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"Tomb Raider" é feito para os fãs, porém aposta em trama artificial

Filmes baseados em videogames, assim como os de super-heróis, são uma tendência em Hollywood. Nos últimos anos, percebemos essa nova febre em títulos como "Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos" (2016) e "Assassin's Creed" (2016); ambos de qualidade bastante duvidosa. Com "Tomb Raider: A Origem" (2018), longa-metragem baseado nos jogos da popular heroína Lara Croft, o caminho prometia algo diferente: já lançado como reboot, o filme planejava uma franquia mais jovem e melhor aprofundada no material de origem, escalando uma atriz já vencedora do Oscar para o papel (e que foi a primeira com o título a aterrissar na brasileira CCXP, no final do ano passado). O resultado, no entanto, não foi tão eficiente; o filme está em um patamar próximo dos outros dois aqui já citados.



Antes de tudo, não leve a mal quanto à protagonista: Alicia Vikander, como já esperado, está maravilhosa no papel. Comprando de fato os ideais de liberdade e empoderamento que a personagem representa (e tudo aquilo que ela deve ser capaz de realizar, em termos físicos), a atriz exprime muita verdade em sua interpretação, com uma performance sólida, crível e empolgante, que também revela um preparação corporal imensa; mais um ponto para Vikander em sua carreira. Mas, se Lara Croft está bem representada em seu próprio filme, o que não funcionou?

É importante salientar que, enquanto filme de origem (como o próprio título já revela), este "Tomb Raider" preocupa-se em contar origens e motivações de sua heroína, o que realmente ocorre durante o primeiro ato do longa-metragem. Entretanto, alguns fatores tornam o storytelling artificial e desestimulante - tudo acontece rápido demais, e com um uso excessivo do fator "acaso" (as queridas "coincidências"), como encontrar uma peça-chave de trama em um momento já previsível de tão estratégico. E, se o primeiro ato é apressado, o segundo é bastante indolente quando não depende de alguma cena de ação para ser conduzido. A conclusão, por sua vez, consegue ganhar fôlego narrativo, mas já é tarde demais para um espectador impaciente.

Percebe-se que a escrita do filme utiliza alguns elementos e influências formulaicos: se a busca pelo "tesouro" não consegue fugir do "efeito Indiana Jones", a Lara Croft da vez herda trejeitos de Katniss Everdeen, carregando arco e flecha e despedindo-se com beijos nos dedos tal qual a protagonista de "Jogos Vorazes". Já para tentar construir a relação de Lara com o pai, o ricaço Richard Croft (Dominic West), que é importante para os eventos da trama, o longa-metragem usa e abusa de flashbacks. 

Talvez a decisão de contar as coisas de forma tão desgastada venha da inexperiência da equipe com grandes projetos: trata-se do primeiro roteiro de Geneva Robertson-Dworet (que atualmente assume a escrita do já hypado "Capitã Marvel") e o segundo de Alastair Siddons (o primeiro foi o suspense "Não Ultrapasse", de 2016). Quanto ao diretor Roar Uthaug, que já trabalhara anteriormente com filmes de alto apelo ao CGI, este é o primeiro realizado por um grande estúdio de Hollywood.

Se o roteiro é um ponto fraco, o filme deve acertar em cheio para os fãs de games, pois é complexo visualmente e faz uso competente dos efeitos visuais em suas (aqui, necessárias) cenas de ação. Realmente há uma similaridade à atmosfera frenética, violenta e, por vezes, deslumbrante, que é característica de jogos e simuladores. 

"Tom Raider: A Origem", ao prometer mais do que consegue cumprir, é outro blockbuster cheio de fan services e divisor de públicos, sendo um produto que pode ser bastante divertido ao espectador com baixas expectativas ou ao amante do gênero. Ainda assim, ele é tão esperançoso em maquiar suas falhas que já termina levantando mais promessas para seus incertos próximos capítulos, visto que deseja engatar uma nova franquia. Se acontecer, é bom cruzar os dedos para que um futuro filme faça jus ao talento de Vikander e ao legado da personagem, pois (infelizmente) esse apenas tenta.

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