Crítica: “A Vida Invisível”, nosso representante ao Oscar, e o patriarcado tropical do dia a dia

Foi uma agradabilíssima surpresa quando "A Vida Invisível" venceu o prêmio de "Melhor Filme" na mostra "Um Certo Olhar" do Festival de Cannes 2019, acompanhando a vitória de "Bacurau" (2019) na competição principal, que levou o Prêmio do Júri. A vitória de dois filmes brasileiros numa mesma edição é reflexo da fase atual que nosso cinema vive – não por acaso, os dois foram os principais na disputa para a seleção do Oscar 2020 de “Melhor Filme Internacional” (o antigo “Filme Estrangeiro”).

"A Vida Invisível" é o primeiro longa brasileiro a vencer a "Um Certo Olhar", que só nos últimos tempos viu como ganhadores diversas obras-primas, como "Dente Canino" (2009), "Depois de Lúcia" (2012), "A Ovelha Negra" (2015), "Um Homem Íntegro" (2017) e "Fronteira" (2018). Mais uma honraria em seu currículo foi a escolha do filme para nos representar no Oscar, em uma acirrada disputa: “A Vida Invisível” foi o escolhido por um voto de diferença de “Bacurau”.

É necessário compreender que, se tratando do Oscar, as escolhas são feitas como uma campanha política. Vence quem melhor vender seu trabalho, não o melhor trabalho em si. Por isso, “A Vida Invisível” foi uma escolha muito acertada, mesmo não sendo o melhor filme nacional do ano. Os motivos são vários, porém destaco três pontos importantes.

O primeiro é que “Bacurau” possui um plot que coloca norte-americanos em posições bastante controversas para a Academia – imagine os votantes vendo gringos da forma que foram expostos no filme (não darei spoilers acerca). O segundo é que a história de “A Vida Invisível” é de mais fácil digestão por focar no melodrama, à la Pedro Almodóvar – e melodrama faz a Academia tremer na base. O terceiro é que a obra tem Fernanda Montenegro no elenco, a única atriz brasileira a ser indicada ao Oscar em toda a história, ou seja, é figura familiar. Depois da desastrosa escolha de “O Grande Circo Místico” (2018) na última edição, é para respirar aliviado ter um selecionado à altura da qualidade do cinema tupiniquim.

“A Vida Invisível” entra na intimidade de duas irmãs, Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler), no Rio de Janeiro da década de 50 - curiosidade: assisti ao filme em companhia do diretor Karim Aïnouz e ele disse que o título foi alterado de "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", o nome do livro de Martha Batalha que inspirou o filme, para o atual por focar na vida de inúmeras mulheres invisibilizadas, não apenas na de Eurídice (e que seu título internacional favorito é o da Alemanha, "A Saudade das Irmãs Eurídice e Guida"). Filhas de imigrantes portugueses, as garotas são pesadamente reprimidas pelos pais, e desde o início demonstram as dinâmicas diante da repressão: enquanto Guida faz de tudo para burlar as rígidas regras do pai, Manuel (interpretado por Antônio Fonseca), Eurídice se molda de acordo com as leis paternas.


Guida se esgueira para cair na noite com seu namorado grego, e foge com ele sem aviso, para o desespero de Eurídice e a vergonha do pai. O evento é decisivo na vida de todos da família. Sem o apoio da rebelde irmã, Eurídice dança ainda mais conforme a música, aceitando o casamento arranjado com Antenor (Gregorio Duvivier), sem nunca ter visto o homem despido. Ela recebe, de uma amiga, dicas do que seria a noite de núpcias, mas nada a prepararia para um sexo tão brutal de um homem que via a esposa apenas como máquina de prazer particular - a sequência é proposital e corretamente horrível. Ela nem resiste, tão condicionada a obedecer o que viria de qualquer homem.

Enquanto isso, Guida volta da Grécia grávida e sem marido – a relação com o namorado acabara tão rápido como começara. Uma mulher fugida que retorna prenha e descasada era o que havia de mais humilhante para a imagem de uma família, e Manuel expulsa a filha de casa aos berros. Guida só queria saber de uma coisa, onde estava a irmã. O pai mente: Eurídice, exímia pianista, teria ido estudar em Viena. Ir até a Áustria se tornara, então, o objetivo de Guida.

