Bastidores: há três anos, Mulher-Maravilha chegava pela primeira vez aos cinemas com um filme solo

Parece que foi ontem que Gal Gadot protagonizou uma das cenas mais poderosas do cinema de heróis quando apareceu pela primeira vez como Mulher-Maravilha em "Batman VS Superman: A Origem da Justiça". Lançada em 2016, a produção pode não ter dito a melhor das recepções, mas se tem uma coisa que todo mundo aclamou foi justamente a participação da heroína.

No ano seguinte, foi a vez da personagem ganhar pela primeira vez um longa-metragem para chamar de seu nos cinemas. Com Patty Jenkins na direção, a produção simboliza também a primeira vez em que a DC Comics teve um grande acerto desde o início de seu universo compartilhado nos cinemas ao lado da Warner Bros.


A princesa de Themyscira, entretanto, levou 76 anos para chegar com uma produção própria nos cinemas. O primeiro quadrinho solo da personagem surgiu em 1942 e a proposta era clara: promover a igualdade entre gêneros e empoderamento feminino. Todavia, a personagem acabou se tornando uma secretária da liga e com a morte de seu criador, William Moulton Marston, suas roupas passaram a ficar cada vez mais curtas.

Na década de 60, foi quando a personagem surgiu nas telinhas sendo interpretada Ellie Wood Walker e Cathy Lee Crosby, em uma versão da personagem que não possuía poderes. Só foi em 1975 que Lynda Carter eternizou a personagem em uma série que fez um baita sucesso na época. Houve também uma nova tentativa de levar Diana para as telinhas em 2011, mas a ideia não foi para frente.

O projeto de um filme para a heroína existe desde 1990 e passou pela mão de várias pessoas, inclusive Joss Whedon, que teve o seu roteiro recusado. Em consequência a longevidade do projeto, várias atrizes foram cogitadas para o papel principal: Eva Green, Jessica Biel, Sarah Michelle Gellar e até mesmo Sandra Bullock.


Entre todas, Megan Gale foi a mais próxima a viver a Mulher-Maravilha nos cinemas antes de Gal Gadot. Ela estaria em "Liga da Justiça: Mortal", o filme do George Miller ("Mad Max: Estrada da Fúria") que nunca viu a luz do dia. Com orçamento de US$ 220 milhões, a ideia da produção era iniciar um universo cinematográfico, mas devido ao Batman de Christopher Nolan o estúdio optou por arquivar o filme.

Quando Gadot foi anunciada, ainda em 2015, a atriz sofreu diversas críticas de fãs porque ela não tinha o corpo ideal que eles desejavam. Na época, ela rebateu as críticas: "não levo nada disso em consideração". Hoje, entretanto, é difícil imaginar qualquer outra atriz para a personagem. Ela é a Mulher-Maravilha.

A consolidação de Gal como a personagem se dá também por conta da parceria com Patty Jenkins. Podemos dizer, inclusive, que ela foi a primeira diretora do estúdio a ter uma maior liberdade quanto as suas escolhas artísticas desde "Batman VS Superman", o divisor quanto ao momento em que os acionistas passaram a pesar muito em relação a construção das tramas. "Esquadrão Suicida" se tornou todo coloridão e um verdadeiro videoclipe desconexo, enquanto "Liga da Justiça" virou um verdadeiro misto de retalhos.

Obviamente, "Mulher-Maravilha" ainda possui momentos em que é fácil supor que tenha sido uma decisão dos acionistas. O ato final cheio de raio azul e megalomaníaco muito provavelmente nunca foi o plano inicial de Jenkins, mas isso é uma suposição e provavelmente nunca teremos uma confirmação.


O que importa, na verdade, é que Jenkins mostrou que sabe fazer um verdeiro blockbuster. A Warner, aliás, a chamou para dirigir um filme da Liga da Justiça - não se sabe se o convite foi para o já lançado ou para uma sequência, mas recusou por não se conectar com a trama e por ter "muitos personagens".

