo "Melhor Filme", "Direção" e "Roteiro Original". E cada um foi merecidíssimo. O longa é sobre o dono de uma fábrica de balanças que está de olho em um prestigioso prêmio, cujo qual vê sua empresa como finalista. Faltando uma semana para o comitê da premiação vistoriar a fábrica a fim de fecharem a votação, o patrão está disposto a resolver todo e qualquer problema que possa interferir na fachada perfeita do lugar. Com uma atuação brilhante de Javier Bardem como o presidente da empresa, "O Bom Patrão" é um malabarismo insanamente divertido de um homem ambicioso e manipulador que passa por cima de qualquer limite em busca de uma placa para por em sua parede.

 


05. Santa Aranha (Holy Spider)

Direção de Ali Abbasi, Dinamarca/Suécia.

O iraniano Ali Abbasi está há pouquíssimo tempo na indústria cinematográfica, mas já nos presenteou com a obra-prima "Fronteira", meu filme favorito de 2018. Agora ele retorna com mais um espetacular filme: "Santa Aranha" remonta a história real de Saeed Hanaei, um serial killer que assassinou 16 garotas de programa no Irã para "limpar as ruas da impureza". A obra se divide entre dois pontos de vista: de Saeed e suas "justificativas" e da jornalista Arezoo, que arrisca sua vida para capturar o psicopata. A dinâmica da película é certeira ao abandonar o velho "quem será que é o culpado?" para desenvolver as motivações contrastantes dos dois protagonistas. E, por ser uma história real, é ainda mais triste como ainda existem culturas completamente misóginas, com o caso tendo apoio da mídia e do povo, afinal, Saeed era um cavaleiro de deus.


04. O Homem do Norte (The Northman)

Direção de Robert Eggers, EUA.

Em sua terceira excursão para contos do séculos passados (depois das obras-primas "A Bruxa", 2015, e "O Farol", 2019), Robert Eggers entrega mais uma obra-prima que amplia a mitologia de seu cinema, sempre dançando entre o fantástico e o terror com uma assinatura própria espetacular para um autor tão jovem. Pegando a plateia pelo pescoço e forçando-a a embarcar em um barco que está fadado ao sangue, todas as profecias ditas através da boca de bruxas conduzem histórias em que a natureza (seja a do planeta ou a nossa própria) está presa a grossas cordas do destino. Resta a você acompanhar o degringolar dos personagens "eggerianos", pobres vítimas de forças sobrenaturais que turvam as suas missões de descobrirem quem são. "O Homem do Norte" é tudo que você poderia esperar de uma saga viking milionária assinada por Robert Eggers.


03. Triângulo da Tristeza (Triangle of Sadness)

Direção de Ruben Östlund, Suécia/França.

Ruben Östlund conseguiu um feito que poucos podem ter no currículo: vencer a Palma de Ouro (o "Melhor Filme" do Festival de Cannes e a maior honraria de um festival cinematográfico do mundo) com dois filmes consecutivos: "A Arte da Discórdia" em 2017 e agora em 2022 com "Triângulo da Tristeza". O core do cinema "ostlundiano" é a crítica de diversas formas culturais e sociais das camadas mais altas da sociedade, e "Triângulo" vai até um luxuoso cruzeiro cheio de milionários e a maneira assustadoramente patética que eles vivem afogados por tanto dinheiro. Com um dos roteiros mais brilhantes da década, "Triângulo" é um exercício magistral


02. Faces do Medo (Men)

Direção de Alex Garland, Reino Unido.

Alex Garland já surgiu na indústria com o pé na porta ao lançar "Ex Machina: Instinto Artificial" (2014), e cunhou ao longo dos anos um cinema que mistura ficção científica com discussões sobre nossas vidas e regras. "Os Homens" segue a mesma ideia, com uma mulher que, após o suicídio do marido, se isola em uma vila no meio do nada para superar o luto. A grande questão é: todos os homens da vila são exatamente iguais (e criativamente performados pelo mesmo ator, Rory Kinnear). O título pode ser muito óbvio, mas "Os Homens" é uma odisseia bizarra e claustrofóbica que desfila uma infinidade de agressões que as mulheres encontram todos os dias, sem cair em execuções óbvias - são simbolismos que exigem uma pesquisada ao fim da sessão, principalmente com os 10 minutos finais, uma das sequências mais bizarras do século. E Jessie Buckley está fantástica.


