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Se você piscar, perde uma referência foda em “Mandume”, clipe novo do Emicida

É difícil não se arrepiar com o clipe novo do Emicida. O rapper lançou no ano passado o disco “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa”, e em seus videoclipes, fez críticas ao racismo das mais variadas perspectivas.

Em “Boa Esperança”, um dos melhores vídeos de 2015, os empregados, em sua maioria negros, se rebelam contra a discriminação e abusos de autoridade de seus patrões. Já em “Chapa”, do mesmo álbum, o rapper dá voz ao movimento Mães de Maio, que pede pelo fim da violência policial e justiça pelas vidas perdidas.

Agora chegou a vez dele chamar Drik Barbosa, Rico Dalasam, Amiri, Raphão Alaafin e Muzzike para a melhor letra do seu último CD, “Mandume”, e, mais uma vez, o clipe veio pesado.

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Mandume, antes de qualquer coisa, foi um dos principais reis dos Cuanhamas, do sul da Angola, e liderou movimentos contra a colonização portuguesa, se tornando um dos principais nomes dessa luta.

No clipe, Emicida conta não apenas com os músicos, mas modelos e nomes influentes do movimento negro no Brasil, que aparecem tanto interpretando a música quanto confrontando o telespectador, dando um verdadeiro espetáculo de representatividade, no que mais parece uma aula do que videoclipe.

É pra assistir e espalhar para o máximo de pessoas possível:



Uma das nossas partes favoritas é quando Drik Barbosa entra em cena. Ela é um nome em ascensão no rap nacional e, dentro de um gênero historicamente dominado por homens, é de muita significância tê-la ganhando seu espaço enquanto levanta a bandeira da representatividade feminina e negra. “Feminismo das preta, bate forte, mó treta. Tanto que hoje cês vão sair com medo de bu****.”


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Pra quem ainda não a conhecia, vale ouvir sua música nova, “No Corre”:



Ao som das rimas de Amiri, também temos um dos momentos mais impactantes do clipe, no qual um casal de negros se deparam com uma banca de revistas dominada por rostos brancos e, como protesto, começam a colar rostos de artistas negros brasileiros. Tem Elza Soares, Leci Brandão, Rappin’ Hood, Thaíde, Rael, Ellen Oléria e vários outros...

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Quando entra Rico Dalasam, rapper que luta pelo movimento LGBT+ por meio de sua música, contamos com uma cena em que a festa é interrompida pela chegada de uma personagem (qual não temos certeza sobre ser uma drag, travesti ou transformista) que sugere um momento de discriminação, mas segue normalmente, numa grande celebração à diversidade.

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Com Muzzike, cenas de policiais expulsando jovens periféricos de shoppings, nos chamados “rolêzinhos”, complementam suas críticas, contando ainda com um grupo de amigos que se divertem fazendo passos também característicos do funk.

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Repleto de referências às religiões de origem africana, os versos de Alaafin são ilustrados por um ritual de umbanda, desta vez interrompido pela chegada de uma figura que representa a igreja evangélica, e, numa interpretação subjetiva, diríamos tratar de um desconhecimento dos próprios seguidores das religiões afro-brasileiras quanto à sua força sob as outras praticadas no Brasil, uma vez que as mulheres caem assim que o evangélico ergue sua bíblia e ficam surpresas ao vê-lo ser derrubado pelo arder da chama. Xangô, citado pelo rapper, é considerado um deus da justiça, raios, trovões e fogo.

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Emicida surge perto do final do clipe, mas ainda tem muito a acrescentar com seus versos. Nosso trecho favorito é “vai ver ‘nóis’ gargalhando com o peito cheio de rancor / como prever freestyles, vários necessários / vão me dar coleções de Miley Cyrus”, que interpretamos como referências ao seu sucesso entre o público feminino e branco, colorismo e, falando indiretamente de Miley, até mesmo a apropriação cultural.

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E o squad inteiro se reúne:

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Como diz Amiri em seus versos, não tinha como ser mais claro. Foda demais.

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