A união de Jenkins e Gadot se reflete em sua bilheteria. Faltou pouco para que "Mulher-Maravilha" chegasse a casa do bilhão. Segundo o Box Office, a produção arrecadou US$ 821,8 milhões. É claro que a Warner sabia a nova mina de ouro que tinha nas mãos, tanto que não demorou muito para que uma sequência fosse anunciada. "Mulher-Maravilha: 1984" está previsto para estrear em agosto de 2020.

Crítica: “Queen & Slim” e a brutalidade policial em tempos de #VidasNegrasImportam

No dia 25 de maio de 2020, em Minneapolis, Minnesota, EUA, morria George Floyd, um homem negro de 46 anos. Sua morte ocorreu quando um policial branco, Derek Chauvin, se ajoelhou por nove minutos no pescoço de Floyd, asfixiando-o. Floyd foi detido por tentar trocar uma nota falsa de 20 dólares, e, mesmo sem oferecer resistência, foi morto pelo policial. O caso rendeu uma onda massiva de protestos ao redor do mundo que reflete sobre como vidas negras são tratadas pelas autoridades.

Bastante próximo a isso, temos o filme "Queen & Slim", longa de estreia de Melina Matsoukas no Cinema. Seu currículo é bastante extenso no mundo dos videoclipes - é dela o vídeo de "Just Dance" da Lady Gaga, "We Found Love" da Rihanna e, o mais famoso, "Formation" da Beyoncé. E, mais uma vez, Matsoukas tratava no vídeo ganhador do Video Music Award de "Clipe do Ano" a maneira como a polícia trata o corpo negro.

"Queen & Slim" segue o primeiro encontro do casal título. Queen (Jodie Turner-Smith) é uma advogada negra que não parece tão entusiasmada para estar com Slim (Daniel Kaluuya, indicado ao Oscar por "Corra!", 2017). Os dois se conheceram por meio do Tinder, e Queen, que acabara de perder um processo e ver seu cliente sendo condenado à morte, precisava de uma distração.

Após o desconfortável jantar, Slim dirige até a casa de Queen, mas no trajeto é parado por um policial branco. Não há grandes motivos para a abordagem - o rapaz realmente fez uma leve derrapagem na pista vazia -, e, mesmo sem um mandato, exige vasculhar o porta-malas do carro. Os protagonistas sabem que têm nada de comprometedor ali, porém, está estampado em seus rostos a preocupação. Por quê? Eles são negros.

No comunicado à central de polícia, a cor dos dois é repassada com ênfase. A situação rapidamente foge do controle quando o policial desnecessariamente aponta a arma para Slim e atira na perna de Queen, terminando morto quando Slim o alveja. A mulher, advogada, sabe que o destino dos dois está selado a partir de então. Dois negros matam policial branco em abordagem, a condenação é certa, não importando todos os meios que chegaram até aquele fim. Os dois fogem e deixam tudo para trás a fim de não serem presos.


A fita inteligentemente guarda os créditos iniciais todos esses primeiros minutos, só aparecendo quando a dupla decide fugir. Com a tela preta, ouvimos os dois nervosamente discutindo o que fazer enquanto os créditos rolam, como se suas vidas começassem a partir de agora. E a impressão não poderia ser mais verdadeira. Queen é incisiva ao dizer que, caso eles sejam pegos, virariam propriedade do Estado, e a escolha de palavras não poderia ser mais correta. Ela, pelos anos de experiência jurídica, sabe bem o quão diferente é o rumo entre um branco e um negro na mão da polícia.

A partir de então, a película se torna um road movie enquanto os dois fogem estradas afora. Horas depois, parando em uma lanchonete, eles descobrem que a viatura policial possuía uma câmera e o vídeo do caso está em todas as redes sociais. Enquanto a trama principal se desenrola, há uma paralela: manifestações em favor de Slim e Queen quando o noticiário informa que o policial morto já esteve envolvido na morte de um homem negro, que resultou em punição nenhuma. Sem querer, os protagonistas desencadearam um tsunami de revolta, exatamente como George Floyd no mundo real.