01. Tudo em Todo o Lugar Ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once)

Direção de Daniel Scheinert & Daniel Kwan, EUA.

Se você acompanha as listas de "Melhores do Ano" aqui do Cinematofagia, já deve ter notado como amo filmes dos confins do mundo, e adoraria que o melhor filme de 2022 fosse algum muito cult de um país longínquo, mas não teve jeito. 2022 é de "Tudo em Todo o Lugar". A maior bilheteria na história da A24, "Tudo em o Todo Lugar" virou um fenômeno sem precedentes; até mesmo a produtora deve ter ficado surpresa. Seguindo uma imigrante coreana em um EUA falido que deve salvar o mundo (ou os mundos), o filme parece pegar carona na temática do momento, os multiversos, porém, com um roteiro concebido em 2010, a fita dos Daniels - que sabem fazer uma obra insanamente contemplativa - é uma aula de qualquer aspecto da Sétima Arte pelo domínio absurdo do material em mãos. Um filme para rir, chorar e contemplar a absurda falta de sentido em nossas pequenas em inúteis vidas, no mais delicioso niilismo cinematográfico possível. Mas é orgânico, viu?

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As 15 melhores atuações do Cinema em 2022

O Cinematofagia está cada vez mais próximo de publicar a lista com os melhores filmes de 2022, mas antes vamos celebrar as melhores atuações do ano (todas as listas de melhores de 2022 aqui).

De indicados ao Oscar a estreias inacreditáveis, a lista segue as seguintes regras: não há separação entre papéis protagonistas e coadjuvantes e nem de gênero, tendo como critério de inclusão a estreia do filme em solo tupiniquim dentro do ano ou com o filme chegando à internet sem distribuição no país até o fechamento da lista.

Não assistiu a algum dos longas aqui listado? Não se preocupe, pode ler todos os textos que são sem spoilers - e em seguida correr para aclamar essas performances maravilhosas. Quem são os indicados ao Oscar Cinematofagia de "Melhor Atuação" do ano? Você pode conferir abaixo.

 

15. Dolly de Leon (Triângulo da Tristeza)

Confesso que, antes de "Triângulo da Tristeza", o mais novo vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, nunca havia conhecido Dolly de Leon. Não é de se espantar, afinal, a atriz nunca havia saído da indústria das Filipinas - ela, inclusive, fez as audições para "Triângulo" sem nem ao menos possuir um agente, conseguindo o papel ainda assim. O caos sarcástico desse filme sobre troca de poderes vê a personagem de Leon como destaque absoluto no último ato, com tanta competência que ela finalmente possui carreira internacional agenciada e sendo a primeira atriz filipina na história a ser indicada ao Globo de Ouro. E deveria levar.


14. Alana Haim (Liquorice Pizza)

Mais conhecida por ser uma das integrantes do grupo Haim - juntamente com suas duas outras irmãs -, Alana Haim fez uma gloriosa estreia no Cinema com "Liquorice Pizza" (curiosidade: sua família no filme é interpretada por sua família na vida real). O diretor Paul Thomas Anderson, que dirigiu vários clipes do Haim, escreveu o papel com Alana em mente, e a cantora (e agora atriz) não decepciona nessa comédia setentista que, problemáticas de lado, é um palco dominado por Alana, que parece atuar a vida inteira.


13. Mehdi Bajestani (Santa Aranha)

Ator iraniano do Teatro, Mehdi Bajestani tem apenas cinco créditos no Cinema, e em "Santa Aranha" ele já revela o incrível ator que é. O representante dinamarquês para o Oscar 2023 de "Melhor Filme Internacional" é baseado em uma história real que ocorreu no começo dos anos 2000 no Irã: um serial killer assolava uma cidade matando prostitutas em nome de deus. Mehdi Bajestani vive esse psicopata e transmite toda sua loucura santificada que é ainda mais assustadora quando se trata de eventos reais - e proibida de ser filmada no Irã; a produção teve que gravar na Jordânia.


12. Claes Bang (O Homem do Norte)

Claes Bang é um experiente ator dinamarquês que ganhou notoriedade com "A Arte da Discórdia" (2018), a primeira das duas Palmas de Ouro recebidas por Ruben Östlund. Mesmo com o sucesso na Europa, Bang só veio até Hollywood em 2018 com "Millennium: A Garota na Teia de Aranha", sendo um dos protagonistas de "O Homem do Norte", novo filme do REI Robert Eggers. Mesmo com um elenco lotado de estrelas -  Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Claes Bang, Anya Taylor-Joy, Ethan Hawke e Willem Dafoe - o vilão de Bang, que faz toda a história girar, é o catalisador do filme. No meio de tanto talento, Bang não tem recebido o devido reconhecimento, e cá estamos para isso.


