Mostrando postagens com marcador cinema. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cinema. Mostrar todas as postagens

Lista: 11 filmes que ilustram como vidas negras importam

Sempre busquei, na minha posição de crítico, dar luz a filmes e temáticas que não chegam no grande público - por inúmeros motivos. Papel obrigatório do cargo, temos que disseminar como pudemos obras que saiam no modelo mais comercial e de fácil acesso - a roda do mercado já faz esse tipo de filme chegar em todos os cantos -, e uma dessas buscas particulares são por filmes negros.

Como questionar o privilégio branco que possuo de uma forma que não ajude somente a mim? Esse é o objetivo da presente lista. Escolhi 11 filmes com protagonismo negro que fortalecem a onda do #BlackLivesMatter - que, espero, seja uma luta diária, não um modismo que nos faz colocar hashtags em rede social. O Cinema é uma das maiores armas para a quebra de paradigmas e conscientização de pautas em prol do bom funcionamento social.

A lista em questão possui 11 fitas de todos os cantos do mundo, que, em algum grau, debatem como a vida negra existe dentro do contexto escolhido. Todos os textos são livres de spoilers e escolhi filmes dirigidos por homens e mulheres, brancos e negros, que se unem para nos lembrar o óbvio:

VIDAS NEGRAS IMPORTAM



Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight), 2016

Direção de Barry Jenkins, EUA.
O que ainda resta para falar do maior vencedor do Oscar de "Melhor Filme" do século? É inegável que "Moonlight" seja um filme triste, todavia, ao mesmo tempo, é uma obra genialmente bela, tocante e verdadeira. Aqui temos um olhar brilhante de Barry Jenkins sobre temas muitas vezes esquecidos no cinema, mas urgentes, necessários e representativos como o ser gay, o ser negro, o ser periférico, o que solidifica sua inestimável importância social. Porém, você não precisa se enquadrar em algum desses três “seres” para sentir a delicadeza devastadora que “Moonlight” provoca – mas caso se encaixe, essa é uma história para toda uma vida. A de Chiron e a sua.

As Boas Maneiras (idem), 2017

Direção de: Juliana Rojas & Marco Dutra, Brasil.
Uma empregada negra é contrata para trabalhar na casa de uma rica mulher branca. A patroa está grávida, e a empregada cuida de tudo enquanto percebe que a situação está mais estranha do que à princípio parecia. "As Boas Maneiras", mais uma dádiva da dupla Rojas & Dutra, é uma fábula urbana que trabalha os gêneros terror e fantasia de maneira notória, demonstrando, sem titubear, o quanto nosso Cinema é rico ao unir criatividade com crítica social. O abismo entre os mundos daquelas duas mulheres é escancarado de maneira bizarra.

Pária (Pariah), 2011

Direção de Dee Rees, EUA.
De uma das maiores expoentes do cinema negro norte-americano - Dee Rees -, "Pária" coloca no palco Alike, uma garota de 17 anos que passa por uma batalha interna para se aceitar como lésbica. Chamado de "semiautobiográfico" por Rees (que também é lésbica), a obra é o "Moonlight" feminino: explora as dores específicas que uma pessoa negra sofre por ser gay. Alike ainda tem o peso de ser mulher e estar fincada numa família religiosa, mais um prego na cruz que deve carregar. Visual e socialmente estonteante, "Pária" é uma pérola do Cinema em todos os quesitos, mesmo percorrendo caminhos familiares. É a sinceridade da película que arrebata.

Os Iniciados (Inxeba), 2017

Direção de John Trengove, África do Sul.
Boicotado por manifestações homofóbicas, "Os Iniciados" caiu nos braços da crítica tanto pela repressão escancarada que sofreu quanto pela qualidade ao retratar um amor gay batendo de frente com tradições africanas. Um dos melhores e mais relevantes retratos da masculinidade tóxica que o cinema já viu, "Os Iniciados" é película primordial para citarmos nossos próprios privilégios ao passo que os notamos: vivemos num corpo social que permite liberdade das amarras do patriarcado em vários níveis, enquanto naquele meio do filme não há escapatória. Esse "Moonlight" versão africana, que foi semifinalista ao Oscar 2018, se diferencia da fatia gay no cinema ao trazer grande e valioso reforço cultural para compor suas situações, encurralando seus personagens, encarcerados em tradições tóxicas que oprimem e rendem discussões fortes, cruas e urgentes no ecrã.

Eu Não Sou Uma Bruxa (I Am Not A Witch), 2017

Direção de Rungano Nyoni, Zâmbia/Inglaterra.
Se “Os Iniciados” é a exposição de tradições masculinas africanas, “Eu Não Sou Uma Bruxa” é sobre ritos femininos no continente, mais precisamente a cultura da bruxaria. Obra fundamentalmente sobre mais uma exploração feminina sob gananciosas mãos do homem, dessa vez temos um contexto inédito no cinema, o que a faz ainda mais relevante. O plano de fundo da produção pode extrapolar as tradições africanas e se encaixar em diversos modos de tratamento rebaixador e degradante que a figura da mulher passa em diversas sociedades até presente momento. Documento cultural necessário e visualmente espetacular, "Eu Não Sou Uma Feiticeira" é realização cinematográfica que se apropria do status de "obra-prima".

Corra! (Get Out), 2017

Direção de Jordan Peele, EUA.
O último terror a chegar no Oscar de "Melhor Filme", "Corra!" é um evento cultural e marco no gênero. Um jovem negro finalmente vai à casa dos pais da namorada branca. Há toda uma tensão velada, que parte do próprio protagonista, mas todos não param de falar o quanto estão de braços abertos para a diversidade do casal, o que, não surpreendentemente, é faxada para um plano maquiavélico. O longa não está preocupado em esconder seus clichês e óbvias referências; o que “Corra!” está preocupado é em compor momentos que elevam o seu gênero, carregado por cenas geniais e discussões sobre racismo postas de maneira lúdica, esperta e incisiva pelas lentes do diretor/roteirista Jordan Peele - que levou o Oscar de "Melhor Roteiro Original". Nunca um filme foi tão inteligente ao expor como a cultura negra é apropriada.

