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Album Review: “This is Acting” é a prova de que, como atriz, Sia é uma ótima cantora

“Eu encontro a mim mesma em minhas melodias. Canto pelo amor, canto para mim. E vou colocar isso para fora, como um pássaro em liberdade”. É assim que Sia canta no refrão de “Bird Set Free”, a primeira música do seu novo disco, “This is Acting”, mas ainda que isso pareça poético o suficiente para a visão de um compositor que, no auge de sua inspiração, apenas usa de sua arte para se expressar, a gente não pode se enganar: pra ela foi tudo atuação.

O novo álbum da australiana, sucessor do divisor de sua carreira, “1000 Forms of Fear” (Chandelier, Elastic Heart, Big Girls Cry), é totalmente composto por músicas que ela escreveu para outras artistas, numa lista que inclui Adele, Beyoncé, Rihanna, Katy Perry, Shakira, Demi Lovato, Jessie J e várias outras, mas se, em algum momento, você imaginou nisso uma proposta em que Sia sairia por completo de sua zona de conforto, se entregando ao papel das suas colegas de trabalho, esteve errado.

Basicamente, “This is Acting” é uma maneira da australiana teimar com alguns dos maiores nomes da indústria, pois via nessas canções potencial para serem grandes hits e, sendo assim, não entendia a razão de terem sido rejeitadas, mas enquanto o disco funciona perfeitamente de um lado, falha miseravelmente em outro. E é isso que exploraremos nessa review. Que abram as cortinas, o teatro vai começar!

1) “Bird Set Free”

Quem rejeitou: “Pitch Perfect 2”, Jessie J, Adele e Rihanna


As composições de maior sucesso da Sia foram suas baladinhas, como “Diamonds”, para Rihanna, e “Pretty Hurts”, para a Beyoncé, e não é à toa que até o David Guetta resolveu entrar na brincadeira com “The Whisperer”, do álbum “Listen”, então, com tanta gente interessada, ela repete a fórmula diversas vezes nesse disco. “Bird Set Free”, entretanto, consegue não cair por completo como algo genérico, talvez pela maneira como mescla bem sua dramaticidade ao contexto artístico.

Sob um arranjo bem semelhante ao seu sucesso solo, “Chandelier”, Sia aplica à música nova o conceito que a própria chama de “victim to victory” (“de vítima à vitoriosa”), mesmo que a inspirou a compor outras como “Titanium” e “Elastic Heart”, enquanto esbraveja o quanto continuará cantando enquanto tiver voz, pois é isso o que a mantém bem.

2) “Alive”

Quem rejeitou: Adele e Rihanna


Uma das melhores músicas já lançadas pela australiana desde que alcançou o estrelato, se esforçando para manter o anonimato, “Alive” é uma balada que grita, literalmente, para soar épica. Nesta, não há dúvidas quanto à forma que os vocais e arranjo trabalham de forma conjunta, crescendo gradualmente, até um ponto em que ficamos com a impressão de que tudo irá para os ares, incluindo as cordas vocais da cantora.



Algumas partes do disco nos fazem pensar “como foi que tal cantora pôde recusar isso?”, mas em “Alive”, tudo o que temos a fazer é agradecer Adele, que co-compôs essa letra, e Rihanna, uma vez que simplesmente não conseguimos imaginá-la na voz de nenhuma outra cantora, senão a própria Sia. O maior momento da música é quando, após uma brusca queda, Sia reascende seu ritmo com os versos cantados de maneira quase incompreensível, afirmando:
“Eu cometi cada um dos erros que você provavelmente poderia ter cometido. Recebi, recebi e recebi o que você me deu, mas você nunca notou que isso estava me machucando. Eu sabia o que eu queria, fui atrás e consegui. Fiz todas as coisas que você disse que eu não era capaz. Te disse que eu nunca seria esquecida e consegui isso sem você”.

3) “One Million Bullets”

Quem rejeitou: a própria Sia 


Enquanto “Bird Set Free” e “Alive” abrem o disco de maneira majestosa, sendo baladinhas que, dentro da zona de conforto da Sia, conseguem crescer à sua maneira, “One Million Bullets” chega sendo uma das mais genéricas do registro e, por ironia ou não, foi inicialmente descartada pela própria cantora, no seu disco “1000 Forms of Fear”.

Num tom mais romântico que as anteriores, a sua letra é sobre colocar a mão no fogo por outra pessoa, com a australiana afirmando que “levaria um milhão de balas por você” e, nos versos seguintes, questionando, “quantas você levaria por mim?”. Bateu uma ânsia aqui.

4) “Move Your Body”

Quem rejeitou: Shakira


Essa é a primeira música do disco em que realmente temos a impressão de que Sia está encarnando uma persona que não pertence à ela. Planejada para a Shakira, “Move Your Body” é a “música para a Copa” que a colombiana não quis lançar e, pensando nela desta forma, dá até pra imaginar que Sia tenha composto na mesma época em que contribuiu em “We Are One (Ole Ola)”, do Pitbull  com a Jennifer Lopez — errar é humano.



Desta vez, Sia substitui sua entonação vocal tradicional para algo mais próximo da Shakira, mas não esconde o desconforto em estar num espaço que não é seu, cantando de forma tão preguiçosa que dificilmente conseguimos realmente nos sentir contagiados por todos seus excessos. Os gritos do seu refrão, ainda que mais agitados, nos lembram de “Loved Me Back To Life”, composto pela australiana para a Celine Dión.

5) “Unstoppable”

Quem rejeitou: Katy Perry e Demi Lovato


Katy Perry e Sia não se deram muito bem em estúdio. Como a própria contou numa entrevista, a forma que a californiana compõe é muito diferente da sua, funcionando mais como um “quebra cabeça”, em que cada uma das palavras precisam se encaixar de alguma maneira, e das vezes em que tentaram trabalhar juntas, muitas falharam. A única composição da Sia que já esteve num disco da Katy foi “Double Rainbow”, do álbum “Prism”, mas antes de chegar nela, Katy recusou “Chandelier”, “Elastic Heart” e, como agora sabemos, “Unstoppable”.

Ainda que se assemelhe bastante à “Chandelier”, “Unstoppable” traz como um ponto ao seu favor o arranjo marcado por uma progressão triunfante, assim como ela também fez em “Alive”, de maneira que toda a estrutura causa certa ansiedade aos seus momentos finais, nos levando ao seu ápice.

6) “Cheap Thrills”

Quem rejeitou: Rihanna


Daqui em diante, o disco fica realmente interessante. “Cheap Thrills” era planejada para o disco novo da Rihanna, “ANTI”, mas enquanto “Work” fechou a cota dançante por lá, “Cheap Thrills” veio fazer o seu trabalho aqui. Lembrando um pouco do que David Guetta fez com a cantora e Fetty Wap na versão single de “Bang My Head”, a música coloca Sia bem longe das tendências que a própria colocou nas rádios, fazendo agora com que ela beba da fonte do Major Lazer e Justin Bieber, com músicas como “Lean On” e “Sorry”, respectivamente.



Um ponto interessante é que a música, além de soar bem diferente de tudo o que a australiana já lançou, como deveria ser todo o disco, foge também da zona de conforto do seu produtor, Greg Kurstin, que encarnou desta vez alguma versão mais talentosa do Skrillex. No fim das contas, a própria Sia concordou que a música não soaria bem com a Rihanna (o que discordamos, para falar a verdade), afirmando que ela soava mais como algo para as suecas do Icona Pop (o que podemos concordar, sim). Sua letra, é uma ode à diversão barata, e, ainda que esse tropical house e letra sejam dançantes e descontraídos demais para o que estamos acostumados com a australiana, funciona perfeitamente bem em seus vocais. “Querido, eu não preciso de dinheiro para me divertir essa noite (eu amo diversões baratas!) não preciso de dinheiro, enquanto eu puder ouvir as batidas, eu não preciso de dinheiro, enquanto continuar dançando”.

7) “Reaper”

Quem rejeitou: Rihanna e Kanye West


‘This is Acting’, Imma let you finish, but ‘Reaper’ is the best track of all the album. Of all the album. Sim, Rihanna devia estar loucona quando descartou “Reaper”, mas isso provavelmente esteve mais associado à produção do Kanye West, que abandonou tudo referente ao último disco da barbadiana, incluindo o single “FourFiveSeconds”, do que a qualidade incontestável da canção em si.



O curioso, entretanto, é que a própria Sia afirma não gostar de “Reaper”, ainda que essa soe como uma das faixas mais sinceras e relacionadas ao passado da australiana, que sofreu de depressão, teve vício em drogas e tentou até mesmo o suicídio, sendo essa descrita por ela como uma canção que permaneceu no disco apenas porque seu empresário insistiu — muito obrigado, seja ele quem for.

Soando como um verdadeiro clássico, aos moldes do que Kanye West também fez com The Weeknd em “Tell Your Friends” e com seu próprio trabalho em faixas como “Runaway”, do disco “My Beautiful Dark Twisted Fantasy”, “Reaper” adota a esperança que rodeia boa parte das outras canções do disco, mas de uma maneira menos rasa, demonstrando a vulnerabilidade de sua personagem como nenhuma outra, enquanto implora pra que a morte não venha tão cedo.
“Não venha me buscar hoje, eu estou me sentindo bem e quero saborear isso. Não venha me buscar hoje, estou me sentindo bem e me lembro quando você veio para me levar embora, estive tão perto dos portões do paraíso. Mas não, baby, hoje não. Oh, você tenta me deixar pra baixo. Você me seguiu como uma nuvem negra, mas não, baby, hoje não. Oh, ceifador... Então só volte quando eu já estiver bem e velha. Ainda tenho muitas bebidas para tomar e homens para agarrar. Eu tenho muitas coisas boas para fazer com a minha vida, sim. Quero dançar sentindo a brisa do ar, o vento batendo os meus cabelos e ouvindo o oceano cantar. Tenho muitas coisas boas para fazer com a minha vida.” 

