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Crítica: “Fronteira” mistura realismo social com bizarra fantasia e o resultado é magnífico

Atenção: a crítica contém detalhes da trama.

A Suécia é um dos países mais laureados no Oscar, vencendo três vezes o prêmio de "Melhor Filme Estrangeiro" - e sendo indicado outras 13 vezes. O cinema no país, fortalecido por Ingmar Bergman na década de 60 (todos os três Oscars do país foram para filmes dele), possui uma indústria fortalecida e fonte de obras impressionantes. Foi por isso que me surpreendeu o fato de "Fronteira" (Gräns/Border), o selecionado para o Oscar 2019, ter sido ficado de fora em "Filme Estrangeiro" - o país recebeu indicações nos dois últimos anos consecutivos.

O curioso é que "Fronteira", mesmo não estando nem entre os nove semifinalistas, concorreu ao careca dourado de "Melhor Maquiagem & Cabelo" - merecidamente, devo pontuar, principalmente se tratando de uma produção longe de Hollywood (ou você já se esqueceu que "Esquadrão Suicida" levou essa mesma categoria?). Não levou o prêmio, mas pelo menos pôde estar na maior premiação do mundo. A fita é baseada no conto de mesmo nome de John Ajvide Lindqvist, autor do livro que gerou o fabuloso "Deixa Ela Entrar" (2008), então é garantia de uma história boa, no mínimo.

O longa estreou no Festival de Cannes 2018, já conseguindo ser eleito "Melhor Filme" na mostra "Um Certo Olhar" - disputa paralela à Palma de Ouro, com filmes menores e mais, digamos, ousados. E "ousadia" é uma palavra que pode definir bem "Fronteira". O longa conta a história de Tina (Eva Melander), uma policial que trabalha na fronteira sueca. Ela é valiosa no serviço por possuir um dom inédito: consegue cheirar quem estiver fazendo algo ilícito. Seus amigos de trabalho não entendem muito bem como ela consegue, mas seu faro é infalível.


Contudo, não é sua habilidade que chama mais a atenção, é sua aparência. Tina é, como ela bem se classifica, feia. Seus traços são estranhos e incapazes de passarem despercebidos; ela não consegue nem ir ao supermercado sem notar pessoas a encarando. O filme não se utiliza de sutilezas nessa abordagem, colocando a câmera colada no rosto da protagonista e fazendo com que a plateia sofra do mesmo mal: ao mesmo tempo que achamos estranho, não conseguimos desviar o olhar.

Esse é o primeiro viés da produção. Pode soar muito piegas quando posto em palavras, mas o filme coloca em cheque a vida em sociedade de pessoas feias. Somos criaturas que colocamos a imagem em absoluto primeiro lugar, afinal, é a partir dala que criamos identidade. A formação do nosso eu enquanto ser social começa quando nos vemos no espelho e tomamos consciência daquilo que visualmente somos. Não estou dizendo que o exterior é mais importante que toda a nossa bagagem e características psicológicas, porém, é a imagem o cartão de visita de quem somos.

Tina mora com um namorado que está mais preocupado com seus cães de briga do que com ela. A relação é fria e asséptica, claramente não existindo uma ligação entre eles - o máximo de proximidade é a curta conversa no jantar sobre o que cada um fez durante o dia. Deprime bater a cara no óbvio: Tina só aceita aquela relação porque é a única que ela acha capaz de ter. Quem mais namoraria com alguém como ela? "A gente aceita o amor que achamos que merecemos", já dizia "As Vantagens de Ser Invisível" (2012), e era aquele namorado postiço que Tina achava merecer graças à sua aparência.


"Fronteira" não é um filme sobre bullying - como "Extraordinário" (2017), que também usa maquiagem para deformar o rosto de seu protagonista a fim de discutir sua inserção no meio. Tina já está acostumada com a atenção que não pediu e tenta fincar seu lugar no mundo, tendo amigos de trabalho e vizinhos para dar bom dia quando passa. Não por acaso, essa "condição" é fomentadora da sua própria personalidade: retraída, seca, enclausurada.

