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It Pop Especial: 10 musas de seriados atuais para comemorarmos o Dia Internacional da Mulher!


Para comemorar o dia internacional das mulheres, data que deveria ser celebradas todos os dias, resolvemos listar algumas mulheres que marcam nosso cotidiano pela simples presença naquele nosso seriado favorito. Elas são responsáveis por diversas lágrimas, sorrisos e sentimentos que nos dão a impressão de que somos seus amigos íntimos, compartilhando segredos e momentos únicos - personagens que, muitas vezes, gostaríamos de encontrar na vida real. 

Sabemos que são muitos shows e fica difícil escolher somente dez, então nossa proposta é tentar abarcar um pouco de cada gênero. Vale lembrar que consideramos somente séries atuais, mas isso não significa que não lembramos de ícones da televisão como Phoebe Buffay, Rachel Green, as amadas desperate housewives, Buffy, Laura Palmer e afins. Vamos lá?

Gloria Prichett (Sofia Vergara), Modern Family:


Latina de temperamento forte e sangue quente, Gloria é a musa de Modern Family. Ela não teme a verdade, é sempre honesta e nunca deixa de falar o que pensa. Mãe dedicada e protetora, a colombiana não cansa de mimar seus filhos e seu marido, Jay Pritchett (Ed O'Neill), muitos anos mais velho que ela, mas sempre com uma boa dose de humor e pavio curto. Seria uma dona de casa de respeito, caso fosse atração da antiga série de Lynette Scavo e companhia.


Max Black (Kat Dennings), 2 Broke Girls:


Com um humor irônico, ácido e único, Max é aquela melhor amiga que todos amaríamos ter do nosso lado. Garçonete e amiga leal de Caroline, a personagem sempre está no vermelho e cercada de problemas; mas isso não é o fim do mundo, afinal, a moça nunca se entrega ao desepero e lida com todas as situações sem fazer drama e com muito bom humor, algo raro na realidade. E podemos ser honestos... quem nunca quis experimentar um dos famosos cupcakes feito por ela?


Sophia Burset (Laverne Cox), Orange is the New Black:


Uma das personagens mais interessantes da série que retrata a rotina de um presídio feminino nos EUA, Sophia, uma belíssima transexual, era bombeiro enquanto ainda não havia assumido sua nova identidade e acabou sendo presa por usar cartões de crédito roubados em incêndios que apagava. Na cadeia, é cabeleireira e responsável por trazer à tona assuntos delicados e sensíveis à sociedade, enquanto tenta encontrar uma maneira de aproximar-se de seu filho. Pasmem, mas em Orange Is The New Black, a personagem não é tratada com clichês e nem é motivo de piadas. Uma mulher séria cuja história é tratada de uma forma bem humana e sem preconceitos.


Penny (Kaley Cuoco), The Big Bang Theory:


Quem não é apaixonado pela loirinha que conquistou todos os nerds da casa ao lado? É difícil não cair de amores por Penny, a deusa subestimada pelos amigos da ciência, que ainda sonha em ser uma famosa atriz de Hollywood. The Cheesecake Factory é muito pouco para a personagem que conseguiu conquistar a simpatia do público com um timing sensacional e o coração do tamanho da explosão que deu origem ao universo, o big bang. E aos fãs da série, aposto que ninguém recusaria um live de "Soft Kitty" cantado pela loira quando ficamos doentes.


Norma Louise Bates (Vera Farmiga), Bates Motel:


Quando assistimos à construção do relacionamento totalmente disfuncional de Norman e sua mãe, podemos notar que ela foi uma figura importantíssima para que possamos compreender a mente do protagonista. Uma mulher que vive suas emoções de uma maneira duvidosa, sempre escondida na sombra daqueles que a rodeiam. Norma Louise Bates é a mulher da vida de Norman e não poderíamos esquecê-la, afinal, seu sangue foi responsável por imortalizar a historia dos Bates nos cinemas e tornou-se em clássico do terror.




Sarah Manning (Tatiana Maslany), Orphan Black:


Quando Sarah Manning presencia o suicídio de uma mulher chamada Beth, que parecia exatamente igual a ela, resolve assumir sua identidade em um apartamento de classe média alta e um namorado aparentemente inocente. Só não imaginava que também estaria entrando em uma caçada de outras mulheres com sua exata mesma aparência.


Michonne (Danai Gurira), The Walking Dead:


Uma das personagens mais icônicas da TV atualmente, Michonne que há muito vinha sendo extremamente calculista e com “dificuldades” de interação com outras pessoas, hoje compartilha uma bagagem de fatos vividos com Rick Grimes, tornando-se fundamental à sobrevivência do grupo o qual resolveu fazer parte e principalmente à sobrevivência do personagem principal. Ainda que tenha sofrido muitas perdas no passado (e presente) e ter sido fria com todos na maior parte do tempo, Michonne, e sua grande habilidade com a katana que carrega o tempo inteiro, logo se tornou uma das grandes favoritas do público desde sua primeira aparição no final da 2ª temporada.


Lucille Bluth (Jessica Walter), Arrested Development:


De um conduta extremamente questionável, a matriarca da família Bluth merece comemorar seu feriado. Lucille Bluth é uma socialite alcoólatra que raramente a vemos sem um drink na mão. Vive em sua cobertura com seu filho mais novo (de 30 anos), com quem mantém uma relação de afeto nada saudável e constantemente em conflito. Certamente não levaria o prêmio de mãe do ano, uma vez que se diz abertamente não ligar para seu filho mágico banido, sempre esperar cheques do filho responsável pela família ou ter esquecido que adotou uma menino chinês para parecer boa pessoa perante uma agência do Governo, passando anos sem falar nada além de seu nome (que na verdade nem nome era)… ainda assim, Lucille mora nos nossos corações.


Alicia Forrick (Julianna Margulies), The Good Wife:


Alicia Florrick é um advogada que, logo após passar no exame da Ordem, desistiu da carreira e seguiu sua vida como mãe, dona de casa e esposa do procurador do Estado. Depois de anos sem jamais ter exercido a profissão e ter virado piada no estado inteiro - seu marido lhe traiu, renunciou o cargo e foi preso -, Alicia consegue um emprego no escritório de um antigo amigo e a partir de então começa a alterar a má fama do seu nome até que seja considerada uma das melhores advogadas do país. Uma mulher fenomenal.


Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), Game of Thrones:


Nascida na Tormenta e Rainha dos Ândalos do Rhoinares e dos Primeiros Homens, Senhora dos Sete Reinos, Khaleesi e Mhysa do povo. Quebradora de correntes, tem 3 dragões que a adoram e um BFF que a protege 24 horas… Daenerys Targaryen já passou por poucas e boas desde o seu nascimento, sendo obrigada a fugir de Westeros, ser vendida pelo irmão e passado fome pelos desertos de Essos. Hoje, Dany possui um exército numeroso e uma horda de seguidores que só aumenta a cada temporada, até que resolva retornar ao reino de Westeros para retomar o que é seu, com fogo e sangue.



Colaborou: Sebastião Mota

Oscar Review: dizem que "Philomena" é o mais fraco entre os concorrentes ao Oscar, será mesmo?


FILME: Philomena (idem)
DIREÇÃO: Stephen Frears
ROTEIRO: Steve Coogan, Jeff Pope
PAÍS: Estados Unidos/França/Reino Unido
ELENCO: Judi Dench, Steve Coogan, Sean Mahon, Michelle Fairley
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Atriz (Judi Dench), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora.

O último filme do nosso especial Oscar 2014, "Philomena", de Stephen Frears, é considerado o concorrente com o menor poder "bélico" entre os indicados ao prêmio de "Melhor Filme" - isso reflete no número de indicações por ele recebido, quatro, o menor número entre todos os concorrentes ao principal prêmio da noite ("Gravidade" e "Trapaça" tem 11 indicações cada, os maiores da vez). Porém engana-se quem acha que esse filme é inofensivo, água com açúcar ou menor. É um filme grande e delicioso.

Baseado numa poderosa história real, "Philomena" conta a história da personagem título, interpretada com muita paixão por Judi Dench. Quando jovem, Philomena engravida e é mandada a um convento, onde lá é forçada a se separar do filho, e desde então a mãe nunca mais soube notícias dele. 50 anos depois disso, ela decide, com a ajuda de Martin Sixsmith (Steve Coogan), um jornalista tentando se achar na profissão, procurar o filho sumido.

Irlandesa, Philomena enfrenta os costumes, para ela, estranhos do britânico Martin. O choque de culturas é um dos maiores feitos do filme, com Stephen Frears construindo cenas essenciais para notarmos as personalidades distintas dos protagonistas, como na cena do café da manhã. Ao mesmo tempo que ambos buscam o filho de Philomena, buscam também achar seus lugares no mundo. Philomena se sente incompleta sem o filho, mesmo depois de tanto tempo. Martin se sente incompleto na profissão, sem saber qual deve ser o próximo passo.

Quanto mais próximos do paradeiro do filho, mais subtramas são acrescentadas à trama. O que viria a ser uma simples "dramocomédia" acaba ganhando força, com discussões sobre homossexualidade, ética jornalística e principalmente religião. Alguns críticos acusaram o filme de ser "anti-cristão" pelos ferrenhos acontecimentos causados pelo convento de Philomena, e que a levaram àquela situação. E todas essas subtramas são tratadas de forma competente, sem passar "só por cima", o que enfraqueceria a obra.

Se não bastasse a trama riquíssima e incrível (não se esqueçam que é baseada em fatos reais) ainda temos as performances de Steve Coogan, convincente no seu papel cético e metódico, e Judi Dench, maravilhosa, que concorre ao Oscar de "Melhor Atriz". Judi cria uma velhinha apaixonante, tridimensional, humana e palpável. Claro, tudo isso é pesadamente ajudado pelo roteiro de Jeff Pope e do próprio Coogan, que criam situações espertas e inteligentemente identificáveis. Gostar ou não de "Philomena" é fácil, difícil é se manter indiferente.

Mesmo sendo mais um filme que não ganhará o reconhecimento merecido, seja por parte de premiações quanto daqueles que insistem em dizer que ele não deveria concorrer ao Oscar de "Melhor Filme", "Philomena" é um drama lindo, divertido, classudo e que nunca cai em maneirismos ou sentimentalismos de um real e noventa e nove. Se adaptado por um novelista competente, daria uma ótima novela das nove.

P.S.: "Trapaça" concorre em sete categorias a mais que "Philomena" e tem duas horas a menos de beleza.


Confira todas as resenhas do nosso especial Oscar 2014:

Oscar Review: Alexander Payne nos presenteia com um dos melhores filmes do ano, "Nebraska"!


FILME: Nebraska (idem)
DIREÇÃO: Alexander Payne
ROTEIRO: Bob Nelson
PAÍS: Estados Unidos
ELENCO: Bruce Dern, Will Forte, June Squibb, Bob Odenkirk
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Bruce Dern), Melhor Atriz Coadjuvante (June Squibb), Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia.

"Nebraska", o novo filme de Alexander Payne, diretor do premiado "Os Descendentes" e "Sideways - Entre Umas e Outras", não tem chances de ganhar o Oscar de "Melhor Filme". É meio abrupto começar com essa afirmativa, mas é a realidade. E o que isso significa? Absolutamente nada, principalmente diante a um filme monstruoso como esse.

Bruce Dern, ganhador da Palma de Ouro de "Melhor Ator" no Festival de Cannes em 2013, vive Woody Grande, um idoso alcoólatra que pensa ter ganho um milhão de dólares. Ele então parte até Nebraska para receber o tal prêmio, e arrasta com ele David (Will Forte), um dos seus filhos. Embarcamos então numa lunática viagem dos dois que desenterrará nuances da vida de toda a família.

Todo em preto e branco, com uma fotografia linda de morrer, "Nebraska" é um filme redondinho: tem drama para nos tocar e comédia para nos divertir. O que poderia ser um erro acaba magistralmente nas mãos de Payne, que conduz um filme delicioso e poderoso. O roteiro apoteoticamente lindo de Bob Nelson guarda o coração do filme, universalmente humano, digno da indicação ao Oscar que recebeu.