A dinâmica do filme se torna essa: o pai mentindo para as duas irmãs. Eurídice imagina uma vida ensolarada nas praias da Grécia para Guida e Guida escreve sobre como Eurídice deve estar ocupada sendo uma famosa pianista e dando autógrafos aos europeus. A realidade é que ambas estão na mesma cidade. É deprimente ver como as irmãs projetam uma realidade para a outra que, a cada dia, mais impossível fica graças ao patriarcado. A película, maliciosamente, introduz uma cena em que as duas por pouquíssimo não se esbarram, gerando genuína tensão na plateia, ansiosa para o enfim reencontro das duas, que vão embora sem imaginar que a irmã estivera ali momentos antes. É astuto, então, lembrar da primeiríssima cena, onde as irmãs se perdem em uma floresta e, mesmo gritando o nome uma da outra, jamais conseguem se reunir, uma metáfora visual da trama.

Guida inicialmente decide abandonar o bebê recém-nascido, mas muda de ideia e resgata a criança quando conhece Filomena (Bárbara Santos, que também estava conosco na sessão), uma poderosa mulher negra que a acolhe como filha. Há uma forte ligação entre as duas através da sororidade, e Filomena é uma revolucionária em meados do séc. XX quando Guida noite após noite procura o homem da sua vida e ela responde com um esperto "A gente não precisa de homem para nos divertimos!".


Já Eurídice evita veementemente engravidar, pois isso atrapalharia o caminho rumo ao estrelato no piano. Antenor, em contrapartida, não dá a mínima, e a mulher acaba engravidando. O roteiro finca suas garras em um lado feminino até hoje repudiado: quando a mulher deliberadamente não quer ser mãe em prol de sua carreira. Para Eurídice, isso era inapropriado, com a família sendo o que há de mais importante na vida feminina. Rejeitar a maternidade era um crime. Ou ainda é? A personagem sofre um enorme baque ao ver seu sonho escorrer pelos seus dedos com uma criança indesejada por vir e a censura de todos os machos ao seu redor em relação ao seu sonho.

"Você não se importa com seu marido? Com sua família?", questiona Antenor. "Ele está completamente certo", acrescenta Manuel. E assim segue a vida de Eurídice, esbofeteada constantemente pela mão fantasmagórica do machismo. Talvez o viés mais afiado dentro do filme é o lado sexual de sua protagonista: para ela, o sexo é uma ferramenta de adestramento do marido, nunca um ato de prazer. Em uma emblemática cena, Antenor deseja transar em cima do piano da esposa enquanto ela toca, e ela insistentemente sugere o sofá. Ela não faz isso porque anseia a interação, e sim para que o marido não destrua o piano. Ela quer salvar o que lhe é mais caro e usa o sexo para isso.

A obra executa um belíssimo (e preocupante) estudo acerca do matrimônio. As mulheres são, há séculos, ensinadas desde sempre a perseguirem o casamento, a tábula de salvação de suas vidas. Os homens, é claro, não são educados com os mesmos fins. De uma forma bem aberta, o casamento nas lentes do filme é um contrato capitalista, pois estamos falando de relação de posse. O amor romântico existe para aprisionar as pessoas em regras egoístas que as tornam objetos, principalmente em relação a mulher - contudo, o patriarcado não é benéfico nem mesmo para o homem. Como se não bastasse, todas essas obrigações sociais são pintadas como um mar de rosas. Eurídice, no presente, ouve um "Foram 67 anos de casamento, que bonito!" do filho, e ela (e nós) sabemos que houve nada belo vindo dali; a protagonista penou naquele relacionamento infeliz, incapaz de quebrar suas correntes. Quem nunca viu o casamento dos avós com décadas adentro virando o exemplo de relação perfeita, sem saber das agressões que aconteceram por trás dos sorrisos fotográficos?

Majoritariamente passado na década de 50 - apenas as duas últimas cenas ocorrem no presente -, por mais desconfortável que seja a realidade daquelas mulheres, é um alívio ver como a vida feminina conseguiu mais direitos e liberdades 60 anos depois. O roteiro passeia por várias situações que exemplificam como o corpo feminino é subserviente ao homem - Guida não pode tirar o passaporte sem a permissão do marido que não existe -, e dá para ficar esperançoso em relação aos ritmos das conquistas feministas, porém, por outro lado, o homem continua igual mais de meio século depois. Aquele Antenor é o retrato fiel de tantos e tantos homens que fazem o Brasil ser o quinto país no ranking de feminicídios. "A Vida Invisível" não leva os atos às últimas consequências, mas é um filme sutilmente violento.