Tendo que abandonar todo o passado, os dois acabam tendo somente um ao outro. "Queen & Slim" é, também, um romance, e no decorrer da fuga vemos o casal conhecendo detalhes da vida um do outro, principalmente por parte de Queen, bastante reservada. É verdade que há certo clichê quando começamos o filme com o arquétipo "casal-que-não-se-gosta-mas-eventualmente-irão-se-apaixonar", todavia, a construção desse relacionamento é feita de maneira tão sensível que é capaz de superar qualquer adversidade narrativa. A forma como Queen se abre, camada por camada, é de uma beleza raramente alcançada em um filme.

Escrito por Lena Waithe - a primeira mulher negra a vencer um Emmy de "Melhor Roteiro de Comédia" -, o texto da fita é, na maior parte, bastante correto. Há, inclusive, claras indiretas para "Green Book: O Guia" (2018), o malfadado vencedor do Oscar de "Melhor Filme"; algumas sequências são bem similares (como a dos trabalhadores no campo, "emblemática" em "Green Book"), e o carro em que o casal passa a maior parte do longa é gritantemente parecido com o carro do protagonista do filme de Peter Farrelly. Gera revolta lembrar que o filmequinho de Farrelly saiu premiado com o Globo de Ouro de "Melhor Filme" quando, segundo Melina, a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood (que promove o Globo) se negou a assistir "Queen & Slim" - e, de fato, recebeu zero indicações.


No entanto, com 132 minutos de duração, a obra escorrega na artificialidade em alguns momentos. Com o ar de "nada a perder", os protagonistas fazem algumas decisões bem puxadas, como na cena em que eles param a fuga para entrar em um bar. Para ser justo, o momento ajuda a solidificar a sensação de que a população negra está do lado dos dois, entretanto, é inegavelmente imprudente. Outras, por fim, são totalmente descartáveis, como a cena do cavalo. Queen para o carro ao lado de um grande campo cheio de cavalos e conta uma história que em nada acrescenta, mas nem é esse o problema do momento. Slim diz que quer montar em um dos cavalos, mas Queen urge para que eles continuem na fuga - mas foi ela quem decidiu parar.

As faltas de sutileza da fita são provenientes de uma ação de revolta da produção, que quer deixar de forma bem didática (até demais) como as autoridades estão enraizadas com o racismo - partindo do ponto que a polícia é cunhada na defesa de pessoas brancas contra os escravos revoltosos após a abolição. Isso pode até afastar um pouco o filme de um estado mais polido e maior, mas "Queen & Slim" é deveras humano e urgente para que detalhes o atrapalhem no grito de justiça e direitos para a população negra. Gera um vazio perceber que a plateia só descobre os nomes reais dos protagonistas depois de uma sucessão de tragédias, desencadeadas por um policial racista.

É bastante intrigante - e também triste - que "Queen & Slim" tenha sido lançado nos cinemas norte-americanos poucos meses antes de George Floyd perder a vida - o filme estreou no final de 2019 por lá. Floyd não foi o primeiro (e, infelizmente, não deve ser o último) a passar pelo o que passou sob o poder de um sistema que não encontrou falhas ao longo do caminho, e sim foi construído para ser assim, o que faz de "Queen & Slim" um quadro e um aviso de uma sociedade claramente doente.


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Lista: 11 filmes que ilustram como vidas negras importam

Sempre busquei, na minha posição de crítico, dar luz a filmes e temáticas que não chegam no grande público - por inúmeros motivos. Papel obrigatório do cargo, temos que disseminar como pudemos obras que saiam no modelo mais comercial e de fácil acesso - a roda do mercado já faz esse tipo de filme chegar em todos os cantos -, e uma dessas buscas particulares são por filmes negros.