11. Denzel Washington (A Tragédia de Macbeth)

Com quase 70 anos, Denzel Washington é há muito tempo sinônimo de qualidade, com dois Oscars na prateleira e aclamações para dar e vender. Como o primeiro Macbeth negro na história do Cinema dentre as incontáveis versões já lançadas (corrija-me se estiver esquecendo de alguma delas), Denzel assume toda a insanidade cinematográfica de Joel Coen como se fosse fácil, atuando em cima de um roteiro que se utiliza dos monólogos rebuscados e complexos do texto de Shakespeare de forma legítima. Dentre as adaptações modernas, o rei destinado ao fracasso nunca foi tão bem interpretado quanto agora. 



10. Michelle Yeoh (Tudo em Todo o Lugar Ao Mesmo Tempo)

A atriz malaia Michelle Yeoh começou sua carreira em filmes de ação em Hong Kong, conseguindo destaque por performar suas próximas cenas, sem a necessidade de dublês. Em Hollywood, marcou seu nome com "O Tigre e o Dragão" (2000), "Memórias de um Gueixa" (2005) e o hit "Podres de Rico" (2018). Porém, apesar dos sucessos, Yeoh nunca havia vencido um prêmio de "Melhor Atriz" - até agora. "Tudo em Todo o Lugar" é, sem dúvidas, o auge de Yeoh no cinema, como a mãe que se desdobra entre salvar sua lavanderia falida e o multiverso inteiro. Toda a experiência da atriz é posta à prova nesse pandemônio e ela não falha em nenhuma cena, demonstrando seu talento como nunca havia até então - tanto que, até o fechamento desta lista, já levou DEZESSETE prêmios de "Melhor Atriz".


09. Dario Argento (Vórtex)

Dario Argento é um dos diretores definitivos do terror italiano, entregando clássicos que influenciaram o gênero permanentemente, como "Prelúdio Para Matar" (1975) e "Suspiria" (1977). Ele fez algumas pontas como ator ao longo da vida, na maioria das vezes em papéis sem créditos, então foi uma surpresa quando ele foi anunciado como o protagonista de "Vórtex", novo filme do polêmico Gaspar Noé. Como o marido de uma idosa sucumbindo à demência, Argento não só assombra com seu francês impecável como pela desenvoltura diante das intrusivas câmeras de Noé, em um papel pra lá de difícil sobre a finitude da vida - e como podemos fazer nada diante do fim.


08. Eden Dambrine (Close)

E quem não gosta de uma revelação mirim? O representante da Bélgica para o Oscar de "Melhor Filme Internacional" em 2023, "Close" segue dois amigos que, graças à homofobia, têm a amizade arruinada permanentemente. O sucesso de "Close" não seria 10% sem a poderosíssima atuação do pequeno Eden Dambrine. O ator, que conseguiu o papel com 14 anos, suporta a carga emocional elevadíssima do roteiro sem titubear, dando vida à uma história tão sensível e delicada. De cair o queixo.


07. Colin Farrell (Os Banshees de Inisherin)

Apesar de uma carreia com décadas nas costas, o irlandês  Colin Farrell só possui um dos principais prêmios da indústria, um Globo de Ouro por "Na Mira do Chefe" (2008). Coincidentemente, "Na Mira" e "Os Banshees de Inisherin" são ambos do mesmo diretor, Martin McDonagh, e em "Banshees", Farrell tem a performance mais aplaudida da carreira. Aqui ele é Pádraic, um pacato e abobalhado homem que vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seu melhor amigo decide cortar relações da noite pro dia. O roteiro de McDonagh abre espaço para Farrell arrebentar, já ganhando "Melhor Ator" no Festival de Veneza, no National Board of Review e em várias outras premiações. Um Oscar seria bem-vindo.