Aïnouz, após a sessão e os aplausos, falou que a película não se tratava de um filme feminista, mas sim uma obra contra o machismo, e essa é uma boa definição. Aquele microuniverso de classe média, de renegação social, de pobreza e marginalização, emula tantas e tantas histórias de resistência que qualquer um pode se sentir envolvido. Forte quando foca nas intimidações do patriarcado e emocionante quando entra no amor incondicional de duas irmãs que se separam graças à maquiavélica união de homens, "A Vida Invisível" é, além de sensacional exemplo do nosso majestoso cinema nacional no Oscar, um garboso melodrama que se torna um documento da nossa sociedade que deve, e muito, à vida feminina. Ter como uma das últimas cenas o rosto de Fernanda Montenegro afogada em saudade é lindo demais.

Crítica: “The Nightingale” é irresponsável ao evocar uma vingança feminista branca

Atenção: a crítica contém spoilers.

Quando Jennifer Kent viu que seu filme de estreia, "O Babadook" (2014), estava sendo um sucesso, afirmou que estava surpresa com a recepção, e eu devo concordar com ela, mesmo que para outro sentido. "O Babadook", por muitos eleitos como um dos melhores filmes de terror da década, nada mais é que um "Esqueceram de Mim" (1990) visualmente caprichado e com toques sobrenaturais. O hype não me parecia congruente.

Assim como o anterior, "The Nightingale" (ou "O Rouxinol", em tradução livre), seu novo filme, está sendo recebido de braços abertos, vencendo, inclusive, o prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza 2018. E, para meu ainda maior descontentamento, não podia discordar mais da admiração ao redor da nova obra - ainda mais triste por saber da dificuldade de destaque para cineastas femininas dentro de uma indústria ainda tão “machocentrada”.

O longa conta a trágica história de Clare (Aisling Franciosi), uma irlandesa condenada pelo império britânico na Tasmânia. Ela vê toda a sua família ser assassinada e decide virar a mesa numa caçada a fim de se vingar de quem destruiu tudo. O plot é familiar, usando uma estrutura famosa por “A Vingança de Jennifer” (1978): o rape & revenge movie.

Clare é estuprada em duas cenas diferentes, e vai, da maneira mais clichê possível, seguir os mesmos passos do subgênero, popular nos anos 70: a protagonista é brutalmente estuprada e deixada para morrer > a protagonista recupera as forças e se organiza para sair em vingança > a protagonista se vinga matando os culpados. O que mais chama a atenção é que as sequências são estranhamente letárgicas.

Assistir à uma cena de estupro, mesmo ficcional, é nada agradável, e não deve ser mesmo. Nomes como “Irreversível” (2002) filmam os horrores do ato com o intuito de impactar o público e fazer com quem esteja do lado de cá da tela se revolte. “The Nightingale” faz nada disso. Clare é estuprada pela primeira vez e não existe um ar de emergência, o que é um erro gravíssimo.

Na segunda vez, ainda mais elementos do horror são inseridos quando ela é estuprada enquanto o marido e o bebê (!) são assassinados na sua frente. Só que não existe um desenvolvimento competente para a cena burlar o limite do gratuito. A violência extrema não é sensorialmente compatível com seu aspecto gráfico.


E essa impressão, logo no primeiro ato, é fixo por toda a longuíssima duração (não precisavam mesmo todos os 136 minutos). Alguns pontos são os responsáveis por isso. Em primeiro lugar, o mais básico: “The Nightingale” se passa séculos atrás e não é realizada uma composição fidedigna com o período. Com um design de produção que tenta (e fica na tentativa) repetir o sucesso de “A Bruxa” (2015), é um erro elementar que a maior parte das produções de época repete: achar que o imagético é o suficiente para recriar um período.

Desde o primeiro segundo, os personagens de “The Nightingale” parecem estarem fantasiados ao invés de indivíduos fincados em seu tempo. Isso se deve a uma direção de atores ruins, que não cuida em fazer com que as performances evoquem como as pessoas do tempo em questão falam e agem. Pode ser por preguiça, pode ser com incompetência, pode ser por atuações ruins, ou até todas as opções anteriores. Até a franquia "Piratas do Caribe" (2003-17) dá um show nesse departamento.

