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Os 40 melhores filmes de 2018: Parte 1

Depois de tantas listas - esse ano eu estava inspirado -, finalmente revelo os meus filmes favoritos de 2018. Começando com uma das melhores temporadas do Oscar na década, até lançamentos comerciais e filmes cults de algum país europeu, neste ano decidi listar 40 nomes, cinco a mais que na lista do ano passado. Então o sistema será diferente.

Para não fazer um só post com 40 textos, algo grande demais, optei por dividir a lista em duas, então você está diante da primeira leva, do 40º ao 21º colocado. O critério de inclusão é o mesmo de todos os anos: filmes com estreias em solo brasileiro em 2018 - seja cinema, Netflix e afins - ou que chegaram na internet sem data de lançamento prevista, caso contrário, seria impossível montar uma lista coerente. E, também de praxe, todos os textos são livres de spoilers para não estragar sua experiência - mas caso você já tenha visto todos os 40, meus parabéns, me adiciona no Filmow.

Sem mais delongas, eis os maiores filmes do ano - e todas as listas publicadas estão no fim da postagem.


40. Um Lugar Silencioso (A Quiet Place)

Direção de: John Krasinski, EUA.
Num mundo onde aliens assassinos estão no topo da cadeia alimentar, os humanos forçadamente aprenderam a viver no silêncio, afinal, as criaturas se direcionam por meio da audição aguçadíssima que possuem. "Um Lugar Silencioso" é uma pérola a integrar o panteão dos bons nomes do terror moderno (e deixar a plateia respirando com o menor ruído possível), possuindo personalidade, autenticidade e várias cenas icônicas no tempo do terror fastfood. Sua composição não é original, de fato, mas sua realização encontra demasiado sucesso pela expertise das partes, desde a direção corretíssima de John Krasinski até a atmosfera, tão única ao termos um horror sem personagens berrando. Terror pipoca de primeira qualidade para agradar gregos e troianos e revelar o quão barulhento é viver.

39. Custódia (Jusqu'à la Garde)

Direção de: Xavier Legrand, França.
Você já viu essa história nos noticiários: um marido ataca a esposa em um surto de ciúmes, muitas vezes com desfechos fúnebres. "Custódia" engole com ousadia o suspense pela boca do drama familiar, se tornando uma obra necessária e socialmente afiada para o nosso tempo, arremessando violências sofridas por mulheres pelas mãos do patriarcado, do machismo e da misoginia. Mesmo se passando num país mais desenvolvido, impossível não ver a história pelas nossas janelas, nessa produção que serve de comprovação: em briga de marido e mulher, a gente mete a colher sim. Talvez vários finais trágicos pudessem ser evitados se colocássemos uma colher ou duas.

38. Foxtrot (idem)

Direção de: Samuel Maoz, Israel.
É curiosa a maneira como "Foxtrot" não tem tempo para rodeios: a primeira cena, assim quando as luzes se apagam, é o pontapé do enredo: Michael é informado pelo exército que seu filho morreu em serviço. Em estado de choque, o pai é rodeado por burocracias militares e fúnebres enquanto a esposa é dopada por não aguentar a situação. Tudo pode soar deprimente, mas o filme de Maoz é inteligente o suficiente para entregar um segundo ato irretocável em imagens e narrativa, transformando a fita em um filme cômico e espirituoso - sem esquecer de suas facadas sociais sobre as tensões israelenses. Todas as cenas no posto militar são perfeitas.

37. Pororoca (idem)

Direção de: Constantin Popescu, Romênia.
A vida de conto de fadas de um casal bem sucedido no amor e no trabalho é irreversivelmente destruída quando a filha desaparece sem deixar rastros numa manhã. Com foco óptico em Tudor, o pai, "Pororoca" é um doloroso filme sobre uma história tão infelizmente comum, o desaparecimento. Com ambiciosos longos planos-sequências, há muito zelo pelo momento derradeiro, e a câmera faz questão de deixar claro que a menina evapora, mesmo com o espectador seguindo seus passos. Daí para frente é ladeira abaixo, e a crueldade da situação leva o pai à loucura. Mesmo lento e com meia-hora a mais, "Pororoca" é Cinema de primeira.

36. Benzinho (idem)

Direção de: Gustavo Pizzi, Brasil.
O que seria o melhor selecionado para nos representar no Oscar 2019 de "Melhor Filme Estrangeiro", "Benzinho" encontra seu primeiro sucesso pelo apelo universal: Irene vê uma ruptura definitiva quando o filho mais velho é aprovado para uma bolsa internacional. Com pouco tempo para digerir a mudança, o filme dedica seus esforços para seguir a monta-russa da mãe buscando se desapegar do filho. Com um coração gigante, a produção não se deixa diminuir e passeia por tramas importantes no desenvolvimento psicológico da protagonista, uma mulher batalhadora e mãe de inúmeros filhos, cada um insubstituível. Todos sabemos, mas dói enfrentar a realidade de que a prole foi feita para o mundo, e "Benzinho" é uma carta aberta de dor e amor para o ato de ser mãe.

35. O Que as Pessoas Vão Dizer (Hva Vil Folk Si)

Direção de: Iram Haq, Noruega.
Após flagrar a filha com o namorado, um pai decide enviar a garota à Índia forçadamente. O motivo? Está no título. Há certas culturas que colocam as mulheres em realidades ainda mais aprisionadoras que a nossa, e "O Que as Pessoas Vão Dizer" explora uma delas. Com um pai que prefere renegar a filha para salvar a reputação da família - erguida em pilares absurdos e patriarcais -, a película estuda como a globalização afeta nossa noção de tradições - Nisha só quer viver plenamente sua juventude, porém é obrigada a se esconder por trás do véu. Com cenas para ferver o sangue (a viagem é para desejar a morte dos personagens), a protagonista é uma heroína por sustentar todo o abuso emocional em nome da liberdade - direito incondicional de sua existência.

34. A Bela e os Cães (Aala Kaf Ifrit)

Direção de: Kaouther Ben Hania, Tunísia.
O longa definitivo sobre estupro de 2018 é da Tunísia e baseado em um caso real do país. "A Bela e os Cães" é uma viagem grotesca sobre uma noite na vida de sua protagonista, estuprada por policiais ao sair de uma festa. Dividido em segmentos, todos em fenomenais planos-sequência, o poder nas imagens da obra de Kaouther Hania é intoxicante e leva o crime à situações extremas. Se você está no alto do seu privilégio masculino, "A Bela e os Cães" te convida a enfrentar o que as mulheres vivenciam diariamente: o medo do assédio, a maneira ignorante por parte das autoridades diante do crime e como a voz feminina é sempre posta em dúvida diante do machismo esmagador. Uma tortura cinematográfica que todos devemos vivenciar.