Antes de chegam em Nebraska para receber o prêmio, pai e filho param na cidade que Woody cresceu. Lá, ele "revela" que ficou milionário e a notícia se espalha com velocidade, transformando o idoso numa celebridade local, e ao mesmo tempo alvo de interesseiros capazes de tudo para lhe enganar, incluindo sua própria família. Mesmo com David repetindo a todo o momento que tudo aquilo é uma loucura da cabeça do pai, todos estão cegos e surdos perante o montante a ser resgatado por Woody.

As situações então ficam cada vez mais sérias, e tudo por causa de algo que não existe - o tal dinheiro. Começa então a surgir rachaduras nas estruturas familiares de Woody que agregam valor emocional ainda mais incrível ao filme. É tudo tão simples e real, tão próximo das pessoas comuns que não há como não sentirmos simpatia pelo velhinho amalucado. O que soa melancólico e pesado é leve e reflexivo, tudo sem ser piegas ou cafona.

A maior vitória de "Nebraska" é fazer com que tudo funcione: direção, roteiro e atuações (June Squibb levantando a saia no cemitério é de matar). Mesmo sendo um filme "menor" entre os concorrentes à estatueta de "Melhor Filme", já é um dos melhores do ano. Pode - e deve - terminar a noite sem o reconhecimento que merece, todavia o maior reconhecimento que esse filme magnífico pode receber é o do espectador. Para resumir, "Nebraska" é um filme sobre ser, e as felicidades e infelicidades desse ato grandioso.


ÚLTIMAS OSCAR REVIEW:

PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "Philomena", de Stephen Frears, sexta, 28 de fevereiro.

Oscar Review: o forte "12 Anos de Escravidão" de Steve McQueen levará o Oscar de "Melhor Filme"?


FILME: 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave)
DIREÇÃO: Steve McQueen
ROTEIRO: Steve McQueen, John Ridley
PAÍS: Estados Unidos/Reino Unido
ELENCO: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Lupita Nyong'o, Sarah Paulson, Quvenzhané Wallis, Brad Pitt, Paul Dano
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Chiwetel Ejiofor), Melhor Ator Coadjuvante (Michael Fassbender), Melhor Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong'o), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino, Melhor Montagem, Melhor Design de Produção.

Para um filme ganhar o Oscar de "Melhor Filme", a maior honraria cinematográfica do mundo, existem algumas variáveis. Ao contrário do que se parece, não é a qualidade a maior delas, é a campanha. Sim, campanha, como um político que almeja a presidência. Produtores gastam milhões vendendo a imagem dos seus filmes, atores e tudo mais, para quem sabe ganhar um homem dourado - é por isso que tantos filmes ganham injustamente a categoria (alô "O Discurso do Rei"). Mas de vez em quando os votantes da Academia fazem certo e dão o prêmio a um filme digno, e ao que tudo indica, 2014 será assim.

"12 Anos de Escravidão" é o grande favorito da noite para a maior categoria. O filme é um drama épico sobre Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um negro livre que em 1841, nos Estados Unidos, é sequestrado e vendido como escravo, o qual passou, como nos revela o título, doze anos preso. Vemos então sua jornada pela liberdade e todos os inúmeros percalços por ele enfrentados. E são muitos.

Steve McQueen, diretor do longa, é famoso pelo estilo seco e cru dos seus filmes, "Shame" e "Hunger". Todos abordam a natureza humana de forma suja, podre, e em "12 Anos" o estilo continua. Enquanto filmes como "A Cor Púrpura" de Steven Spielberg abre mão da violência para retratar o drama dos negros americanos, McQueen não nos poupa de detalhes sórdidos de tortura e castigos dos "brancos superiores". O filme é uma grande rede de sofrimento para os personagens e para quem assiste, seja pela violência ou pelo terror psicológico, como na cena de partir o coração onde uma mãe é vendida e separada dos seus filhos. Quem assiste é cúmplice impotente - só podemos assistir calados.

Carregado pelas atuações magníficas de Ejiofor, Michael Fassbender, ator preferido de McQueen e Edwin Epps no filme, o insano dono de Solomon e Patsey, interpretada pela gloriosa Lupita Nyong'o, todos esses receberam indicações ao Oscar por seus papéis, mas Lupita entre os três é a que tem maiores chances de vitória, tendo como adversária principal Jennifer Lawrence por "Trapaça", outro exemplo de campanha muito bem feita. Os três em cena são um verdadeiro furacão de emoções, de dor e sofrimento à revolta e esperança.

"12 Anos de Escravidão" tem como maior concorrente o filme "Gravidade" ("Trapaça" há muito perdeu fôlego), mas "Gravidade" não ganhou nenhum prêmio de "Melhor Filme" relevante, enquanto "12 Anos" levou o BAFTA (Oscar britânico) e o Globo de Ouro. Mesmo não sendo o melhor filme entre os concorrentes é um filme forte, poderoso, reflexivo e absurdamente importante e urgente. Que nós nos envergonhemos a cada chibatada que aquelas almas levavam por mãos com valores de superioridade sem fundamento, e que isso sirva de lição para todo e qualquer ser humano. É aí que vemos a importância de um filme como "12 Anos de Escravidão" e o porquê de ele ser digno ao Oscar de "Melhor Filme".


ÚLTIMAS OSCAR REVIEW:
- "Gravidade", de Alfonso Cuarón
- "Ela", de Spike Jonze
- "Trapaça", de David O. Russell
- "Capitão Phillips", de Paul Greengrass
- "O Lobo de Wall Street", de Martin Scorsese
- "Clube de Compras Dallas", de Jean-Marc Vallée

PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "Nebraska", de Alexander Payne, quarta, 26 de fevereiro.

Oscar Review: Matthew McConaughey e Jared Leto brilham no tocante "Clube de Compras Dallas"!


FILME: Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club)
DIREÇÃO: Jean-Marc Vallée
ROTEIRO: Craig Borten, Melisa Mallack
PAÍS: Estados Unidos
ELENCO: Matthew McConaughey, Jared Leto, Jennifer Garner
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Ator (Matthew McConaughey), Melhor Ator Coadjuvante (Jared Leto), Melhor Roteiro Original, Melhor Montagem, Melhor Maquiagem e Penteado.