Infiltrado Na Klan (BlacKkKlansman), 2018

Direção de Spike Lee, EUA.
Spike Lee é porta-voz do cinema afro-americano há décadas, e provavelmente ele encontrou seu nirvana em 2018. "Infiltrado na Klan" é fincado sobre uma louca história real de um policial negro que arma um plano para se infiltrar na Ku Klux Klan, a seita de supremacia branca que assola os EUA até hoje. A pertinência temporal do longa consegue assustar quando a KKK começa a mostrar suas garras em pleno séc. XXI, consequentemente, o tapa na cara de "Infiltrado na Klan" é forte. Sem o intuito de educar brancos (e sim de empoderar negros), o filme é um terror da realidade - a última cena é para aniquilar qualquer segurança da época em que vivemos (e estamos, literalmente, vivendo)

Garotas (Bande de Filles), 2014

Direção de: Céline Sciamma, França.
Céline Sciamma é uma das mais fabulosas cineastas em atividade; todo o seu Cinema é baseado na análise de gênero em diversos contextos, épocas e abordagens. Seu ímpeto para fazer "Garotas" surgiu pela falta de filmes franceses que estudem o foco do filme: a adolescência de meninas negras no país. Ao ser questionada porquê produzir o longa sendo uma mulher branca, falou "eu não quis dizer como vivem as pessoas negras, e sim a cara da França e da juventude que eu estava vendo". "Garotas", ao focar na vida de sua protagonista tentando se encaixar, discorre por raça, gênero e classe sem perder a delicadeza. A cena com "Diamonds" da Rihanna vale por tudo.

Tangerina (Tangerine), 2015

Direção de Sean Baker, EUA.
"Tangerina" vai na cola de uma prostituta e sua amiga - ambas interpretadas por atrizes trans -, que, ao descobrirem a traição do cafetão, saem em busca do traidor e sua amante. Qual o cerne do filme? A triste e estreita ligação entre a transsexualidade e a marginalização. É nada confortável encarar de frente os vários tópicos que a obra escancara sem vergonhas, porém, "Tangerina" é um filme sobre como a sororidade é peça indispensável para a sobrevivência de pessoas ainda varridas para debaixo do tapete. Longe de um trato plástico e artificial na tela, "Tangerina" vem como um sopro de ar livre ao dar voz, provocar e abordar uma realidade marginalizadora de forma crível, correta e socialmente relevante. E foi inteiramente filmado com celulares.

Atlantique (idem), 2019

Direção de Mati Diop, Senegal.
Mati Diop fez história ao ser a primeira mulher negra a competir no Festival de Cannes, e "Atlantique" saiu com o segundo maior prêmio de sua edição. Alguns anos no futuro, na capital Dakar, um grupo de trabalhadores embarca para, clandestinamente, chegar na França a fim de uma vida melhor. Ada fica desolada quando descobre que seu namorado faz parte do grupo, e ainda mais devastada quando a notícia da morte de todos chega na cidade. Um drama político, discutindo a crise de imigração na Europa e o atual contexto econômico da África, "Atlantique" criativamente adota temas sobrenaturais para contar essa história de amor além do plano físico. Pode soar muitas vertentes, mas o filme está nas mãos de uma diretora totalmente ciente do poder de seu texto e imagens.

Um Limite Entre Nós (Fences), 2016

Direção de: Denzel Washington, EUA.
"Um Limite Entre Nós" é um filme de atuações e diálogos, com um conjunto que preza pela observação daqueles espelhos de vida, repleto de análises sobre o conceito de família, autoridade e cumplicidade entregues com bastante crueza e honestidade. É um longa complexo e denso, atuado com maestria por Viola Davis e Denzel Washington. Muito mais do que explorar um difícil arranjo familiar, Denzel consegue extrair brilho dos renegados pela sociedade ao entrar pela porta da frente no mundo onde a população negra era designada, revelando suas batalhas, seus dramas e suas dores. A obra se torna um quadro representativo importante a partir do quintal de uma família negra nos anos 50 quando vemos que, 70 anos depois, muitas daquelas situações não mudaram. Assim, a importância do filme grita.

***

Siga @cinematofagia no Instagram para não perder nenhum post - além de conteúdos exclusivos.

E não é que vem aí? Versão de Zack Snyder para “Liga da Justiça” estreia em 2021 no HBO Max

E não é que vem aí? Após anos de campanha em redes sociais, a tão sonhada versão de Zack Snyder para "Liga da Justiça" tem estreia marcada para 2021 no HBO Max, o grande serviço de streaming da Warner. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (20) pelo próprio diretor em uma sessão comentada de "Homem de Aço". Posteriormente, o serviço de streaming anunciou no Twitter a novidade.
A versão vendo sendo pedida desde o lançamento de "Liga da Justiça", em 2017. Snyder, é claro, contribuiu para que os fãs ficassem com mais vontade de assistir sua versão ao publicar nas redes ideias que foram descartas da produção. Membros do elenco também haviam confirmado a existência do "Snyder Cut".

A produção de "Liga da Justiça" foi totalmente conturbada. Em meio as gravações, Joss Whedon foi chamado para reescrever algumas cenas pois o estúdio as achava sombria demais. Tudo piorou quando Snyder se afastou após a morte de sua filha, o que resultou com que Whedon assumisse a direção. O resultado foi um filme com dois tons totalmente diferentes e uma sensação de que muita coisa estava faltando.

Bastidores: cinco filmes que tiveram grandes problemas durante sua produção

A produção de um filme envolve muitos imprevistos e problemas que parecem ser impossíveis de resolver. Muitas vezes tais empecilhos sequer chegam ao público, mas às vezes acabamos tendo conhecimento de alguns, principalmente quando o filme é adiado mais de três vezes por motivos diversos. Né, "Novos Mutantes"?

Pensando nisso, a edição deste sábado do Bastidores reúne cinco filmes que tiveram grandes problemas de produção. Alguns, aliás, são perceptíveis até mesmo no produto final pelo público.

007 - Sem Tempo Para Morrer (2020)


Surpreende que o vigésimo quinto filme da franquia "007" irá realmente sair se levarmos em consideração que houve uma explosão no set filmagens e que Daniel Craig (James Bond) se feriu em um acidente. Deu tudo errado.

A explosão foi antes do acidente com Craig e comunicada oficialmente pelo filme por meio do Twitter, em meados de junho de 2019. Segundo a publicação, um funcionário da equipe ficou levemente ferido e o estúdio onde o longa-metragem estava sendo rodado foi danificado.

Já no mês anterior a explosão, Daniel Craig machucou seu tornozelo e ainda precisou passar por uma cirurgia (!!!). Não há informações de como o acidente se deu, mas as filmagens precisaram ser adiadas em duas semanas por conta do ocorrido. A informação também foi divulgada oficialmente pelo Twitter do filme.