33. Domando o Destino (The Rider)

Direção de: Chloé Zhao, EUA.
O faroeste contemporâneo "Domando o Destino" (que título nacional pavoroso) da chinesa Chloé Zhao é uma das produções independentes mais refinadas da temporada. Usando atores não profissionais, alguns interpretando versões fictícias de si mesmos, a fita segue Brady, um pobre vaqueiro que é impedido de continuar nos rodeiros após um grave acidente que quase tirou sua vida. Apesar dos níveis vastos de crueza que o roteiro cavalga - desde a qualidade de vida dos animais usados em vaquejadas às vidas de peões acidentados -, a mensagem central é bem direta: o que fazer quando a atividade que você mais ama é agora um problema? Como seguir adiante após o roubo daquilo que produz a sua maior felicidade? Imagens belíssimas, atuações gigantes e uma direção digna de premiações são exemplos da expertise de "Domando o Destino".

32. Ferrugem (idem)

Direção de: Aly Muritiba, Brasil.
"Ferrugem" convida a plateia a ponderar sobre temas urgentes, como o cyberbullying e porn revenge, ações que conseguem tirar a vida de pessoas. Sem maquiagem e de maneira crua, a fita exclui a catarse para por nossos pés no chão, caminhando ao lado dos personagens com uma veia naturalista imprescindível a fim de assimilarmos o tamanho do problema: precisamos abolir a cultura do machismo, que coloca mulheres em posições de demérito por serem tão sexuais quanto qualquer homem. Outro exemplar do poder que o cinema nacional produz ao fazer com que o espectador coloque a mão na consciência, observando com uma lupa essa trama de difícil digestão. Nós somos igual ao metal: uma vez enferrujados, não dá para voltar atrás - e precisamos assumir as responsabilidades dessa degradação.

31. Animais Americanos (American Animals)

Direção de: Bart Layton, EUA.
Montado como um documentário, "Animais Americanos" caminha pela veracidade e o mockumentary quando expõe uma história verídica e traz o depoimento dos reais envolvidos - e mostra de maneira hilária o ponto de vista de cada um sobre um crime. Quatro amigos se unem para roubar o livro "Os Pássaros da América", uma relíquia valiosíssima. Armando um plano insano, os rapazes abraçam a "porraloucagem" e conseguem levar o livro, apenas o primeiro de seus problemas. Divertidíssimo, com uma montagem icônica e performances inspiradas, o longa é um filme de roubo feito para a atual geração, que demanda agilidade, estilo e, claro, uma boa história. Aqui tem tudo isso e muito mais.

30. Culpa (Den Skyldige)

Direção de: Gustav Möller, Dinamarca.
Filmes que se passam inteiramente em um só local não são novidade, então o estilo de "Culpa" não possui ineditismo - todo contado na sala de ligações da polícia -, todavia, a condução da fita é brilhante. Com a câmera fixa do começo ao fim no rosto de Asger, um plantonista no atendimento da linha de emergência, somos apresentados à história somente por meio do que ele fala e ouve. Ao atender uma mulher sendo sequestrada, a plateia gruda na cadeira para tentar resolver o complicado caso, que não dispensa curvas acidentadas e reviravoltas. Muito mais que mero suspense pronto para o Super Cine, "Culpa" tem camadas profundas de motivação, descascando os sentimentos de seu protagonista lentamente. Tão bom que o remake hollywoodiano já está em produção.

29. Um Homem Íntegro (Lerd)

Direção de: Mohammad Rasoulof, Irã.
Farto da política suja de sua cidade, Reza leva toda sua família para o campo, preferindo migrar léguas até a cidade do que conviver com o sistema. Só que a corrupção vai afetar sua vida de qualquer forma. "Um Homem Íntegro" traz um dos personagens mais perseverantes do Cinema quando Reza enfrenta tudo e todos para manter sua integridade, destinada ao fracasso. O roteiro não perdoa e vai afundando a família cada vez mais na lama, com a única corda de salvação sendo o sistema que ele tanto renega. Vale a pena lutar contra a "corporação" em nome do que é certo ou o melhor é não jogar um jogo que você sabe que vai perder? Há discussões valiosas dentro de "Um Homem Íntegro" e momentos de arrepiar - o ataque dos corvos é tesouro em audiovisual.

28. O Nome da Morte (idem)

Direção de: Henrique Goldman, Brasil.
"O Nome da Morte" dribla expectativas, indo além das barreiras da cinebiografia e do estudo psicológico de um matador de aluguel ao saber onde se encontram suas forças cinematográficas, sejam elas de narrativa ou condução. Um retrato surpreendente de uma faceta brasileira, dando tarefa de casa para a plateia ao chamá-la para discutir sobre os complexos dilemas, sem os binarismos da luta do bem contra o mal. Somos criaturas dúbias e complicadas demais para sermos resumidas assim, encapsuladas pela moral final do filme: as mentiras e hipocrisias que contamos a nós mesmos para justificarmos nossos atos e deitarmos nossas cabeças tranquilamente no travesseiro. 

27. Os Famintos (Les Affamés)

Direção de: Robin Aubert, Canadá.
Zumbis estão presentes na cultura pop há gerações, tendo seu ápice na modernidade com a série “The Walking Dead”. Seja com abordagens voltadas ao gore – como em “Madrugada dos Mortos” – ou à comédia – vide “Zumbilândia” –, nenhum vence “Os Famintos” na categoria que basicamente não é explorada em gêneros fantásticos: o realismo. Como seria o mundo se, de fato, zumbis tomassem conta? Esse é o pontapé da produção, que, apesar de inevitavelmente carregar traços de terror, é, acima de tudo, uma produção dramática. Narcotizante, tenso e climático, “Os Famintos” é conquista notável como trabalho de gênero – e aqui você pode, sem medo, falar “olha essa fotografia fa-bu-lo-sa!”.

26. O Confeiteiro (The Cakemaker)

Direção de: Ofir Raul Graizer, Israel.
Thomas, um confeiteiro alemão, tem um romance secreto com Oren. O sigilo não se deve à sua sexualidade, e sim porque Oren é casado com Anat. Quando o namorado morre ao voltar para Israel, Thomas decide ir até a casa do falecido a fim de descobrir o que aconteceu. Só que, ao conhecer Anat, ele não revela a verdade, e vai se tornando cada vez mais íntimo da viúva. "O Confeiteiro" não enche apenas os olhos - e faz o estômago roncar com a destreza de Thomas na cozinha -, compondo também uma história difícil quando duas pessoas tão diferentes estão unidas por uma pessoa já morta. Recheado de ternura, humanismo e chocolate, a produção consegue exalar tensões quando o segredo de Thomas vai se tornando cada vez mais insustentável.

