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Pegue sua varinha e vá ao cinema: "Animais Fantásticos e Onde Habitam" vale o hype!


Quando mais um filme do universo de Harry Potter foi divulgado, nós todos ficamos entusiasmados, principalmente ao saber que J.K. Rowling, autora responsável pelo livros do bruxo mais famoso do mundo, seria a roteirista. Aos poucos, várias novidades foram sendo reveladas, nos deixando cada vez mais ansiosos - e apreensivos - para conferir o resultado do longa-metragem, intitulado "Animais Fantásticos e Onde Habitam" e baseado em um livro-apêndice de Harry Potter, publicado originalmente 2001. Após sua estreia, que ocorreu na última quinta-feira e movimentou muitos fãs ao redor do planeta, o It Pop! foi conferir o filme e te contamos: vale a pena!

Ambientado na Nova York de 1926, cerca de setenta anos antes dos eventos de "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (que chegou aos cinemas em 2001), "Animais Fantásticos e Onde Habitam" gira em torno de Newt Scamander (Eddie Redmayne), um tímido magizoologista britânico, que acabara de chegar à movimentada cidade norte-americana. Sem sabermos ao certo seus objetivos, acompanhamos o excêntrico personagem e sua maleta - cheia de criaturas mágicas - por situações cômicas e de infortúnio, que acabam causando a fuga de alguns animais pela cidade e provocando alvoroço no Congresso Mágico dos Estados Unidos (MACUSA), que teme a exposição do mundo mágico.

O primeiro ato do filme é bastante introdutório, apresentando não só Newt como também os personagens que acompanham sua jornada em seguida: o não-maj (termo americano para "trouxa", ou "não-mágico") Jacob Kowalski (Dan Fogler), que é basicamente o alívio cômico do filme; a bruxa Porpetina Goldstein (Katherine Waterston), funcionária bem-intencionada do MACUSA e sua irmã Queenie Goldstein (Alison Sudol), cujo charme e poder de ler mentes a tornam a personagem mais carismática do quarteto. 

Paralelamente, outro núcleo, mais sombrio, também é introduzido: trata-se da comunidade radical Nova Salém, uma espécie de seita caça às bruxas que remete ao episódio das "Bruxas de Salém", ocorrido nos EUA em 1692, onde várias pessoas foram executadas sob acusação de bruxaria. Este grupo é liderado pela fanática Mary Lou Barebone (Samantha Norton), com a participação de seus filhos adotivos Credence (Ezra Miller), Modesty (Faith Wood-Blagrove) e Chastity (Jenn Murray). Sua atuação em Nova York instiga os líderes mágicos, em especial Percival Graves (Colin Farrell), um influente auror (espécie de general e investigador do Congresso Mágico).

Por tratar-se de uma história completamente nova e distante de Hogwarts, a necessidade de uma contextualização torna o ritmo dos momentos iniciais mais lento e desinteressante, o que pode desagradar públicos mais adultos, visto o tom familiar e mais "leve" das sequências de ação e humor. No entanto, com o desenrolar do núcleo envolvendo a Nova Salém, a narrativa torna-se mais densa em atmosfera e temática, preparando o público para o clímax. As duas distintas propostas não conversam muito entre si; as cenas estreladas por Newt são mais coloridas e engraçadas, enquanto as sequências com Credence, Mary Lou e Percival compõem um enigmático e perverso tom de terror. No entanto, são esses contrapontos que mantém o longa-metragem fluido, não tornando-o tão cansativo em suas duas horas de duração.

Os momentos mais prazerosos do filme, inclusive, estão na revisita ao mundo mágico: o clima fantasioso orquestrado pelo diretor David Yates (responsável pelas quatro últimas produções da franquia Harry Potter) nos causa um conforto nostálgico e maravilha a percepção dos new-comers.  A ambientação é visualmente agradável, com todo o art-decó luxuoso da década de 20 e o tom sépio característico dos espaços urbanos em ascensão. O CGI é aqui muito bem produzido, assim como no criativo design dos animais fantásticos e seus habitats, apesar de não ser tão crível em algumas cenas. O 3D é bem aplicado, a trilha sonora de James Newton Howard (da franquia "Jogos Vorazes", 2012-2015) é cativante (como deveria ser) e o figurino da maravilhosa Collen Atwood ("Alice Através do Espelho", 2016) vai animar os fãs cosplayers.

Dentre os membros do elenco, que em sua maioria entrega boas performances (o Colin Farrell até tenta, gente!), destacamos dois: o queridinho Eddie Redmayne, que apesar de alguns maneirismos, entrega mais de uma faceta de Newt Scamander, apresentando boa preparação física, e Ezra Miller, talento de uma geração, que constrói talvez o personagem mais intenso de todos. (Queremos citar também a Alison Sudol, porque a Queenie ganhou nossos corações).

"Animais Fantásticos e Onde Habitam" certamente entrega um ótimo entretenimento, não decepcionando os fãs do universo bruxo com seus diversos easters eggs e preparando o público para suas sequências, que certamente virão cheias de mistério e conteúdo interessante. Tirem suas varinhas do armário, pois a magia está de volta.

Resenha: a ousadia de Suzanne Collins e seu universo caótico em "Jogos Vorazes"!