Histórias baseadas em fatos reais estão dominando essa edição do Oscar - dos nove indicados ao prêmio de "Melhor Filme", cinco são baseados em algum acontecimento verídico ("Capitão Phillips", "12 Anos de Escravidão", "O Lobo de Wall Street", "Philomena" e "Clube de Compras Dallas"). Este último toma como base o boom da AIDS nos Estados Unidos no começo da década de 80 do ponto de vista de Ron Woodroof (Matthew McConaughey) um eletricista machista, homofóbico e casca dura que, numa relação sem proteção, acaba contraindo o vírus HIV. 

Na época, onde o vírus era uma epidemia com contrato de óbito assinado, o tempo de vida de um portador era curtíssimo. Ron, com sua personalidade difícil, começa ignorando a doença, até receber o ultimato médico: ele tem só 30 dias de vida. Desesperado, começa uma busca por meios alternativos de sobrevivência, já que a maioria dos poucos medicamentos contra o vírus eram proibidos pelo governo americano.

Ele então inicia o clube que dá título ao filme. Contrabandeando remédios ilegais e usando a si próprio como cobaia, Ron atrai a atenção de outros portadores da doença, na esperança de adiar o dia fatídico. É aí que ele conhece Rayon (Jared Leto), a personificação do que Ron detesta: travesti com HIV. Mas ele se torna o braço direito nos negócios que só prosperam, até chamar a atenção das autoridades.

Devemos adentrar um momento na cabeça de Ron: ele vivia nos EUA recém abatido pelo HIV. Era o exemplo de macho viril, que tinha orgulho do que era e repudiava gays e travestis. Aí contrai HIV, que era "doença de bicha". Ele tinha agora que destruir todos os preconceitos de sua cabeça para poder continuar vivo, um sacrifício tremendo, principalmente com Rayon ao lado.

Sacrifício também houve por parte de McConaughey e Leto, que não só se entregaram aos personagens como conseguiram apagar seus "eus" de verdade, seja pela transformação física absurda ou pelas atuações magníficas, que estão abocanhando prêmios por onde passam, incluindo o Globo de Ouro de suas categorias e, em breve, o Oscar.

McConaughey é uma surpresa sem tamanho, já que sempre optou por comédias românticas terríveis onde ele usava todos os seus músculos para conseguir algo (vide "Minhas Adoráveis Ex-Namoradas"). Hoje, ele é um dos melhores atores da atualidade, tanto pela entrega quanto pela escolha certas de filmes desafiadores, como "Killer Joe", "Obsessão" e "Magic Mike". Leto sempre se mostrou um ator competente, como nos ótimos "Mr. Nobody" e "Réquiem Para um Sonho", e aqui está nada menos que perfeito. À título de curiosidade: Leto até o momento concorreu a 42 prêmios pela atuação e venceu 31 deles.

O principal abismo em que o filme poderia cair era o melodrama, aquele filme "por favor me deem um Oscar!" como tantos por aí. A direção sóbria de Jean-Marc Vallée e o roteiro de Craig Borten e Melisa Mallack deram a base perfeita para os atores brilharem e arrebatarem. É um filme tocante, profundo, forte, mas sem ser sentimentaloide ou piegas, que deve terminar a noite do Oscar com as estatuetas de "Melhor Ator", "Melhor Ator Coadjuvante" e "Melhor Maquiagem e Penteado".


ÚLTIMAS OSCAR REVIEW:

PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "12 Anos de Escravidão", de Steve McQueen, segunda, 24 de fevereiro.

Oscar Review: Martin Scorsese jorra humor-negro no divertido "O Lobo de Wall Street"!


FILME: O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street)
DIREÇÃO: Martin Scorsese
ROTEIRO: Terence Winter
PAÍS: Estados Unidos
ELENCO: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Matthew McConaughey, Jon Favreau, Kyle Chandler, Jean Dujardin, Jon Bernthal
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Leonardo DiCaprio), Melhor Ator Coadjuvante (Jonah Hill), Melhor Roteiro Adaptado.

Depois de arrebatar o mundo com o belíssimo "A Invenção de Hugo Cabret", uma homenagem rica ao Cinema, Martin Scorsese volta às origens em "O Lobo de Wall Street", filme que traz vários pontos que fizeram a fama do diretor. Em "O Lobo...", conhecemos Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio numa atuação antológica), um corretor da bolsa de valores de Nova Iorque riquíssimo que tem como prazeres bebidas, drogas e mulheres. Essa é a forma carinhosa de dizer, porque palavrões e a forma vulgar de se dizer isso estão em todo minuto do filme. Todo. São exatos 569 "fuck" e derivados, fazendo deste o filme ficcional com o maior uso da palavra na história - são 3,18 "fuck" por minuto.

E são muitos minutos. 180, para ser mais exato. De cara as três horas de duração podem espantar muita gente, mas é impressionante como Scorsese consegue manter o ritmo durante todo o filme. As atuações inspiradíssimas de todo o elenco, principalmente de DiCaprio, Jonah Hill e Margot Robbie, criam cenas antológicas, como a primeira vez que eles se drogam (im-pa-gá-vel), ou o castigo de Robbie, interpretando a esposa de DiCaprio.

O filme vai relatando como Jordan conseguiu erguer aquele império (tudo à base de muita heroína, pra resumir) e como ele pretende manter, sempre burlando a lei quando necessário. Com doses cavalares de humor-negro, Scorsese e seu roteirista, Terence Winter, orquestram passagens elétricas, energéticas, hiper-ativas, que facilitam o andar da carruagem, aliados com uma montagem eficiente.

O maior feito de DiCaprio nessa quinta parceria com o diretor e que lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar é ser gente como a gente. O personagem é lunático, doido de pedra, mas quer como qualquer um vencer na vida, ainda que os meios por ele adotados sejam errados. Mesmo não sendo o favorito da categoria (Matthew McConaughey por "Clube de Compras Dallas" é o grande nome da vez), DiCaprio merece grandes elogios por dar vida a um personagem complexo e estranhamente cativante.