06. Ke Huy Quan (Tudo em Todo o Lugar Ao Mesmo Tempo)

O vietnamita Ke Huy Quan começou sua carreira ainda como ator mirim, emplacando dois clássicos consecutivamente: "Indiana Jones e o Templo da Perdição" (1984) e "Os Goonies" (1985). A década de 80 foi a mais expressiva até então, atuando muito esporadicamente depois disso, fazendo com que o ator abandonasse a profissão. Felizmente, as coisas mudaram, e ele encontra nova glória com "Tudo em Todo o Lugar". Como um dos proprietários da lavanderia mais endividada de todo o multiverso,  Quan vai de cenas de ação eletrizantes até a mais pura emoção em momentos que já estão nos livros de história. "I wanted to say, in another life, I would have really liked just doing laundry and taxes with you".

 

 

05. Jessie Buckley (Faces do Medo) 

Jessie Buckley não tem 20 créditos no Cinema, todavia, chamou minha atenção logo no começo, com "Beast" (2017). Foi a partir de 2020 que sua trajetória viu um avanço considerável, conseguindo aclamação em "Estou Pensando em Acabar com Tudo" (2020) e "A Filha Perdida" (2021), com o último lhe garantindo uma indicação ao Oscar. "Faces do Medo", no entanto, mostrou o lado mais brutal da atriz. Sendo perseguida por uma avalanche de homens dispostos a destruir seu psicológico, Buckley sobe aos berros neste laborioso filme capaz de torcer a mente de quem vê - seja na exibição da bizarrice do texto ou nas cenas complexas de violência e abuso.


04. Mia Goth (Pearl)

Ei, você sabia que Mia Goth é neta da atriz brasileira Maria Gladys??? O meme que saturou o Twitter após o boom de Goth em 2022 só mostra como a britânica, que não possui nem 10 anos de carreia, virou um nome do alto escalão. Ela já havia encantando com "Ninfomaníaca" (2013) e "Suspíria" (2018), mas finalmente sobe na cadeira de protagonista na franquia "X". Apesar de possuir dois papéis no primeiro filme, é em "Pearl" que Goth mete o pé na porta. Como a reprimida adolescente com um amor sociopata pela vida (e pelo sexo), Goth dá lágrimas, sangue e saliva na juventude de uma das mais interessantes vilãs do ano. Aquele monólogo no último ato já rende uma indicação ao Oscar. Ela é uma estrela!

 

03. Simon Rex (Red Rocket)

Simon Rex é um caso que Hollywood parece abraçar. Adam Sandler e Steve Carell são, assim como Rex, comediantes conhecidos por suas farofas com péssimas atuações - Sandler mesmo tem a carreia marcada por suas atuações tão ruins que são boas. O que aconteceu com ambos? Encontraram papéis que conseguiram apagar qualquer má fama - Carell com "Foxcatcher" (2014) e Sandler com "Joias Brutas" (2019). Rex entra para esse hall com "Red Rocket". Conhecido pelas suas comédias pastelão - principalmente na franquia "Todo Mundo em Pânico" -, Simon vive um ator pornô decadente que volta para o interior (que prometeu nunca mais por os pés) em busca de dinheiro. Em uma performance brilhante, o ator de despe de qualquer vaidade e desenvolve um personagem revoltante e picareta que amamos odiar.

 

02. Keke Palmer (Não! Não Olhe!)

Keke Palmer tem uma looonga carreia dentro da TV, conseguindo um Emmy e o BET Awards, porém, nunca havia encontrado um filme que desse o devido holofote para seu talento. "Não! Não Olhe" realizou essa tarefa. O terceiro filme de Jordan Peele, assim como "Corra!" (2017) e "Nós" (2019), exige bastante de um ator em específico, e, mesmo sendo coadjuvante, é Keke que carrega "Não!". Seu carisma é perfeito para Esmerald, a heroína definitiva de 2022 que brilha em cada segundo que está na tela. Cinco estrelas, anjo, cinco estrelas.

 

01. Javier Bardem (O Bom Patrão)

O marido de Penélope Cruz provavelmente é o ator espanhol mais aclamado de todos os tempos, tendo em casa - além da esposa mais linda do mundo - todos os principais prêmios da indústria: Oscar, BAFTA, Globo de Ouro, Goya, SAG, Critics' Choice e por aí vai. Virou queridinho do Cinematofagia? Virou, mas é porque ele é bom mesmo. Tanto que ele conseguiu alcançar mais um patamar ao viver o chefe manipulador em "O Bom Patrão". Bardem passeia naturalmente pelo cômico e trágico e consegue o feito de não permitir com que o espectador veja outro ator ali. Não por acaso, sua atuação em "O Bom Patrão" rendeu seu SÉTIMO Goya (o Oscar da Espanha). Ele é e sempre foi o momento.