25. As Boas Maneiras (idem)

Direção de Juliana Rojas & Marco Dutra, Brasil.
O cinema nacional infelizmente tende a cair na repetição, então "As Boas Maneiras" joga todos os arquétipos dos nossos clichês pela janela para dar lugar a uma trama incomum e com muito frescor ao juntar terror com fantasia. Essa fábula urbana é um trabalho de gênero notório que demonstra sem titubear o quanto possuímos criatividade para sairmos da mesmice, entregando mercadorias cinematográficas aquém de nenhum lugar. Mesmo indo longe demais para uma plateia mais comercial, "As Boas Maneiras" é um louvor em concepção e realização, com um gore pontual que mostra que o sangue é verde e amarelo nesse bizarro filme sobre uma mulher lésbica que tem a vida mudada por um bebê lobisomem.

24. Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird)

Direção de: Greta Gerwig, EUA.
Sendo a quinta mulher na história a ser indicada ao Oscar de “Melhor Direção”, Greta faz seu manifesto de amor à sua cidade e as dores e delícias de crescer. É inevitável a sensação de familiaridade com toda a trama, todavia, além de esperarmos histórias novas, o cinema é fonte de renovação constante das histórias já contadas. O que Gerwig faz é tão difícil quanto bolar algo inédito: transformar em interessante, genuíno e sincero um produto repetido, sem cair no artificialismo. "Lady Bird " pode não ser original, mas consegue ter força pela linda união das partes, numa obra aconchegante sobre seres humanos reais que estão constantemente à procura de si mesmos - árdua tarefa que todos nós enfrentamos.

23. No Coração da Escuridão (First Reformed)

Direção de: Paul Schrader, EUA.
O que começa parecendo uma obra que atira para todos os lados é justificada por uma sutileza avassaladora ao pôr na mesa temas complexos, extraídos por atuações potentes de Ethan Hawke e Amanda Seyfried. Engana-se quem acha que "No Coração da Escuridão" se trata de um filme religioso. A fé teísta é mero pontapé para catapultar a profundidade niilista e misantropa do roteiro de Schrader, em seu ápice criativo como cineasta. O filme mostra como somos criaturas que nos alimentamos, antes de mais nada, de razões, de motivos, de sentidos para levantarmos pela manhã e enfrentarmos o difícil ato que é viver, e estamos na eterna caça por algo ou alguém que nos garanta essas certezas.

22. Sangue Puro (Thoroughbreds)

Direção de: Cory Finley, EUA.
Duas distantes colegas de escola se reencontram anos depois. Uma é rica e vive sob a redoma da mulher perfeita – mesmo ainda sendo uma adolescente; a outra é uma sociopata, mas não no sentido de ser uma assassina, e sim de não possuir sentimentos. Ela não consegue sentir tristeza ou alegria, empatia ou saudade, e essa união vai acabar desencadeando as mais insanas situações. “Sangue Puro” tinha tudo para dar errado – a cara de filme teen que quer ser polêmico é a primeira impressão –, entretanto, de uma maneira muito absurda, é um sucesso sem precedentes. Com atuações geniais de Olivia Cooke e Anya Taylor-Joy, o longa é a fusão imprevisível de “Garotas Malvadas” com “Psicopata Americano”, e possui um dos roteiros mais anárquicos e hilários do ano. Estudo de personagens como poucos em 2018.

21. Eu, Tonya (I, Tonya)

Direção de: Craig Gillespie, EUA.
Cinebiografia de Tonya Harding, patinadora envolvida num dos maiores escândalos esportivos dos EUA. O grande acerto de “Eu, Tonya” é jamais se limitar a dar o básico, nadando em um mar de criatividade nos aspectos que possuam flexibilidade para fugir do óbvio e entregar um produto que se destaque. Com uma montagem alucinante, trilha sonora energética e sequências de patinação de tirar o fôlego – mesmo com o fraco CGI. “Eu, Tonya” nada mais é do que uma épica luta de braço entre Margot Robbie e Allison Janney (merecidíssima vencedora do Oscar pelo papel), nesse retrato irônico e violentamente emocionante sobre a criação de ídolos e como a verdade é um volátil porto-seguro que pode significar nada para você.


***

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Os 50 melhores singles internacionais de 2018


Estamos chegando ao fim da década de ‘10 e dá pra dizer que, em 2018, muito do que acompanhamos serão mudanças e acontecimentos que irão marcá-la de maneira significativa. Foi neste ano, por exemplo, que assistimos o rap retornar às paradas, num contraste gigante com o que acompanhamos entre 2010 e 2014, e comemoramos a tendência da globalização musical, que nos permitiu ouvir e dançar do inglês ao espanhol ao coreano. Sempre cabe mais um.

Retornos não aconteceram como esperávamos, as músicas e videoclipes ganharam cada vez mais significado e, em meio a tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, ficou cada vez mais difícil de se destacar ao longo dos últimos doze meses. Como disse Ciara, seria preciso subir de nível. E, com tanta oferta e urgência por conteúdo, ainda teve quem conseguisse fazer história.

Esses são os melhores singles do ano:

50. BTS, “FAKE LOVE”




Se você passou por 2018 sem escutar ao menos um hit do boygroup sul-coreano, você esteve no ano errado. - GT

49. Backstreet Boys, “Don't Go Breaking My Heart”




Nada diz mais sobre o que foi 2018 do que a volta completamente inesperada e aleatória do Backstreet Boys com uma música atual e boa pra caramba, que até rendeu ao grupo uma indicação ao Grammy. Que ano, meus amigos. Que ano! - NA


48. Post Malone, “Better Now”




Apesar de ser famoso como um dos expoentes brancos do rap americano, Post Malone nos convence mesmo é quando resolve cantar. E foi assim que ele manteve o hype pós-“rockstar” com o hit “Better Now”, que acerta tanto em seu arranjo trap-minimalista quanto na letra, que poderia facilmente ser alguma composição perdida da fase emo de rádio entre 2006 e 2008. - GT


47. Zedd, Maren Morris & Grey, “The Middle”




Todo mundo sabe a novela que foi a escolha da vocalista de "The Middle": passou na mão de várias ex-integrantes do Fifth Harmony e das maiores revelações do pop nesses últimos dois anos, mas acabou sendo na voz da cantora country (!) Maren Morris que a música tomou vida de verdade e se tornou esse hit. E a verdade é: bastam apenas alguns segundos para entendermos porque ela foi a escolhida. - NA

46. Zara Larsson, “Ruin My Life”




Pra que fingir e se iludir com alguém quando a gente pode simplesmente assumir que quer que a pessoa destrua nossa vida toda mesmo e é isso? Honestidade é tudo. - NA

45. Hayley Kiyoko, “Curious”




Hayley Kiyoko começou 2018 apelidando o ano de "20GAYTEEN". Ao ser perguntada sobre qual seria o apelido de 2019, ela respondeu que "20gayteen nunca acaba. É um estado de espírito". Se pararmos pra pensar que o hino dançante "Curious" representa apenas o início da carreira da garota, pode ter certeza: 20gayteen será eterno - NA

44. Camila Cabello, “Never Be The Same”




Viciou mais do que nicotina, heroína e morfina. De repente, estávamos dependentes e tudo o que precisávamos era de mais Camila Cabello! - NA