Com muito sexo, drogas e "fucks" (há momentos com uma só frase e quatro "fuck" dentro dela), "O Lobo de Wall Street" é um grande recital divertidíssimo sobre como podemos perder nossas bússolas morais por causa de vícios. Não é um filme para todos, tanto no momento de fazê-lo quanto de assisti-lo. David O. Russell com seu "Trapaça" está aí para provar.


ÚLTIMAS OSCAR REVIEW:

PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "Clube de Compras Dallas", de Jean-Marc Vallée, sábado, 22 de fevereiro.

Oscar Review: Paul Greengrass nos prende na cadeira com o tenso "Capitão Phillips"


FILME: Capitão Phillips (Capitain Phillips)
DIREÇÃO: Paul Greengrass
ROTEIRO: Billy Ray
PAÍS: Estados Unidos
ELENCO: Tom Hanks, Barkhad Abdi, Faysal Ahmed, Mahat M. Ali, Issak Farah Samatar
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Barkhad Abdi), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som.

"Capitão Phillips" é um drama biográfico que conta o problema que o personagem título (interpretado por Tom Hanks) passa ao ver o navio cargueiro por ele comandado ser sequestrado por piratas somalianos no Golfo de Áden. Baseado em fatos reais, a força do filme está na impressionante história e na segura direção de Paul Greengrass.

A estrutura fílmica no primeiro terço de fita é de suspense. Acompanhamos a trajetória de Phillips no meio do oceano identificando barcos suspeitos se aproximando do cargueiro. Desde o começo do filme nós já sabemos que os piratas, liderados pelo cabeça quente Abduwali Muse (Barkhad Abdi, somaliano e ganhador do BAFTA de "Melhor Ator Coadjuvante"), conseguirão entrar, mas essa sequência congela o espectador na cadeira pela habilidosa direção de Greengrass, que orquestra jogos de câmera belíssimos durante o saque.

Os piratas conseguem então entrar na sala de comando. À partir daí inicia-se uma brincadeira de gato e rato entre os piratas e o resto da tripulação, escondida. Eles querem a carga e dinheiro, enquanto Phillips tenta negociar sem que ninguém saia ferido e, claro, com a carga intacta. O drama passa a andar junto com o suspense, com diálogos afiados entre Hanks e Abdi, que conduzem as situações e reviravoltas.

Quando chegamos ao terço final, depois de outra reviravolta (não podemos revelar porque seria spoiler, mas daria uma ótima discussão), o filme se torna ação. Cenas da polícia americana em suas lustrosas salas, com os letreiros na tela informando qual repartição de inteligência é aquela, típico de filmes do gênero, o que acaba comprometendo o andar, até aqui, linear da narrativa, todavia isso serviu para agilizar o ritmo, diminuído com o confinamento de Phillips com os piratas. Se serviu como problema de um lado, colaborou do outro.

"Capitão Phillips" é um filme bem eficiente, que pode afastar muitos pela longa duração (duas horas e quinze minutos), mas vale a pena, seja pela condução do todo ou pelos minutos finais, onde dá para sentir o gosto da angústia e do medo. E além disso, é um retorno fenomenal de Tom Hanks aos filmes do gênero, relembrando aquele longínquo, mas icônico, "Náufrago", de 2000.


ÚLTIMAS OSCAR REVIEW:

PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "O Lobo de Wall Street", de Martin Scorsese, quinta, 20 de fevereiro.

Oscar Review: "Trapaça", de David O. Russell, é tudo isso que os prêmios estão falando?


FILME: Trapaça (American Hustle)
DIREÇÃO: David O. Russell
ROTEIRO: David O. Russell, Eric Singer
PAÍS: Estados Unidos
ELENCO: Christian Bale, Amy Adams, Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Jeremy Renner, Robert De Niro
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Christian Bale), Melhor Atriz (Amy Adams), Melhor Ator Coadjuvante (Bradley Cooper), Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Lawrence), Melhor Roteiro Original, Melhor Figurino, Melhor Montagem, Melhor Design de Produção.

Pelo segundo ano seguido o diretor David O. Russell, responsável pelo horroroso "O Lado Bom da Vida", tenta buscar seu tão sonhado Oscar. Em 2014 ele já conseguiu grandes feitos, como levar o Globo de Ouro de "Melhor Filme Comédia/Musical" com seu mais recente trabalho, "Trapaça", além de novamente entrar no big five do Oscar pela segunda vez, marcando assim seu nome na história.

Big five é quando um filme concorre nas cinco principais categorias do Oscar: Melhor Filme, Direção, Roteiro (seja ele Adaptado ou Original), Ator e Atriz. "O Lado Bom da Vida" também conseguiu esse feito, levando a estatueta de "Melhor Atriz" para Jennifer Lawrence. O que tudo isso significa? Quase nada, principalmente quando o filme em questão é o mais fraco entre os concorrentes dessa categoria em 2014. De novo O. Russell?!

"Trapaça" conta a história de Irving Rosenfeld (Christian Bale), um trapaceiro que trabalha junto da sócia e amante Sydney Prosser (Amy Adams). Os dois são forçados a colaborar com Richie DiMaso (Bradley Cooper), um agente do FBI, infiltrando-se na máfia. Os planos parecem dar certo, até a esposa de Irving, Rosalyn (Jennifer Lawrence), aparecer e mudar as regras do jogo. Cheio de nós que se resolvem forçadamente, "Trapaça" é uma versão scorseseana sem gordura e com açúcar. E água.

O roteiro de "Trapaça" é um caos. Colocando seus personagens no limiar da caricatura, recheando-os com milhões de diálogos rápidos, ixpertos, cheios de verborragia, tudo soa absolutamente forçado, mal feito, um horror. O personagem de Bale fala mais nesse filme do que em todos os filmes já atuados pelo ator, que tem uma peruca tão falsa quanto sua atuação. Cooper está o mesmo de sempre, ou seja, um grande nada.