O segundo ponto é a superficialidade de seu roteiro enquanto desenvolvedor de personagens. Todos eles são unidimensionais, com motivações ralas e pateticamente destinados a desfechos óbvios desde os créditos iniciais. Mas ele se autojustifica pela importância do contexto em que a trama está inserida: a Guerra Negra entre a Inglaterra e os aborígenes negros da Tasmânia. Quem mata a família de Clare são soldados britânicos, e ela vai precisar da ajuda de um aborígene na sua jornada de vingança.

Esse é o segundo filme a ser uma-pessoa-branca-viajando-com-uma-pessoa-negra-e-revendo-seu-racismo-ao-descobrir-que-brancos-e-negros-são-iguais dentro do mesmo ano: “Green Book: O Guia” (2018), o malfadado vencedor do Oscar 2019 de “Melhor Filme”, tem o mesmo passo a passo. Ser comparado com o filme de Peter Farrelly é, por si só, um demérito, entretanto, “The Nightingale” tem a audácia de ir mais longe e ser muito pior que “Green Book” – que se contenta com a alcunha de “inofensivo”.

Enquanto vaga pelas densas florestas, Clare vê o rastro de destruição deixado pela guerra entre brancos e negros, só que, claro, o lado com as maiores perdas é o negro. Vemos os aborígenes sendo humilhados, massacrados, assassinados e estuprados. Isso mesmo, em menos de uma hora de filme temos uma TERCEIRA cena de estupro, dessa vez contra uma mulher negra que surge na tela única e exclusivamente para ser capturada e estuprada. Não vemos o ato (felizmente), porém, o roteiro tem a coragem de jogar corpos negros no ecrã para gratuitamente serem violentados. Se isso não for “porn torture”, não sei o que é.


O filme recebeu grande controversa pelas sequências, respondidas por Kent com o atestado de que o filme contém detalhes historicamente apurados da violência colonial, o que sim, é verdade. O que Kent não põe na mesa é a relevância de diversas sequências dentro da história em si. Outro exemplo é a cena em que o aborígene junto com Clare é desconsertadamente convidado a sentar na mesa de jantar com uma família branca. Ao se sentar, ele chora. É revoltante o circo criado pelo filme quando usa uma pessoa negra aos prantos pela bondade incessante do colonizador branco. Vejam aí, nem todo branco é racista!

Clare vai intimamente sendo testemunha do genocídio negro enquanto vai se amigando com o aborígene – que é posto como alívio cômico, porque né, melhor ideia impossível. A película literalmente se utiliza do sofrimento negro para dar força na jornada de uma mulher branca, tudo em nome de uma agenda feminista – se um feminismo empodera apenas um tipo de mulher, ele não serve para muita coisa. É óbvio que a dor de Clare não pode ser minorada em momento algum, só que o roteiro cria um paralelo entre sua tragédia particular com a tragédia de toda uma população. Beira o mau-caratismo.

Muitos dos detratores de “The Nightingale” afirmam que não era da competência de Kent, uma mulher branca, contar uma história sobre genocídio negro, o que discordo. Realizar um apartheid cultural, dizendo quem pode falar o quê, é um retrocesso na arte que é o Cinema (ou qualquer uma, na verdade). O problema é que, quando você não possui o “local de fala” de um tópico e as coisas dão erradas, tudo soa ainda pior – e o saldo de “The Nightingale” é trágico. Comento mais sobre a problemática na crítica de "Garota" (2018).

Até mesmo nos aspectos feministas que tentam justificar a existência desse filme são falhos: os sonhos (vergonhosos) que emulam um transtorno pós-traumático de Clare só focam na perda de sua família - é o marido com o bebê nos braços dizendo que estão bem do lado de lá. Ela é estuprada várias vezes e o roteiro joga fora o peso de algo que, por si só, era capaz de aniquilar o psicológico de qualquer mulher.

“The Nightingale” é um filme que tem como objetivo deixar a plateia revoltada com as opressões racistas e patriarcais que arrastam um rastro de sangue há séculos, todavia, nem a boa intenção aqui é capaz de inibir o gosto amargo de uma produção puramente ruim. Os bons aspectos - o uso de línguas nativas - são meras gotas d'água em meio a um oceano de escolhas desastrosas dessa pseudo odisseia feminista que tem como lenha para sua vingança um perigoso discurso de "esse é um filme importante".