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Os 20 melhores filmes de terror de 2022

2022 já está marcado nos livros de história da Sétima Arte como o grande ano para o Terror na presente década - e talvez em todo o séc. XXI até agora. Tivemos um montante grandioso de lançamentos do gênero, e melhor ainda, um montante de ÓTIMOS lançamentos, pois aqui trabalhamos com qualidade, não com quantidade.

Então, sendo o entusiasta que sou Do Terror, tive que listar não os 10, não os 15, mas os VINTE melhores terrores do ano, pois sim, tivemos esse tanto de maravilhas - até mais, tive que tirar alguns nomes, senão ficaríamos aqui até 2024. Na real, como um aperitivo extra, são 21 filmes, com a vigésima colocação sendo um empate - quanto mais, melhor.

Assim como toda lista do Cinematofagia, a lista consta com filmes com lançamento no circuito nacional em 2022 ou que chegaram na internet sem lançamento marcado até o fechamento da lista - além de, claro, serem todos dentro do grande espectro do Terror e seus subgêneros para ampliarmos nossa noção do que é Terror. E textos livres de spoiler para não estragar a sua experiência, como sempre, pode ler sem medo (guarda o medo pros filmes).

Prepara sua maratona e vamos lá?

 

20. Sem Saída (No Exit)

Direção de Damien Power, EUA.

Uma problemática estudante fica presa em um prédio com várias pessoas que se refugiavam de uma tempestade de neve. O tédio da estadia é quebrado quando a garota descobre uma criança sequestrada em um dos carros. Quem ali seria o criminoso? "Sem Saída" é um terror que logo na premissa já arrebata nosso interesse, quase um live-action de "Detetive" que brinca inteligentemente com a percepção do público sobre quem é mocinho e vilão ali.

 

20. O Telefone Preto (The Black Phone)

Direção de Scott Derrickson, EUA.

Do diretor do saboroso "A Entidade" (2012), Scott Derrickson, "O Telefone Preto" é um dos grandes sucessos de bilheteria para o terror em 2022, arrecadando DEZ vezes o valor de produção. Nesse coming-of-age medonho, um psicopata assola uma pequena cidade quando crianças começam a desaparecer - e é claro que nosso protagonista será a próxima vítima. "O Telefone Preto" traz nada de novo, mas encontra êxito na forma que desenvolve seu drama sobrenatural de maneira raramente vista entre os lançamentos blockbusters do gênero.


19. Noites Brutais (Barbarian)

Direção de Zach Cregger, EUA.

Filmes de estreia são difíceis em qualquer gênero, porém, no terror há uma responsabilidade ainda maior - responsabilidade esta cumprida por Zach Cregger com "Noites Brutais". Este é um daqueles filmes que possuem uma sessão ainda melhor quando você sabe quase nada sobre sua premissa, pois em um determinado momento há uma mudança de narrativa tão brusca que diferencia os andares (wink wink) de seu roteiro, que vai de um suspense intrigante para o terror absoluto. A escalação de Bill Skarsgård, nosso amado Pennywise, foi genial - assista para saber o motivo.


18. Pearl (idem)

Direção de Ti West, EUA/Canadá.

Um dos maiores fenômenos que marcou 2022, a franquia "X", nova empreitada de Ti West no Terror, já ganhou o segundo filme meses após o lançamento do primeiro, com "Pearl" vindo como um prequel que explica a vida e o passado da vilã de "X". Durante 1918, vemos a juventude de Pearl e sua ambição em ser uma estrela enquanto deve cuidar de sua fria família, ancorada por uma atuação fenomenal de Mia Goth, a nova queridinha do gênero. Tão sangrento e divertido quanto "X", "Pearl" pode não expandir sua própria história da mesma maneira, todavia, é um bloco sólido de uma (agora) franquia que já possui o amor do público.

 

17. A Avó (La Abuela)

Direção de Paco Plaza, Espanha/França.