43. Shawn Mendes & Zedd, “Lost In Japan (Remix)”




Talvez um dos nomes masculinos mais simpáticos do pop desde Bieber, Shawn Mendes se esforça também para manter o posto no quesito qualidade e, neste ano, teve “Lost in Japan” como um desses acertos. Lançada numa versão remixada por Zedd, a faixa é precisa em seu papel de boa música pop e, carregada de synths, até nos lembra do clássico “Into You”, da Ariana Grande, o que sempre contará muitos pontos para todo artista. - GT

42. Calvin Harris & Dua Lipa, “One Kiss”




Pare pra pensar: quem, além da Dua Lipa, poderia ter feito dessa música algo tão memorável? Na nossa cabeça, só conseguimos pensar na Rihanna. Isso diz MUITO sobre o star quality da novata. - NA

41. Kim Petras, “Heart To Break”




Lembra quando a Paris Hilton tentou atacar de cantora? "Heart To Break" é tipo o que a gente esperaria dela se ela realmente tivesse talento pra isso. - NA

40. Charlie Puth, “Done For Me (feat. Kehlani)”




Tá certo que o primeiro disco do Charlie Puth não foi lá essas coisas, mas o garoto parece ter crescido a partir dessa experiência e está disposto a nos compensar com muita música pop redondinha. "Done For Me" é um ótimo começo. - NA

39. Marshmello & Anne-Marie, “FRIENDS”




Marshmello e Anne-Marie atenderam aos desejos dos saudosos pelas farofas do início dos anos 2010 quando ninguém ao menos tentou. - NA


38. Florence + The Machine, “Hunger”




Grandiosa por seus detalhes, “Hunger” abriu majestosamente bem os trabalhos de Florence + The Machine com o disco “High As Hope”, num arranjo simples e preciso, que se apoia na letra humana e confessional cantada pela artista que, de forma até mesmo irônica, hoje é uma figura praticamente canonizada por seus fãs. - GT

37. Tove Styrke, “Changed My Mind”




Em "Changed My Mind" você vai encontrar letra com duplo sentido, synths perfeitos que só a galera da Escandinávia sabe nos entregar, um refrão que não vai sair da sua cabeça tão cedo e até o uso perfeito de voz computadorizada na ponte da canção. O que você não vai encontrar é defeito. - NA

36. Diplo, “Worry No More (feat. Lil Yachty & Santigold)”



Pra quem sente falta do Major Lazer pré-“Lean On”, o som solo do Diplo com o EP “California” é uma boa pedida. Prova disso é a faixa “Worry No More”, parceria do produtor com a Santigold (que colaborou com o Major Lazer na essencial “Hold The Line”) e o rapper Lil Yachty, que soa como um necessário respiro em meio às suas tantas tentativas de hits desde que ascendeu ao mainstream. - GT

35. Superorganism, “Everybody Wants To Be Famous”




Um superorganismo composto por integrantes de diferentes partes do mundo acerta numa sonoridade que não soa exatamente como nada. “Everybody Wants to Be Famous” é um pop com pé no rock, ou rock com pé no pop, que parece uma mistura de Lorde (pensar em “Royals” e “The Love Club”) e MIA (“Paper Planes”) com os brasileiros da saudosa CSS (jogar no Google “Hits Me Like a Rock”), o que é surpreendentemente bom. - GT

34. Panic! At The Disco, “High Hopes”




É quase como se Brendon Urie pensasse nos adolescentes que choraram com Panic! At The Disco em 2006 e sentisse que tudo o que precisávamos era de uma mensagem otimista ao som de uma fanfarra com o próprio repetindo que devemos continuar pensando alto. Funcionou. - GT

33. Sigrid, “Sucker Punch”




Neste momento das nossas vidas nós estamos bem certos de que a Sigrid nunca não vai nos decepcionar. O que é bem reconfortante considerando que já tem muita decepção acontecendo por aí - na música e na vida mesmo. - NA

32. Ava Max, “Sweet But Psycho”




É cedo demais para depositarmos nossas esperanças de salvação do pop na Ava Max? Porque é exatamente isso que estamos fazendo depois de "Sweet But Psycho". - NA

31. benny blanco, Halsey & Khalid, “Eastside”




 Ela fica muito melhor se a gente ignorar que foi composta pelo Ed Sheeran. - GT

30. LSD (Labrinth, Sia & Diplo), “Genius”




Três artistas pop incríveis se unem para um som diferente de tudo o que já fizeram, mas que ainda entrega a mesma qualidade pop que seus nomes são reconhecidos por. Tudo isso enquanto vão na contramão das rádios e fazem a música pop como conhecíamos com todas as suas pontes e refrãos. Mas de uma forma nada óbvia. E, ainda assim, chiclete. Genial. - GT

29. Becky G & Natti Natasha, “Sin Pijama”




"Sin Pijama" é um reflexo direto das melhores transformações que a música sofreu nos anos 2010: a globalização dos streamings, que fez com que bons artistas que não encontravam espaço nos EUA pudessem fazer tanto sucesso quanto em outros mercados, como é o caso de Becky e Natti, abraçadas pela comunidade latina, e a união de grandes mulheres, que cada vez mais tem deixado de lado a competição, muitas vezes criada pela mídia, pra se juntar em músicas de sucesso. - NA

28. Lily Allen, “Trigger Bang (feat. Giggs)”




 Algumas pessoas olharão pra essa posição da lista pensando “eu nem sabia que a Lily Allen lançou algo neste ano”. Outras provavelmente estarão desapontadas por conta do primeiro grupo. Seja como for, “Trigger Bang” traz a cantora em sua melhor forma e ainda faz uma referência ao hit “22”. - GT

27. Empress Of, “I Don't Even Smoke Weed”




Não queremos viver em um mundo onde as pessoas ainda não conhecem e enaltecem um hino desses, com uma batida extremamente viciante, e essa cantora, responsável por co-compor e co-produzir todo esse álbum. 2019, faça sua parte! - NA

26. Bruno Mars, “Finesse (Remix) [feat. Cardi B]”




Bons remix são aqueles em que os artistas convidados estão lá não (apenas) para ajudar a música hitar, mas sim para imprimir sua identidade na canção, dando a ela uma nova vida. É exatamente isso que Cardi B faz em "Finesse". - NA

25. Christina Aguilera & Demi Lovato, “Fall In Line”




O meme "tiro, dedo no c* e gritaria" nunca foi tão real. - NA

24. Silk City & Dua Lipa, “Electricity”




Os últimos quinze segundos desta música provavelmente foram os últimos quinze segundos mais interessantes de uma música em 2018. Obrigado pelos mimos, Mark Ronson. - GT