Han Solo (2018)


A tragédia de "Han Solo - Uma História Star Wars" foi anunciada muito antes de sua estreia. Em meio a produção, a dupla de diretores Phil Lord e Chris Miller ("Uma Aventura Lego") foi trocada por Ron Howard ("O Código DaVinci"). O motivo: Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, não estava gostando da abordagem dada pela dupla.

Kennedy buscava algo ao estilo "Guardiões da Galáxia", segundo o The Wall Street Journal, por isso foi feita a troca. No fim, Howard acabou refilmando 70% de um filme que grande parte dos fãs da franquia "Star Wars" fingem não existir. De qualquer modo, a Lucasfilm já estava preparada para o tombo.

Apesar da troca de diretores, talvez o maior problema da produção tenha sido Alden Ehrenreich, o Han Solo dessa nova versão. Um ator envolvido na produção, que na época não se identificou, afirmou que Alden não era bom o suficiente. A declaração foi dada ao site Vulture no começo de 2018, mas ajudou a crescer um rumor de 2017 que afirmava que um professor de atuação teria sido contratado para ajudar Alden.

Liga da Justiça (2017)


A DC Comics ainda estava perdida em como dar início ao seu universo cinematográfico compartilhado e "Liga da Justiça", dirigido por Zack Snyder e Joss Whedon, era a oportunidade perfeita para mostrar ao público que sabia o que estava fazendo. Infelizmente deu tudo errado e só agregou a maré de hate que a quadrinista seguia sofrendo nos cinemas.

O problema é anterior a este longa-metragem, na verdade. "Batman VS Superman: A Origem da Justiça" não teve a melhor das recepções. Arrecadou bem, mas não o suficiente para agradar executivos, o que resultou em uma série de intervenções em produções como "Esquadrão Suicida" e no próprio "Liga da Justiça", um verdadeiro Frankenstein, como o site The Wrap classificou.

A vontade de tirar Zack Snyder, todavia, vem desde "O Homem de Aço", mas o diretor permaneceu até "Liga", saindo apenas após a morte de sua filha. Joss Whedon já havia sido contratado para reescrever algumas cenas, que tornariam o filme mais leve, e com a saída de Snyder assumiu a direção. O resultado foi aquele filme que bem... preferimos esquecer.

Mad Max: Estrada da Fúria (2015)


"Mad Max: Estrada da Fúria" foi um dos poucos resgates de franquias antigas que valeram a pena, mas a produção sofreu para sair. As gravações do filme estavam previstas para começar em 2010, porém só tiveram início no ano seguinte por conta de chuvas na Austrália, onde a produção seria rodada. Devido as chuvas, todo o cenário desértico apocalíptico desejado por George Miller se tornou um campo de flores silvestres e terra vermelha.

O longa-metragem passou a ser gravado no deserto de Namíbia, no sul da África. A gravação tinha tudo para correr certinho, mas Charlize Theron e Tom Hardy, na época, não se deram muito bem nos sets de filmagem. Somente nesta semana que ambos confirmaram as brigas em um artigo especial do The New York Times sobre o filme.

Theron acredita que faltou um pouco de empatia de sua parte, enquanto Hardy contou que a produção foi bem desgastante. "A pressão sobre nós era esmagadora às vezes. O que ela precisava era um parceiro melhor, talvez mais experiente que eu", desabafou o ator.

Novos Mutantes (2020)


Esse aqui a gente está cansado de falar, não é mesmo? Principalmente por conta dos diversos adiamentos. Entretanto, diferente dos anteriores, este aqui envolve muito mais rumores do que confirmações. A começar por uma suposta refilmagem de 75% da produção que aparentemente nunca aconteceu.

As novas filmagens buscavam trazer um novo vilão e a personagem X-23. O produtor Simon Kinberg, diretor de "X-Men: Fênix Negra", em maio de 2019, chegou a afirmar que as gravações iriam acontecer, mas não há qualquer outra notícia confirmando que o filme realmente sofreu novas filmagens, apenas que seria lançado em sua versão original, segundo Josh Boone, diretor do filme.

Voltando um pouco no tempo, lá em 2018, o filme correu o risco ainda de ser totalmente engavetado junto de "Fênix Negra". Segundo o Comic Book News, alguns acionistas da Disney queriam trabalhar com os mutantes já dentro do Universo Cinematográfico Marvel, começando do zero. Na época, o rumor apontava até mesmo para um possível cancelamento da produção.

XXX

Bastidores é uma coluna quinzenal que busca analisar e trazer curiosidades sobre o cinema enquanto arte e industria. Assinada pelo jornalista José Lucas Salvani, formado em jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso e redator de cinema há quase sete anos. 

Reese Witherspoon irá produzir e protagonizar duas comédias românticas da Netflix

Reese Witherspoon por muitos anos foi conhecida como a atriz de "Legalmente Loira", mas nos últimos se arriscou em produções diferentes como "Big Little Lies" e "The Morning Show". Agora, entretanto, ela deve retomar as origens com duas comédias românticas na Netflix. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (13) no Deadline.

Ela basicamente vai entregar tudo que a gente precisava e não sabia, né? Além de protagonizar, ela também vai produzir os dois longa-metragens que, aliás, já possuem títulos: "Your Place or Mine" e "The Cactus".

"The Cactus" é baseado em um livro Sarah Haywood e conta a história de uma mulher que passa a repensar sua vida quando engravida aos 45 anos. Já "You Place or Mine", que contará com a direção de Aline Brosh McKenna ("O Diabo Veste Prada"), acompanha dois amigos que têm suas vidas mudadas quando a personagem de Reese resolve realizar um sonho.

Ainda não há previsão de quando estes filmes chegaram ao serviço de streaming, mas as gravações devem ser iniciadas ao fim da pandemia do novo coronavírus.

Será que vem aí? “Novos Mutantes” ganha nova data de estreia nos cinemas

Após diversos adiamentos, pandemia e pré-venda digital na Amazon, "Novos Mutantes" finalmente ganhou uma data para chegar aos cinemas: 28 de agosto. A data é referente ao lançamento em solo norte-americano, mas em breve deve ser divulgado o dia de estreia aqui no Brasil. Será que agora vai?