Como questionar o privilégio branco que possuo de uma forma que não ajude somente a mim? Esse é o objetivo da presente lista. Escolhi 11 filmes com protagonismo negro que fortalecem a onda do #BlackLivesMatter - que, espero, seja uma luta diária, não um modismo que nos faz colocar hashtags em rede social. O Cinema é uma das maiores armas para a quebra de paradigmas e conscientização de pautas em prol do bom funcionamento social.

A lista em questão possui 11 fitas de todos os cantos do mundo, que, em algum grau, debatem como a vida negra existe dentro do contexto escolhido. Todos os textos são livres de spoilers e escolhi filmes dirigidos por homens e mulheres, brancos e negros, que se unem para nos lembrar o óbvio:

VIDAS NEGRAS IMPORTAM



Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight), 2016

Direção de Barry Jenkins, EUA.
O que ainda resta para falar do maior vencedor do Oscar de "Melhor Filme" do século? É inegável que "Moonlight" seja um filme triste, todavia, ao mesmo tempo, é uma obra genialmente bela, tocante e verdadeira. Aqui temos um olhar brilhante de Barry Jenkins sobre temas muitas vezes esquecidos no cinema, mas urgentes, necessários e representativos como o ser gay, o ser negro, o ser periférico, o que solidifica sua inestimável importância social. Porém, você não precisa se enquadrar em algum desses três “seres” para sentir a delicadeza devastadora que “Moonlight” provoca – mas caso se encaixe, essa é uma história para toda uma vida. A de Chiron e a sua.

As Boas Maneiras (idem), 2017

Direção de: Juliana Rojas & Marco Dutra, Brasil.
Uma empregada negra é contrata para trabalhar na casa de uma rica mulher branca. A patroa está grávida, e a empregada cuida de tudo enquanto percebe que a situação está mais estranha do que à princípio parecia. "As Boas Maneiras", mais uma dádiva da dupla Rojas & Dutra, é uma fábula urbana que trabalha os gêneros terror e fantasia de maneira notória, demonstrando, sem titubear, o quanto nosso Cinema é rico ao unir criatividade com crítica social. O abismo entre os mundos daquelas duas mulheres é escancarado de maneira bizarra.

Pária (Pariah), 2011

Direção de Dee Rees, EUA.
De uma das maiores expoentes do cinema negro norte-americano - Dee Rees -, "Pária" coloca no palco Alike, uma garota de 17 anos que passa por uma batalha interna para se aceitar como lésbica. Chamado de "semiautobiográfico" por Rees (que também é lésbica), a obra é o "Moonlight" feminino: explora as dores específicas que uma pessoa negra sofre por ser gay. Alike ainda tem o peso de ser mulher e estar fincada numa família religiosa, mais um prego na cruz que deve carregar. Visual e socialmente estonteante, "Pária" é uma pérola do Cinema em todos os quesitos, mesmo percorrendo caminhos familiares. É a sinceridade da película que arrebata.

Os Iniciados (Inxeba), 2017

Direção de John Trengove, África do Sul.
Boicotado por manifestações homofóbicas, "Os Iniciados" caiu nos braços da crítica tanto pela repressão escancarada que sofreu quanto pela qualidade ao retratar um amor gay batendo de frente com tradições africanas. Um dos melhores e mais relevantes retratos da masculinidade tóxica que o cinema já viu, "Os Iniciados" é película primordial para citarmos nossos próprios privilégios ao passo que os notamos: vivemos num corpo social que permite liberdade das amarras do patriarcado em vários níveis, enquanto naquele meio do filme não há escapatória. Esse "Moonlight" versão africana, que foi semifinalista ao Oscar 2018, se diferencia da fatia gay no cinema ao trazer grande e valioso reforço cultural para compor suas situações, encurralando seus personagens, encarcerados em tradições tóxicas que oprimem e rendem discussões fortes, cruas e urgentes no ecrã.