Quase não vemos a protagonista sorrindo ou fora do tom absolutamente profissional que adota durante o expediente - já complicado por ter que lidar diretamente com pessoas, e pior, com pessoas cometendo infrações/crimes. O grande baque do primeiro ato está quando Tina fareja um cartão de memória muito bem escondido por um executivo lustroso - a trama paralela ao descobrimento de Tina consigo mesma. O objeto está cheio de pornografia pedófila, o que abre uma operação da polícia para prender quem quer que esteja por trás daquilo. Tina, claro, é recrutada para o serviço. Pode passar despercebido, mas uma protagonista usando suas habilidades contra o crime? "Fronteira" é um filme de super-herói.

É sensacional a maneira que o roteiro aproxima dois mundos gritantemente distintos: de um lado temos Tina com seu dom sobrenatural; do outro, um problema chocante e real. A caçada policial produz tensão e interesse na plateia sem grande esforço, mesmo com Tina inicialmente não muito inclinada a participar - ela ainda deve continuar usando seu olfato na fronteira. É então que surge Vore (Eero Milonoff), um homem parecido com Tina. Ambos possuem traços faciais e postura semelhantes, e Tina, mesmo farejando a culpa nele, não consegue descobrir a fonte do delito.

O encontro vai desencadear uma série de questionamentos na cabeça da protagonista, que nunca viu alguém parecido com ela e jamais falhou em apontar a culpa de alguém. Ela vai atrás do homem para descobrir quem ele é e todas as certezas de Tina vão sendo derrubadas. Ele come carne crua e insetos, possui uma estranha ligação com animais (assim como Tina) e possui órgãos sexuais femininos - o oposto dela, que tem órgãos masculinos.


Os níveis de condução sobre o campo do fantástico ganha novas proporções no decorrer da fita, sem medo de soar bizarro. A cena de sexo entre aqueles dois estranhos seres é desconcertante e propositalmente nada bela, e o que há de mágico é como toda essa bizarrice é fonte larga de discussões de gênero e sexualidade aqui mesmo do lado de cá da tela. O corpo de Tina é barreira para a exploração de sua sexualidade - afinal, ela é do gênero feminino, mas possui um pênis -, então ela encontra a liberdade que sempre procurou quando Vore surge, e seus corpos literalmente se conectam.

Aqui é o cerne de "Fronteira": sua maior discussão é o entendimento da natureza. Não apenas nossa conexão com a fauna e a flora, nosso lugar nesse planeta azul, mas também nossa própria natureza, aquilo que somos e porquê somos. A resolução do roteiro é bem misantropa, aceitando que pendemos para o pior lado da nossa existência. Vore, niilista nato, fala: "A raça humana é uma parasita na Terra, usa tudo, até a própria cria". É importante, também, os sentimentos que Tina consegue farejar; não é amor ou felicidade, mas sim medo, vergonha e culpa, sentimentos negativos e primários do animal que somos, e sua jornada a fim de encontrar seu lugar no mundo é reflexo perfeito de inúmeras jornadas particulares - por mais fantasioso que o filme seja.

"Fronteira" é uma fábula que reforça dois pilares seminais da arte: o primeiro deles é que devemos expandir nosso conceito do que é bom baseado no belo. O filme realiza imagens nada bonitas (sem entrar no âmbito do que é essa definição), com uma crueza latente que é feita para incomodar, artifícios usados como defeito por muitos - sendo que é o contrário. O segundo é como o recheio de fantasia em demérito do realismo social puro e simples pode ser cabo condutor de debates de uma realidade concreta. Aquela mulher que sente o cheiro de culpa é porta-voz de várias discussões que um documentário poderia levantar, o que é ainda mais impressionante: é a ficção levada ao extremo. Cinema em uma de suas melhores formas.

