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"Kingsman: O Círculo Dourado" peca com os personagens, mas permanece insanamente divertido

Quando "Kingsman: O Serviço Secreto" chegou aos cinemas, lá em 2014 e sem muitas expectativas, tanto o público quanto a crítica ficaram surpresos com o aspecto divertido e jovial do filme. Utilizando-se de cenas de ação cheias de humor e tecnicamente atraentes, o longa-metragem, baseado em uma famosa HQ, não deixou para trás seus personagens, desenvolvendo-os de forma satisfatória e entregando carisma suficiente para diferenciar a produção de muitos blockbusters formulaicos que são lançados constantemente pela indústria cinematográfica.

Em 2017, a sequência "Kingsman: O Círculo Dourado", também a cargo do diretor Matthew Vaughn ("Kick-Ass", 2010), trouxe os espectadores de volta ao universo insano (e ainda assim, "elegante") da franquia. Desta vez, no entanto, o filme regride um pouco em relação ao anterior: incluindo ainda mais estrelas no elenco, a trama sofre com o excesso de personagens, reduzindo alguns a um nível superficial.

Agora um agente de sucesso, Eggsy (interpretado pelo talentoso galã Taron Egerton, de "Voando Alto" [2016]) lida com as saudades de seu mentor Harry (o ótimo Colin Firth) e a rotina com sua namorada, a princesa Tilde (Hanna Alström). A situação muda completamente após um ataque à Kingsman, que destrói a sede do serviço secreto e aniquila todos os seus membros. Como sobrevivente, ele deve buscar a ajuda de uma entidade similar localizada nos Estados Unidos, a Statesman, enquanto investiga a ligação de um cartel de drogas denominado Golden Circle com o ataque ocorrido.

Além do retorno, ainda que em aparições, de boa parte do elenco original, que inclui nomes como Mark Strong e Sophie Cookson, o segundo filme adiciona a participação de várias personalidades relevantes do cinema atual, como Julianne Moore, Halle Berry, Channing Tatum, Jeff Bridges, Emily Watson e Pedro Pascal — há espaço até para o músico Elton John! Entretanto, poucos conseguem tempo de tela suficiente para trazer algum resquício de relevância em seus personagens. 

Moore e Pascal, talvez, foram os únicos com maiores aspectos a serem explorados. A vilã de Julianne Moore, Poppy, ainda que siga uma loucura exagerada, diverte ao ser tão caricata quanto psicótica. Pedro Pascal, por sua vez, encara um personagem bastante diferente das produções em que tem se envolvido (como os seriados televisivos "Narcos" e "Game of Thrones"), sendo uma das boas surpresas do filme. Tatum é irritante, Berry é mal utilizada e Bridges consegue ser desinteressante. Egerton e Firth permanecem bem, ecoando suas performances do primeiro filme.

É estranho pensar que o roteiro do próprio Vaughn, escrito junto com Jane Goldman e Matt Byrne, parceiros do Kingsman anterior, tenha se perdido tanto em sua sequência. Muitos personagens já estruturados são abandonados em poucos segundos e substituídos por uma leva de vários novos, como se o próprio longa-metragem tivesse um botão de "resetar". Além disso, apesar de apresentar bastante humor inteligente (com ótimas indiretas à Donald Trump), "O Círculo Dourado" inicia uma discussão a respeito da legalização e consumo de drogas ilícitas que, apesar de relevante, acaba por não definir-se muito bem, entregando uma mensagem que pode parecer confusa ao final da produção. 

Por outro lado, o nível técnico do filme permanece elevado, com um design de produção bastante colorido e essencial para a construção da atmosfera descontraída que permeia o longa-metragem. As cenas de ação, muitas utilizando-se de um inquietante e já esperado exploitation, são envolventes e bem coreografadas, com movimentos e truques de câmera que tornam a experiência do expectador ainda mais louca e divertida. 

"Kingsman: O Círculo Dourado" consegue divertir, ainda que com algumas falhas. Retrocede um pouco nos aspectos e na mensagem que destacaram seu predecessor, mas entrega uma experiência alucinada que mantém o filme com um saldo positivo. Não consegue ser memorável, mas talvez agrade a quem o assista sem expectativas. Talvez a franquia desenvolva melhor as sementes que plantou agora? Saberemos nas próximas missões.


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