Os olhos se encheram aqui.

8) “House on Fire”

Quem rejeitou: não foi revelado.


Sem seu destinatário revelado, “House on Fire” cairia bem nas mãos de muita gente, incluindo Beyoncé, Rihanna, Katy Perry (o arranjo lembra um pouco de “Roar”) e até mesmo para a proposta mais radiofônica de Adele em seu “25”. A música é uma das poucas que conseguem conversar bem tanto com a parte dramática quanto mais animada do disco, soando pronta para as rádios, mas sem deixar a dramaticidade cair.



Casando bem com “Fire Meet Gasoline”, do seu último álbum, tanto temática quanto sonoramente, “House on Fire” fala sobre um relacionamento abusivo, no qual a australiana sabe que está se queimando, mas continua, pois também encontra motivos que a fazem persistir no erro. Os vocais mais relaxados, sem todo aquele exibicionismo das faixas iniciais, tornam a música mais agradável. É um single em potencial.

9) “Footprints”

Quem rejeitou: Beyoncé


Desta vez lembrando “Burn The Pages”, também do disco anterior, “Footprints” mantém a sonoridade comercial da música anterior e repete a ausência favorável de exageros vocais, trazendo ao fundo um coro formado por camadas da sua voz, enquanto, usando uma de suas frequentes metáforas, ela relaciona a história de um casal à estar com os dois pés afundando numa areia movediça.

Ainda que funcione bem, a música é estruturalmente simples e isso talvez se dê por conta da pressa e mente incansável da Sia, que a compôs numa mesma sessão em que escreveu outras vinte e quatro (!) para Beyoncé e seu disco autointitulado.

10) “Sweet Design”

Quem rejeitou: Jennifer Lopez e Beyoncé


Mais um dos grandes momentos do disco, “Sweet Design” foi descartada pela Beyoncé e Jennifer Lopez, mas funcionaria muito bem em discos como “Some People Have REAL Problems” e “We Are Born”, da própria Sia, se não fosse por sua letra. Seu arranjo, fora do convencional, nos lembra dos momentos mais dançantes das duas, como “Get Me Bodied” (Beyoncé) e “Get Right” (JLO), enquanto essa é uma das poucas que voltam a cumprir com a proposta de ter a australiana atuando, já que, passadas composições tão intensas quanto “Pretty Hurts” e “Elastic Heart”, jamais imaginaríamos Sia cantando coisas como “as notícias correm rápido quando você tem um bumbum tão lindo quanto o meu”.



11) “Broken Glass”

Quem rejeitou: Demi Lovato (vacilona!)


De volta à zona de conforto da Sia, “Broken Glass” é mais uma baladinha motivacional, mas traz em sua letra alguns dos melhores versos do disco (“estou te jogando fora, como um vidro quebrado / não há vencedores quando a sorte está lançada / há apenas lágrimas quando é a última tarefa /  mas não desista, é só mais um romance jovem”), fugindo da preguiça que a Sia tende a assumir em algumas dessas letras, o que nos faz pensar sobre o que fez Demi Lovato recusá-la pra lançar um disco com músicas como “Old Ways” e “Kingdom Come”, mas a gente supera.

Algo curioso é a sensação de escutá-la tendo em mente uma daquelas animações com lições de moral, tipo “Rei Leão”, sabe? Então não ficaremos surpresos se, assim como “Alive” em “A 5ª Onda”, essa música também conquistasse um espaço nas telonas.

12) “Space Between”

Quem rejeitou: Rihanna


Encerrando a edição standard do disco da melhor maneira possível, “Space Between” é mais um dos grandes momentos do álbum e se assemelha bastante às baladinhas que Sia lançou antes do estrelato, trocando os versos fáceis e refrãos manjados por uma estrutura bem menos comercial e, ainda assim, tocante como só ela seria capaz de fazer.

Ao contrário das outras, “Space Between” não foi exatamente descartada e sim pega de volta. Acontece que a Rihanna topou ficar com ela para o seu “ANTI”, mas a australiana gostou tanto da faixa, que se arrependeu por tê-la vendido e ligou para Rihanna pedindo-a de volta. Imaginem essa conversa.



Pira nossa ou não, a música parece conversar com “Soon We’ll Be Found”, do disco “Some People Have REAL Problems”, e enquanto lá, ela e seu parceiro tentavam dormir para superar as brigas e as perdas, até que pudessem ser encontrados, aqui eles encaram a inevitável separação. “Sem brigas, sem brigas, sem mais brigas para nós. [É preciso] Preencher o vazio em nossa cama. O espaço entre nós é ensurdecedor. Oh, não estamos mais nos encaixando, estamos nos quebrando. E esse espaço entre nós é ensurdecedor”.

13) “Fist Fighting A Sandstorm”

Quem rejeitou: a própria Sia


Uma das melhores produções do álbum, em todos os sentidos, mas mal aproveitada, já que sobrou para a versão exclusiva da loja Target — o que diminui para quase 0% as chances de se tornar um single —, “Fist-Fighting A Sandstorm” é daquelas que imaginamos sendo um puta sucesso nas mãos de algum produtor de música eletrônica, o que poderia torná-la a próxima “Titanium”. Sério.

Em sua letra, Sia fala sobre abrir mão de uma luta pelo coração de outra pessoa e encerra o refrão com um, “eu estou deixando partir e isso é lindo”. Sua sensação de alívio ao tirar o peso das costas é tão bem expressada que toda a música, vibrante do início ao fim, parece nos fazer sentir bem junto com a cantora.
“Lutei tanto pelo seu coração, de todas as formas possíveis, e eu pensei que pudesse salvá-lo da destruição. Mas eu nunca estive no contro-o-le, nunca estive no controle. Lutando uma guerra solitária. Eu nunca estive no contro-o-le, nunca estive no controle. Lutando uma guerra solitária. Eu estava dando murros numa tempestade de areia, agora não estou esmurrando mais nada. Estou deixando partir e isso é lindo”. 

14) “Summer Rain”

Quem rejeitou: Christina Aguilera


Dando fim à versão Target do álbum, “Summer Rain” não foi oficialmente dada como uma descartada por Christina Aguilera, mas essa é nossa inevitável aposta, já que a cantora segue em estúdio, gravando o sucessor do álbum “Lotus”, e teve uma filhinha com o mesmo nome da canção. Sendo da Aguilera ou não, a música é mais uma que nos faz sentir estar tão distante dos outros hinos do disco, já que também coloca Sia numa zona radiofônica nada repetitiva e, outra vez, funcionaria perfeitamente como um single, até sucedendo bem a épica “Alive” nas rádios.



Deixando de lado a perspectiva dessa como uma homenagem a filha de Christina Aguilera, “Summer Rain” também é uma ótima música de amor, mantendo a positividade que ficou para essa versão exclusiva do álbum, só que da maneira contrária da música anterior, já que, desta vez, Furler quer sua “chuva de verão” o mais perto que puder. “Eu pensei que você fosse um furacão. Me virei e era apenas uma chuva de verão. Você veio para ‘lavar’ toda a minha dor. Precisei de você em cada uma das suas formas, minha chuva de verão”.

***

Em geral, como atriz, Sia Furler é uma ótima cantora e compositora. É inegável que “This is Acting” tem muito potencial comercial, como a dificuldade para esquecer seus versos não nos deixa mentir, mas o disco falha em seu objetivo principal, de torná-la uma mera intérprete em meio aos hits dos outros, uma vez que muitas dessas faixas apenas repetem o que ela já fez, assim como representam coisas que, sim, facilmente a imaginaríamos lançando.

Tirando os refrãos manjados e essas estruturas tão familiares aos seus últimos trabalhos, nos sobram músicas como “Reaper”, a nossa favorita, “Cheap Thrills” e “Sweet Design”, o que, por melhores que sejam, é de menos para um disco composto por quatorze canções, mas simplesmente não dá pra dizer que um álbum com essas e outras como “Alive”, “Bird Set Free”, “House on Fire” e “Space Between” seja ruim, ainda que, para ela, toda essa grandiosidade soe bastante genérica.



Tão apegada a essa ideia de interpretar suas próprias músicas pela perspectiva de uma terceira pessoa, teria sido mais interessante se, invés de músicas inéditas, Furler tivesse lançado um álbum com suas versões para músicas já vendidas para outros artistas, como “Diamonds”, “Pretty Hurts” e até mesmo “Perfume”, mas reconhecemos que um passo assim seria mais burocrático do que os fãs imaginam, de forma que nos consolamos em termos o “This is Acting” entre nós. A parte ruim é que, com essa metralhadora de hits por aí, Sia corre o risco de terminar marcada por fórmulas cada vez mais batidas, o que, sem dúvidas, poderá prejudicá-la e muito futuramente, tornando o momento mais alto da sua carreira, um dos mais baixos da sua criatividade.

Album Review: Justin Bieber dança conforme o ritmo enquanto implora por nosso perdão em “Purpose”

Os últimos anos foram agitados para Justin Bieber. O canadense, que há algum tempo foi a maior tendência da indústria pop, viu sua carreira ser engolida por polêmicas e relacionamentos e, de uma forma que talvez nem ele esperasse, precisou lidar com essa fase conturbada impactando diretamente nas vendas de seu último disco, “Journals”, deixando claro que estava na hora dele repensar para onde estava indo.