Crítica: a frustração de “Se a Rua Beale Falasse” vem do fato de ela ter esquinas demais

O maior medo e desejo do artista é chegar no topo. Barry Jenkins conseguiu. Com "Moonlight: Sob a Luz do Luar" (2016), o cineasta, em seu segundo filme, foi além do topo e orquestrou uma das maiores obras-primas da história. Pode até soar uma hipérbole, mas "Moonlight" é um marco para a arte e para a indústria: primeiro longa LGBT e totalmente negro a vencer o Oscar de "Melhor Filme".

Qualquer artista da Sétima Arte deve querer o mesmo. Porém, aí surge concomitantemente o maior medo. Jenkins, que levou o Oscar de "Melhor Roteiro Adaptado", enquanto ainda saboreava as glórias merecidas de "Moonlight", foi recebido com a questão: "E agora?". Essa é a cobrança constante, o que você vai fazer para igualar o sucesso anterior. "Moonlight" se torna o ápice e a maldição eterna: todo trabalho de Jenkins será inevitavelmente comparado.

Quando fui assistir "Se a Rua Beale Falasse" (If Beale Street Could Talk), a nova fita de Jenkins, tentei ao máximo deixar as impressões de "Moonlight" de lado, para não cair na armadilha de ver o filme com as lentes do trabalho anterior, afinal, cada produção é única - e, sendo bem sincero, seria impossível superar a saga de Chiron. Felizmente, também, não li o aclamado livro de mesmo nome de James Baldwin, então pude analisar "Rua Beale" unicamente pelo o que me foi apresentado durante a sessão.

O texto - adaptado por Jenkins - gira ao redor de Tish (KiKi Layne), uma garota de 19 anos perdidamente apaixonada por Fonny (Stephan James). Ela, grávida, tem que correr contra o tempo e, com a ajuda da mãe, Sharon (Regina King), deve provar a inocência do namorado, preso por um crime que não cometeu, antes que o bebê venha ao mundo.


A narrativa utilizada através da montagem é não-linear: a história vai e vem entre períodos diferentes, desde a infância do casal, amigos há anos, até o período atual, com a gravidez de Tish avançando. Para unir todas as cenas, a protagonista narra tanto o que está acontecendo como suas impressões sobre o relacionamento. Me doeu quando percebi que a sensação passada por tudo isso foi mascarar a simplicidade do todo.

Não dá para fugir: o enredo de "Rua Beale" é absolutamente básico. Não há grandes arcos ou ineditismos, e a linha temporal que se desloca parece uma enrolação para que o ordinário soe um pouco mais complexo. Acrescentando a isso, há alguns momentos em que a montagem assume um tom semi-documental, com reconstituições de situações com os personagens olhando para a câmera em uma filmagem não-diegética. A linguagem adotada pela película é muito fraca. São tantas quebras de ritmos, coadjuvantes descartáveis e fugas do eixo central que as duas horas se arrastam.

O primeiro grande conflito do roteiro não passa pela relação de Tish e sua gravidez, já que Fonny, mesmo preso, fica contente com a notícia. O problema é que a família do namorado não aprova Tish, mais especificamente a sogra, Sra. Hunt (Aunjanue Ellis). Enquanto sua família celebra a vinda do bebê, a notícia não cai com leveza nos ouvidos da sogra, extremista religiosa. Por algum motivo - que já quebrei muita cabeça sem alcançar a solução - esse é um dos inúmeros exemplos no decorrer do filme que não exprime a emoção devida.


Há pausas dramáticas deslocadas, atuações muito rasas (as cunhadas de Tish, principalmente), diálogos aos gritos que não parecem reais, enfim, a demonstração que "Rua Beale" realiza é a de artificialidade. Dá para entender que o erro não está na adaptação - Jenkins está mais uma vez indicado ao Oscar pelo roteiro -, e consegui ver que, no papel, os diálogos seriam fabulosos. Na tela, todavia, o filme não chega lá. Posso destacar uma sequência: quando Tish está no advogado e ele chama o namorado como Alonzo (seu real nome), a garota interrompe e faz um discurso de que ele deve ser chamado como Fonny. Lendo o roteiro, poderíamos pensar "nossa, esse momento vai ser bom". A cena finalizada passa longe, funcionando na teoria, não na prática.