Dessa vez parece que sim, mas tudo depende de como estará o cenário de pandemia do COVID-19 nos Estados Unidos e mundo. A nova data foi divulgada de forma oficial no Instagram do filme.



Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por New Mutants (@newmutantsfilm) em


A nova data de lançamento surpreende porque até semana passada os indícios de que o filme seria lançado de forma digital foram enormes. A própria Amazon listou a produção de Josh Boone por US$ 25, mas nada passou de um bug porque o site ainda levava em consideração sua antiga data de lançamento.

"Novos Mutantes" está atrasado em dois anos. O filme estava previsto para abril de 2018, mas foi adiado três vezes. O primeiro adiamento empurrou a produção para fevereiro de 2019 com a desculpa de que a Fox não queria chocar o lançamento com "Deadpool 2" em alguns mercados. A decisão era correta, mas não sabíamos o que estava por vir daí em diante.

O segundo adiamento não teve muita justificativa. Na época, o ComicBook afirmou que o longa-metragem seria refilmado em quase 50% para a adição de uma nova personagem - que mais tarde descobrimos que poderia ser X-23. Já o próximo adiamento levou o filme para sua última data: abril de 2020, dois anos depois da data original.

Indústria do cinema se prepara para retomar filmagens ainda neste ano

Alguns países conseguiram lidar melhor com a pandemia do que o Brasil, e isso nem é tão difícil, basta ver como o governo está lidando com esta tragédia, que já dizimou milhares de brasileiros nos últimos 2 meses. Exemplos disso são a Coréia do Sul, a Austrália, a Nova Zelândia e a própria China, local inicial do problema.

Timidamente, estes países começam a planejar a retomada das produções hollywoodianas e locais, já que grandes estúdios tentam estancar a perda gigantesca de dinheiro que estão sofrendo com a paralisação mundial, tanto da exibição quanto da confecção de novos filmes.

O começo deve ser com as produções que foram interrompidas, vai demorar um pouco mais até que alguém se atreva a filmar algo novo, com orçamento que coloque a película entre os filmes mais caros da história do cinema. Ninguém quer perder ainda mais dinheiro, sob pena de ter que parar tudo outra vez, com o vírus reaparecendo.

A China tentou reabrir as salas de cinema e foi obrigada a fechar novamente. Pequenos focos de Covid reapareceram. A Austrália já está organizando a volta também, mas foi a Nova Zelândia – país que pode ser considerado como o que lidou mais responsavelmente em relação à pandemia – que saiu na frente.

Cenário de filmes muito famosos como King Kong, O Hobbit e outros, ela já liberou o início da retomada dos trabalhos que foram totalmente paradas por causa do Coronavírus. Os produtores da série televisiva baseada no best-seller O Senhor dos Anéis e da continuação do bem sucedido Avatar já recomeçaram a trabalhar.

Percebendo que podem perder menos dinheiro, transferindo a filmagem para o país dos Maoris, outros diretores e grandes estúdios já falam em recomeçar algumas filmagens por lá também. A Nova Zelândia pode acabar se tornando o epicentro cinematográfico mundial nos próximos meses, caso as coisas continuem caminhando dentro da normalidade.


Até mesmo nos Estados Unidos, grande epicentro atualmente do problema de saúde pública mundial, os donos de conglomerados de salas de cinemas já falam na volta. É muito dinheiro envolvido, o prejuízo do setor ainda é incalculável, tanto localmente quanto em todos os países do globo.

A princípio, o retorno deve acontecer com o lançamento de filmes que atraem grandes bilheterias, já que as salas de cinema não deverão obter autorização para receberem lotação completa. Atraindo uma quantidade razoável de pessoas por sessão, os prejuízos podem ser diminuídos.

A adaptação de Mulan e a continuação do sucesso Mulher Maravilha – o passado em 1984 – encabeçam a lista de primeiros lançamentos pós-Covid. Os produtores apostam que o publico ficará dividido entre os que não agüentam mais ficar em casa e aqueles ainda assustados com a pandemia. Uma média entre eles irá re-estrear as salas escuras. 


Outros produtores, ainda receosos desta volta, preferem apostar no retorno com grandes sucessos do passado e filmes clássicos, para testar a audiência. Harry Potter, De Volta para o Futuro, Star Wars são alguns dos títulos citados para este “teste”. 

No Brasil, pequenos empresários do ramo cinematográfico começam a temer o fechamento de algumas salas de cinema. Está tudo parado há mais de 1 mês. Sem nenhum dinheiro entrando no caixa e quase nenhuma perspectiva de volta nos próximos dias, o que fazer?

Já na Europa, os planos de reabertura de salas têm até data marcada: Junho! A princípio, somente 1 terço das salas poderiam ser preenchidos, e apenas nos cinemas de rua. Os shoppings continuam fechados. Por aqui, quase não há mais salas fora destes estabelecimentos, como prever esta volta?

Tom Cruise vai gravar o primeiro filme no espaço com ajuda de Elon Musk

Tom Cruise é famoso por dispensar dublês em suas cenas de ação - sejam perigosas ou não. O cientólogo já se machucou várias vezes, mas nunca pensou em parar e em breve deve elevar o nível: ele vai gravar o primeiro filme no espaço da história. A informação foi confirmada nesta terça-feira (5), pela própria NASA. O filme ainda contará com a ajuda de Elon Musk, marido da Grimes e CTO da SpaceX.

Até o momento da publicação desta matéria, o filme sequer está vinculado a um estúdio e sua trama também não foi revelada, mas já é possível dizer que não deve fazer parte da franquia "Missão: Impossível". Sabemos apenas da locação do filme: Estação Espacial Internacional (ISS), mas não vamos ficar surpresos se Cruise gravar algumas cenas externas.

O longa-metragem também não tem qualquer previsão de lançamento visto que está em seus estágios iniciais, mas se organizar certinho dá para levar a Lady Gaga, né? A gente sonha com a performance no espaço até hoje. Esperamos que o filme, assim como a prometida apresentação, não morra na praia.

Ainda sem data de lançamento, “Novos Mutantes” entra em pré-venda digital na Amazon

Parece que agora vai, gente. "Novos Mutantes", aquele filme de terror dos X-Men adiado quatro vezes, entrou em pré-venda digital nesta segunda-feira (04) no site da Amazon dos Estados Unidos. O longa-metragem estava previsto para abril deste ano, mas foi adiado devido ao novo coronavírus, assim como boa parte das produções previstas para até julho.