23. Khalid & Normani, “Love Lies”




Tem algo de muito mágico em ouvir a Normani fora do Fifth Harmony pela primeira vez, mas não sozinha, e sim acompanhada de uma das maiores revelações dos últimos anos, o Khalid. É quase como se, por trás de camadas de batidas que vão do R&B ao trap, os artistas mandassem o recado de que a nova geração tá pronta pra fazer coisas inesperadamente incríveis. Pode confiar. Ps: a apresentação dos dois no Billboard Music Awards continua sendo uma das melhores performances de 2018. - NA

22. Years & Years, “Sanctify”




É sempre maravilhoso refletir sobre como essa música (e a grande maioria das faixas da discografia da banda) fala sobre homens "héteros" se relacionando com homens gays, tudo de uma forma sagrada e pura e em meio à uma batida completamente pop e viciante. Coisas que apenas o Years & Years é capaz de fazer. - NA


21. Troye Sivan, “My My My!”




Em 2018 muito foi dito sobre os artistas tomarem pra si suas narrativas e contaram suas próprias histórias com verdade. Isso fica visível quando observamos a quantidade de ícones LGBTs surgindo e fazendo o pop dançante que fez muitos gays baterem cabelo por anos, mas que sempre existiu na voz de cantoras heterossexuais. "My My My!" é um synthpop delicioso no qual Troye afirma seu lugar como um ícone para a nova geração, que agora pode se ver representada, com todo o seu amor, excesso e efervescência, em seus artistas favoritos. - NA

20. MØ & Diplo, “Sun In Our Eyes”




Deixando de lado a proposta repetitiva que vinha se metendo nas tentativas de emplacar outro hit com Diplo, MØ chega mais despretensiosa na ensolarada “Sun In Our Eyes”, que, apesar de mal ter chamado atenção numericamente falando, arriscamos dizer ser um dos maiores acertos do cabeça do Major Lazer desde “Sua Cara”. - GT

19. Charli XCX & Troye Sivan, “1999”




Com exceção do fato de que, em 1999, Charli XCX e Troye Sivan tinham, respectivamente, sete e quatro anos, e essa dificilmente foram as fases mais interessantes de suas vidas, toda a vibe nostálgica de “1999” é contagiante o suficiente pra que dancemos esquecendo nossos problemas e torcendo por uma realidade em que Britney é devidamente reconhecida por sua contribuição à cultura pop e o fascismo ainda socialmente visto como algo realmente inaceitável. - GT

18. Carly Rae Jepsen, “Party For One”




Depois de três marcos na cultura pop millenial: o hit “Call Me Maybe” e os criticamente aclamados “Emotion” e “Emotion: Side B”, Carly Rae Jepsen passou rápido pela música deste ano, mas sem fazer feio com “Party For One”, uma poética, dançante e necessária canção sobre independência, amor próprio e, sim, masturbação. - GT

17. Ariana Grande, “thank u, next”




Lançamento surpresa, como os rappers fazem, para não se conformar com a "agenda de uma pop star"? Icônico. Tomar de volta uma narrativa que é sua, mas estava sendo contada por aí das piores formas possíveis pela mídia, tal como Birtney e Taylor fizeram, mas com o twist de se mostrar grata pra c*ralho por tudo? Icônico. O refrão "thank u, next. I'm so fucking grateful for my ex"? I-CÔ-NI-CO. - NA

16. Azealia Banks, “Anna Wintour”




Entre seus muitos desabafos pelas redes sociais, Azealia Banks já contou que sempre gostou mais de cantar do que fazer rap, e que só se manteve no hip-hop porque foi onde conquistou algum espaço com maior facilidade. Pra infelicidade dos que não gostam do seu trabalho, entretanto, ambas são coisas que ela faz muito bem. E é isto o que torna “Anna Wintour” tão grande e interessante. Num mundo justo – e sem redes sociais, talvez – essa música seria tão famosa quanto qualquer outra coisa que Calvin Harris tenha levado às paradas desde 2012. - GT

15. Ciara, “Level Up”




No passo dos funkeiros cariocas e os acelerados 150BPM, Ciara chegou frenética demais para um ano em que a música ainda não sabia para onde ir. “Level Up”, numa tradução livre do seu nome, está muitos níveis acima do que as rádios –ou streamings, pra sermos mais atuais – andaram tocando e, mais uma vez, fez com que deixássemos passar outro passo de uma das maiores artistas da nossa geração. Um dia a justiça será feita, Ciara. Ah, será. - GT

14. BLACKPINK, “DDU-DU DDU-DU”




Foi-se o tempo que falar em k-pop fora da Coréia do Sul se resumia ao sucesso viral de PSY e a sua “Gangnam Style”. No ano em que um dos artistas pop mais rentáveis do mundo foi o boygroup BTS, as moças do BLACKPINK chegaram pelas beiradas com um dos hits mais empolgantes do pop por todo o globo. Quem ainda espera que o próximo grande ato da música pop venha dos EUA, provavelmente não ouviu que elas fizeram em canções como “DDU-DU DDU-DU”. - GT

13. Kali Uchis, “After The Storm (feat. Tyler, The Creator & Bootsy Collins)”




Em seu primeiro disco, Kali propõe uma reflexão dela com ela mesma, mas que muitas vezes parece uma reflexão entre a artista e a gente. "After The Storm" é o exemplo perfeito de seu poder de conversação: é impossível terminar o R&B suave com toque latino sobre os momentos de luta da cantora pelo seu lugar ao sol sem se sentir abraçado, motivado e compreendido por ela. Se você precisa de um herói, olhe nos espelho! - NA

12. Rosalía, “MALAMENTE”




 Quando falamos em revelações com potencial para transformar a cultura pop, dificilmente pensamos em artistas que não sejam americanos ou, no mínimo, cantem em inglês. A espanhola Rosalía, por sua vez, vai contra qualquer uma dessas previsões, emplacando, inclusive, um hit latino que vai na contramão do manjado reggaeton. Novo em todos os sentidos, muito bem produzido e nos instiga a seguir ouvindo-a pra saber o que mais tem a mostrar. - GT

11. Kendrick Lamar & SZA, “All The Stars”




Kendrick Lama e SZA juntos numa música que literalmente se chama "All The Stars" para a trilha-sonora de "Pantera Negra" é o tipo de coisa que não tem como dar errado. - NA

10. Kanye West, “Ghost Town”




O ano de Kanye West foi caótico, mas não podemos falar o mesmo sobre sua música. Em seu disco “ye”, West discorre sobre seus sentimentos, estado de espírito e saúde mental. E é na faixa “Ghost Town”, com participações de PARTYNEXTDOOR e da novata 070 Shake, que ele melhor canaliza toda a confusão que carrega na sua cabeça –e eventuais tweets –, resultando numa canção solitária e triste, ao mesmo tempo em que também se mostra aliviada e esperançosa quanto ao futuro. - GT