Estamos nos sentindo bem pra caramba com esse remix de "Good As Hell", da Lizzo com a Ariana Grande

Nas últimas semanas, "Good As Hell", da Lizzo, tem subido em disparada ao Top 10 da principal parada norte-americana, a Billboard Hot 100. Pra aproveitar o momento e dar uma revitalizada na canção, que é de 2016, a cantora e rapper chamou ninguém menos do que a Ariana Grande para um remix. 

A nova versão da música chegou nessa sexta-feira (25) sem muito alarde. Ainda que muitos rumores com relação à essa parceria estivessem circulando pela internet, foi somente nessa quinta-feira, em uma live, que Lizzo confirmou o lançamento da faixa.

E como já era de se imaginar, a dupla funcionou muitíssimo bem. Ambas tem vocais poderosos e sabem muito bem como usá-los, tendo, assim, se complementado de forma bastante harmoniosa. Ainda que tenhamos sentido falta de escutar um pouquinho mais da Ariana na canção, o remix valeu e ficou uma delícia.



Vale lembrar que, atualmente, Lizzo ocupa o primeiro lugar da Hot 100 com "Truth Hurts", single de 2017 (impressionante como ela tem talento pra hitar faixas antigas, né? Atemporal sim!). A música, que já é um dos maiores hits do ano, está no topo do chart há 7 semanas não consecutivas.


Vem aí mais um #1 com "Good As Hell"?

Kesha é minha pastora e nada me faltará! Cantora está de volta com o popzão de “Raising Hell”

Ela tá de volta (e em sua melhor forma!). Kesha retornou nessa quinta-feira (24) com o single “Raising Hell”, uma ode ao popzão que a consagrou no início de sua carreira.

Divertida e dançante, como já esperávamos pelas prévias, “Raising Hell” aposta em uma pegada mais orgânica e menos eletrônica, funcionando como uma perfeita transição entre a Kesha que vimos no “Rainbow” e essa nova versão da cantora, que vai explorar sua sonoridade mais antiga. 

Interessante também é que a canção traz de volta os saxofones, que foram sucesso nas músicas pop lá do meio da década, mas sem soar datado: o instrumento chega no refrão e soa refrescante com a ajuda do rapper Big Freedia, mais conhecido pelos versos de abertura de “Formation”, e que aqui manda uma das frases mais chicletes da música. Drop it down low! 


Já no clipe da faixa, lançado também nessa quinta, Kesha aparece como uma pastora com um marido abusivo. No maior estilo “How To Get Away With Murder”, Kesha acaba matando o homem e, para fugir e despistar a polícia, adota um novo visual.


Que jeito perfeito de se começar uma era, né? 

E já podemos decretar essa quinta-feira como o Dia Nacional da Kesha, porque temos uma surra de novidades da artista. Depois de lançar “Raising Hell”, ela liberou para pré-venda o disco “High Road”. Com 15 faixas, incluindo um feat. entre Kesha e Ke$ha (sim!), o álbum chega no dia 10 de janeiro.

Confira a capa e a tracklist do material:


1. Tonight
2. My Own Dance
3. Raising Hell (feat. Big Freedia)
4. High Road
5. Shadow
6. Honey
7. Cowboy Blues
8. Resentment (feat. Brian Wilson & Sturgill Simpson)
9. Little Bit Of Love
10. Birthday Suit
11. Kinky (feat. Ke$ha)
12. The Potato Song (Cuz I Want To)
13. BFF (feat. Wrabel)
14. Father Daughter Dance
15. Chasing Thunder

É pra louvar de pé, irmãos!

Agora ela não para mais! De surpresa, Selena Gomez lança a dançante "Look At Her Now"

Depois de abrir os trabalhos de seu novo disco com a baladinha "Lose You To Love Me", Selena Gomez liberou mais uma inédita nessa quinta-feira (24): a dançante "Look At Her Now"

Insiders já diziam que a cantora lançaria essa música ainda nessa semana, e imagens do clipe, divulgado junto com a faixa, chegaram a cair na internet, mas até então Selena parecia focada em "Lose You", tanto é que ela nada disse sobre o lançamento dessa canção e deixou pra liberá-la assim, totalmente de surpresa. 