Eu Não Sou Uma Bruxa (I Am Not A Witch), 2017

Direção de Rungano Nyoni, Zâmbia/Inglaterra.
Se “Os Iniciados” é a exposição de tradições masculinas africanas, “Eu Não Sou Uma Bruxa” é sobre ritos femininos no continente, mais precisamente a cultura da bruxaria. Obra fundamentalmente sobre mais uma exploração feminina sob gananciosas mãos do homem, dessa vez temos um contexto inédito no cinema, o que a faz ainda mais relevante. O plano de fundo da produção pode extrapolar as tradições africanas e se encaixar em diversos modos de tratamento rebaixador e degradante que a figura da mulher passa em diversas sociedades até presente momento. Documento cultural necessário e visualmente espetacular, "Eu Não Sou Uma Feiticeira" é realização cinematográfica que se apropria do status de "obra-prima".

Corra! (Get Out), 2017

Direção de Jordan Peele, EUA.
O último terror a chegar no Oscar de "Melhor Filme", "Corra!" é um evento cultural e marco no gênero. Um jovem negro finalmente vai à casa dos pais da namorada branca. Há toda uma tensão velada, que parte do próprio protagonista, mas todos não param de falar o quanto estão de braços abertos para a diversidade do casal, o que, não surpreendentemente, é faxada para um plano maquiavélico. O longa não está preocupado em esconder seus clichês e óbvias referências; o que “Corra!” está preocupado é em compor momentos que elevam o seu gênero, carregado por cenas geniais e discussões sobre racismo postas de maneira lúdica, esperta e incisiva pelas lentes do diretor/roteirista Jordan Peele - que levou o Oscar de "Melhor Roteiro Original". Nunca um filme foi tão inteligente ao expor como a cultura negra é apropriada.

Infiltrado Na Klan (BlacKkKlansman), 2018

Direção de Spike Lee, EUA.
Spike Lee é porta-voz do cinema afro-americano há décadas, e provavelmente ele encontrou seu nirvana em 2018. "Infiltrado na Klan" é fincado sobre uma louca história real de um policial negro que arma um plano para se infiltrar na Ku Klux Klan, a seita de supremacia branca que assola os EUA até hoje. A pertinência temporal do longa consegue assustar quando a KKK começa a mostrar suas garras em pleno séc. XXI, consequentemente, o tapa na cara de "Infiltrado na Klan" é forte. Sem o intuito de educar brancos (e sim de empoderar negros), o filme é um terror da realidade - a última cena é para aniquilar qualquer segurança da época em que vivemos (e estamos, literalmente, vivendo)

Garotas (Bande de Filles), 2014

Direção de: Céline Sciamma, França.
Céline Sciamma é uma das mais fabulosas cineastas em atividade; todo o seu Cinema é baseado na análise de gênero em diversos contextos, épocas e abordagens. Seu ímpeto para fazer "Garotas" surgiu pela falta de filmes franceses que estudem o foco do filme: a adolescência de meninas negras no país. Ao ser questionada porquê produzir o longa sendo uma mulher branca, falou "eu não quis dizer como vivem as pessoas negras, e sim a cara da França e da juventude que eu estava vendo". "Garotas", ao focar na vida de sua protagonista tentando se encaixar, discorre por raça, gênero e classe sem perder a delicadeza. A cena com "Diamonds" da Rihanna vale por tudo.

Tangerina (Tangerine), 2015

Direção de Sean Baker, EUA.
"Tangerina" vai na cola de uma prostituta e sua amiga - ambas interpretadas por atrizes trans -, que, ao descobrirem a traição do cafetão, saem em busca do traidor e sua amante. Qual o cerne do filme? A triste e estreita ligação entre a transsexualidade e a marginalização. É nada confortável encarar de frente os vários tópicos que a obra escancara sem vergonhas, porém, "Tangerina" é um filme sobre como a sororidade é peça indispensável para a sobrevivência de pessoas ainda varridas para debaixo do tapete. Longe de um trato plástico e artificial na tela, "Tangerina" vem como um sopro de ar livre ao dar voz, provocar e abordar uma realidade marginalizadora de forma crível, correta e socialmente relevante. E foi inteiramente filmado com celulares.