O que salva "Trapaça" do completo abismo são suas atrizes (e seus gigantes decotes milimetricamente explorados pelas câmeras). Amy Adams e Jennifer Lawrence estão ótimas, com a primeira em larga vantagem. Adams, uma das melhores atrizes da atualidade, rouba o filme só para ela e faz valer as insuportáveis e impassáveis duas horas e dez minutos de duração. Lawrence vem deslumbrante e constantemente chapada, com um charme muito bom, mas como ela é a "pérola" do diretor, este pesa a mão na atuação dela e quase a transforma num gigante personagem de cartoon.

Além das atrizes, o que ajuda a tolerarmos a longuíssima duração da película é o visual do filme, com fotografia, direção de arte, figurino, cabelo e maquiagem, trilha sonora, tudo impecável, transpondo quem assiste à exagerada década de 70. Edição e montagem, ágeis para acelerar o filme, também ajudam.

"Trapaça" é um O. Russell travestido de Martin Scorsese, que também concorre ao prêmio esse ano, mais uma vez desesperado por prêmios. Isso é ruim? Não exatamente, quem não quer ganhar um Oscar? Mas o resultado, redondinho, mastigado ao máximo para toda e qualquer pessoa entender, é pobre e irritante. Mas tem quem goste. Os membros da Academia, por exemplo.


ÚLTIMA OSCAR REVIEW:
"Gravidade", de Alfonso Cuarón.
- "Ela", de Spike Jonze.

PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "Capitão Phillips", de Paul Greengrass, terça, 18 de fevereiro.

Oscar Review: o amor segundo Spike Jonze no belíssimo "Ela"!


FILME: Ela (Her)
DIREÇÃO: Spike Jonze
ROTEIRO: Spike Jonze
PAÍS: Estados Unidos
ELENCO: Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson (voz), Rooney Mara, Amy Adams, Olivia Wilde, Chris Pratt.
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Trilha Sonora, Melhor Canção Original ("The Moon Song"), Melhor Design de Produção.

Você está assistindo àquela sua série favorita. Num determinado momento o seu personagem do coração morre. Você entra em depressão, até chororô rola. Por causa de algo que não existe. Se não existe por que você se apega tanto chegando ao ponto de sofrer pelo destino de um ser inexistente e irreal? 

Essa é a indagação gerada pelo filme "Ela", de Spike Jonze. No filme, Theodore (Joaquin Phoenix), um escritor solitário, compra um novo e moderno sistema operacional de múltiplas plataformas que foi desenvolvido para interagir da forma mais complexa com o dono. O tal sistema é completamente auto-suficiente, feito para atender a todas as necessidades do usuário, tendo praticamente "vontade própria". Autonomeando-se "Samantha" (voz de Scarlett Johansson), o OS começa a fazer parte integral da vida de Theodore, e este se pega apaixonado por ele. Ou, no caso, ela.

A premissa pode parecer absurda, mas tem colunas de fundamento fortíssimas. Vivemos uma época onde eletrônicos são verdadeiros apêndices dos nossos corpos, estamos 24 horas por dia conectados com outros e com nós mesmos. No caso de relacionamentos, já está mais que batida a ideia de que interagimos mais pelo computador/celular do que "ao vivo e à cores". Aquilo que servia para unir, desune.

Jonze pega então essa ideia e eleva ao máximo, com uma pessoa se apaixonando pela máquina. Voltemos para a pergunta inicial desse texto. Por que nos apegamos a algo que não existe? O que diabos é o amor? Ao contrário do que pensamos, "amor" não está no "corpo" do outro. Está nas nossas cabeças. Química cerebral, hormônios, uma porrada de ligações elétricas dentro dos nossos crânios são transformados nesse sentimento avassalador. Então por que não amar algo que foi desenvolvido - no caso do filme, literalmente - para você? Como resistir a isso?

Na situação de Theodore, tudo é ainda mais tentador. Ele tenta superar o divórcio com sua ex-esposa e paixão de infância, buscando alguém para ser sua "válvula de escape". Encontros casuais, sexo virtual, qualquer coisa que tire da sua cabeça a ex (interpretada por Rooney Mara) e o arranque da constante solidão. Então aparece Samantha, a criatura (se é que podemos chamá-la assim) perfeita. Engraçada, atenciosa, carinhosa, afável... E Samantha suspira. A máquina suspira. Uma ato puramente humano, mas já desenvolvido para assim parecer, como todos os questionamentos feitos por ela que a tornam ainda mais humana.

Se isso ainda parecer ilógico para você: quantas pessoas ao seu redor não se relacionam virtualmente? Namorar pela internet é prática comum nos dias de hoje, e nada mais é do que amar uma imagem virtual, uma voz transformada em sinais. Nada diferente de Samantha. Estamos tão desesperados por uma fatia de afeto que nos apegamos àquele que nos der essas famigeradas migalhas. Somos seres solitários querendo fugir disso sem medir o preço.

Se o conteúdo de "Ela" já é suficiente para fazer um grande filme, ainda temos as atuações excepcionais de Phoenix, que passa o filme inteiro praticamente sozinho, já que "contracena" com uma voz. Johansson fez um trabalho louvável por conseguir transformar Samantha numa personagem tridimensional sem nem aparecer em cena. Também temos uma singela Amy Adams, melhor amiga de Theodore, que está no fim de um relacionamento (humano mesmo). É interessante notar que, quanto mais o relacionamento (novamente, humano) de Amy vai afundando, mais o de Theodore (virtual) vai crescendo.

Com trilha sonora bela, direção de arte maravilhosa (a cor rosa está por toda parte, casando com o lirismo melancólico do protagonista) e praticamente com as mãos no Oscar de "Melhor Roteiro Original", Jonze cria um filme absolutamente moderno, criativo, instigante, empolgante, apaixonante e, acima de tudo, lindo. Muito lindo.


ÚLTIMA OSCAR REVIEW:
"Gravidade", de Alfonso Cuarón.

PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "Trapaça", de David O. Russell, domingo, 16 de fevereiro.

Oscar Review: o parque de diversões espacial de Alfonso Cuarón em "Gravidade"!


FILME: Gravidade (Gravity)
DIREÇÃO: Alfonso Cuarón
ROTEIRO: Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón, Rodrigo García
PAÍS: Estados Unidos
ELENCO: Sandra Bullock, George Clooney
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz (Sandra Bullock), Melhor Montagem, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Fotografia, Melhor Edição de Som, Melhor Trilha Sonora, Melhor Mixagem de Som, Melhor Design de Produção.