Mas, olha, que grata surpresa! Pra quem não gostou tanto assim do clima sentimental do primeiro single oficial do sucessor do "Revival", "Look At Her Now" é o oposto: apesar da temática parecida e de funcionar como uma continuação ao estilo "sacode a poeira e dá a volta por cima", a faixa é feita pra quem prefere as farofas da nossa Seleninha e tava sentindo falta de algo mais vibrante. 



Agora vai ser assim, lançamento toda hora e sem nem aviso prévio? Sim, por favor, aceitamos os termos e condições. 

A espera acabou! Selena Gomez lança "Lose You To Love Me" como primeiro single de seu novo disco

Atenção! Isso não é um treinamento!

Tá acontecendo, galera. Quatro anos depois do "Revival", Selena Gomez começou sua nova era com o lançamento do single "Lose You To Love Me" nesta quarta-feira (23), e é claro que a qualidade já era uma garantia. 

Artista como é, Selena apostou em uma balada poderosa com tons de música gospel em seu refrão para marcar seu retorno, algo que ela já havia explorado em seu último álbum. Funcionando quase como uma sucessora de "The Heart Wants What It Wants", o novo single é visceral, viciante e honesto, tendo tudo para se tornar um grande hit nesse final de ano. 



Com sangue no olhar no começo dessa nova era, Selena aproveitou o lançamento do single para também liberar o clipe da canção. A produção aposta no simples, com uma fotografia toda em preto e branco e o foco total nas expressões da cantora. Ah, o vídeo foi todo filmado com o novo iPhone 11 (o jabá, meu pai!). 



Além de "Lose You To Love Me", insiders que acertaram o lançamento desse single afirmaram que nos próximos dias Selena deve lançar mais uma música chamada "Look At Her Now", que deve soar como algo mais dancehall e ganhar um clipe bem colorido. Seja o que for, pode mandar, porque queremos mais!

Análise: porquê as quase 3h do corte do diretor marcam “Midsommar” como uma obra-prima

Atenção: o texto contém spoilers.

Se por algum acaso você não seja um desses cinéfilos que acompanham as notícias do mundinho do Cinema, talvez tenha perdido a versão do diretor de "Midsommar: O Mal Não Espera a Noite" (2019) - segundo filme de Ari Aster, badalado diretor do maior terror da década, "Hereditário" (2018). Do que se trata? Originalmente conhecida como "director's cut", é a versão idealizada pelo diretor, que diverge da versão lançada em cinemas. Isso acontece porque, quando a distribuidora garante os direitos de vender o filme para as salas, ela tem poder em decidir o corte que vai ser exibido - e inúmeros longas ganharam uma edição especial contendo o filme projetado originalmente.

Quando Ari Aster chegou com o corte final de "Midsommar", a A24, distribuidora da obra, falou com toda educação: "então, dá pra cortar mais?". O filme finalizado pelo diretor tinha 171 minutos, quase 3h, e era uma versão grande demais, o que seria menos vendável.

Há uma lógica mercadológica por trás da decisão da A24: quanto maior a duração de um filme, menos sessões diárias ele pode ter; enquanto um filme de 1:30h tem, digamos, seis sessões, o de 3h obviamente só caberá na metade delas, o que corta pela metade o montante a ser arrecadado. Além disso, o público se assusta com 3h de filme, escolhendo, muitas vezes, um mais curto entre as opções em cartaz - nem vou entrar no mérito dos filmes de super-herói com 3h (ou mais), afinal, é um filão à parte e exceção à regra.

Aster então voltou para a sala de edição e, sofridamente, reduziu seu filme à duras penas, o que foi aprovado para ser distribuído. A versão de cinema, com 147 minutos, ainda assim era robusta, mas o suficiente de acordo com a A24. Foi essa a versão que eu – e todo mundo – assistiu primeiramente (deixo aqui meu descontentamento com a demora do lançamento da película em solo brasileiro, mais de dois meses depois da estreia internacional e uma semana antes do lançamento digital).

Felizmente, o diretor conseguiu, também, lançar sua versão idealizada – nos cinemas foi apenas nos EUA, no entanto, o arquivo digital chegou no final de setembro, facilitando o acesso ao que seria o corte ideal segundo seu realizador. Antes de entrarmos na versão estendida de “Midsommar”, uma rápida passada pela sinopse: após uma tremenda tragédia pessoal, Dani (Florence Pugh) vai com o namorado Christian (Jack Reynor) para a Suécia, a fim de presenciar as comemorações do solstício de versão de uma comunidade isolada. Lá, ela se divide entre os bizarros ritos e o relacionamento à beira do desastre.