Daí em diante, a história você deve conhecer e partiu para um lado bastante previsível, com ele deixando para trás o Bieber “bad boy” que urinava na rua e pichava muros, para se transformar no garoto que teve seu coração partido e vinha aprendendo com seus erros. Nesse processo de limpeza da sua imagem, o canadense concedeu diversas entrevistas, chorando em muitas delas, e, num dos passos mais marcantes desse período, protagonizou um especial humorístico da MTV, em que diversos artistas se uniram para, literalmente, acabar com ele em frente às câmeras.

Boa parte disso pareceu funcionar e, logo após o especial da MTV, muitos já falavam sobre a postura amadurecida do cantor, que pareceu segurar bem as críticas, mas, até então, estávamos falando apenas de uma reinvenção midiática, deixando em segundo plano a parte mais importante: sua música.

E foi aí que Justin foi praticamente catapultado para a aceitação de sua nova fase. “Where Are Ü Now”, parceria dele com Skrillex e Diplo, presente no álbum de estreia dos últimos dois com o projeto Jack Ü, surgiu como uma das parcerias mais inusitadas do ano e cumpriu com o seu propósito, soando como algo inédito na carreira do canadense e se tornando também o maior sucesso dos produtores envolvidos, fazendo o que o último disco de Bieber não foi capaz, provando sua facilidade em se encaixar em novas propostas musicais e colocando-o de volta em exposição nas rádios e paradas.

De volta ao jogo, não demoraria até que Bieber pudesse seguir seus próprios passos sozinho outra vez e ele o fez no single seguinte, “What Do You Mean”, que anunciou o disco “Purpose” ao mundo e, refletindo o impacto de “Where” na sua carreira, se tornou sua primeira canção a alcançar o topo das paradas nos EUA, superando sucessos como “Baby” e “Boyfriend”, dos seus discos anteriores. 

O grande trunfo de Bieber, mais uma vez, foi a capacidade de reinvenção, boa parte por conta dos novos produtores com quem ele esteve em estúdio, como Skrillex, que assina seis músicas do novo disco, e os novatos Blood Diamonds e Poo Bear. “What Do You Mean” seguia, inclusive, uma tendência que continua crescendo nas paradas, do tropical house, que também corresponde a faixas como “Cheerleader”, do jamaicano OMI, e depois disso, ficou praticamente impossível não prestar atenção nos próximos passos do cantor.

Antes de seu lançamento oficial, “Purpose” rendeu outro hit, também produzido por Skrillex, “Sorry”, além de um remix pouco comentado para “What Do You Mean”, com participação da Ariana Grande, e quando revelado por completo, ainda rendeu a série audiovisual “Purpose: The Movement”, que contava com vídeos pra todas suas canções e depoimentos do cantor que descreviam melhor essa fase dançante de redenção. Mas, enfim, teria ele alcançado o seu propósito?

Confira abaixo nossa resenha faixa-à-faixa para o álbum “Purpose”:

“Mark My Words”

Começando devagar, a primeira canção do disco soa como uma introdução, em que Justin Bieber pede: “guarde minhas palavras, isso é tudo o que eu tenho”. Com pouco mais de dois minutos, a música nos faz esperar por alguma ascensão, nem que seja algum break, como em “Where Are Ü Now”, mas se resume ao curto discurso sob um sample em looping. Em entrevista a Ellen DeGeneres, o cantor confessou que a música é uma das que ele compôs sobre Selena Gomez, ao lado do hit com Jack Ü e “What Do You Mean”.

“I’ll Show You”

Tanto lírica quanto sonoramente, essa música soa como uma progressão à canção anterior, mantendo, inclusive, o tom de desabafo. Com produção do Skrillex, “I’ll Show You” é marcada por um trap contido e muito bem combinado com algo mais levado para o synthpop, enquanto os vocais de Bieber, quase inanimados, tentam nos convencer de que ele se tornou uma pessoa diferente: “porque a vida não é fácil e eu não sou feito de ferro. Não se esqueça que eu sou humano, não se esqueça que eu sou real. Age como se me conhecesse, mas você nunca irá. Aí está uma coisa que eu tenho certeza e vou te provar”.

“What Do You Mean”

Ao começar o “tique-taque”, não fica difícil saber o que vem a seguir. O primeiro hit do disco, “What Do You Mean”, diminui significativamente o peso das letras do disco, enquanto Bieber só quer entender o que a garota que ele está interessado realmente quer. Caindo para o tropical house mencionado na introdução da resenha, a música soa como um sucesso pronto para o verão, o que faz com que sua rápida aceitação não tenha sido algo tão inesperado.

“Sorry”

De volta ao lado de Skrillex, “Sorry” é o super-hit de “Purpose”. Enquanto “What Do You Mean” apresenta uma sonoridade mais contida, essa parece vir pronta para não deixar ninguém parado e, repetindo alguns elementos que deram certo em “Where”, se torna um dos maiores destaques do álbum. Ainda pendendo para uma sonoridade tropical, “Sorry” é, como seu título sugere, um pedido de desculpas de Justin, que pergunta inocentemente em seu refrão, “é tarde demais para se desculpar?”, e então repete, em meio a um break à la “Lean On”, do Major Lazer, “me desculpe”.

“Love Yourself”

Pela primeira vez, o cantor deixa a posição de réu para ser quem aponta o dedo. Com composição do Ed Sheeran, a música chega a soar como uma paródia do britânico de tão característica aos seus trabalhos, mas caiu bem nas mãos de Bieber, quebrando um pouco da hegemonia eletrônica do álbum e, toda no violão, dizendo umas verdades para a menina, passando longe do clichê “o problema não é você, sou eu”, para assumir algo mais próximo do “o problema não sou eu, é você”. Está aí uma homenagem que Selena Gomez provavelmente não gostaria de receber.

“Company”

Como se aproveitasse a fase de solteiro pós-término de “Love Yourself”, em “Company”, Justin parece estar bastante despreocupado quanto a assumir outro compromisso, estando mais interessado em apenas ter a companhia da garota, sem pressões ou obrigações de um relacionamento. Compartilhando do mesmo produtor de “What Do You Mean”, a música leva o disco de volta para a proposta eletrônica, mesclando o já usual tropical house com um dance semelhante aos trabalhos de artistas como MNEK e Disclosure.

“No Pressure (feat. Big Sean)”

E mantendo a mesma necessidade de liberdade, em “No Pressure” ele está disposto a esperar o quanto for preciso pra que sua amada decida sobre continuar ou não ao seu lado. Agora mais próximo do R&B, a música se assemelha ao que ele nos apresentou no disco “Journals”, trazendo até mesmo uma das suas colaborações do outro CD, o rapper Big Sean, com o refrão sendo um emotivo, “você não precisa mudar tomar uma decisão agora. Não se apresse, sem pressão. Eu estarei esperando por você”.

“No Sense (feat. Travis $cott)”

A linha urban ganha sequência em “No Sense”, que é também a segunda parceria do disco. Desta vez ao lado do rapper Travis $cott, com quem colaborou pela primeira vez na canção “Maria I’m Drunk”, do disco de estreia dele, “Rodeo”, Justin parece mandar um recado para a pessoa que ainda não está ao seu lado, falando sobre o quanto as coisas não fazem sentido sem ela. Nos seus versos, $cott parece sintetizar bem essa visão do cantor: “Mais de uma vez, eu quebrei uma promessa. Sem você, garota,  eu não posso ser o cara. Nunca conseguirei ser o máximo de mim. Sem seu apoio, fico incompleto”.

“The Feeling (feat. Halsey)”

As parcerias não acabam por aqui. Halsey é uma das maiores revelações do ano, mesmo em que lançou seu disco de estreia, “BADLANDS”, e ainda que apresente em seus trabalhos uma sonoridade mais alternativa, herda muito de suas influências da música pop, o que explica bem sua aparição do lado do Justin nesta canção. Funcionando como um dueto, “The Feeling” não é dançante como as outras faixas do disco, mas mantém o apelo radiofônico em seu refrão, com os dois se questionando, “eu estou apaixonado por você ou por esse sentimento?”. Também assinada pelo Skrillex, essa talvez seja uma das produções mais genéricas de todo o disco.

“Life Is Worth Living”

Passada uma fase mais descontraída, “Life Is Worth Living” é uma balada ao piano que retoma o clima de desabafo das canções iniciais, enquanto o cantor volta a pedir por uma segunda chance, enquanto afirma que tentaram o crucificar e, de fato, ele não é perfeito, mas “as pessoas cometem erros e você não deve desistir delas por isso (...) A vida vale a pena, então viva um dia após o outro”.

“Where Are Ü Now (feat. Jack Ü)”

O começo de tudo. Nesta altura do disco, “Where” soa familiar ao que nos foi apresentado até então, mas continua mantendo uma singularidade musical incrível, que nos faz pensar se em algum momento iremos nos cansar dessa faixa. Começando de maneira lenta, a faixa nos entrega os vocais de Bieber de maneira dramática, pessoal, e ascende aos poucos, sob os synths de Skrillex e Diplo, até se deixar levar por completo pela fórmula infalível, que ainda ditará muito do que escutaremos com outros artistas pelos próximos meses. Impressionantemente impecável.

“Children”

Desde os trabalhos com seu primeiro disco, antes de toda a fase conturbada que por pouco não acabou com seu nome, Bieber esteve envolvido em causas sociais, ajudando diversas instituições e, claro, mostrando muitas dessas ações publicamente, e em “Children”, o cantor aproveita para compartilhar um pouco dessa visão, dizendo que somos nós os visionários que devem olhar para o futuro e pensar em fazer alguma diferença. Outra vez ao lado de Skrillex, a música começa soando como uma faixa dançante qualquer, facilmente executável por outros como David Guetta e Calvin Harris, mas fica inconfundivelmente próxima dos trabalhos de Sonny ao chegar em seu break, que repete a bagunça de elementos de outras como “Where” e “Sorry”.