Atlantique (idem), 2019

Direção de Mati Diop, Senegal.
Mati Diop fez história ao ser a primeira mulher negra a competir no Festival de Cannes, e "Atlantique" saiu com o segundo maior prêmio de sua edição. Alguns anos no futuro, na capital Dakar, um grupo de trabalhadores embarca para, clandestinamente, chegar na França a fim de uma vida melhor. Ada fica desolada quando descobre que seu namorado faz parte do grupo, e ainda mais devastada quando a notícia da morte de todos chega na cidade. Um drama político, discutindo a crise de imigração na Europa e o atual contexto econômico da África, "Atlantique" criativamente adota temas sobrenaturais para contar essa história de amor além do plano físico. Pode soar muitas vertentes, mas o filme está nas mãos de uma diretora totalmente ciente do poder de seu texto e imagens.

Um Limite Entre Nós (Fences), 2016

Direção de: Denzel Washington, EUA.
"Um Limite Entre Nós" é um filme de atuações e diálogos, com um conjunto que preza pela observação daqueles espelhos de vida, repleto de análises sobre o conceito de família, autoridade e cumplicidade entregues com bastante crueza e honestidade. É um longa complexo e denso, atuado com maestria por Viola Davis e Denzel Washington. Muito mais do que explorar um difícil arranjo familiar, Denzel consegue extrair brilho dos renegados pela sociedade ao entrar pela porta da frente no mundo onde a população negra era designada, revelando suas batalhas, seus dramas e suas dores. A obra se torna um quadro representativo importante a partir do quintal de uma família negra nos anos 50 quando vemos que, 70 anos depois, muitas daquelas situações não mudaram. Assim, a importância do filme grita.

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A chuva virou tsunami! Lady Gaga e Ariana Grande estreiam “Rain On Me” no topo da Billboard Hot 100

Choveu, e não foi pouco não, hein! Lady Gaga e Ariana Grande inundaram a Billboard Hot 100 com seu novo single, “Rain On Me” e, de acordo com atualização da principal parada de singles americana, liberada nessa segunda-feira (01), estrearam a canção já no 1° lugar.

A colaboração de Gaga e Ariana deixou pra trás outros grandes competidores como Megan Thee Stallion e Beyoncé com “Savage”, DaBaby e Roddy Ricch com “Rockstar” e The Weeknd com “Blinding Lights” e se tornou a primeira parceria feminina na história a estrear direto no topo da Hot 100.



Lady Gaga agora soma cinco canções em n° 1 na parada: “Just Dance”, “Poker Face”, “Born This Way”, “Shallow” e, claro, “Rain On Me”. Isso faz dela uma das poucas artistas a terem #1s em três décadas diferentes: anos 2000, 2010 e 2020.

Já Ariana Grande também bateu um recorde: agora ela é a primeira artista na história a estrear quatro músicas no topo da Hot 100, superando Justin Bieber, Drake e Mariah Carey. Além de “Rain On Me”, ela estreou em 1° lugar com “Thank U, Next”, “7 rings” e “Stuck With U”.

“Rain On Me” é o novo single do “Chromatica”, o sexto disco de Lady Gaga, lançado na última sexta-feira (29). Não sabemos vocês, mas nós vamos comemorar esse #1 ouvindo um dos melhores discos pop do ano: 

Pra salvar o fim de semana: festa online, Trophy, terá 8 horas de Gaga, Charli XCX e hits do pc music

Charli XCX lançou seu “How I’m Feeling Now”, Lady Gaga chegou com “Chromatica”, Dua Lipa já estava por aí com “Future Nostalgia” e seguimos impedidos de dançar ao som de todos esses hinos na balada mais próxima.