Seria um exagero dizer que nova versão é um “filme diferente” do que vimos no cinema; mesmo 20 minutos (a duração retirada) bastando para mudar completamente um filme, vários momentos que Aster retirou são cortes de aceleração de ritmo. Eles são diminuídos e, comparando com o corte de 147 minutos, não fazem tanta diferença assim – como a sequência dentro do carro, quando o pessoal está dirigindo até o local das comemorações. No entanto, existem cenas vitais para unir o todo e que foram ou descartadas completamente ou severamente decepadas. Vamos a cada uma delas.

1: Christian convida Dani a ir até a Suécia

Há um atrito latente quando Dani descobre que Christian vai até a Suécia – sem informa-la. Na versão de cinema, há um grande corte entre esta cena e o momento que Christian avisa aos amigos que Dani vai acompanha-los (para o desgosto quase geral). Já na versão completa, a cena se desenrola mais, acrescentando detalhes sobre o estado emocional da protagonista – ainda de luto pela morte da família – e como o namorado é, sem rodeios, um completo covarde. A cena vista da maneira que Aster intencionou é um grande bloco que ilustra a precária união dos dois.

2: Christian esquece do aniversário de Dani

Como um lixo de namorado que é, Christian esquece do aniversário da amada – mesmo a viagem sendo exatamente no dia. Esse corte foi bem pequeno, porém, Aster agora deixa explícito do esquecimento quando Pelle, um dos amigos, avisa Christian sobre a data – antes só vemos Christian preocupado com algo e perguntando se Dani falou sobre alguma coisa. Deixar abertamente expositivo projeta ainda mais como o namorado não coloca Dani como prioridade.

3: A cena do lago

Após o primeiro estágio das comemorações – a fatídica cena do penhasco –, há outro passo cultural que é totalmente excluído no corte de cinema. Acontece um ritual que mostra um garotinho decidido a se suicidar em nome da Mãe Natureza, para o desespero de Dani (inclusive, tal ritual vai explicar como um dos personagens morre no final, uma dúvida que não é claramente respondida pelo corte de cinema). Ela diz a Christian que vai embora, enquanto o namorado fala um belo “então pode ir, porque eu não vou”.

Há uma briga de extrema importância aqui, e não consigo ver motivos que convenceram Aster a tirar toda a sequência – ela poderia vir imediatamente após a cena anterior sem o ritual do lago. Talvez o motivo da exclusão seja porque essa é a única cena noturna depois que os personagens chegam no vilarejo – no corte de cinema, a luz do dia não vai embora momento algum, um efeito brilhante.

4: Christian planeja roubar a tese de Josh

A motivação fundamental da viagem é que Josh, um dos amigos, está fazendo sua tese de doutorado em Antropologia, e usará a comunidade como objeto de estudo. Só que Christian, até então perdido sobre o tema de sua tese, decide roubar a ideia do colega. Enquanto assistia ao filme, achava muito deslocado o estopim para essa decisão, que não havia recebido tratamento devido – tudo surgia do nada.

E o motivo para esta impressão é graças ao corte feito na cena em que Christian agradece Pelle pelas informações sobre a comunidade, sendo que foi Josh quem fez a pergunta. Ali está a semente do que viria a florescer no roubo da ideia, um acontecimento muito sutil, mas que fundamenta uma motivação que recebe muito peso no roteiro, afinal, é mais um bloco de construção da persona de Christian.

5: Christian se aproxima de Maja

Uma das cenas mais desconcertantes de “Midsommar” é o ritual sexual que faz Christian engravidar Maja, uma das meninas do vilarejo. Há diversas trocas de olhares entre os dois, todavia, a primeira interação entre eles, no que vimos no cinema, é na derradeira cena da cópula. Isso porque foi retirado um momento em que ele deliberadamente vai até Maja com o pretexto de investigar sobre a cultura do local. Isso acontece logo após a briga do lago, como se Christian já não estivesse dando a mínima para a relação e dando abertura para a garota que estava jogando sinais de interesse.