“Purpose”

Bastante religioso, Bieber já demonstrou sua fé em músicas de seus discos anteriores, como o single “Pray”, e na faixa-título de “Purpose”, que encerra o álbum, é nas mãos de Deus que ele parece entregar o seu propósito, afirmando que foi ele quem deu tudo o que ele conquistou, então é em quem se apega para seguir em frente. Toda ao piano, a música encerra o disco de maneira um pouco deslocada, mas possui um peso mais lírico do que sonoro. Como diria Inês Brasil, “graças a Deus”.

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Goste você ou não, Justin Bieber entrega em “Purpose” o melhor álbum de sua carreira, além de ser também um dos materiais pop mais interessantes do ano, e ainda que pouco evolua em suas letras, em sua maioria sobre o relacionamento com Selena Gomez, prova sua facilidade em se adaptar às novas propostas sonoras, assumindo o risco de investir numa fórmula musical que, até então, ainda vinha ganhando forma no mercado, bem como fez quando reabriu as portas para os artistas teen em sua estreia, com o disco “My World”.

Ainda que soe um pouco cansativa essa ideia de ficar se desculpando e batendo na tecla do “eu também sou humano”, Bieber conseguiu fazer disso músicas dançantes o suficiente para que não nos preocupássemos em, quase sem percebermos, lhe dar outra chance, e nossa torcida agora é para que o cantor aproveite esse espaço que reconquistou e, de fato, cumpra com seus versos, reconhecendo suas vulnerabilidades, mas também suas responsabilidades, até porque ele deixou de ser o adolescente inconsequente de outrora e, como viu em seu disco anterior, poderá ter suas ações impactando diretamente na maneira como o público recebe suas canções. 

Considere seu propósito alcançado, Justin. Você conseguiu.

Album Review: Ouvimos o "Get Weird" e seguiremos misturando até o Little Mix ficar no ponto certo de explodir no mundo!



Em 2011, o The X Factor do Reino Unido, em um lapso de sagacidade, mostrou ao mundo quatro garotas que separadas não teriam grandes chances na indústria fonográfica, mas que unidas seriam a girlband que mataria a saudade dos órfãos das Spice Girl, Destiny's Child e TLC. Little Mix chegou, ficou, e temos algumas coisas que gostaríamos que elas soubessem. No seu debute, "DNA", as moças conseguiram mostrar que possuíam identidades fortes o suficiente para sustentar uma longa carreira. No incrível "Salute", lançado no ano seguinte, elas só reforçaram o merecimento de tudo que conquistaram e se mostraram prontas para novos desafios. Mas e agora, o que podemos falar sobre o "Get Weird"?

01) "Black Magic"

Magia define a sonoridade da faixa que abre os trabalhos do "Get Weird". Para quem lembra de "Wings" e "Move", ela soa menos impactante de primeira, mas logo logo estará grudada na sua mente, te levando para pistas de dança da época da brilhantina. Deliciosa! Uma produção leve, romântica e bem relacionável para cantar junto com as migas. Nós pertencemos a vocês, porque vocês têm a receita e ela se chama: magia negra, suas lindas!


02) "Love Me Like You"

Segunda música, segundo single e mais um acerto. Como um grande baile de formatura, "Love Me Like You" já chega com uma produção vocal divina e uma vontade de trocar olhares com aquela crush desejada. Com um sha-la-la-la que deixaria a Motown orgulhosa de suas harmonias, as meninas falam sobre a tristeza, pois ninguém consegue amá-las como aquele boy. Alguns paqueram, mas é ele que tem o nasty que elas curtem. "L - O - V - E, amo o jeito que você faz, quando está comigo, garoto eu quero o tempo todo" Olha que saidinhas!

03) "Weird People"

Como jovens adultas, Jesy, Perrie, Leigh-Ann e Jade sabem o que é crescer numa escola e nem sempre ser aceito, mas ir atrás dos seus sonhos e encontrar o lugar que você pertence é sempre a melhor opção. "Weird People" traz essa temática de forma bem divertida, em mais um pop oitentistas, como quatro mini Cindy Laupers ou Kylie Minogues. Aquela músicas para os excluídos ~Glee Feelings~ mas bem dançante, despojada e um hino para todo mundo ficar estranho a noite toda e se juntar e dançar como se sua vida dependesse disso. "Pessoas no ônibus, pessoas na rua, pessoas como você e pessoas como eu = pessoas estranhas".

04) "Secret Love Song" (feat. Jason DeRulo)

Anunciado como terceiro single do disco, a primeira baladinha do disco é para dançar coladinha no baile que as Misturinhas fizeram para nós. Bem calminha de início, ela espera o refrão para explodir em sonoros vocais deliciosos de Perrie, clamando para ser segurada na rua e abraçada na pista de dança, questionando por que não é assim, se ela está entregue. Em mais uma tentativa de conquistar a terra do tio Sam, coisa que estão conseguindo a curtos passos, as meninas convidaram Jason Derulo para dividir os vocais da músicas. Talvez funcione em termos de visibilidade, pois o cara é bem hitmaker, mas um grande problema na vida de Derulo, é que independente do quão bem ele cante e dance, ele não encanta e "Secret Love Song" talvez fosse mais impactante sem sua falta de personalidade.

05)"Hair"

"Hair" começa e a primeira coisa que a gente pensa é: "Move 2.0"! Fugindo um pouco da pegada oitentista, a música vem compassada numa percussão forte, assim como o primeiro single do outro disco. Bem up-tempo, bem dançante e muito divertida e já queremos uma performance com bastante bate-cabelo para afastar esse boy que não vale nada. O problema de "Hair" é sua letra sobre...cabelos! A metáfora que a música utiliza é infantil, e casaria mais com a sonoridade mais imatura do "DNA", não é bem o que esperamos ouvir no terceiro disco, mas que a gente dança e bate cabelo com as migas, a gente faz isso. Saiam do pé das Misturinhas!

06) "Grown"

Assim como em "Hair", novamente temos uma faixa co-escrita por Jess Glynne. Em "Grown", o boy dispensou as moças, porque achava elas muito pequeninas. Agora que elas cresceram...baba baby. Mesclando as percussões vistas em "Hair" e "Move", com uma sonoridade bem old school,  "Grown" vem super dançante também (até com elementos de trap), menos boba que "Hair", um pouco menos charmosa, mas é uma faixa a cara do Little Mix, tanto que as meninas conseguem fazer a faixa funcionar muito bem ao vivo, exalando sensualidade e mostrando que de fato elas cresceram.

07) "I Love You"

Diminuindo o ritmo do disco, uma midtempo bem suave e melódica, retoma a sonoridade da juventude de oitenta e é exatamente o tipo de música que faz a banda brilhar. É possível imaginar as meninas com laços nos cabelos e vestidos rodados, cantando na chuva sobre um grande amor. "I Love You" é extremamente cativante e, novamente, os vocais são estonteantes. Aqui elas falam que querem gritar até a voz sumir e, mesmo que caiam lágrimas e o coração não goste, elas amam o boy. Olha que fofura, mia geenteee...We love you, Little Mix! Ps: Jesy, quanto charme nessa bridge, mulher!

08) "OMG"

Não faz muito sentido repassar "Pretty Girls" e ter "OMG" no disco. As faixas são muito semelhantes, ambas muito legais até, mas quem ouviu a primeira, tem aqui uma mera releitura e as moças perderam qualquer impacto que a música pudesse causar. Claro, que os vocais delas são muito mais impressionante que os da Princesa, mas é inegável a personalidade que a loira conseguiu impor numa faixa muito mais fraca do que os hits que ela está acostumada a fazer. Meio confuso, mas resumindo: Seria melhor ter "Pretty Girls" aqui!

09) "Lightning"

Quando o disco foi anunciado, elas comentaram sobre uma versão 2.0 de DNA e, senhorxs, QUE VERSÃO! "Lighting" é onde Little Mix brilha como um todo. Assim como "DNA" a sonoridade obscura, a letra bem trabalhada e os vocais....OS VOCAIS, fazem da faixa um dos grandes destaques do disco. Além disso, neste álbum, um ingrediente da mistura se destacou bastante e impôs uma personalidade muito forte, o nome? Leigh-Ann Pinock. Assim como falam na música, ela veio como um raio que caiu duas vezes no mesmo lugar e queima como gelo, e queima tão gostoso. As harmonias, o coral e latim, o refrão grandioso e o goticismo, tudo funciona muito bem em "Lightning". I wish I didn't love you. But I do, suas lindas!

10) "A.D.I.D.A.S"

De uma forma bem marota, bem jeitosinha, as meninas falaram sobre sexo em "A.D.I.D.A.S", que em outras palavras, significa: All Day I Dream About Shh...em outras palavras....O dia todo eu penso sobre sexo...com você. Olha como elas estão crescidinhas, utilizando uma sonoridade jazzy-pop, bem biquini de bolinha tão pequenininho que não cabe na Ana Maria, para falar de sacanagem. A faixa combina muito bem com a sonoridade proposta pelo disco e Leigh Ann, mais uma vez, sambando com um rap e vocais lindos. Desse jeito é a gente que vai ficar pensando em coisas com vocês, meninas... aiai!