Em questão de competência em atuação, o trio principal não sofre danos. KiKi Layne (em sua estreia no cinema) e Stephan James (de "Selma: Uma Luta Pela Igualdade", 2014) basicamente carregam o longa, afinal, é o amor dos dois que fomenta a trama. No entanto, mesmo chovendo no molhado, o filme é de Regina King. Em sua primeira indicação ao Oscar - de "Melhor Atriz Coadjuvante" -, King exala coesão e domínio, mesmo não aparecendo com tanta frequência. Ela faz o que Naomie Harris fez em "Moonlight", transformando um papel de apoio em peça fundamental do produto. Jenkins está se tornando mestre em catapultar boas atrizes - mas subestimadas - ao estrelato.

Falando no romance dos protagonistas, há esmero para que seja criada uma poetização daquele amor. Tish descreve o nascer da paixão como num conto de fadas, e cria alusões belíssimas - em um momento, ela diz que se surpreendeu quando viu Fonny em seu mundo, mas que, mesmo assim, ele não solta a mão dela; como se eles criassem uma ponte entre os dois mundos, metáfora linda para um relacionamento. As cenas de sexo são quase fabulescas, tudo o que qualquer pessoa pode idealizar como a perda da virgindade irretocável - quase beirando a passar do ponto e cair na forçação. A fotografia cria vários quadros dos dois de perfil, um de frente ao outro, cimentando a impressão de que estamos diante de um amor perfeito.


O primeiro ato, que finca todo o enredo, é como uma construção deslocada do resto do filme. Há uma motivação central bem clara: "Rua Beale" quer pôr na mesa particularidades da vivência negra, o que não existe no começo do filme - aberto por um trecho do romance de Baldwin, falando que a rua Beale é o berço da cultura negra e do jazz, mas nada disso é realmente explanado pelo começo. A prova? Se os personagens fossem brancos, toda a trama da mãe querendo tirar o inocente marido da cadeia mudaria em nada. É só da metade para o final que o filme embarca nas particulares, como se algo o lembrasse de que deveria fazer aquilo: Fonny foi enquadrado criminalmente por um policial (branco). Repressão policial contra o corpo negro? Que novidade.

A representatividade e o estudo das dificuldades daquela população, à mercê de um sistema opressor, é o que faz "Rua Beale" ter seu valor. Várias produções protagonizadas por negros e que abordam o racismo - como o indicado a "Melhor Filme", "O Guia" (2018) - acabam falando diretamente com pessoas brancas, no intuito de educar plateias, o que é ainda importante. "Rua Beale", contudo, está mais interessado em lembrar da dignidade física e social do negro. Enquanto Tish fala, envergonhada, que está grávida, a irmã com firmeza rebate: "Não curve sua cabeça".

Barry Jenkins, antes mesmo de falar com imagens, fala com textos: "A Rua Beale é barulhenta e deixo a você o entendimento desse barulho". Só que quase não temos barulho, nem vida, nem pulsação, nem energia. "Se a Rua Beale Falasse" não abraça originalidade e identidade, nem mesmo quando entra nos quartos da população negra e sua luta diária por existir e manter o amor que os une. A sensação de frustração é iminente quando temos um "Moonlight" como antecessor, mas, mesmo analisando "Rua Beale" como produção unitária, são esquinas demais e história de menos. Se a rua Beale falasse, ela não teria tanto a dizer.

Dossiê Oscar: “Roma” e “Nasce Uma Estrela” abrem a corrida dourada como favoritos

Outubro chegou, e com ele o início da corrida para o Oscar 2019! Os nomes mais sedentos por um careca dourado começam a estrear, a lista de selecionados para o prêmio de "Melhor Filme Estrangeiro" está fechada e as campanhas ligam seus motores. A partir de hoje até a premiação, o Cinematofagia vem mensalmente com análises sobre os favoritos para as principais categorias da noite.