Sendo assim, a alternativa continuam sendo as festas virtuais que, felizmente, estão servindo até demais nesses tempos, nos permitindo um escape a rotina de isolamento com muita música boa, socialização e entretenimento.

Em sua terceira edição virtual, nona contando com sua versão da “vida real”, a festa Trophy voltará ao ZOOM no próximo sábado, dia 6 de junho, e, prometendo oito horas de festa, entregará muita fritação com setlists inspirados no hyperpop, pc music, bubblegum bass e o que a festa chama por “pop do futuro”.


Entre os artistas que costumam ser destaque na festa, temos Dua Lipa, Lady Gaga, Rina Sawayama, Charli XCX, Slayyyter, além de brasileiros como Pabllo Vittar, Lia Clark, Mia Badgyal e Linn da Quebrada.

Sábado (06) a festa contará com DJ sets de Jana Duarte, Tintel, ST, Sunshine Vendetta, Sophie da Rua Augusta, Pepapuke e Yazzion, além de duas atrações surpresas, que serão anunciadas em suas redes sociais pelos próximos dias.

De graça, a festa será transmitida pela plataforma de videoconferência ZOOM, onde todos aparecem através de sua câmera, e para participar, basta retirar seu ingresso gratuito no Sympla e acessá-lo no dia do evento.

Mais uma vitória da era “Chromatica”! Lady Gaga domina o Spotify com a estreia de seu novo disco

Nunca duvide do poder de Lady Gaga. Com a estreia de seu sexto disco, o “Chromatica”, nessa sexta-feira (29), a artista provou que também pode dominar os streamings, tendo um grande debute no Spotify.

A atualização da plataforma, divulgada no início deste sábado (30), mostra a cantora ocupando os dois primeiros lugares do Top 50 mundial com “Rain On Me”, parceria com a Ariana Grande, e “Sour Candy”, com o grupo de k-pop BLACKPINK.

Confira as posições completas:

#1 Rain On Me (with Ariana Grande)
#2 Sour Candy (with BLACKPINK)
#12 Alice
#13 Stupid Love
#17 911
#18 Free Woman
#23 Fun Tonight
#24 Chromatica I
#26 Enigma
#27 Plastic Doll
#29 Sine From Above (with Elton John)
#30 Chromatica II
#34 Replay
#40 Babylon
#49 1000 Doves
(A interlude “Chromatica III” não aparece no chart por ter menos de 30 segundos)

Assim como no Spotify WW, Lady Gaga também colocou todas as faixas do “Chromatica” no Top 50 do Spotify USA. O destaque vai para “Alice” que, gritando para ser single, garantiu também um Top 10:

#2 Rain On Me (with Ariana Grande)
#3 Sour Candy (with BLACKPINK)
#10 Alice
#12 Free Woman
#15 911
#16 Stupid Love
#19 Fun Tonight
#21 Chromatica I
#23 Plastic Doll
#25 Enigma
#28 Chromatica II
#33 Replay
#34 Sine From Above (with BLACKPINK)
#41 Babylon
#46 1000 Doves
(A interlude “Chromatica III” não aparece no chart por ter menos de 30 segundos)

Também precisamos falar do nosso país, é claro! Por aqui quebramos um recorde importantíssimo e fizemos do “Chromatica” o álbum com a maior estreia na história Spotify BR. Brazil, I’m devastated? Hoje não!

No total, o “Chromatica” conquistou mais de 48,3 milhões de streams em suas primeiras 24 horas no Spotify, sendo o quarto maior debute de um álbum esse ano na plataforma e a terceira maior estreia de um disco feminino no geral, atrás apenas da Ariana Grande com o “Thank U, Next” (70,2 milhões de streams) e da Taylor Swift com o “Lover” (54,9 milhões de streams).

E disseram que a Lady Gaga estava morta, hein?

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