11) "Love Me Or Leave Me"

Na penúltima música da versão standard do disco, a balada mais poderosa que Little Mix já fez. "Love Me Or Leave Me" é crua e visceral, gritada e implorada e, com a capacidade vocal e interpretativa que elas possuem, sabemos que isso é um tiro certeiro no peito. "Você pode pegar esse coração, consertá-lo ou destruí-lo.Não, isso é injusto, me ame ou me deixe", Jesy inicia a música bem simplista e sofrida, preparando para este refrão chegar explosivo e gritado por Perrie, que quebra nossos coração com tanta emoção. Na bridge, é Jade que brilha, com lindas notas e uma súplica para ser amada, a única que pode sentir a respiração dele, a que pode ser o lugar para onde ele vai e não de onde foge, e tudo isso termina com Leigh Ann elevando ainda mais o refrão que já estava lindo na voz de Perrie, mas com sua rouquidão e rosnados, Leigh consegue terminar uma das melhores coisas do disco com chave de ouro.

12) "The End"

Chegamos ao fim da versão standard do disco, com "The End" e, juntar acapela e Little Mix é garantia de destruição vocal. Elas não podem continuar se enganando, achando que o boy vai ama-las como merecem, então agora é o fim, pessoal. É o fim! Um fim digno, com harmonias impecáveis e elas despidas de grandes produções e apoiadas apenas no talento. Aquela faixa que acaba com muito gosto de quero mais. Uma delícia! Que vocês não tenham fim nunca, Misturinhas!

13) "I Won't"

Iniciando a edição de luxo do álbum, "I Won't" chega clássico Little Mix. Bem leve, divertida, com vocais igualmente divididos e pronta para nos fazer cantar com as migas. É como se fosse uma versão inferior de "Wings", mas com os mesmos elementos, incluindo as palmas, a percussão e a letra feita para levantar nossa auto estima. No refrão, as meninas cantam que não vão deixar ninguém dizê-las não, nem desvalorizar suas conquistas, porque sabem que nada de bom vem fácil. Fofura!

14) "Secret Love Song (Part II)"

Sem a presença do Jason Derulo e apenas com suas vozes e um piano, "Secret Love song" é elevada a um outro patamar, muito mais encantador, diga-se de passagem! A faixa que é linda de qualquer jeito, poderia causar mais impacto apostando na simplicidade vista aqui. A única coisa que podemos esperar é que elas apresentem essa versão ao vivo.

15) "Clued Up"

Assim como "I Won't", temos aqui uma faixa que parece uma versão mais simples de algo do "DNA", mas casa bem estando na versão deluxe do disco. "Clued Up" é acústica e sabemos como as meninas brilham em versões sem muita produção por trás. A faixa é simples e explora a temática de ser você mesmo que está presente em todo o álbum, em versos como: "Eu me vestia como todo mundo, só queria me encaixar, me disseram não e rebaixaram meus sonhos", mas elas conseguiram superar e agora sabem que o melhor é viver o bom e mau de ser quem são.

16) "The Beginning"

Finalizando o disco, temos a música que fala sobre o início de tudo. Sobre como fizeram estranhas se tronarem melhores amigas. Como antes tão diferentes e agora o brilho que possuem juntas não vai nunca se apagar. A faixa é como se fosse um interlude acapela sobre a carreira que vêm construindo, e os vocais são simplesmente maravilhosos, com harmonias que fariam as Destiny's Child apreciar em silêncio. Com certeza. merecia estar na versão standard, logo abaixo de "The End". Um lindeza de música!

CONCLUSÃO

Ouvindo o "Get Weird", a impressão que fica é parte negativa e parte positiva. Negativamente, as meninas ainda não atingiram uma maturidade sonora que fará elas conquistarem o espaço que todos nós sabemos que elas merecem. O disco é bom, com um leve declínio em relação ao "Salute", mas que as mantém firmes como uma banda digna de atenção. No entanto, positivamente, isso faz com que tudo que sabemos que elas já fizeram e ainda fazem de bom, não nem metade do que o potencial da banda apresenta. "Get Weird" é um bom disco pop e já está trazendo muitas conquistas paras as moças.


O recado que deixamos é: Jade, Jesy, Leigh-Ann e Perrie, vocês estão aprendendo e evoluindo muito. Acreditamos que possuam um potencial ainda não atingido, mesmo com 3 trabalhos tão gostosos de se ouvir. Sigam amadurecendo e fazendo o que acreditam ser o melhor para a carreira de vocês, pois só assim, quem sabe no quarto, no quinto ou no décimo disco, vocês consigam explodir com uma obra que marcará a história da música pop. Amamos vocês, Misturinhas!


Album Review: Selena Gomez fez de “Revival” um álbum foda sobre a Selena Gomez

Futuro e crescimento estão associados, pois à medida que o tempo passa, buscamos evoluir. É sob essa perspectiva, que a ex-Disney star Selena Gomez vem trabalhando em sua carreira, com muita inteligência, diga-se de passagem. Hoje, sua voz que de tão delicada chega a ser frágil, passa  a cantar com maior domínio dos seus pontos fortes e fracos. E esse é o melhor jeito de explorar o há de melhor dentro de si! Se no "Stars Dance", Gomez arriscou muito ao mudar sua imagem e sonoridade drasticamente (de forma assertiva que fique claro), com seu novo disco, "Revival", ela não correu riscos porque sabia exatamente o que queria, e fez isso com muita elegância.

Confira abaixo a nossa crítica faixa-à-faixa do álbum:

"Revival"

"Eu mergulho no futuro, mas sou cega pelo sol. Renasço a todo momento, então quem sabe o que me tornarei?" Os versos que iniciam a primeira faixa resumem o que esperar do disco e aonde está todo o seu charme. Diferente do "Stars Dance", muito pautado em um relacionamento, aqui, mini-Britney fala sobre experiências de crescimento e autoafirmação. Na primeira música, tudo isso é ouvido, embalado em uma melódica mid-tempo, com elementos eletrônicos e de percussão. Deliciosa!  "Sinto que estou acordando esses tempos, minhas correntes estão quebrando, estive sob auto-restauração, estou me tornando minha salvação". Sim, Selena, é seu tempo de virar borboleta.

"Kill'em With Kidness"

Na segunda faixa do disco, Selena faz um paralelo sobre  vida e guerras, e fala: "O mundo pode ser um lugar sujo, nós sabemos. Não devemos perder a graça. Abaixe as armas com que está lutando e os mate com bondade". De forma extremamente suave, começando com batidas leves, um piano e um assovio charmoso, levando a uma melodia com elementos de deep-house e sintetizadores, nos lembrando uma versão não-gótica de "Ghost Town" do Adam Lambert. A moça resolveu explorar sua capacidade reflexiva e em letras como esta (co-escritas por ela) vemos um enorme potencial artístico. 

"Hands To Myself"

Terceira faixa do disco e o que podemos dizer é: "Não conseguimos nos segurar". Em "Hands To Myself", um faixa extremamente sensual, alternando momentos de suavidade e expressividade vocal, Selena quer porque quer pegar no boy de todas as formas. Este foi o momento de explorar sua sexualidade sendo sexy e nada vulgar. Vocalmente ela brilha, sussurrando nos nossos ouvidos, sob batidas pulsantes, coisas como: "Te quero todo pra mim, seu metafórico suco com gin. Me dê um pouquinho do que é estar com você. Não desperdiçarei uma gotinha do seu metafórico suco com gin" (esse suco metafórico...Deus tá vendo!). Todos sabemos que Britney é uma das maiores influências de Seleninha, e aqui isso fica claro, porque falar de sexo, com leveza e sussurro é especialidadeney de poucos.  

"Same Old Love"

Chegamos ao segundo single e Selena segue muito segura de si e, em "Same Old Love", ela está cansada de um amor comum (alguém palpita?), mas ela canta sobre isso de uma forma firme e sem lamentações, o que dá o charme da música. Embalada por um piano constante e uma vibe meio pop-jazz, foi uma ótima escolha para single, até por seu refrão pegajoso com o backing vocal da Charli XCX: "Estou tão cansada desse mesmo amor, essa merda me parte ao meio. Estou tão cansada desse mesmo amor, meu corpo já teve o suficiente"

"Sober"

A primeira balada do disco chegou para mostrar que Selena não só pode cantar, como hoje ela SABE cantar. Cantar não está associado a 5 oitavas de voz e melismas incríveis. Suavidade conta e muito! Com um agradável timbre, afinação e sabendo explorar seus tons mais confortáveis, temos uma nova Selena Gomez, que mostra isso muito bem em "Sober". Assim como em "Same Old Love", temos os reflexos de um relacionamento conturbado e ela consegue expor seus sentimentos soando forte ao invés de melancólica ao cantar: "Você não sabe como me amar quando está sóbrio. Quando a garrafa acaba, você me puxa para perto e diz tudo o que deveria dizer"

"Good For You"

O primeiro e surpreendente single do disco, "Good For You", é extremamente sexy, como uma versão trap moderna de "Touch Of My Hand" da Britney, ou seja, uma mulher com total controle sobre sua sexualidade e necessidades. Selena não poupa esforços para ficar bonita para o boy, "estou com meus 14 quilates, sou meus 14 quilates, fazendo direito com o toque de Midas. Você diz que meu toque é bom, tão bom que não te fará ir embora. Não vá!", e com todos os elementos de hip hop da melodia, o rap de A$AP Rocky dá um toque certeiro. Escolha arriscada para primeiro single, mas é tão charmosa que deu certo!

"Camouflage"

Uma faixa totalmente despida, embalada basicamente por um piano, "Camouflage" é sobre destruir um relacionamento, porque os sentimentos estavam escondidos. A música foge um pouco do conceito do disco que vinha mostrando uma Selena de oouca tristeza, mas a sinceridade de versos como: "eu tenho tanta merda para falar, mas eu sinto que eu estou camuflada. Um fortaleza ao redor do meu coração. Não tenho ideia de quem você seja. Parece que está camuflado", faz com que ela não deixe nada a desejar.