Os dossiês são uma computação de recepção crítica, bilheteria e apostas dos maiores nomes do cinema ao redor do mundo. Claro, tudo pode mudar e os vencedores serem aqueles que quase ninguém apostava, porém as tendências tendem a se mostrarem corretas até o anúncio de "Melhor Filme".

E ainda há muita água para correr, com diversos prêmios da crítica e indústria para fortalecerem ou mudarem todos os favoritos - Globo de Ouro, BAFTA, Critics' Choice e tudo mais. Sem mais delongas, eis os favoritos ao Oscar 2019 em outubro.


MELHOR FILME

Disputa: Roma X Nasce Uma Estrela

A maior e mais disputada categoria do Cinema pode ter até 10 indicados, o que abre o leque de possibilidades. Porém a briga está entre "Roma", de Alfonso Cuarón, e "Nasce Uma Estrela", de Bradley Cooper.

"Nasce Uma Estela" é, de longe, a maior surpresa do ano: ninguém esperava toda a aclamação que vem recebendo desde a estreia no Festival de Veneza. O filme, já chamado de clássico, é a terceira refilmagem do original de 1937, e resume todo o esplendor de Hollywood, discutindo os altos e baixos do estrelato. Ainda carrega o peso de suas estrelas estarem em cadeiras de estreia: é o primeiro filme de Cooper como diretor e o primeiro papel protagonista de Lady Gaga.

Do outro lado temos "Roma". Cuarón já é duas vezes vencedor do Oscar e tem o filme mais bem avaliado de 2018 até agora. Selecionado pelo México para a vaga de "Melhor Filme Estrangeiro", a aclamação da obra encontra vários percalços que o distanciam do careca de "Melhor Filme": 1, é uma obra falada em língua não-inglesa; 2, filmado inteiramente em preto e branco; 3, com todos os atores desconhecidos; e 4, distribuído pela Netflix.

O combo já é mais que o suficiente para afastar os conservadores votantes da Academia, que ainda olham torto para a Netflix - "Lágrimas Sobre o Mississipi" conseguiu esse ano aparecer em quatro categorias, no entanto, em nenhuma das principais - além do fato que nunca um filme estrangeiro roubou a estatueta de algum falado em inglês - "Amor" e "Z" chegaram perto. Se há algum filme capaz de quebrar essa maldição, esse filme é "Roma".

Principais candidatos:
Roma (idem)
Nasce Uma Estrela (A Star Is Born)
A Favorita (The Favourite)
Infiltrado no Klan (BlackKklansman)
If Beale Street Could Talk (idem)
O Primeiro Homem (First Man)
Green Book (idem)
Pantera Negra (Black Panther)
Boy Erased (idem)
As Viúvas (Widows)

MELHOR DIREÇÃO

Disputa: Roma X A Favorita

Cuarón está com cara de que leva o segundo Oscar de "Melhor Direção" - levou o primeiro com "Gravidade". O que pode impedi-lo são os mesmos motivos que o distanciam de "Melhor Filme", mas em "Direção" o peso não é tão grande e o ovacionado trabalho do mexicano pode mais uma vez ser premiado.

Quem está na cola dele é Yorgos Lanthimos, diretor do tresloucado "A Favorita". Outro a estar na lista dos melhores do ano pela crítica internacional, Lanthimos já bateu na trave com "Dente Canino" e "O Lagosta", indicados aos prêmios de "Filme Estrangeiro" e "Roteiro Original". Outros que correm na cola são Barry Jenkins, diretor de "Moonlight"; Bradley e sua badalada estreia; e Spike Lee, que voltou com tudo em "Infiltrado na Klan". Fun fact: caso Cuarón vença, será a quinta vez que um latino leva a categoria nessa década - e apenas um norte-americano venceu: Damien Chazelle por "La La Land". Trump chora.