O nome de Paco Plaza já está marcada na história do Terror, sendo ele o codiretor da obra-prima "Rec" (2007), um dos maiores filmes do gênero de todos os tempos. Desde então, o espanhol passeia por vários subgêneros do Terror, encontrando novo sucesso com "A Avó". Escrito por Carlos Vermut - diretor de um dos meus filmes favoritos da década passada, "A Garota de Fogo" (2014) -, "A Avó" segue uma modelo que volta para Madrid a fim de cuidar de sua avó, em precária saúde. Fica bem evidente as referências e inspirações no filme de Plaza, no entanto, os subtextos presentes aqui são eficientes a ponto de fazer com que "A Avó" não seja apenas mais um.

 

16. Deadstream (idem)

Direção de Vanessa Winter & Joseph Winter, EUA.

Realizado pelo casal da vida real Vanessa e Joseph, "Deadstream" é uma verdadeira palhaçada que deu muito certo, mesmo sendo do filão de found footage digital. Um youtuber problemático - daqueles com o já velho vídeo de desculpas pelas m*rdas que já falou - faz uma parceria com a única marca que ainda o atura: ele deve passar a noite na Casa da Morte, uma suposta casa assombrada que coleciona cadáveres. Se ele conseguir a façanha, a marca voltará a patrociná-lo, e a estadia deve ser inteiramente transmitida ao vivo. Com a difícil mistura entre Comédia e Terror, "Deadstream" causa tensão e diverte em uma medida cada vez mais rara, sem deixar de ser a pataquada que explicitamente é.


15. Marcas da Maldição (Zhou)

Direção de Kevin Ko, Taiwan.

Uma desesperada mãe tenta proteger a filha de uma maldição causada por ela mesmo ao quebrar um tabu religioso anos atrás. Com distribuição internacional pela Netflix, "Marcas da Maldição" foi inspirado em um bizarro evento real e já mostra seu ineditismo pela linguagem adotada: o espectador é um dos personagens. A mãe conversa com quem assiste e acabamos virando elemento importante para o andar da narrativa, que é recheada de momentos macabros e cenas incríveis - a façanha do símbolo e do mantra dito pela mãe é genial.


14. X (idem)

Direção de Ti West, EUA/Canadá.

O triunfal retorno de Ti West para o Terror - desculpa, mas "O Último Sacramento" (2013) é terrível -, "X" não marca apenas o retorno de um bom diretor, mas também um marco para o slasher contemporâneo. Uma equipe de filmagens vai até uma fazenda no interior do Texas para gravar um filme pornográfico, sem saber que a dona do local é uma psicopata cheia de tesão (sim). Com uma atuação dupla de Mia Goth, que vive Maxine (a final girl do ano) e Pearl (debaixo de quilos de maquiagem), "X" é uma epopeia que tanto homenageia clássicos quanto põe o pé na porta como obra única.

 

13. A Autópsia (The Autopsy)

Direção de David Prior, Canadá/EUA.

Um dos filmes presentes na antologia "Gabinete de Curiosidades", série do mestre Guilhermo del Toro para a Netflix, "A Autópsia" foi escrito David S. Goyer, um dos responsáveis pela história de "O Cavaleiro das Trevas" (2008) e do novo "Hellraiser" (2022), e acompanha um legista que deve performar autópsias em vários mineradores mortos em um acidente. É claro que um dos cadáveres ganha vida, levando o filme para caminhos pra lá de assustadores e instigantes, e "A Autópsia" pode ser resumido exatamente assim: tão inteligente quanto obscuro.


12. Dual (idem)

Direção de Riley Stearns, EUA.

Em um futuro próximo, uma empresa lança clones que são comprados para substituir sua presença após sua morte, a fim de acalantar os corações de seus familiares. Uma mulher com uma doença terminal decide comprar um dos clones, porém, ao descobrir que seu diagnóstico foi errado, deve enfrentar a política do clone: caso ele não aceite ser "morto", dono e criatura devem lutar até a morte para decidirem quem ficará permanentemente no lugar. É, a história de "Dual" é caótica e deliciosa. A obra de Riley Stearns tem camadas profundas que elevam seu terror, como por exemplo: e se sua família preferir o clone à você?  O que você faria?


11. Sorria (Smile)

Direção de Parker Finn, EUA.

O maior sucesso em bilheteria do Terror em 2022, arrecadando a bagatela de 200 MILHÕES de dólares a mais que seu custo de produção, "Sorria" é o terror comercial definitivo do ano. Uma terapeuta vê uma paciente se suicidar diante dos seus olhos, mas a parte mais estranha era o imenso sorriso em seu rosto enquanto dilacerava sua garganta. Ali não era um sorriso convidativo, era uma assustadora careta. A partir de então, vários desses sorrisos começam a arruinar a vida da terapeuta, perseguida por uma entidade que deseja sua morte. "Sorria" une tudo o que uma sala de cinema lotada quer: história bem costurada, momentos assustadores e sustos para pularmos na cadeira. O ato final é particularmente bem sucedido, com reviravoltas que unem o "pipoca" com o "cult".