Antes de tudo, avisamos que o texto a seguir possui pequenos spoilers que referem-se ao primeiro livro da saga "The Hunger Games". Caso você não tenha lido ou assistido à algum volume, tome cuidado com a leitura.

Desde o primeiro contato que tive com as obras de Suzanne Collins, tive a sensação de estar lendo algo que estava prestes a tornar-se um grande sucesso. Os livros já chamavam a atenção do público, porém foi graças à adaptação aos cinemas que a história de Katniss Everdeen tomou conta da imaginação de milhões de pessoas.

No primeiro livro, "Jogos Vorazes", somos fisgados pelo enredo com facilidade. Uma premissa interessante que consegue facilmente alcançar o público de forma abrangente: depois da destruição da civilização moderna, nas ruínas onde outrora fora situada a América do Norte, conhecemos Panem, uma nação dividida em 13 distritos governados pela ditadura da Capital. Após uma grande rebelião, o 13º distrito, responsável pela iniciativa de caráter revolucionário, é destruído e surgem, então, os Jogos Vorazes. A Capital, adepta do regime absolutista e ditatorial, vive luxuosamente graças às responsabilidades divididas entre os distritos; cada um é responsável por uma atividade que garanta o padrão de vida dos privilegiados. E para que uma nova rebelião seja evitada, foi criada uma competição anual, na qual 24 jovens, entre 12 e 18 anos, dois de cada distrito, mais conhecidos como tributos, são postos em uma arena para lutar até que sobre apenas um vencedor. A competição, conhecida como "Jogos Vorazes", é um alerta à todos sobre a soberania da Capital e o que acontece quando a desafiam.


Logo de cara, notamos a ousadia de Collins: ela criou um universo caótico enraizado no realismo das relações sociais e políticas da própria sociedade moderna, evidenciando situações e contextos que pintam, de forma clara, os problemas advindos do capitalismo exacerbado e da crise mundial pós-globalização. Essa perspectiva fica sob holofotes quando é retratada a pobreza de Panem e a vida de seus trabalhadores. E para construir seu cenário, o enredo  também apóia-se em questões antropológicas, o que discutiremos nos próximos posts da saga. Não, a história não é sobre um jogo homicida, mas Collins conseguiu utilizar-se desta parte específica para atrair a atenção para temas ricos e mais complexos.

No primeiro volume da coleção, já percebemos que Collins nos apresenta uma heroína diferente e que foge do estereótipo que o leitor está acostumado. Ela não é delicada e indefesa, é uma chefe da família que batalha diariamente pelo sustento de sua mãe e irmã. E não é motivada pelo amor de um mocinho e nem luta por um homem - na realidade, Katniss aceita participar dos jogos para poupar a vida de sua irmã mais nova, e não calcula seus atos friamente ou com segundas intenções para estimular uma revolução, ela, inclusive, chega a questionar seu papel de heroína. 

E seria Katniss o verdadeiro ícone da revolução? Sua história com Rue é legítima e realça sua bravura contra a Capital, mas quando sugeriu a Peeta comer as amoras, ela realmente tinha conhecimento do simbolismo de sua atitude? Esta premissa permite a compreensão de que todas as personagens estão, de certo modo, à mercê do sistema e das situações que direcionam o comportamento humano. Cato e os outros tributos são realmente vilões? Ou apenas vítimas do sistema? Afinal, todos estão ali para sobreviver, e a única garantia que isto venha a acontecer é matar todos os outros, e neste contexto, os instintos prevalecem.


Apesar de Katniss protagonizar a história, devo declarar que meu personagem favorito é, sem dúvidas, Peeta. Talvez porque ele seja o verdadeiro herói que Panem merecesse, ideia que é desenvolvida ao longo dos outros livros. Lembrei-me de imediato da trilogia "Batman" de Christopher Nolan - no desenrolar do enredo, o homem-morcego torna-se o héroi que Gotan precisava e não o que a cidade merecia. O mesmo ocorre em "Jogos Vorazes" - de imediato, o povo de Panem precisa de uma faísca, e Katniss é quem começa o incêndio revolucionário contra a Capital. Mas seria ela a pessoal ideal para combater os instintos humanos? Peeta também funciona como parte de um triângulo amoroso entre a protagonista e Gale, o grande amigo de Katniss, que desperta um sentimento confuso em seu coração. Conhecemos também Cinna, o fabuloso estilista responsável por colocar os tributos do distrito 12 em evidêrncia com uma entrada triunfal nas cerimônias de abertura dos jogos - aliás, Cinna é o porto-seguro da personagem principal durante os preparativos para o grande massacre.



E se você assistiu ao filme e acha que tudo é igual, por favor, recomendo a leitura, principalmente pela riqueza dos detalhes e a forma como a autora direciona os debates construídos de uma maneira bem didática. Muitas dúvidas pairam no ar logo após a leitura deste primeiro livro: Katniss sofrerá alguma punição por enfrentar a Capital no desfecho da 74ª Edição dos Jogos Vorazes? Qual foi o efeito deste ato nos 12 distritos? Qual será a reação de Peeta quando descobrir a estratégia de Katniss para ganhar a simpatia do público e patrocínios? Qual o significado do Tordo?

Nos vemos na resenha de "Em Chamas"! And may the odds be ever in your favor!

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