Principais candidatos:
Alfonso Cuarón - Roma
Yorgos Lanthimos - A Favorita
Barry Jenkins - If Beale Street Could Talk
Bradley Cooper - Nasce Uma Estrela
Spike Lee - Infiltrado na Klan

MELHOR ATRIZ

Disputa: Lady Gaga X Glenn Close

E "Melhor Atriz" mais uma vez traz a disputa elementar da categoria: uma atriz consolidada vs. uma novata. Os exemplos só dessa década: Jennifer Lawrence X Emmanuelle Riva, Julianne Moore X Rosamund Pike, Brie Larson X Charlotte Rampling, Emma Stone X Isabelle Huppert. 2019 caminha para o mesmo molde com Gleen Close X Lady Gaga. Close já era a favorita antes mesmo da corrida começar pelo papel em "The Wife", porém Gaga foi catapultada até o topo, conseguindo brigar pelo #1.

Close já foi indicada a vários Oscars, sem nunca ter um para chamar de seu. Muitos dizem que agora é a hora, contudo, o histórico não está ao seu favor: com exceção de Julianne More, todas as consolidadas perderam para as novatas. A premiação, que está cada vez mais desejando renovação, parece vir inclinada a premiar nomes novos e com maior apelo do público - e Lady Gaga é a pessoa ideal para isso. Ainda é cedo, mas hoje eu apostaria em Gaga - para o choque geral de todos que não esperavam muito de "Nasce Uma Estrela" (incluo-me aqui).

Principais candidatos:
Glenn Close - The Wife
Lady Gaga - Nasce Uma Estrela
Toni Collete - Hereditário
Viola Davis - As Viúvas
Olivia Colman - A Favorita

MELHOR ATOR

Disputa: Bradley Cooper X Lucas Hedges

Se Lady Gaga conseguiu ganhar o amor da crítica e despontar como uma das favoritas, Bradley Cooper não ficou atrás e é o atual favorito ao Oscar de "Melhor Ator" pelo seu papel de músico falido e alcoólatra. O ator já foi indicado QUATRO vezes, sem nunca ter vencido, e parece que a hora está chegando. E, assim como a categoria de "Atriz", temos aqui a briga entre um nome já largamente conhecido versus um mais fresco: Lucas Hedges. O garoto de apenas 21 anos é um dos melhores a surgirem através da nova safra, já concorrendo a "Melhor Ator Coadjuvante" por "Manchester À Beira Mar".

Todavia, ao contrário de "Melhor Atriz", a categoria masculina tende a premiar o consolidado - Gary Oldman bateu Timothée Chalamet, o favorito no início da temporada passada -, o que pende mais para o lado de Cooper o favoritismo. E, se Gaga levar, suas chances só aumentam, com o casal protagonista saindo premiado.

Principais candidatos:
Bradley Cooper - Nasce Uma Estrela
Lucas Hedges - Boy Erased
Willem Dafoe - At Eternity's Gate
Ryan Gosling - O Primeiro Homem
Viggo Mortensen - Green Book

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Disputa: Regina King X Nicole Kidman

O novo filme de Barry Jenkins estreou no Festival de Toronto e, claro, recebeu elogios sem fim. A unanimidade foi sobre Regina King, que já desponta como a favorita - o que é ótimo, visto que a atriz ainda seja tão subestimada. Ao seu lado surge Nicole Kidman pelo drama "Boy Erased". Kidman, que venceu o Oscar por "As Horas", está em fase de ressurgimento, sendo indicada na mesma categoria ano passado por "Lion". Mas o peso de Kidman já ter o dela, enquanto King não, pode mudar os rumos da noite. A verdade é que, tirando King, a categoria ainda está muito aberta.