"Me And The Rhythm"

De volta aos passos das músicas iniciais, a cabeçudinha do pop - expondo mais de sua personalidade -  nos conta que tudo que ela precisa é do ritmo. Com uma melodia recheada de sintetizadores e num compasso de batidas leves,  Selena canta de forma livre sobre sua relação com a música e como isso a faz bem. Em versos como: "Não toque uma música de amor enquanto mexo meu corpo. Não quero falar sobre nada, deixe a química fazer efeito, até a energia ser absurda", mostra que ela sabe exatamente o efeito que uma música deve causar. "Me And The Rhythm" é uma música muito inteligente, de produção impecável. Uma das melhores músicas de toda a carreira da Selena e está clamando para ser single.


"Survivors"

"Você me construiu de um coração partido, com tijolos que fez de peças quebradas. Você arrumou a pintura, para que começássemos, Então agora o que é meu é nosso", e assim começa "Survivors". Uma letra linda mal aproveitada numa produção que peca por reutilizar elementos de deep-house que funcionaram muito bem em "Kill'em With Kidness". Aqui, o refrão com a repetição "we are survivors", ao invés de chiclete, se torna irritante. A música é totalmente coerente com a identidade do disco, mas a produção poderia ter sido mais cuidadosa, acrescentando elementos de EDM ou levando a música para algo mais perto da melodia de "Good For You".

"Body Heat"

Como uma boa fã de música pop, Selena não conseguiria construir um disco inteiro sem a presença de uma up-tempo quebradeira e que muito provavelmente terá uma coreo digna das pistas. "Body Heat" vem cumprir esse propósito, de forma não tão atraente, pois os elementos latinos, junto a letra comum "vamos a noite toda, só você e eu. Se você é a chama, sou querosene. Tudo que eu quero é o calor do seu corpo" não impactam muito, deixando a faixa perdida na proposta do disco.

"Rise"

Não deixando a peteca cair, no finalzinho da versão standard do disco temos uma masterpiece. "Rise" é mais uma midtempo impossível de passar despercebida, pois tanto a melodia, com um toque gospel (pasmem), quanto a belíssima letra, casam perfeitamente na voz da moça e fecham o disco com muitas glórias e bençãos. Mostrando versatilidade e domínio do conceito do disco, Selena conseguiu passar uma bela mensagem, dando orgulho de vê-la participando de composições como: "Você pode buscar a força que nunca soube que tinha, você pode inspirar a fé não importa onde esteja".

"Me & My Girls"

Iniciando a versão deluxe do disco temos outra uptempo com uma mescla de ritmos indianos e latinos. "Me & My Girls" poderia facilmente substituir "Body Heat" na versão standard, simplesmente por ser mais divertida e sua letra mais empoderada. Vemos aqui Selena falando para os boys "Voltarei pra casa com quem eu saí, eu e minhas garotas". Excelente para girl's night out!

"Nobody"

O disco segue e "Nobody" também seria uma boa adição à versão principal do disco, porém o melancolismo e a súplica tomam conta da faixa, o que faz ela se distanciar da proposta do disco. O "Revival" veio bastante maduro para ter versos como "ninguém vai me amar como você", mas ainda assim é um faixa super gostosinha.

"Perfect"

Temos aqui uma faixa incrível, mas que segue a mesma linha de amor perdido da anterior, por isso não combina com o que o disco traz na versão standard. Entretanto, "Perfect" vem embalada por uma melodia envolvente e sexy, com uma das melhores letras de todo o disco. O refrão da música é de uma sutileza avassaladora e uma Selena chorosa abre seu coração para todos: "Talvez eu deva ser como ela. Posso sentir o batom dela, parece que a estou beijando e ela é perfeita".  

"Outta My Hands (Loco)"

Mais uma uptempo e, assim como e"Body Heat", temos uma faixa fraca, talvez a mais fraca de todo o disco. Alguns podem até considerá-la divertida, mas "Outta My Hands" se perde fácil dentre tudo de bom que o disco traz. A repetição "I know you're loco" no refrão chega a irritar um pouco.

"Cologne"

Fechando a versão deluxe do disco temos "Cologne", a versão de Selena para "Perfume", fazendo jus ao título de Britney mirim. Brincadeiras a parte, temos uma balada redondinha, que possui até um bom apelo comercial pela construção da melodia que atinge um ápice no refrão. Junte isso aos versos "Sempre que penso em você, me sinto ceder. Você me mantém segura e aquecida, até quanto estou sozinha. Usando nada além da sua colônia" e você terá uma ótima faixa pop. 

***

O "Revival" nos mostra que, em seus trabalhos anteriores, Selena seguia fórmulas prontas de garantia de sucesso e isso gerou bons resultados para ela, sua gravadora e produtores. Agora com esse disco (com um capa, na qual sua imagem despida é o suficiente para dizer quem ela é) ela sussurrou por sua liberdade, explorou seus pensamentos, ao invés de só seus sentimentos (tendo co-escrito 11 das 16 faixas) e, com reflexões que provam que ela não é garota e, sim, mulher, conseguiu construir uma obra muito mais interessante.


Já ouvimos muitos discos pop excelentes lançados por artistas em suas "fases de amadurecimento", como "Britney", "Bangerz" ou "Stripped". Selena agora pode sentar com elas e dizer que também conseguiu reproduzir experiências adultas e mais sinceras em um álbum extremamente coeso, dando oportunidade para sua personalidade de artista se reafirmar. Como resultado: o melhor disco da sua carreira (com banda ou sem banda) e só nos resta aproveitar cada pedacinho dessa beleza que é o "Revival". Como a própria disse: tudo o que você aprendeu foi vital e você está revivendo melhor do que nunca.

Album Review: Demi Lovato quer nos convencer com uma personagem que nem ela parece acreditar em “Confident”

Não há nada de errado em ser confiante, Demi Lovato, mas como atriz, você deve saber que o personagem simplesmente não acontece, caso seu intérprete não acredite nele.

“Confident” é o mais novo álbum da Demi Lovato e, inicialmente promovido pelos singles “Cool For The Summer” e sua faixa-título, prometia uma reviravolta e tanto na sonoridade da cantora. Pra começar, Lovato passou a ser frequentemente desafiada. Não é como se a cantora estivesse apenas lançando mais um disco apoiada no título de “ex-estrela da Disney”, desta vez ela estava prestes a se aventurar num cenário que aceitou suas colegas de trabalho, Miley Cyrus e Selena Gomez, com os braços abertos, e por mais que já tivesse amadurecido sua imagem em um disco anterior, Lovato ainda brigava pra amadurecer também o seu público, oportunidade que deixou passar por pouco com esse novo trabalho.



Confira a seguir nossa resenha faixa-à-faixa:

“Confident”

Soam as trombetas que anunciam a chegada de “Confident”. Nas mãos de Max Martin, Lovato nos traz uma banger poderosamente pulsante, enquanto exclama para quem quiser ouvir o quanto faz o que bem entender, pois se sente mais confiante do que nunca, e sensualmente questiona, “o que há de errado em ser confiante?”. A percussão é o que dita o ritmo da música, quase que sem pausas para respirarmos, numa verdadeira fanfarra pop, que caberia bem ao repertório da Christina Aguilera.

“Cool For The Summer”

Ela dificilmente nos decepciona com lead singles, principalmente se pensarmos em “Skyscraper” e “Heart Attack”, dos dois álbuns anteriores, e com “Cool For The Summer” não foi diferente. Com um pop repleto de sintetizadores, a cantora por pouco não soou mais do mesmo para as rádios que já tocam incessantemente os sucessos da Taylor Swift, mas o grande diferencial aqui se dá por conta dos riffs de guitarra, que ora nos remete ao hit “Break The Rules”, da Charli XCX, além de toda a ousadia que ela parece exalar em cada um dos versos, também repleto de teor sexual. A fórmula é impecável e faz dessa a melhor música do disco, sem dúvidas, e talvez até mesmo uma das melhores de toda sua carreira.

“Old Ways”

Numa investida bastante esforçada, “Old Ways” é a promessa de que Demi Lovato não voltará aos seus antigos hábitos. Nos versos iniciais, a cantora parece fazer referência ao tempo em que se automutilava e, de lá até o refrão, a música cresce numa sonoridade que passeia entre o dubstep e trap, entretanto, falha miseravelmente ao tentar soar como algo novo. Até convencendo por ser uma música ok, mas não mais do que isso. Soa como uma versão repaginada de “Heart Attack” ou qualquer outra demo do disco anterior, retrabalhada para funcionar com o público que se apegou à “Dark Horse”, da Katy Perry.

“For You”

E o retrocesso continua em “For You”. Enquanto as primeiras músicas do disco indicavam um material que olhava para frente, arriscando coisas nunca feitas pela cantora, essa e a música anterior são exatamente o que ela já faz há algum tempo. Ainda mais genérica que a música anterior, “For You” é uma mid-tempo em que ela se diz cansada de fazer o que fosse pelo amado, mas não ter essa dedicação em troca. Musicalmente falando, o dubstep volta a dar às caras timidamente, por trás de uma percussão que dá um ar mais dramático à canção. “Eu faria qualquer coisa por você”.

“Stone Cold”

Primeira baladinha do disco, “Stone Cold” nos impressionou desde a primeira vez que foi apresentada, ainda durante a pré-divulgação do álbum. Não é surpresa pra ninguém que, dessa geração Disney que vem buscando seu espaço fora da emissora, Lovato tem a melhor voz, mas em propostas como as duas músicas anteriores ela não consegue aproveitar isso, encontrando mais facilidade para brilhar em produções como essa. Na música, ela tá acabada porque o cara que ama está em outro relacionamento, mas se mostra compreensível, dizendo que se esforça pra ficar feliz por ele estar bem e em outra. Fazia um tempo que não a víamos ir tão longe com uma balada.



