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Não deixe "Paddington 2" passar despercebido por você, e nós te dizemos o porquê

Simples e encantador. Esses dois adjetivos podem ser utilizados para descrever o primeiro filme de “Paddington”, lançado em 2014 (e disponível na Netflix), mas certamente sua sequência, que aterrisou no Brasil ainda neste início de 2018, consegue elevá-los a outro nível de intensidade. Tendo dito isso, é preciso ser direto e esclarecer algo: se você acredita que se trata de mais um simples “filme de criança”, está devidamente enganado (e perdendo a diversão). “Paddington 2” é sincero e charmoso, e não estamos sozinhos ao achar isso; ostentando 100% de aprovação no Rotten Tomatoes e nomeado a três BAFTA, o filme é uma aposta certíssima para quem procura entretenimento para todos (incluindo adultos), daqueles que arrancam um sorriso do rosto.

Apesar de pouco popular no Brasil, o urso Paddington é bastante popular no exterior: símbolo da cultura britânica, o personagem (que, ironicamente, não é europeu, possuindo fictícia nacionalidade peruana) tem origem dos livros de Michael Bond, famoso autor inglês do século XX (que faleceu ano passado). As publicações infantis, de muito sucesso na época, acabaram inspirando a fabricação de ursos de pelúcia que remetiam ao simpático protagonista, e movimentaram o mercado local de brinquedos. Hoje eles são souvenirs londrinos - mas isso tudo é história.

Quanto ao filme, o herói peludo e desastrado é introduzido já em seu dia-a-dia com a família adotiva, os Brown (cujo time é encabeçado pelos atores Sally Hawkins, de A Forma da Água; Hugh Boneville, do seriado Downton Abbey, e Julie Walters, da franquia Harry Potter). Aproximando-se o aniversário de sua tia, uma ursa de quase cem anos que mora em um “abrigo para idosos” na selva do Peru, Paddington deseja presenteá-la com um livro pop-up antigo que traz monumentos históricos de Londres. Ele só não sabe que, por tratar-se de um artefato raro e com pistas para um tesouro, o livro também é cobiçado pelo falido ator Phoenix Buchanan (Hugh Grant), que não medirá esforços para tê-lo em suas mãos.

Trazendo a mesma equipe do filme anterior, incluindo o diretor Paul King, esta continuação toma início de forma tímida, reaproveitando algumas piadas de seu predecessor. No entanto, não demora para que o doce visual comece: com um CGI competente, um figurino  excêntrico (que lembra o universo do diretor Wes Anderson) e uma direção de arte encantadora, as sequências iniciais já são permeadas com um dos diferenciais da franquia “Paddington”: o charme de uma história que orgulha-se de ser clássica.

Em muito remetendo ao universo da literatura infantil britânica, não é difícil traçar paralelos entre o longa metragem e obras como “O Ursinho Pooh”, de A.A. Milne, e “Mary Poppins”, de P.L. Travers. A família Brown e sua residência, inclusive, soa como um eco da família Banks da Cherry Three Lane, protagonista dessa última. Há inclusive uma leve semelhança à “George, o Curioso”, dos germano-americanos H.A. Rey e Margret Rey. Todas obras “aconchegantes” e memoráveis, adaptadas carinhosamente aos cinemas - e não com toques modernos, como promete a versão deste ano para “Pedro Coelho”, de Beatrix Potter. 

A escolha em traduzir-se a obra de “Paddington” para um mundo colorido e até vintage mantém uma essência que muito desperta nostalgia. E, somando-se a essa afeição instantânea, engatam-se surpresas após o sumiço da já citada timidez inicial: a ação e o humor irônico. Ainda que a ingenuidade permeie a obra, esse segundo filme ganha uma nova camada de atrevimento (sem perder a pureza) e doses de uma ação que, embora fantástica, não beira tanto ao absurdo. Conquista o espectador em boa dose, sem espaços para tédio.

Enaltecendo ainda mais Londres - desta vez com espaço para seus pontos turísticos, obras culturais e criações modernas, como a imprensa e a locomotiva a vapor, o filme do urso otimista busca explorar elementos marcantes de uma das civilizações mais antigas e tradicionais do mundo, mas com um toque narrativo que pesa como homenagem ao invés de ufanismo agressivo. Proporciona uma viagem às terras da Rainha, sem parecer uma evidente e desnecessária propaganda da cidade.

Em suma, “Paddington 2” já nasce com simpatia instantânea. Seguindo seus trilhos de forma exemplar,  o longa-metragem é afetuoso, sem exageros ou cinismos, e proporciona uma experiência alegre e cativante, que leva à risca a classificação de “para todas as idades”. Mantém-se, sem medo, longe das efervescências pós-modernas, e comprova que ainda há elegância nas histórias tradicionais (quando bem contadas).

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