O filme está sendo vendido por US$ 25, mas não possui qualquer data de lançamento. Até o momento da publicação deste texto, Disney e Fox não se pronunciaram sobre a pré-venda, mas o lançamento deve ser oficializado em breve visto que os estúdios retomaram sua divulgação promocional com novas imagens do filme.

"Novos Mutantes" está atrasado em dois anos. O filme estava previsto para abril de 2018, mas foi adiado três vezes. O primeiro adiamento empurrou a produção para fevereiro de 2019 com a desculpa de que a Fox não queria chocar o lançamento com "Deadpool 2" em alguns mercados. A decisão era correta, mas não sabíamos o que estava por vir daí em diante.

Leia também:
O segundo adiamento não teve muita justificativa. Na época, o ComicBook afirmou que o longa-metragem seria refilmado em quase 50% para a adição de uma nova personagem - que mais tarde descobrimos que poderia ser X-23. Já o próximo adiamento levou o filme para sua última data: abril de 2020, dois anos depois da data original.

Selecionamos quatro filmes que mostram a importância do jornalismo para a sociedade


Na tarde do último domingo (3), coincidentemente Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, uma série de vídeos começou a circular na internet. Nas imagens que tomaram as redes sociais, jornalistas do Estadão são agredidos com chutes, murros e empurrões por apoiadores de Jair Bolsonaro enquanto cobriam mais uma das manifestações a favor do presidente na Esplanada dos Ministérios.

Em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus que toma o mundo inteiro, não só jornalistas, mas até mesmo profissionais da saúde estão sendo atacados verbal e fisicamente por apoiarem uma medida mais qualificada de isolamento social.

Nesse momento, é importante relembrar que ambos os trabalhos são fundamentais à população e merecem o respeito de todos. Para ressaltar a importância do jornalismo e seu papel para a sociedade, separamos quatro filmes que falam diretamente sobre o tema. Veja:

Spotlight (2015)


Baseado em uma história real e vencedor das categorias Melhor Filme e Melhor Roteiro Original no Oscar, o longa dirigido por Tom McCarthy conta sobre a editoria “Spotlight”, do jornal Boston, direcionada para trabalhos investigativos. Em 2001, a redação reuniu uma série de documentos para denunciar casos de pedofilia por parte de padres em Massachusetts. O material foi publicado em 2002, e no ano seguinte recebeu o Prêmio Pulitzer de Serviço Público.

Cidadão Kane (1941)


Escrito, dirigido e produzido por Orson Welles, o filme considerado uma obra-prima do mercado cinematográfico é, possivelmente, baseado na vida de William Randolph Hearst, um magnata do jornalismo. A suposição, no entanto, sempre foi negada publicamente por Welles.

Na produção, é contada a história de Charles Foster Kane, que teve uma infância difícil, mas se tornou um dos homens mais poderosos dos Estados Unidos. Após sua morte, um jornalista recebe a tarefa de investigar a vida de Kane, com a intenção de descobrir o propósito de uma das últimas palavras ditas por ele.


Todos os Homens do Presidente (1976)


Outra produção que é muito importante para conhecer mais sobre o jornalismo é “Todos os Homens do Presidente”. O longa aborda o escândalo Watergate, que causou a renúncia do ex-presidente dos EUA, Richard Nixon, em agosto de 1974.

O “Caso Watergate”, noticiado em 1972 pelo jornal Washington Post, foi uma investigação criada após a invasão de cinco homens na sede do Partido Democrata, no edifício Watergate. Com ajuda de fontes, dois repórteres conseguiram fazer uma conexão entre os invasores e funcionários da Casa Branca.

The Post - A Guerra Secreta (2018)


O longa protagonizado por Meryl Streep, no papel de Kat Graham, e Tom Hanks, interpretando Ben Bradlee, também aborda o caso Watergate, aqui narrado por dentro do The Washington Post e do mercado jornalístico. Quando o New York Times é punido pela Lei de Espionagem, o jornal comandado por Graham precisa decidir se publica ou não o material que incrimina o presidente norte-americano. Uma escolha entre possivelmente acabar com a empresa ou proteger a liberdade de imprensa.

Bônus: Holocausto Brasileiro (2013)


O livro de Daniela Arbex relata uma história que por muito tempo foi jogada pra debaixo do tapete. Na reportagem, a jornalista brasileira denuncia um dos grandes genocídios do Brasil, no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena do Brasil, em Minas Gerais.

Mais de 60 mil internos morreram no local, entre eles pacientes com diagnóstico de doença mental, homossexuais, prostitutas, mães solteiras, alcoólatras, etc.

Além de “Holocausto Brasileiro”, Arbex também é autora de outros dois livros-reportagem: “Cova 312: A Longa Jornada…” e “Todo Dia a Mesma Noite”.


Lista: 10 filmes sobre as complexidades da maternidade

A relação mais universalmente humana é a de uma mãe com suas crias. De histórias de amor incondicional até as dificuldades desse elo (supostamente) natural e a ruptura de um amor absoluto, a maternidade foi tema de inúmeros filmes que ousam desafiar os meandros do relacionamento. Essa lista é sobre isso.

Selecionei 10 filmes do cinema contemporâneo que abordam a maternidade nos mais diversos contextos. De dramas russos até terrores norte-americanos, são filme que, ou possuem o relacionamento como palco principal, ou que são elementos fundamentais da trama. Bom deixar claro que não se tratam de fitas para se ver no almoço de domingo, e sim películas que estão interessadas em discutir as complexidades da maternidade e o que significa a relação - acho bem mais interessante trazer obras que discorram de maneiras não óbvias uma das bases da nossa sociedade. Todos os textos são, como sempre, livres de spoilers.


Tully (idem), 2018

Direção de: Jason Reitman, EUA.
Marlo, mãe de dois, está esperando o terceiro e não planejado filho. Uma das crianças possui um problema de desenvolvimento que médico nenhum consegue diagnosticar, e a mulher se vê afogada em ansiedade sobre os desafios que já possui e os que ainda estão pela frente, até que surge Tully, a babá. A maternidade é um evento dito como o maior na vida de uma mulher, um período fabuloso que não pode ser definido por nada além de “uma dádiva”, então é muito subversivo ver como “Tully” se preocupa em quebrar essa imagem de glamourização: é claro que a gravidez é um marco, todavia, ninguém tem coragem de contar todos os lados não-tão-agradáveis. 