09. Lady Gaga & Bradley Cooper, “Shallow”




Lady Gaga precisou fazer um filme, ser indicada às principais premiações da música e do cinema,  ser aclamada por crítica e público, fazer o Bradley Cooper cantar junto com ela e co-compor e co-produzir uma trilha-sonora inteira para que as pessoas aprendessem a nunca, jamais subestimá-la. Ficou entendido? Porque o recado tá dado. - NA

08. Cardi B, Bad Bunny & J Balvin, “I Like It”




É incrível perceber que a Cardi fala sobre "gostar de provar que as pessoas estavam erradas" "de fazer aquilo que dizem que ela não é capaz" em uma faixa em que ela faz EXATAMENTE ISSO. Quem diria que uma stripper do Bronx tomaria a indústria como um furacão e, com muito orgulho de sua bagagem e raízes latinas, conquistaria um dos maiores sucessos de crítica e público em 2018? Ela disse e ela fez. - NA 

07. The Carters, “APESHIT”




A união de Beyoncé e Jay-Z em pleno 2018 e pós-"Lemonade" e "4:44" é ainda melhor do que tudo que imaginávamos. Bônus: OLHA. ESSE. FLOW. DA. BEYONCÉ! - NA

06. Childish Gambino, “This Is America”




A música mais importante do ano e uma das mais importantes da década, "This Is America" é mais do que uma faixa: é um acontecimento. Junto de seu clipe, a canção é daquelas que vai ressoar em nossas mentes por muito tempo, e que nós vamos lembrar, em 10, 20, 30 anos, como um dos maiores momentos que presenciamos na cultura pop.  - NA

05. Drake, “Nice For What”




Se algum artista poderia trazer Lauryn Hill de volta às paradas em pleno 2018, seu nome é Drake. “Nice For What”, apesar da antipatia pelos fãs de música pop que tanto viram cantoras ficarem para trás pelo sucesso do rapper, é uma sequência de acertos, do flow do rapper, que aqui está melhor do que nunca, à introdução a chamada “bounce music”, mais tarde revisitada pelo mesmo artista na também impecável “In My Feelings”. - GT

04. Jannele Monáe, “Make Me Feel”




Janelle Monáe cantando uma co-composição de Julia Michaels com uma batida feita pelo maravilhoso Prince. Se a gente te dissesse que uma música dessas seria lançada, você provavelmente não acreditaria. Se acreditasse, ficaria um pouco duvidoso, além de curioso. Mas não é que rolou e que é uma das melhores coisas do ano, sem sombra de dúvidas? - NA

03. Mark Ronson, “Nothing Breaks Like a Heart (feat. Miley Cyrus)”




Artista de verdade, Miley Cyrus pode ter tido alguns anos confusos desde que saiu se redescobrindo com discos como “Dead Petz” e “Younger Now”, mas nesta parceria com Mark Ronson, ela retorna sóbria e, aparentemente, muito ciente quanto ao solo que está pisando. Ronson, que tem um invejável histórico de parcerias com cantoras que vão da Amy Winehouse a Lady Gaga, não fica atrás e faz de “Nothing Breaks Like a Heart” um dos maiores e mais interessantes acontecimentos da música neste ano. - GT

02. Robyn, “Honey”




Quando Robyn retornou após quase dez anos desde o seu último disco– que segue também como um dos melhores discos pop dos últimos dez anos – cantando “querido, eu tenho o que você precisa. Venha pegar o seu mel”, 2018 até pareceu começar a fazer algum sentido. - GT

01. Ariana Grande, "No Tears Left To Cry"




O maior acontecimento pop do ano. - NA

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E, sim, temos uma playlist:


Textos por Gui Tintel e Nathalia Accioly.

Lista: as 15 melhores cenas do cinema em 2018

Antes da lista definitiva com os 40 melhores filmes de 2018, tenho que selecionar os maiores momentos da Sétima Arte no ano. Aquelas cenas ou sequências inesquecíveis, impactantes, visualmente belíssimas e que tiraram o fôlego - então atento que vários dos nomes aqui estarão na lista final.


O critério de escolha das cenas não passa por um só ponto, e sim o conjunto de tudo que foi citado no primeiro parágrafo - os textos explicam melhor o motivo da escolha. É importante pontuar que: inevitavelmente, algumas escolhas possuem spoilers. Tentarei ao máximo deixar as revelações de fora com textos mais curtos, todavia, há cenas (principalmente as que estão no final do determinado filme) que não dá para fugir. Então haverá um símbolo de aviso (⚠️) antes dos textos com spoilers para não estragar sua experiência. Bom apetite.


15. A Esposa: a entrega do Nobel ⚠️

Glenn Close teve que decorar muitos diálogos para viver a esposa de um famoso escritor, porém, sua melhor cena é quando não há diálogo algum. No momento em que o marido recebe o Nobel de Literatura e ela finalmente atinge o limite de tolerância ao ver o homem levando o crédito que deveria ser dela, o poder do Cinema é atingido pela montanha-russa de expressões da atriz.

14. As Boas Maneiras: o final ⚠️

O filme mais original a surgir em solo brasileiro há sabe-se lá quanto tempo, "As Boas Maneiras" é um mix de gêneros que sai do suspense e cai na fábula, com gore, musical e romance no meio. O que poderia ser uma bagunça é demonstração da criatividade tupiniquim que orquestra um final fabuloso, quando homem e criatura decidem unir forças em prol da salvação. O close - aqui ilustrado - é fenomenal.

13. Pororoca: o final ⚠️

"Pororoca" é um seco e difícil longa sobre o desaparecimento de uma garota, e como o evento impacta irreversivelmente a vida de seus pais. Com foco no pai, o filme segue sua queda ao abismo da insanidade enquanto procura desesperadamente a filha. Sob uma ótica humanista extrema, vemos o homem escolhendo um culpado e liberando todo seu ódio de forma desenfreada, numa cena assustadora. Os créditos sobem, mas as imagens ainda ecoam.

12. Oitava Série: a fogueira

"Oitava Série" tem inúmeros momentos que comprovam como já nasceu um marco para o coming-of-age e as dificuldades de crescer em meio a tantas pressões sociais. Mas nada supera a doçura da cena da fogueira, quando Kayla pergunta ao pai se ela o envergonha, já que ela se considera uma falha enquanto habitante desse planeta. Há tanta ternura, vulnerabilidade e paixão cinematográfica que você sai aquecido como se estivesse ao redor daquela fogueira.

11. Bohemian Rhapsody: o Live Aid

Se "Bohemian Rhapsody" falha como cinebiografia, a fita acerta enquanto celebração da obra do Queen, e toda a precisa sequência do Live Aid é o resultado disso. E nem me refiro à sincronia por vezes bizarra entre os movimentos dos atores e o momento real, mas sim pelo júbilo sonoro imposto pela reencenação do live de hinos como "We Are The Champions" e a faixa-título. Impossível não se contagiar - mesmo com o claro CGI na plateia.