Quando um filme se torna o mais falado do ano é porque ele tem algo de extraordinário. "Gravidade" é o dono desse cargo em 2013. Mas por quê? Porque ele é o feito tecnológico cinematográfico mais impressionante do ano, de longe. Desenvolvido durante quatro anos, Alfonso Cuarón costura seu filme em prol da sensação.

"Gravidade" conta a história de astronautas que, ao fazerem manutenção numa estação espacial, acabam sofrendo um acidente graças aos escombros de um satélite que explodiu, deixando-os à deriva no espaço. Só isso. E a premissa é rápida, logo nos primeiros minutos o acidente acontece (num plano sequência maravilhoso) e já estamos sufocando com Sandra Bullock e George Clooney. O roteiro é básico, sem grandes diálogos ou passagens (aparentemente) profundas. O bom de "Gravidade" é mesmo a experiência.

Cuarón cria um gigantesco parque de diversões espacial e nos joga dentro. Malabarismos, rodopios, guinadas inesperadas, tudo para estarmos na mesma situação dos personagens. A câmera não exita, não para, percorre o espaço, vai e volta, entra e sai do capacete dos astronautas e chegamos a ficar tontos. Em 3D então, a experiência é ainda maior. São pedaços de naves e satélites voando na direção do seu rosto sem dó, enquanto Cuarón brinca de deus com sua câmera.

O filme ganhou alguns (muitos) detratores por ser um trabalho onde o visual supera o conteúdo. Ele, sim, é aberta e assumidamente comercial. Blockbuster com muito prazer. Mas o que o difere de filmes como "Transformers"? A própria realização e a justificativa. As toneladas de efeitos não são gratuitas, não são puro exibicionismo. É tudo montado para arrancar sentimentos de quem assiste, e o fundamento básico do Cinema é a sensação. E quando falamos de "toneladas de efeitos" não são só os visuais. Os efeitos sonoros, indo da mixagem à trilha sonora, são fenomenais.

Como já deu para perceber, Clooney e - principalmente - Bullock carregam o filme inteiramente sozinhos. As autuações não são tão espetaculares quanto a técnica do filme, mas são eficientes. Bullock está segura e firme no seu papel de protagonista, apesar de às vezes ficar firme demais (nas partes sentimentais ela poderia ter se entregado mais), porém nada que a diminua. Algumas passagens do roteiro soam gratuitas e piegas (a parte do cachorro), mas de uma forma torta elas são "alívios" da extrema tensão da situação. Nós grudamos na cadeira de uma forma impressionante.

Ainda temos as metáforas visuais: o acontecimento é como um purgatório para Ryan, personagem de Bullock. Ela terá que enfrentar todos os obstáculos e seus próprios limites para atingir o nirvana, a transcendentalidade, ou o nome que você quiser. Prova disso é a cena que ela se encolhe em posição fetal. Ela precisa renascer. Ela precisa aceitar a superioridade do universo diante sua existência mínima e insignificante, mesmo que isso cause assombros.

Assim como "Avatar" em 2009, "Gravidade" é mais um degrau que o Cinema sobe. Um feito que já entrou para a história e, da mesma forma que "2001: Uma Odisseia no Espaço" de Stanley Kubrick, deverá arrancar suspiros e jorrar adrenalina daqui a 50 anos.


PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "Ela", de Spike Jonze, sexta-feita, 14 de fevereiro.

It Pop Especial: os injustiçados do VMA 2013, segundo nossos blogueiros!


Quando chega o momento em que a MTV anuncia seus indicados ao Video Music Awards, sempre sentimos falta daquele clipe sensacional ou daquele outro cheio de referências, acabamos chateados porque a emissora esnobou uma ótima produção e, muitas vezes, deu lugar àquele video chatinho que só conseguiu a indicação porque foi um hit na Billboard ou porque o intérprete é um(a) queridinho(a) do canal.

E é por esse motivo, que a nossa (linda) redação decidiu listar alguns desses injustiçados. Sim, aquele videoclipe no qual você se inspirou para largar do namorado, tacar fogo no carro do peguete mala, fazer aquele penteado com três embalagens de laquê ou chorar a noite toda. It popers, cada blogueiro escolheu uma produção (sim, 1 só) que deveria ser ao menos mencionada em alguma categoria dos indicados ao prêmio. 

Depois da produção injustiçada, cada blogueiro escolheu um vídeo que foi indicado à premiação sem realmente merecer e também qual seria seu "Video Of The Year", sem levar em consideração os mencionados oficialmente nesta categoria pela MTV. Tá lindo, né? Vamos conferir:

"Die Young" (Ke$ha)
Por: Guilherme Calais



Não, o Warrior não foi sucesso. Não, a Ke$ha não se deu bem em 2012. Mas pera aí, MTV. O pop foi forte em 2012 e no começo de 2013? Acho que não. E vamos combinar, "Die Young" foi hit, o clipe é legalzinho e a sujinha não teve sequer uma indicação? Pra mim, injusto. Acharia digno trocar ela pela Demi na categoria "Female Video" ou até pela apática "Locked Out Of Heaven" do Mars no "Pop Video". E quem não adora ver a Ke$ha com aquele olhar sarcástico no red carpet? E o VMA, que já há algum tempo vem ignorando Ke$ha, confirma isso em mais um ano. Uma pena...

Não deveria concorrer: Bruno Mars - "Locked Out of Heaven"

Clipe do ano: Lana Del Rey - "Ride"

"Scream and Shout" (will.i.am feat. Britney Spears)
Por: Guilherme Tintel



Tá certo que will.i.am é um chatão e "Scream and Shout", com a Britney Spears, uma produção pra lá de genérica. Mas pô, MTV, custava dar algum mérito pelo videoclipe? Longe de ser uma obra de arte, o vídeo para o segundo grande hit de will com o "#willpower" é um pouco mais que ok e convence, seja por sua edição ágil ou pelo pessoal alternê fazendo pose de comercial pra CK One ou pela presença da Neyde mesmo, mas não deu nem sinal de vida entre os indicados do VMA 2013. Há boatos sobre a emissora boicotar o cara desde suas produções com o Black Eyed Peas, devido a algumas confusões internas, mas pra gente isso deveria ser superado há eras, porque guardar rancor não faz bem e é a Britney quem mantém essa premiação. Aceita que dói menos. Põe no lugar do Bruno Mars em Clipe Pop, Miley Cyrus em Melhor Edição, Pitbull em Colaboração ou Miguel em Clipe com Mensagem ("olá, negões", não é por ser subliminar que deixa de ser uma mensagem) que fica tudo certo.