“Kingdom Come”

E depois do tiro que foi “Stone Cold”, vem “Kingdom Come” pra dividir opiniões. Por mais que a música soe bem, a parceria com Iggy Azalea perde pontos pela fórmula extremamente genérica, nos remetendo de músicas da própria Demi Lovato (“Heart Attack”) à lembranças mais descaradas, como “Chandelier”, da Sia, pelo ritmo do seu pré-refrão, e claro, “Black Widow”, da própria Azalea, que instantaneamente vem em mente quando chegamos no break da canção. Repleta de frases de efeito que não chegam a lugar nenhum, sua letra parece ter sido feito às pressas, o que não é bom, acredite.

“Waitin’ For You”

“Você disse que nunca ia me machucar. Seria o band-aid quando eu sangrasse. Mas eu acho que esse band-aid foi todo feito de papel, porque você nunca ficou preso a mim”. De volta ao trap, Demi Lovato vem na defensiva com “Waitin’ For You”, afirmando estar a frente dos seus inimigos e pronta para um próximo round, mas no fim das contas, se torna apenas mais música que caminha para lugar nenhum. Sirah, rapper famosa pelos trabalhos com Skrillex (“Bangarang” e “Kyoto”), faz uma aparição bem meia-boca, apenas reforçando os versos genéricos já entoados pela cantora. Passamos.



“Wildfire”

Passado o bloco trap, “Wildfire” prova a máxima de que menos é mais e volta a aliviar o lado do álbum. Com a produção assertiva do Stargate (que, entre outras coisas, produziu “Diamonds”, da Rihanna), a música é sobre um novo relacionamento que pega fogo, quase literalmente, com ela dizendo que ele é fogo e ela gasolina. Totalmente entregue aos novos sentimentos, ele é tudo o que ela precisava, então Demi pede: “me toque como se fosse sua primeira guitarra, em que cada nota é bastante difícil. Eu não me importo, você pode me levar [para onde quiser]. Nós podemos incendiar o mundo”. Em seus segundos finais, ela ainda arrisca alguns “whistles”, que são aqueles gritinhos da Mariah Carey, sabe? Também marcados para o público mais jovem pelos trabalhos da Ariana Grande. 

“Lionheart”

Nós dissemos que ela se encontra nas baladinhas. Toda apoteótica, “Lionheart” é uma música que funcionaria perfeitamente bem no repertório da cantora australiana Sia e fala sobre uma relação que faz você se sentir seguro, pronto pra enfrentar o que for. Com vocais e letra impecáveis, a cantora entoa versos como “estamos diante de uma guerra, mas nosso amor conquistará tudo isso, porque temos corações de leão”.



“Yes”

Agora sim fazendo jus à expectativa causada pelos primeiros singles, “Yes” é uma das melhores do álbum. Sob estalos e sintetizadores que parecem anunciar algo ainda maior, os segundos iniciais nos causam toda uma ansiedade quanto ao que vem a seguir, ascendendo com um refrão que exala força e, por sua vez, confiança, com ela se entregando por completo e não aceitando um “não” como resposta. Timidamente, o trap volta a dar as caras em seu pré-refrão, mas ao contrário das outras tentativas, neste caso ele funciona muito bem. “Aqui está o meu corpo, que estou dando por nós. Aqui estão meus braços, que irão nos segurar. Aqui está a minha vida, dedicada ao amor”.

“Father”

Com um arranjo minimalista, aqui dando espaço para sua voz e letra extremamente confessional, essa é mais uma homenagem de Demi Lovato para seu pai, que faleceu aos 53 anos e não foi muito próximo dela desde o divórcio com sua mãe. Essa não é a primeira vez que ela fala sobre essa relação, visto que o disco “Unbroken” também traz “For The Love Of A Daughter”, e toda essa história parece marcar bastante a cantora. Por sorte, acreditamos que desta vez ela conseguiu se libertar como nunca antes quanto a esse assunto, uma vez que, na canção, ela não só confessa que muitas vezes o odiou, como se desculpa por esse sentimento e, por fim, torce pra que, seja aonde ele estiver, que esteja bem. “Eu sei que você nunca teve a chance de ser você mesmo, dar o seu melhor, mas eu espero que o céu te dê uma segunda chance”. De arrepiar.

“Stars”

Outra vez flertando com a trap music, “Stars” repete a percussão pulsante de “Confident” e, com ela, o acerto da faixa-título também. Esforçando-se para soar mais ousada do que nunca, Demi Lovato afirma que, com seu amado, não precisa de luz alguma, já que eles são estrelas (então têm luz própria) e reforça o conceito do disco, ao dizer que vai se divertir e está pouco se fodendo para o que vão pensar. Ainda que esteja na versão deluxe do álbum, funcionaria bem como um single.



“Mr. Hughes”

Partindo para uma proposta que destoa de todo o resto, “Mr. Hughes” é uma investida bem pop no jazz, nos remetendo aos trabalhos da Meghan Trainor e algumas canções da Ariana Grande também. Na música, Demi parece mandar um “baby, baba, olha o que perdeu”, para um cara que não deu bola pra ela quando poderia, mas agora está no seu pé e não tem chance nenhuma. É divertida. “Me escuta, querido, eu tenho algo novo para dizer. Eu te perdoo, mas não posso esquecer suas mancadas. Agora eu acho que está na hora de você pagar”.


***

Com o fim do disco, Lovato nos deixa com uma sensação vaga, de indiferença. “Confident” é um álbum repleto de músicas boas, como seus singles não nos deixam mentir, mas não conversa entre si e, o pior, sequer consegue suportar a temática da mulher forte e confiante que a cantora tanto alimentou. E nessa tentativa incessante de reafirmar o que ninguém perguntou, a impressão deixada é que a autoconfiança dela é tão sólida quanto da Jessie J, que canta desde a sua estreia sobre não se importar com a opinião dos outros e já lançou três discos em que fala justamente sobre a mesma coisa.



O talento de Demi Lovato é inquestionável, bem como o fato dela ser a melhor voz entre suas ditas concorrentes e antigas colegas de trabalho, mas todos seus esforços são vãos quando a própria não consegue se convencer da personagem que quer nos apresentar e, na ambição por prêmios, paradas e outros números, mais recorre perigosamente à fórmulas batidas, na expectativa de seguir tendências, do que nos propõe uma reinvenção artística, de fato. Colocando em risco não só a identidade que conquistou até aqui, como também sua longevidade na música.

Não há nada de errado em ser confiante, Demi Lovato, então confie em você. Nós confiamos.

Album Review: Lana Del Rey continua bem triste, mas nunca esteve tão livre quanto em “Honeymoon”, a mais triste das luas de mel

Ser comum nunca seria uma opção para Elizabeth Grant, ainda mais com esse nome "apenas comum", remetendo ao subúrbio americano. Com tal título, o máximo que alcançaria na vida era o posto de uma stepford wife, e ela jamais deixaria isso acontecer. O que nos leva à autodestrutiva, infeliz e venenosamente linda, Lana Del Rey, aquele personagem capaz de deixar uma marca no mundo pop, com suas referências culturais e uma vontade de viver um eterno filme em preto e branco.

Desde 2008, o mundo se prepara para receber este personagem, vários EP's e um LP ("Lana del Ray a.k.a Lizzy Grant"), foram construindo um caminho, para o aclamado "Born to Die", o disco mais comentado de 2012. Como não se sentir em um filme tragicamente lindo ao ouvir "Video Games"? Além disso, o que se assemelhava a isso nas paradas da época? Nada! Lana del Rey colocou seu filme noir nas nossas vidas e, pelo andar da carruagem, ele será mais longo que as quatro horas do clássico "...E o Vento Levou".



Insatisfeita e querendo mais, Lana lançou sua obra mais coerente até hoje, o EP "Paradise", onde toda a persona criada teve espaço para se mostrar, com letras mais bem construídas e uma sonoridade belíssima. Dona de sua marca e com mais liberdade, surge o violento, gótico, drogado e prostituído "Ultraviolence", um disco absurdamente incrível, real, sincero e marcante. Depois de tanto sucesso, será que Del Rey conseguiria dar sequência às suas produções cinematográficas?

Vamos conversar sobre o "Honeymoon" e decidir juntos. Shall we?

"Honeymoon" é o terceiro LP de Lana Del Rey. Junto dele está presente aquela áurea comum do mundo das artes, de quanto mais crua e metafórica, uma obra seja, mais interessante ela é. E quanto mais afastado do pop e mais underground, mais reconhecimento terá. Apoteoticamente triste, solitariamente escuro e abertamente ferido, seria "Honeymoon" parte da verdade de Lana del Rey ou será um trabalho forçado para alimentar sua persona criada?

"Honeymoon": 

A faixa que abre e intitula o disco é grandiosa. Assim como "Cruel World" foi um grandioso início para o disco anterior. "Honeymoon" nos mostra que a lua de mel que Lana nos descreverá não é divertida. Ela é triste e falsa como os amores comuns que vemos todos os dias na sociedade. "We both know that it’s not fashionable to love me, but you don’t go ’cause truly there’s nobody for you but me", a sinceridade que muitos nunca terão a coragem de admitir. Com piano e violinos conduzindo uma melodia minimalista a música termina e, sua última estrofe, descreve  uma verdade absoluta, pois quem pode dizer que não está "dreaming away your life"?