10. Fresh (idem)

Direção de Mimi Cave, EUA.

Mimi Cave saiu da carreira de diretora de videoclipes para esse terror apetitoso. Uma jovem é refém dos aplicativos de relacionamento e todos os boys lixos que encontra, até conhecer um cara no supermercado que parece enfim ser alguém que valha a pena. Mas só parece. É difícil comentar sobre "Fresh" sem entregar suas surpresas, todavia, esse survival movie tem taxas acima da média do bizarro que capturam o espectador em uma trama fenomenal que cada minuto envolve mais vítimas. Sente-se, assista e esteja servido. De dar água na boca.

 

9. Observador (Watcher)

Direção de Chloe Okuno, Romênia/EUA.

Mais um filme de estreia sensacional? Temos. Em "Observador", um casal se muda para a Romênia quando o namorado consegue um emprego no país; a grande questão é: a mulher não fala romeno, e se sente completamente isolada em seu apartamento. Mas há alguém muito interessado na situação. A mulher jura que há alguém no prédio da frente que está fixamente observando tudo o que ela faz, enquanto há um serial killer a solto na cidade. Seria isso obsessão que só existe na cabeça dela?  Os crimes acontecendo ali perto estão turvando a noção de realidade da moça? "Observador" periga cair em obviedades em vários momentos, mas sai vitorioso ao equilibrar tudo em uma trama verdadeiramente tensa e envolvente sobre dúvida, medo e perseguição.


8. Dashcam (idem)

Direção de Rob Savage, Reino Unido/EUA.

As viúvas dos tempos áureos de "Atividade Paranormal" (2007), alegrem-se! "Dashcam" está aqui para suprir sua perda - porque a franquia está morta, por mais que ainda tentem revivê-la. Não é de se estranhar que "Darshcam" é do mesmo diretor de "Cuidado Com Quem Chama" (2020), hit da pandemia: uma das personagens mais insuportáveis do ano, Annie dirige pela noite transmitindo seus encontros, que desencadeará num caos por completo ao esbarrar no sobrenatural. Divertidíssimo, atmosférico e o melhor dos found footage de 2022, "Por que você tem uma tatuagem da Ariana Grande?" já é o diálogo mais assustador da década. 


7. O Exterior (The Outside)

Direção de Ana Lily Amirpour, Canadá/Reino Unido.

Ana Lily Amirpour ficou famosa em 2014 com o terror indie "Garota Sombria Caminha pela Noite", e desde então foi convidada para diversas séries icônicas, surgindo agora como um dos filmes dentro do "Gabinete de Curiosidades" da Netflix. "O Exterior" é um fidedigno filme B dos anos 80, com uma protagonista que luta para se encaixar com as belas e glamourosas colegas de trabalho, falhando piamente - até que surge um creme milagroso que promete a beleza absoluta. Com a beleza exterior sendo o mais importante, "O Exterior" vai até o body horror com sua protagonista destruindo seu corpo em nome da beleza, em um exercício potente em mensagem e execução do horror.

 

6. Crimes do Futuro (Crimes of the Future)

Direção de David Cronenberg, Canadá/Reino Unido.

David Cronenberg voltou para a Ficção-científica/Terror, podemos dormir em paz. 23 anos após seu último sci-fi, Cronenberg retorna com "Crimes do Futuro" ao lado de três enormes nomes: Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart. Um futuro não definido possui humanos com mutações genéticas que afetam dois pilares fundamentais de suas existências: eles não sentem mais dor e infecções deixaram de existir. Soa incrível, não? Só soa. Essa distopia cronenberguiana é tudo o que diretor serviu com "Videodrome" (1983) e "A Mosca" (1986): uma bizarrice estética que tenta apontar o dedo para a forma com que nos relacionamos. De fato, o começo da fita é bastante hermético, sem espaços para grandes aproximações, no entanto, quando a chave do sentido é girada, todo aquele estranho universo onde a cirurgia é o novo sexo encontra lógicas espetaculares.