Mommy (idem), 2014

Direção de: Xavier Dolan, Canadá.
"Mommy", quinto filme de Xavier Dolan, retoma o tema central de seu cinema, retratando o relacionamento conturbado de Steve, o filho, e Die, a mãe. O garoto, cheio de transtornos mentais, toca o terror onde passa, dificultando a vida da mãe. A situação muda quando eles conhecem Kyla, sua vizinha, que passa a integrar a família. O filme usa de uma sacada visual sensacional: a maior parte dele se passa dentro de um quadrado. Não temos a tela cheia, apenas um quadrado, refletindo a situação claustrofóbica e tensa dos personagens. Quando eles conseguem algum momento de paz, a tela literalmente se abre, num efeito belíssimo que consegue deixar uma marca visual sem precedentes.

Hereditário (Hereditary), 2017

Direção de: Ari Aster, EUA.
Um dos mais refinados terrores já feitos, “Hereditário” já é aberto com a morte da matriarca de uma família. Quem assume as rédeas é Annie, que não espera que a ida da avó iria impactar permanentemente a vida dos dois filhos. Um dos maiores sucessos do filme de estreia de Ari Aster é em desenvolver caprichosamente o drama familiar, principalmente o quão tenso se torna o laço entre Annie e o filho mais velho. Annie é a força-motriz de todo o enredo e é muito interessante ver o limiar entre amor e ódio que tragédias podem traçar no seio de uma família.

Projeto Flórida (The Florida Project), 2017

Direção de: Sean Baker, EUA.
Contado através da ótica das crianças, a produção é o retrato agridoce de uma fatia esmagada à margem e varrida para debaixo do tapete: a nova geração de sem tetos. Carregado por uma das melhores performances da década – de Brooklynn Prince, que tinha SEIS anos durante as filmagens –, seguimos os pequenos criando seus contos de fada para burlarem aquela precária condição, culminando num dos finais mais puros e desoladores já colocados na tela do Cinema. Quem liga o público e as crianças é Halley, mãe adolescente que claramente não tem noção da responsabilidade que possui.

Ondas (Waves), 2019

Direção de: Trey Edward Shults, EUA.
Um jovem lutador tem um empecilho na carreira quando sobre uma lesão. Ainda por cima, sua namorada está grávida e sem intenção de abortar, o que o faz entrar em uma espiral de ódio. "Ondas" é um drama muito realístico que se senta no meio de uma família e como os atos do protagonista impactam a todos. Quem tenta sustentar tudo é a mãe adotiva do garoto, que, mesmo sendo atacada por não ser a mãe biológica, permanece de pé para o que é mais importante, sua família, provando que laços vão muito além do sangue.

A Hora de Voar (Lady Bird), 2017

Direção de: Greta Gerwig, EUA.
Christine Lady Bird McPherson está saindo da escola e vê seu universo como um utóptico conto de fadas. Porém a princesa aqui não possui um castelo, nem príncipe encantado, nem sapato de cristal. Fazendo o contraponto perfeito da solar personalidade de Lady Bird temos sua fada madrinha, sua mãe Marion. Sua personagem é deveras complexa: devendo cuidar da casa, ela se vê com a responsabilidade de cuidar do marido desempregado e depressivo, dos filhos nada fáceis e da sua própria vida, dividida entre o papel de dona de casa e enfermeira com jornada dupla. Mesmo totalmente diferentes, as duas devem aprender a colocar o incontestável amor acima de tudo.

Nessa atual e urgente onda feminina de denúncias contra abusos, acompanhar a luta de uma mãe em busca de justiça pela morte da filha é a história que precisávamos ver. Um dos mais originais e bem escritos roteiros da década “Três Anúncios” deixa chover sarcasmo para apontar o dedo na cara da hipocrisia, do ódio e de como caminhamos sob uma estrutura aparentemente sem conserto. Com seus personagens escancaradamente conturbados e situações ácidas, temos em mãos uma produção atemporal - ou você acha que Frances McDormand, vencedora do Oscar pelo papel, querendo honrar a memória da filha e colocando todos os homens ao redor em seus devidos lugares não será um clássico?

Que Horas Ela Volta? (idem), 2015

Direção de: Anna Muylaert, Brasil.
A maior obra-prima do nosso cinema nessa década e pilar central dos novos rumos que viriam a seguir, "Que Horas Ela Volta?" transcende a barreira regional para entrar no panteão internacional ao unir uma história que tanto reflete as rachaduras da nossa sociedade quanto universaliza seus dramas. Carregado por uma louvável atuação de Regina Casé, que não assustaria caso fosse indicada ao Oscar, o próprio título surge a partir da indagação de um filho sobre sua mãe. O longa de Anna Muylarte – que teve o título traduzido para “A Segunda Mãe” no mercado estrangeiro – mostra um lado cultural bem brasileiro, a de empregadas cuidando dos filhos de outras mulheres. Mas e os filhos dessas empregadas?

As Filhas de Abril (Las Hijas de Abril), 2017

Direção de: Michel Franco, México.
As Filhas de Abril" tem uma menina de 17 anos que faz de tudo para que a mãe não descubra sua gravidez. Quando Abril tem a revelação, ela se mostra compreensiva e apta a ajudar no que puder, retrato de uma sororidade lindíssima entre aquelas mulheres. Pobre coitada da plateia que não tem ideia do abismo logo ali do lado. Falar mais que isso é entregar a história, todavia, essa é uma película que demonstra o próprio slogan: "o amor de uma mãe não conhece limites". Prepare-se para ver seu queixo cair.

Sem Amor (Loveless), 2017

Direção de: Andrey Zvyagintsev, Rússia.
Um casal à beira do divórcio nutre ódio mútuo que torna a mera aproximação insustentável. Sobra para o filho deles, esquecido e renegado, já que os pais estão ocupados demais se odiando. Quando o menino foge e desaparece (após uma das cenas mais devastadoras do ano – a da porta), a mãe deverá deixar de lados as diferenças para achar a criança. A situação extrema costura seus personagens de maneira homeopática, construindo uma trama universalmente afiada que consegue tirar a fé do espectador pelos momentos frios e egoístas do homem. “Sem Amor” é nome absoluto do que há de melhor da misantropia na Sétima Arte. Nem todo mundo nasceu para ter filhos.

***

Diretores de “Vingadores: Ultimato” irão produzir versão live-action de “Hércules”

Os irmãos Russo, diretores dos dois últimos "Vingadores", cuidarão da produção da versão em live-action de "Hércules". A Disney vem cogitando uma nova versão da história do herói do Olimpo há algum tempinho, mas parece que agora vai, gente. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (30) pelo The Hollywood Reporter.