"Music To Watch Boys To": 

Uma mulher que ama destruindo, uma vadia que vive mentindo. Essa é a impressão que Lana deixa no final de "Music To Watch Boys To", e tal resultado não poderia ser mais compatível com o que já vimos dela ao longo dos anos. Com diversos versos aleatórios e rimas bobas, temos aqui uma faixa um pouco mais simples e pop, com um refrão pegajoso e, diferente da antecessora, aqui somos remetidos ao estilo de trabalho do "Born To Die", o que sempre será um acerto. "I know what only the girls know: Lies can buy eternity", essa frase resume a carreira da mulher que vive a vida sendo um personagem. Quem não ligaria a câmera para te assistir ir embora, Ms. Del Rey?


"Terrence Loves You": 

Uma música angelical, desenvolvida para que a cada nota sintamos uma perda e precisemos de mais música, como descrito no refrão: "But I lost myself when I lost you, but I still got jazz when I've got those blues. And I lost myself when I lost you, and I still get trashed, darling, when I hear your tunes". Simples, chorada e construída para nos remeter a dores, como um monte de faixas de sua carreira, mas que não deixa nem um pouco a desejar! 


"God Knows I Tried": 

O drama da invisibilidade! Outro tema sempre abordado por Lana. Se ela morrer sem se tornar um mártir ou um clássico, toda sua vida terá sido em vão. A ideia de viver cada dia como se fosse o último fica explícita, e não é só Deus que sabe que você tentou, continuou e continuará tentando, Elizabeth. "God Knows I Tried", não foge da simplicidade melódica das antecessoras, mas seu charme está no refrão suplicado, em um misto de libertação e confissão por tudo que fez e faz pela fama.


"High By The Beach": 

Novamente remetendo aos trabalhos do "Born To Die", Lana descreve mais uma história de amor fracassada. Uma vida tão sem valor, na qual se único desejo é se drogar na beira da praia. A faixa mais pop de todo o disco, o que seria uma boa escolha para single, se já não tivéssemos ouvido  "West Coast", "Blue Jeans" ou "Summertime Sadness". "High By The Beach" é apenas mais uma faixa na discografia de Lana. Boa, mas só mais uma, como o homem descrito aqui: "Now you're just another one of my problems, because you got out of hand. We won't survive, we're sinking into the sand".


Freak": 

Saindo de amores frustrada, Elizabeth se apaixona de novo. Mais uma música e mais um homem intenso e juntos as chamas deles se acendem com tanta força que tornam-se azuis. Lana sempre entra em um contraste ao descrever seus homens. Jaquetas de couro, motos e muito charme estão sempre presente para contrariar a figura dissimulada que ela passa através de seu olhar de Lolita. "Screw your anonymity. Loving me is all you need to feel, like I do" alguém acha que esse amor tem como dar certo?


"Art Deco": 

Voltando a personalidade megalomaníaca, temos aqui a sútil agressividade da necessidade de mais e mais. Dizem que é uma faixa inspirada em Azealia Banks, amiga de Lana, e tão artisticamente complexa quanto. "Art Deco" nos remete a "Diet Mtn Dew", e ambas são nostálgicas em referências da cultura americana. Se não fossem suas rimas simples, a faixa poderia ser ainda melhor, mas Lana sempre oscilou entre um exemplo de poetisa e Lindsay Lohan. Neste caso, o que temos é: "You're so Art Deco, out on the floor. Shining like gunmetal, cold and unsure. Baby, you're so ghetto, you're looking to score. When they all say hello, you try to ignore them"

"Burnt Norton (Interlude)": 

Mostrando seu lado poetisa, inverso a letra de "Art Deco", Lana traz uma interlude cheia de metáforas relacionadas ao tempo, sua capacidade de ser presente, passado e futuro, em qualquer um dos três tempo. A relatividade e abstração daquilo que move a vida sem nem percebermos. 

"Religion": 

É aqui que Lana realmente peca. "Religion" se esforça muito para se destacar. Sua letra é simples demais e se ela quiser continuar falando sobre amores envenenados e relacionamentos sofridos vai ter que se esforçar mais para fugir do enfadonho. Todo mundo sabe que você pode fazer mais do que uma metáfora religiosa tão pobre quanto: "You're my religion. When I'm down on my knees, you're how I pray. Hallelujah, I need your love"

"Salvatore": 

Talvez a faixa mais grandiosa desde "Honeymoon". O violoncelo inicia a música ditando um tom extremamente romântico e clássico. Aqui, Lana foge um pouco da cultura americana, com seu noir e referências populares, para se aproximar de Sophia Loren ou Anna Magnani, e isto é excelente! A letra pode deixar a desejar, mas a interpretação vocal em "Salvatore" é belíssima. Aqui, há uma mescla do conceito de "bon vivant", com uma delicadeza clássica. Ambas façanhas que cabem muito bem na personagem de Elizabeth.


"The Blackest Day": 

Aqui temos a essência de Lana del Rey! Ao contrário de "Religion", ela conseguiu unir todos os elementos essenciais para construir uma faixa que soasse verdadeiramente sua, mesmo tratando sobre amores despedaçados. A dramaticidade, a produção vocal e a letra combinam perfeitamente, mostrando o descuido que Lana mostra ter com tudo em sua vida, exceto sua alma e sua arte. As únicas coisas que parece respeitar. "The Blackest Day", contando como Billie Holiday é a única coisa que ela ouve, desde que o amor foi embora, é linda e merece ser trabalhada, por conseguir unir os melhores elementos de Lana em uma faixa. Quanto mais livre você for, mais emoção nós sentiremos, Del Rey, portanto siga cantando: "Carry me home, don't wanna talk about the things to come. Just put your hands up in the air, the radio on"



"It's not one of those phases I'm going through
Or just a song, it's not one of them
I'm on my own
On my own
On my own again"

Tem sofrimento mais DelReyano do que este, pessoal?

"24": 

Ainda bem que só mais três músicas sucedem "The Blackest Day", porque nada poderia ser mais interessante. "24" perde sua força justamente por estar logo em seguida. Sua letra, que poderia servir para um pop adolescente, não instiga muito. Com castanholas, elementos de tango e uma melodia interessante, ela ainda não se sobressai muito depois de músicas como, a já citada, "The Blackest Day",  "Salvatore" e "God Knows I Tried", por exemplo. E Lana não ajuda ao repetir tantas vezes que o dia tem 24 horas. 

"Swan Song": 

A síndrome do cisne, onde liberdade, beleza, graciosidade e sucesso o faz ser melhor do que todos os outros animais. Não! E aqui temos a prova clara disso, pois se há uma música de Lana que faz jus a quantidade de gente que diz sentir sono com ela, é "Swan Song". Tratando exatamente sobre como tudo já foi conquistado e só resta viver livre com a beleza e graça de um cisne, Lana fez uma música que poderia facilmente ser dispensada da tracklist, dando lugar a um outro cover da Nina Simone, como a última música do disco.

"Don't Let Me Be Misunderstood": 

Mais um disco e mais um cover belíssimo de Nina Simone na discografia de Lana del Rey. Assim como "The Other Woman" coube perfeitamente na tracklist do "Ultraviolence", "Don't Let Me Be Misunderstood" fecha o "Honeymoon" com graciosidade. "You know sometimes, baby, I'm so carefree, with a joy that's hard to hide. And then sometimes, again, it seems that all I have is worry. And then you're bound to see my other side", essa letra poderia caber melhor em Lana? Estamos aqui para não te deixar ser mal interpretada!


***

Lana del Rey não poderia viver no mesmo mundo de Elizabeth Grant porque ela é atemporal. Sua beleza será eterna, assim como sua voz, e ela sempre descobrirá novos meios de destruir tudo de bom na sua vida. Além disso, a persona Lana del Rey, ao contrário de qualquer outra mulher no mundo, é livre! E aqui reside o seu charme. Apesar de sua beleza hipnotizante e charme clássico, ela é uma alma livre, para ser e fazer o que quiser, coisa que no nosso mundo real e machista, quase nenhuma mulher pode ter e ser. Precisamos da representação libertária, sensual e romântica que é entregue por Lana, através de Elizabeth. 

"Honeymoon" não foge nem um pouco da identidade criada desde o primeiro disco. Temos aqui mais experiências vividas ou contadas, afim de emocionar e inspirar quem ouve e, mais uma vez, as histórias de Lana del Rey são extremamente cativantes e emocionantes. Dividido entre a vertente pop do "Born To Die" em "Freak", "Art Deco" e "Music To Watch Boys To", ou despida em uma sonoridade crua, como a do "Ultraviolence", em "Honeymoon", "Terrence Loves You" e "God Knows I Tried" ou até se renovando um pouco, como em "Salvatore" e "The Blackest Day", temos mais um álbum digno de Lana del Rey. 

Deixando a desejar em alguns momentos, principalmente liricamente, Elizabeth tem muito a nos mostrar ainda, mas se não tomar cuidado, sua imagem se tornará caricata. O "Honeymoon" dá uma ótima continuidade em sua discografia, mas chegaremos no momento em que testar novas sonoridades, se reinventar e trazer mais camadas para sua persona será essencial para o crescimento da sua carreira, marca e impacto sociocultural. Aguardemos ansiosos e aproveitemos a lua de mel!

Album Review: a música precisava de The Weeknd e a foda reflexiva do seu ‘Beauty Behind The Madness’

Quando somos pequenos, acreditamos que o futuro está muito distante e, por isso, ficamos muito apegados aos trabalhos de ídolos que também podem sofrer mudanças ao longo dos anos. Crescendo na década de 90/00 é impossível não lembrar do rock do Linkin Park, Blink 182 e Good Charlotte, ou de uma das eras mais aclamadas do pop, com nossas rainhas Britney, Christina e Pink nas suas melhores fases. No entanto...e o R&B, galerinha? O R&B tinha um nome: Usher Raymond!

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