10. Roma: o abraço na praia ⚠️

Se você leu minha crítica de "Roma", sabe que eu não faço parte do grande time que amou o longa, no entanto, é inegável o quão bela é a cena da praia. Encapsulação de todas as tensões emocionais do roteiro, o momento em que a protagonista enfrenta o medo do mar para salvar os filhos da patroa - já que se recusa a deixar mais alguma criança morrer - é celebração audiovisual.

9. Um Homem Íntegro: o ataque dos corvos ⚠️

A epopeia de um trabalhador lutando contra o sistema corrupto que o engalfinha de "Um Homem Íntegro" sofre diversas reviravoltas para piorar a situação do nosso herói de carne e osso. O ataque dos corvos leva o ouro pela direção fora de série, que gera um terror digno de "Os Pássaros" de Hitchcock ao vermos aquela chuva de penas cimentando a morte do ganha-pão do protagonista.

8. Sem Amor: o filho atrás da porta

Talvez o título mais direto e correto do ano seja o de "Sem Amor", então assistir ao filme é uma experiência bastante indigesta. O momento que consegue resumir tudo o que o árido longa quer falar é quando os pais discutem sem saber que o filho está ouvindo a tudo atrás da porta - revelado com um jogo de câmera majestoso. Enquanto eles estão ocupados demais se odiando, sobra para o garoto, renegado e símbolo de uma relação em ruínas.

7. Custódia: a ligação ⚠️

"Custódia" tem traços parecidos com o pontapé de "Sem Amor", mas o filho aqui é muito amado pela mãe. O pai, em contrapartida, manipula o menino para arrancar informações sobre a vida da ex-mulher. Um daqueles personagens para odiarmos, tudo vai ao máximo quando ele tenta matar a família num surto de ciúmes, um conto de horror da vida real que é espelho perfeito do feminicídio ao redor do mundo.

A paixão de verão mais aclamada dos últimos tempos, todos os problemas de desenvolvimento de "Me Chame Pelo Seu Nome" são sanados quando Elio tem o diálogo mais literário do ano. Sem soar ensaiado, a lição de vida dada pelo pai, que foge da auto-ajuda, é um verdadeiro tapa na cara. "Arrancamos tanta coisa de nós mesmos para nos curarmos mais rapidamente das coisas que aos 30 anos já estamos falidos e temos menos a oferecer cada vez que começamos com uma pessoa nova". Precisa falar mais?

5. Hereditário: o jantar ⚠️

O terror do século possui diversas cenas que poderiam estar aqui - a do poste e o final, por exemplo -, mas escolhi o jantar por ser peça-chave da condução do enredo. Todos os conflitos enterrados explodem como um vulcão quando remorsos e rancores são vomitados ao redor da mesa, uma aula de atuação de Toni Collette, que merecia um Oscar. Mesmo não sendo a primeira sequência ao pensarmos em "Hereditário", é a mais afiada enquanto Cinema.

4. Nasce Uma Estrela: Ally canta "Shallow" pela primeira vez

"Shallow" foi originalmente idealizada para ser a música de encerramento de "Nasce Uma Estrela", entretanto, sabiamente foi movida para o começo do filme. Parte fundamental no relacionamento de Jack e Ally, é aqui que todo o impacto visual e sonoro desse musical delicioso atinge seu clímax. Desde a sequência em que a câmera gruda no rosto de Lady Gaga tomando coragem para ir ao palco pela primeira vez até os vocais imaculados da cantora, "Shallow" vai receber um Oscar em 2019 sem resquício de contestações.

Que "Projeto Flórida" é uma obra necessária, já sabemos - a esnobada no Oscar foi um crime. O curioso é como a duração mantém um estilo quase documental e joga tudo pela janela no final, quando Moonee decide fugir para não ir a um orfanato. Abrindo uma metáfora cinematográfica, entramos na fantasia da menininha e aonde ela deseja parar, um sonho na tela tão desolador e puro que sacode a plateia.

2. A Casa que Jack Construiu: o Inferno ⚠️

Vaiado e ovacionado em sua estreia, "A Casa que Jack Construiu" segue a lógico do cinema de Lars Von Trier: o choque pela reflexão. Realmente há cenas pavorosas de violência, todavia, a beleza plástica da produção está resumida no último momento, quando o protagonista vai para o Inferno. Reproduzindo o quadro "A Barca de Dante" de Eugène Delacroix, Trier nos leva ao submundo à la "Inferno de Dante" e entrega sequências visuais irretocáveis. 

De todos os deleites visuais de 2018 - felizmente foram vários -, o final de "A Forma da Água" é tudo o que a Sétima Arte poderia pedir. Com uma mistura de efeitos visuais e práticos, a sutileza do ápice da paixão entre uma mulher muda e um anfíbio consegue arrancar lágrimas - e o poema recitado durante é a catarse absoluta: "Incapaz de distinguir sua forma, eu te encontrei todo ao meu redor".

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Viciado em listas? Confira os melhores do ano no Cinematofagia:


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Lista: as 10 melhores atuações femininas do cinema em 2018

O Cinematofagia está cada vez mais próximo de publicar a lista com os 40 melhores filmes de 2018, mas antes vamos celebrar as 10 melhores atuações femininas do ano. De vencedoras do Oscar a estreias inacreditáveis, a lista segue o mesmo molde da que elegeu os melhores atores do ano: não há separação entre papéis protagonistas e coadjuvantes, tendo como critério de inclusão a estreia do filme em solo tupiniquim dentro do ano ou com o filme chegando à internet sem distribuição no país até o fechamento da lista.


Não assistiu a algum dos longas aqui listado? Não se preocupe, pode ler todos os textos que são sem spoilers - e em seguida correr para aclamar essas atrizes maravilhosas. Quem ganha o Oscar Cinematofagia de "Melhor Atriz" em 2018? Você pode conferir abaixo - e todas as listas de #bestof2018 no fim do post.


10. Regina Hall (Support The Girls)

Regina Hall é um caso absoluto de como as escolhas de um ator podem interferir diretamente na percepção que o público tem dele. Quando pensamos na atriz de 48 anos (!), imediatamente lembramos do seu icônico papel na franquia "Todo Mundo em Pânico" (2000-2006), como a imortal Brenda Meeks (morria em todos os filmes e sempre voltava no seguinte). Só foi com "Support The Girls" que Hall mostrou ser muito mais que uma atriz de comédia pastelão. Carregando um filme bastante difícil - os diálogos são incessantes -, ela transpõe uma naturalidade gigantesca, comprovando como ainda é subestimada na indústria e dona de um talento enorme.