Como podemos ver, Aster priorizou manter as cenas que colocam Dani em primeiro plano em detrimento do desenvolvimento de Christian, limado com a redução de 20 minutos, então, assistir à versão completa é uma experiência muito mais rica. Os cinco pontos citados são peças-chaves na costura do roteiro sobre como Christian é enquanto pessoa e, principalmente, enquanto namorado de Dani.

Muito peso psicológico foi retirado, e todo ele é fundamental para entendermos com ainda mais afinco a decisão do clímax, quando Dani escolhe sacrificar o (ex) namorado. Nem o público consegue ficar do lado do rapaz quando ele se mostra egoísta, egocêntrico e totalmente preocupado unicamente em si próprio, passando por cima de quem seja necessário.

E é inegável como esse lado ainda mais reprovável de Christian impacta diretamente em Dani, explicando sua instabilidade emocional e destruição psicológica. Pelle pergunta para ela: “Você se sente acolhida por ele?”. Com todas as cenas completas, a resposta é um “Não” ainda mais definitivo.

Curioso, também, perceber como os minutos a mais tornam “Midsommar” mais fluido – já que as peças se unem de maneira correta –, e as quase 3h correm sem que percebamos. É verdade que, querendo ou não, estamos revendo o filme e revisando alguns pontos e simbologias que antes não percebemos – como o painel que abre o filme e possui o roteiro do começo ao fim. Seguir por esse caminho – primeiro ver a versão de cinema e depois o corte do diretor – é a experiência mais interessante enquanto filme e enquanto entendimento da indústria. Com 20 minutos a mais, “Midsommar” se consagra como obra-prima.

Solta o batidão disco! Dua Lipa libera teaser de seu novo single, "Don't Start Now"

Esse final de ano vai ser animado, hein? Entre tantos lançamentos já confirmados, temos agora mais um single pra ficar de olho: "Don't Start Now", da Dua Lipa, que deve chegar em algumas semanas. 

Depois de fazer um blackout em suas redes sociais, Dua voltou nessa terça-feira (22) com um teaser de sua mais nova música, e o pouco que escutamos já serviu pra nos deixarmos com bastante expectativa para essa nova era. Tá disco, tá dançante, tá uma delícia! 


Em entrevista para a revista NME, Dua Lipa contou que seu novo disco será mais maduro e "disco-heavy", com bastante "instrumentalização ao vivo". Pra isso, ela recrutou ninguém menos do que a lenda Nile Rodgers, além de ter feito algumas sessões de estúdio com a Tove Lo

Animados para essa dance perfection?

Kesha anuncia o disco "High Road", que vai reconectá-la ao pop do início de sua carreira

Prontos para as farofas?

Kesha vai nos deixar muito bem alimentados no final desse 2019. A artista anunciou nessa segunda-feira (21) o álbum "High Road", que vai explorar uma sonoridade bem pop, como a do início de sua carreira, e que chegará ainda esse ano. 

Para nos apresentar ao projeto, Kesha liberou um trailer maravilhoso do material, em que mostra o que pode ser a capa do disco e prévias de várias músicas, entre elas "Raising Hell", que será o primeiro single do "High Road". E, pelo que vimos, achamos que vem álbum visual por aí. Olha só:


No trailer, Kesha falou um pouquinho também sobre o processo criativo de "High Road" e as diferenças desse projeto para o anterior, o aclamadíssimo "Rainbow"

"Quando eu escrevi o 'Rainbow', eu estava em um momento bem diferente. Eu tive que falar sobre tópicos bem sérios. Mas agora, em meu novo álbum, eu revisitei minhas raízes de pura e absoluta alegria debochada”


Segundo rumores, o single "Raising Hell", cuja uma prévia do clipe já foi divulgada, deve chegar ainda esse mês.




Se tudo isso já não fosse suficiente para nos deixar bem animados para o "High Road", se liga só na lista de colaborações presentes no projeto: teremos co-composições de Dan Reynols, vocalista do Imagine Dragons, Nate Ruess, da banda fun., Tayla Parx, mais conhecida por suas músicas com a Ariana Grande, e Justin Tranter, conhecido por trabalhos com Selena Gomez e Britney Spears. Já na produção, Kesha contou com nomes como Jeff Bhasker, que trabalhou recentemente com Harry Styles, e Ryan Lewis, produtor de "Praying". 

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