 

5. Calmo & Silencioso (Soft & Quiet)

Direção de Beth de Araújo, EUA.

O nome da diretora já entrega: sim, ela tem os pés no Brasil. Nascida nos EUA, mas com cidadania tupiniquim, Beth de Araújo dirige a fita mais revoltante de 2022, de longe. É verdade que o próximo da lista tem cenas bem mais chocantes, porém, o que assombra no filme de Araújo é a proximidade com o real e o atual. Minha sessão foi ainda mais forte quando sentei diante do filme sabendo NADA acerca, e nunca pensei como uma simples torta, símbolo das iguarias norte-americanas, poderia derrubar meu queixo. Filmado inteiramente sem cortes - a câmera só desliga no último segundo após ligada -, "Calmo & Silencioso" é o terror do ódio moderno com violento poder em texto e imagens.


4. Não Fale o Mal (Speak No Evil)

Direção de Christian Tafdrup, Dinamarca/Holanda

O nome de Christian Tafdrup ainda não é tão difundido nas rodas de Cinema, e isso deve ser mudado pra já com "Não Fale o Mal". Uma família dinamarquesa está de férias e conhece uma simpática família holandesa. Com a barreira linguística não existindo, os adultos formam uma amistosa ligação, que recebe o convite para um estreitamento ainda maior quando os dinamarqueses são convidados para um fim de semana na casa dos holandeses. É aí que a amizade vai por água abaixo. "Não Fale o Mal" é perverso, não tendo piedade com seus personagens e, consequentemente, com a plateia, ao atirar a todos em situações desconcertantes que escondem um segredo repugnante, tudo baseado em uma fuga de conflitos que, apesar de soarem forçadas vistas de fora, são plausíveis em sentidos amplos. E desolam.

 

3. Não! Não Olhe! (Nope)

Direção de Jordan Peele, EUA.

Existem filmes e existem experiências, e o foco principal de "Não! Não Olhe!" é o espetáculo. O terceiro terror de um dos mestres da atualidade, Jordan Peele - vencedor do Oscar pelo já clássico "Corra!" (2017) - continua seu mais-que-necessário cinema negro com uma família que é perseguida por um e.t. que decidiu transformar em casa o céu da fazenda dos protagonistas. Com performances ímpares de Keke Palmar e Daniel Kaluuya, "Não! Não Olhe!" é uma fita para ser degustada na tela gigante, com um som poderosíssimo que emoldura a maior sessão pipoca de Terror do ano e que eleva à uma nova potência o Terror alienígena - e que design belíssimo o do bichinho.


2. Até os Ossos (Bones And All)

Direção de Luca Guadagnino, Itália/EUA.

Luca Guadagnino é célebre por "Me Chame Pelo Seu Nome" (2017), mas seu melhor filme é, sem a menor dúvida, "Suspíria: A Dança da Morte" (2018), remake do clássico de 1977. Então o italiano sabe fazer um terror, e prova mais uma vez com "Até os Ossos". Uma menina é abandonada pelo pai aos 18 anos por não conseguir lidar com a natureza dela: ela é canibal. No universo do filme, canibais são uma espécie diferente de seres humanos, que nascem com a necessidade de ingerirem carne humana e com a capacidade de identificarem outros canibais pelo olfato. Ao ser abandonada, ela parte para descobrir o mundo e a si própria ao lado de outros canibais, se apaixonado por um que tem mais experiência na caçada. "Até os Ossos" passeia pelo drama, romance e terror com cenas que misturam ternura e gore na mesma medida. O significado final do título é arrasador.


1. Faces do Medo (Men)

Direção de Alex Garland, Reino Unido.

"Faces do Medo" segue uma mulher que, após o suicídio do marido, se isola em uma vila no meio do nada para superar o luto. A grande questão é: todos os homens da vila são exatamente iguais (e criativamente performados pelo mesmo ator, Rory Kinnear). O título do maior terror de 2022 pode ser muito óbvio ("Os Homens", na tradução literal), mas "Faces do Medo" é uma odisseia bizarra e claustrofóbica que desfila uma infinidade de agressões que as mulheres encontram todos os dias, sem cair em execuções óbvias - são simbolismos que exigem uma pesquisada ao fim da sessão, principalmente com os 10 minutos finais, uma das sequências mais bizarras do século. Mais um perfeito exemplar do panteão da A24 que faz a gente falar "entendi nada, mas amei".


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