9. Lady Gaga (Nasce Uma Estrela)

Uma das estreias mais aclamadas da década, Lady Gaga já caminhou pela dramaturgia na Sétima Arte - como em "Machete Kills" (2013) - e na televisão - em "American Horror Story: Hotel" (2015). O que ambos possuem em comum? Não comprovavam o talento da cantora diante das câmeras. Quando escalada no papel protagonista de "Nasce Uma Estrela", Gaga assumiu uma responsabilidade que parecia além das suas capacidades, então foi uma surpresa avassaladora ver o quão confortável ela parecia na pele de Ally. Muitos acham que a hitmaker de "Bad Romance" brilha nas cenas musicais - o que não é mentira, sua voz é inacreditável -, mas Gaga encontra seu maior poder nos momentos intimistas, quando nem ao menos parece estar seguindo um roteiro. Nasceu uma estrela do Cinema.

8. Saoirse Ronan (Lady Bird)

Um dos nomes mais complicados de Hollywood (nunca vou aprender a pronúncia), Saoirse Ronan já foi indicada ao Oscar três vezes, todavia, só com "Lady Bird" consegui ver o que todo mundo via na garota. Um dos motivos definitivos do sucesso do filme, Ronan dá vida e asas a uma adolescente tentando se encontrar no mundo, papel que já vimos inúmeras vezes. Só que ela se apropria de uma personagem banal e a transforma em algo mágico, carismático e impossível de não gerar apego. Juntamente com o roteiro afiado de Greta Gerwig, algumas das cenas de Saoirse facilmente entrariam numa lista de melhores do ano - "GIVE ME A NUMBER".

7. Elsie Fisher (Oitava Série)

Com 13 anos quando foi escalada para "Oitava Série", Elsie Fisher define que talento não possui idade. A menina interpreta um dos nomes mais complexos do Cinema este ano, Kayla, uma youtuber que só tem o pai como espectador. O grande caso é que ela, nos vídeos, é uma exímia habitante desse louco planeta, sabendo lidar com situações difíceis e sendo um exemplo de autoestima. Só que isso não existe quando ela aplica o que fala no dia a dia. Entregando todas as camadas de uma adolescente sufocada pela ansiedade e as pressões sociais, Fisher está nada menos que genial e humana em cenas que exigem vulnerabilidades difíceis para qualquer pessoa.

6. Allison Janney (Eu, Tonya)

Allison Janney é uma das poucas pessoas a conseguir um feito enorme: vencer TODOS os principais prêmios do Cinema com um único papel. Por "Eu, Tonya", ela levou pra casa o Globo de Ouro, o SAG, o Critic's Choice, o BAFTA e o Oscar como a mãe abusiva dessa história real. Numa mistura de insanidade com humor negro, Janney finalmente recebeu o reconhecimento que merece, sempre caminhando por produções que não traziam todo seu potencial à tela - "Beleza Americana" (1999), "As Horas" (2002), "Juno" (2007), "Histórias Cruzadas" (2011) etc. A narrativa do longa, um falso documentário, deixa a atriz roubar a cena tanto nos momentos "simulados" quanto nas quebras da quarta parede.

5. Glenn Close (A Esposa)

Uma das atrizes mais aclamadas da história, Glenn Close já ganhou basicamente todos os principais prêmios do planeta - 2 Globos de Ouro, 3 Emmys, 1 SAG, 3 Tonys -, mas o Oscar, nunca, mesmo com SEIS indicações. "A Esposa" parece ser o momento que a Academia sanará sua dívida. E, caso vença, Close não será um dos nomes que venceu pelo conjunto da obra, e sim por estar monstruosa no ecrã. Vivendo uma mulher que é soterrada pela sombra do marido, Glenn entrega o que podemos chamar de "atuação da carreira" quando, até mesmo em cenas em que não abre a boca, podemos sentir a intensidade do seu poder. E quando amarras são quebradas, o espetáculo é garantido.

4. Sally Hawkins (A Forma da Água)

Como comentado sobre a Glenn Close, mesmo nos momentos em que não há diálogos, ela destrói em cena, mas e quando a personagem não oraliza durante o longa inteiro? Esse foi o desafio de Sally Hawkins em "A Forma da Água". Com exceção de uma pequena cena, a atriz não emite uma palavra sequer ao interpretar uma mulher muda que se apaixona por um homem-anfíbio. Com uma língua de sinais irretocável, é sobrenatural como ela gera sentimentos para a plateia e desenvolve um dos romances mais estranhos já vistos no Cinema. Sua doçura e ânsia de viver aquela aventura são narcotizantes, entregando todo o seu corpo à uma heroína que não precisa de palavras para salvar o dia.

3. Frances McDormand (Três Anúncios Para Um Crime)

Frances McDormand é uma das poucas pessoas a terem a tríplice coroa da atuação: venceu os principais prêmios do cinema, televisão e teatro (Oscar, Emmy e Tony, respectivamente). O motivo? "Três Anúncios Para um Crime" consegue explicar facilmente. Assim com Janney, McDormand também levou todos os grandes prêmios da Sétima Arte na temporada com sua mãe sem remorsos em busca de justiça pela morte brutal da filha. Ácida e dura como pedra, a personagem deixa ninguém vê-la suando - principalmente se esse alguém for um homem. Seja em momentos onde ela manda todo mundo calar a boca ou até mesmo dando apenas uma encarada para gelar o sangue, é vibrante seguir seus passos através do filme. As dualidades da mãe de luto são orquestradas sem esforço por Frances, uma vencedora incontestável do Oscar.

2. Brooklynn Prince (Projeto Flórida)

Quem achou que Lady Gaga tinha A estreia do ano, mal poderia imaginar que uma menininha de sete anos roubaria esse posto. Brooklynn Prince dá uma verdadeira aula de atuação em "Projeto Flórida", passando verdade em absolutamente todas as cenas - ela e o elenco infantil conseguem transmitir dúvida na plateia, que chega a se perguntar "será que eles estão interpretando eles mesmos?". A pequena facilmente poderia ter sido indicada ao Oscar de "Melhor Atriz", o que teria muito mais validade que a indicação de Meryl Streep por "The Post: A Guerra Secreta" (2016), por exemplo. De todo o encantamento gerado a partir da ótica das crianças diante de toda a precariedade em que vivem, é Prince que não só dá o tom como guia toda essa obra-prima.

1. Toni Collette (Hereditário)

E a melhor atuação feminina do ano é, indiscutivelmente, de Toni Collette. Indicada ao Oscar pelo clássico "O Sexto Sentido" (1999), a atriz, tão subestimada, está abrindo as portas do Inferno na tela de "Hereditário". Por ser o elo fundamental da malfadada família, Collette tem que - e consegue - entregar todas as nuances dificílimas que o roteiro demanda, desde os momentos de pura dor até o medo mais genuíno possível. O elenco inteiro, mesmo sensacional, desaparece quando Collette pisa o pé no ecrã, que entrega a atuação de sua carreira. Vencedora de inúmeros prêmios na temporada, ela deveria, no mínimo, ser indicada ao Oscar de "Melhor Atriz" - se Kathy Bates conseguiu por "Louca Obsessão" (1990), por que não?

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Viciado em listas? Confira os melhores do ano pelo Cinematofagia:

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