Além dos Russo, o filme terá o roteiro de Dave Callaham, que cuida também de "Shang-Chi", a próxima aposta da Disney e Marvel para o mercado chinês. Apesar dos primeiros nomes envolvidos divulgados, não há qualquer indício de que o longa-metragem esteja próximo de escalar os atores. "A Pequena Sereia" ainda deve ser o próximo live-action da Casa do Mickey, previsto para algum momento de 2021.

"Hércules" foi lançado originalmente em 1997 no formato de animação 2D e conta a história do semi-deus por meio de um musical que rendeu o maior ato do milênio "Hero to Zero". A animação também fez sucesso pelo carismático Hades, dublado James Woods.

Oscar muda regra e filmes exibidos apenas em streaming também poderão concorrer

O novo coronavírus fez com que a conservadora Academia de Artes e Ciências Cinematográficas mudasse uma regra polêmica. Os filmes exibidos apenas em streaming também poderão concorrer na edição de 2021. Antes, era necessário que o longa-metragem ficasse em cartaz pelo menos durante uma semana. A mudança foi anunciada nesta terça-feira (28).

A nova regra deve se aplicar apenas para a próxima edição do Oscar e é válida apenas para filmes que tiveram suas estreias em cinemas canceladas devido do COVID-19. Logo, longas que já seriam originalmente lançados apenas via streaming seguem de fora da corrida ao prêmio mais cobiçado da sétima arte.

Outra mudança é que a Academia transformou duas categorias em uma. As categorias Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som se tornam apenas Melhor Som. Deste modo, o Oscar passa a ter 26 categorias.

Crítica: “O Chalé” e a religião usada para orquestrar um terror correto

Atenção: a crítica contém spoilers.

Uma das críticas mais acessadas aqui no Cinematofagia é a de "Boa Noite Mamãe" (2014), que todo mês surge entre as mais lidas, mesmo há anos publicada. O filme é bem divisível: alguns o acham chatíssimo, outros uma obra-prima (me incluo aqui, sendo meu 43º melhor filme da década), e o hype para o novo e segundo filme da dupla austríaca Veronika Franz e Severin Fiala estava bem alto por aqui. "The Lodge" finalmente está entre nós.

"The Lodge" (traduzido como "O Chalé") começa com uma mãe (Alicia Silverstone) levando seus dois filhos, Aidan (Jaeden Martell, da saga "It: A Coisa", 2017-19) e Mia (Lia McHugh) até a casa do pai, um jornalista investigativo. O casal está passando por um processo de divórcio, e é claro desde a largada que ninguém além do pai gosta da nova namorada, Grace (Riley Keough). Ao anunciar que o casamento já está marcado, a mãe calmamente volta para sua casa, saca um revólver e se suicida.

A produção foi muito perspicaz em escalar Alicia Silverstone para o papel. Os primeiros minutos gravitam ao redor de sua personagem e, por ser a atriz mais conhecida do elenco, soa como a protagonista da fita. Matá-la antes mesmo da história de fato começar é uma ruptura efetiva no clima, e o acontecimento dita o destino de todos os personagens no ecrã - e, também, segue a artimanha de alguns dos maiores nomes da história do terror, como "Psicose" (1960) e "Hereditário" (2018), que não poupam suas supostas protagonistas no primeiro ato.

O suicídio da mulher é a ruína emocional da já fragilizada família, porém, quem mais sofre é Mia. Não apenas a morte da mãe, o que também a assombra é a certeza de que ela não entrará no Céu - suicídio é um pecado mortal nas escrituras cristãs, e condena a alma direto para o Inferno. É muito emblemática a cena do velório. Os presentes estão com balões pretos com hélio; Mia amarra sua boneca (vestida como a mãe) no balão, porém, ele é o único a não subir aos céus. A boneca, ao contrário dos outros, vai direto ao chão, uma imagética comprovação de que o lugar da mulher no pós vida não é ao lado do Criador.

Seis meses se passam e o pai diz que quer passar o natal com os filhos e Grace em seu afastado chalé. Aidan imediatamente se recusa, dizendo que a namorada é a culpada pela morte da mãe. Invadindo o computador do pai, os filhos descobrem que Grace é a única sobrevivente de um culto fundamentalista, liderado pelo seu finado pai, que cometeu um suicídio em massa. Para Aidan, ela é uma "psicopata", e o macabro vídeo mostrando os corpos com uma fita na boca escrita "Pecado" reforçam a ideia.


O pai consegue convencer as crianças sobre o feriado no chalé e finalmente Grace entra em cena. A obra faz tudo ao seu alcance para não emoldurar o rosto da mulher na tela, colocando-a por trás de vidros, janelas ou em takes de costas - assim como a mãe de "Boa Noite Mamãe" é apresentada ao público em doses homeopáticas. Isso dita onde reside a força motora de suas tramas e qual personagem deverá ser desvendada. O mistério está ali.

No chalé, Grace parece totalmente deslocada por esbarrar em um muro de indiferença criado pelos enteados. Para piorar, há diversos ícones e símbolos religiosos espalhados pela casa, o que, de alguma forma, a machucam. Não parece um ambiente saudável para ela, no entanto, mesmo com o pai dizendo que os planos podem ser mudados, ela afirma que pode passar alguns dias com as crianças enquanto ele volta ao trabalho. A coisa vai por água abaixo assim que ele vai embora.

Personagens em uma cabana longínqua vendo tudo dando errado? Clichê, para dizer o mínimo, todavia, "The Lodge" burla expectativas simbióticas da premissa. A dinâmica do filme vira a mesma de "Boa Noite Mamãe": uma mulher contra duas crianças. Grace tenta se aproximar dos dois; Aidan a ignora por completo e Mia a tortura emocionalmente quando mostra o presente que fez para o pai: um vídeo celebrando a mãe. Ela decide parar com o teatro e manda a real para Aidan, perguntando qual o motivo para aquele tratamento, pedindo para que o garoto se esforce para manter um ambiente menos tenso. Ele faz isso durante a noite, quando faz chocolate quente para ela enquanto todos assistem a filmes.