Não deveria concorrer: Bruno Mars - "Locked Out of Heaven"


"Now"  (Paramore)
Por: Gustavo Hackaq



A volta do Paramore depois da trêmula saída dos irmãos Farro da banda parecia um tanto aleijada, mas o grupo surpreendeu com o primeiro clipe da nova era, "Now". O ambiente bélico e apocalíptico (que casa perfeitamente com a música) onde todos tentam destruir a vocalista - que representa a "inocência", a "pureza" - enquanto os outros integrantes tentam com unhas e dentes protegê-la é de uma beleza estonteante. Com muita cor, ação e até suspense, "Now" é uma pequena história sobre o perdão, a redenção e o sacrifício, e merecia algumas indicações, tanto nas categorias técnicas (Melhor Edição, Melhor Cinematografia) quanto nas artísticas (Melhor Vídeo Rock), mas nem vale muita briga. No fim das contas, a MTV só precisa de um abraço.


Clipe do ano: MS MR - "Hurricane"

"I Love It" (Icona Pop feat. Charli XCX)
Por: Leonardo Ferreri



A dupla sueca Icona Pop ganhou o mundo com a composição de Charli XCX, “I Love It”. Lançada no início de 2012 na Suécia, aos poucos a canção foi ganhando o mundo, conforme ia ganhando também a mídia ao integrar trilhas sonoras de vários seriados, do jogo Need For Speed: Most Wanted, sendo usada em comerciais e ganhando inúmeros remixes. Nos charts um desempenho esplêndido, além da crítica ter ovacionado a parceria das duas com Charli. A música não foi lançada na época em que hinos do verão são lançados, mas sem a menor dúvida deveria disputar a categoria “Best Song Of the Summer”, ou no mínimo “Artist to Watch”, visto que se tornou um hino mundial das noites de todas as boates e, apesar de ter caído nos charts (chega um momento que todo mundo já comprou, né?) se mantém em todas as listas de reprodução de toda uma geração que grita “I don’t care, I love it!”.


Clipe do ano: Die Antwoord - "Fatty Boom Boom" 

"The Way"  (Ariana Grande feat. Mac Miller)
Por: Maicon Alex



Tá certo que o vídeo em si não tem lá muitas inovações, sendo basicamente uma performance tímida e por vezes insossa em estúdio, contando com várias projeções da cantora ao fundo, mas convenhamos, numa categoria de Revelação que tem Austin Mahone, Iggy Azalea, The Weeknd, Twenty One Pilots e Zedd concorrendo, deixar uma das maiores revelações musicais de 2013 e um dos melhores singles do primeiro semestre de fora da premiação, soa no mínimo estranho.

Não deveria concorrer: Ed Sheeran - "Lego House" 

Clipe do ano: Stromae - "Papaoutai"

"Your Body" (Christina Aguilera)
Por: Marcos Braz



O primeiro single de "Lotus", último álbum da cantora Christina Aguilera, ganhou um clipe sensacional, sem dúvidas. A própria MTV chamou a produção de "um verdadeiro catálogo da cultura pop", e nós podemos entender o motivo. "Your Body" é cheio de referências criativas: o cereal Bits ‘N’ Pieces, o programa “The Lucy Show” com Lucille Ball, um dos primeiros ícones da liberdade feminina na mídia., exibido pela CBS nos anos 60 (aquele do final do clipe), o video-game NES Adventure, lançado pela Nintendo em 1987, e seu imenso controle, as famosas botas dos anos 80, e até o motel cor-de-rosa, localizado na California, que está aberto desde 1946 e ainda mantém um visual retrô. Tudo isso, misturado à beleza da intérpete e suas roupas escandalosas, que decide ser a serial killer mais sexy de todos os tempos, fez da produção dirigida por Melina Matsoukas (Kylie Minogue, Beyoncé, Rihanna) um vídeoclipe memorável e obrigatório nas indicaçõs ao VMA.  Desta forma, a MTV fica, mais uma vez, em débito com o talento e o excelente trabalho de Aguilera. #JusticeForYourBody rsrs.

Não deveria concorrer: Rihanna ft. Mikky Ekko - "Stay"

Clipe do ano: Capital Cities - "Safe And Sound"

"Despair" (Yeah Yeah Yeahs)
Por: Sebastião Mota



Ainda que a banda tenha recebido 2 indicações por "Sacrilege", o primeiro clipe da história filmado no topo do Empire State Building (shame on you, JAY Z) também merecia, no mínimo, total atenção. Enquanto a banda não chega ao "topo do mundo", uma Karen O. bêbada e completamente sem esperanças ("From beginning to middle to end… Don't despair, you're there."), em uma mesa de bar, congela o tempo nos dois minutos iniciais sem qualquer artifício, além de seu vocal completamente nu. Já no topo do edifício, à medida em que os instrumentos começam a soar e o sol começa a surgir, Karen fica cada vez mais eufórica ao lado da banda ("Through the darkness and the light, some sun has got to rise."). Além da excelente atuação de Karen O., o clipe é um tributo à própria banda que, depois de mais de um década, chegou ao topo da cidade onde nasceu, sendo uma das bandas mais cultuadas da atualidade. Não é à toa que Karenzinha esteja correndo, pulando e girando no fim do clipe ("My sun is your sun.").

Não deveria concorrer: Demi Lovato - "Heart Attack"

Clipe do ano: Yeah Yeah Yeahs - "Sacrilege"

E quem foi injustiçado na opinião de vocês? Quais são os vídeos que não mereciam estar na premiação? Concordam com a nossa redação? Queremos saber tudo!

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