Principais candidatos:
Regina King - If Beale Street Could Talk
Nicole Kidman - Boy Erased
Emma Stone - A Favorita
Margot Robbie - Mary Queen of Scots
Claire Foy - O Primeiro Homem

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Disputa: Mahershala Ali X Timothée Chalamet

Mahershala Ali pode, dois anos depois do seu primeiro Oscar - por "Moolight" -, levar mais um. "Green Book" venceu o prêmio do público no Festival de Toronto e já se acendeu a luz verde para que o longa esteja entre as principais categorias; os holofotes logo caíram em cima de Ali. Quem parece ser a maior ameaça é Timothée Chalament por "Beautiful Boy".

Tanto ele como Ali são co-protagonistas em seus filmes, colocados na categoria de "Coadjuvante" para aumentar as chances de vitória - macete já bastante usado pelos estúdios, só ver Alicia Vikander vencendo "Atriz Coadjuvante" por "A Garota Dinamarquesa" sendo que ela é protagonista. Como os festivais geralmente não possuem uma categoria para coadjuvantes, tanto essa categoria como a de "Atriz Coadjuvante" ainda estão abertas para diversas mudanças nos próximos meses.

Principais candidatos:
Mahershala Ali - Green Book
Timothée Chalamet - Beautiful Boy
Sam Elliott - Nasce Uma Estrela
Daniel Kaluuya - As Viúvas
Stephan James - If Beale Street Could Talk


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Disputa: Infiltrado na Klan X If Beale Street Could Talk

Briga de gigantes. De um lado Spike Lee com "Infiltrado na Klan", que continua seu cinema contra o racismo e tem o Prêmio do Júri de Cannes na conta. Do outro, Barry Jenkins e "If Beale Street Could Talk". Jenkins já mostrou seu talento para adaptações cinematográficas ao ganhar o mesmo prêmio com "Moonlight". A expectativa em cima de "Beale Street" é grande, principalmente pelo nível de "Moonlight", então se o sucesso se repetir, Jenkins pode conseguir novamente. O roteiro de "Nasce Uma Estrela" está na cola - adaptação mais aclamada entre todas as feitas, Bradley Cooper deve ser indicado aqui também.

Principais candidatos:
Infiltrado na Klan
If Beale Street Could Talk
Nasce Uma Estrela
O Primeiro Homem
Boy Erased

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Disputa: Roma X A Favorita

A briga de "Melhor Direção" deve ser repetida em "Roteiro Original": "Roma" e "A Favorita" começam na frente. Os principais nomes a "Melhor Filme" acabarão entrando aqui - assim como no Oscar desse ano, que jogou "A Forma da Água", "Lady Bird", "Três Anúncios Para um Crime" e "Corra!" juntos -, então a briga vai ser definida no fim da temporada. O roteiro estrangeiro de "Roma" pode fazer com que "A Favorita" coloque a estatueta no bolso, porém será 2019 o ano que a Academia vai mudar o jogo?

Principais candidatos:
Roma
A Favorita
Vice
Green Book
No Coração da Escuridão 

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Disputa: Roma X Roma

"Melhor Filme Estrangeiro" é, de longe, minha categoria favorita de todo o Oscar, incluindo muitas vezes os melhores filmes da temporada. Em 2019 a disputa nem existe: "Roma" irá vencer. Filme mais aclamado do ano, vencedor do Leão de Ouro em Veneza e com chances em todas as principais vagas, Cuarón já pode preparar o discurso. Segundo ano seguido com o prêmio indo para um filme latino? Sim, por favor!

As outras quatro vagas ainda estão instáveis - a categoria teve as seleções encerradas há menos de uma semana -, mas os festivais são os principais indicadores para a lista final. "O Grande Circo Místico", representante do Brasil, não tem a menor chance - obrigado, Ministério da Cultura, por não escolher "Benzinho" ou "As Boas Maneiras", dois dos mais bem avaliados longas brasileiros de 2018 pela crítica internacional.

Principais candidatos:
Roma (México)
Garota (Bélgica)
Dogman (Itália)
Capernaum (Líbano)
Guerra Fria (Polônia)

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