Só que quando todos acordam, toda a comida e pertences dos três sumiram. A energia também se foi, o que desliga o aquecedor, congelando os canos. Grace acusa os garotos, enquanto os dois acusam Grace, mas ninguém parece ter a menor ideia do que aconteceu - note o filme que está passando na cena anterior, "O Enigma de Outro Mundo" (1982), que exatamente se trata de uma história com personagens trancados em um lugar e acusando uns aos outros sobre o que está acontecendo. Estranhos sonhos se iniciam, com Grace sendo assombrada pela figura do pai enquanto Aidan tem um pesadelo em que todos morriam sufocados quando um aquecedor portátil a gás dá defeito. Algo claramente errado está se passando ali.

"The Lodge", a partir de então, segue o mesmo caminho traçado por "O Homem Invisível" (2020): construir seu mistério ao redor de um tom sobrenatural. No caso de "O Homem Invisível", é evidente que esse tom é uma ilusão (é só ler o título), mas "The Lodge" tem elementos o suficiente para sustentar a hipótese, como Grace e sua aversão a qualquer imagem religiosa e o sumiço de tudo, incluindo um remédio da mulher. A fita, assim como "Mãe!" (2017), não explana o que seria o medicamento tomado pela protagonista, deixando a plateia supor o que poderia ser, e, graças ao passado de Grace, provavelmente se trata de algum psicotrópico. Com a abstinência, Grace cada vez mais entra em um estado que cambaleia entre a realidade e a alucinação.

Mesmo há poucos dias ali, os relógios informam que semanas haviam se passado, e nada do pai voltar. Em uma desesperada tentativa de solução, Grace tenta encontrar outra casa a fim de pedir ajuda, mas inevitavelmente volta para o chalé. Lá, os filhos mostram um jornal com o obituário dos três: eles haviam morrido na noite dos filmes, e estariam no Purgatório, o limiar entre o Céu e o Inferno. Cabia a eles se arrependerem de seus pecados para salvarem suas almas, o que acorda todos os demônios enterrados em Grace.

Vamos sentar aqui e assimilar o que acontece. "The Lodge" tem uma reviravolta. É deliciosamente curioso como, mesmo sabendo que o filme sucede "Boa Noite Mamãe", nós esquecemos dos traços seguidos pelos diretores, que são bem similares em "The Lodge": as crianças são os maestros do caos. A película sadicamente introduz elementos, cenas e passagens que distraem o espectador do verdadeiro mal ali presente, e é maravilhoso ser "enganado". Aidan e Mia arquitetaram um plano muito detalhado a partir de uma maquete que replica o chalé, e são eles que escondem toda a comida e objetos, além de psicológica e emocionalmente manipularem Grace, levando a mulher à literal loucura. Tudo é feito para vingar a morte da mãe, como se a existência de Grace fosse a culpada. Aidan fala exatamente isso para o pai no começo da fita, mas é desconcertante perceber que ele fala com convicção, condenando a protagonista.


O cinema de Franz e Fiala subverte uma lógica do terror, quando as crianças são sempre vítimas. Sim, já existiram filmes em que crianças são as vilãs, mas os dois são especialistas ao criar um estilo dramático que percorra por aí; tanto em "Boa Noite Mamãe" como em "The Lodge", os adultos são peões impotentes da tática maquiavélica dos pequenos, e sempre fomentados por traumas - em "Boa Noite", os filhos culpam a mãe por um acidente que matou membros da família. Só que no caso de "The Lodge", as crianças foram longe demais e mexeram com a pessoa errada.

A carga religiosa que Grace por anos suprimia vem à superfície com toda a força. Ela está convencida de que todos do chalé devem passar por penitências físicas a fim da salvação, assim como Jesus deu seu corpo para a tortura. Quando o pai chega no local, depois de encontrar a maquete dos filhos com o plano, é morto por Grace em um torpor sacro, o primeiro a ser sacrificado pelo altíssimo.

Uma discussão fundamental que surge no subir dos créditos é: quem é o vilão da história? São as crianças, que propositalmente destroem a base de realidade de Grace? É Grace, que termina matando a todos? Ou é o pai, que troca a mãe por uma mulher mais jovem e não parece levar em conta os sentimentos dos filhos, apenas seu desejo? Porque, se pararmos para pensar, o estopim que leva ao sepultamento de todos os personagens é a decisão do pai em deixar a mulher.

Particularmente, as crianças são as maiores vilãs. O que o pai fez é inegavelmente egoísta e Grace sucumbe à loucura, enquanto todos os atos dos filhos são conscientemente calculados. Grace, inclusive, parece ser uma pessoa tentando encontrar uma redenção. No jornal que informa sobre o suicídio em massa do culto (bom dar uma pausa no momento), há uma passagem que revela que Grace é a única sobrevivente pois seu pai (o líder) queria que ela espalhasse a ideologia da seita, algo que claramente é repudiado por ela. Qualquer iconografia religiosa é um gatilho, e ela luta para se afastar do que representa o passado maculado pelo seu pai - e usado malignamente pelas crianças, sem noção do quão profundo e obscuro aquilo vai na mente da protagonista. Sinceramente, os dois mereceram o destino que tiveram.

"The Lodge" nada contra a maré do modelo atual de cinema de terror, acomodado em berrar sustos, e edifica sua atmosfera com muito cuidado, trabalhando com sugestões e temáticas geralmente tratadas com pobreza. Até a própria fotografia - do mesmo responsável por "O Lagosta" (2015) e "O Sacrifício do Cervo Sagrado" (2017) - é fundamental na imersão da história quando captura luzes naturais de maneira não convencional, no limiar entre claridade e escuridão. A religião católica já perdeu as contas de quantos filmes a tomam como ethos de maneira preguiçosa, sem agarrar o quão assustador pode ser quando roteirizada da maneira certa, e "The Lodge" é um desses exemplos de sucesso, ainda mais louvável quando não possui uma trama sobrenatural, bengala batida e saturada dentro do gênero.

Bom lembrar também sobre o como é um prazer ver diretores saindo dos seus países para o eixo EUA/Reino Unido sem abrir mão de suas personalidades e estilos a fim de degradar seus cinemas por uma bilheteria mais larga. "The Lodge" sucede "Boa Noite Mamãe" brilhantemente e ajuda a consolidar os nomes de Veronika Franz e Severin Fiala no alto escalão do horror contemporâneo.


Siga @cinematofagia no Instagram para não perder nenhum post - além de conteúdos exclusivos.

NÃO SAIA ANTES DE LER

música, notícias, cinema
© all rights reserved
made with by templateszoo