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O monólogo de Gina Rodriguez na nova temporada de "Jane The Virgin" é uma das melhores coisas da TV

Uma artista de verdade.
Hey, nunca viu "Jane The Virgin" e veio parar aqui? Cuidado porque este texto está recheado de spoilers.

"Jane The Virgin" foi uma das melhores surpresas da televisão norte-americana em 2014. Baseado na novela venezuelana "Juana La Virgen", a série estrelada por Gine Rodriguez surpreendeu pela linguagem totalmente ousada ao trazer um narrador onisciente e muita metalinguagem, além de trazer um verdadeiro ode às telenovelas de língua espanhola. 

A "fórmula" se demonstrou um verdadeiro sucesso. As quatro primeiras temporadas tem merecidíssmos 100% de aprovação no famigerado Rotten Tomatoes e Gina Rodrigues tem um Globo de Ouro na sua estande da sala pela categoria de Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical e foi indicada outras duas vezes. Não é para menos: a atriz é excelente.

Com um timing de comédia ótimo e um roteiro certeiro, Gina conseguiu desenvolver uma Jane muito real com problemas reais, por mais que a série brinque (e muito!) com o fato de homenagear as telenovelas, o que abre brecha para trazer o absurdo como elemento de roteiro. Entretanto, com o decorrer das temporadas, a série ganhou um teor dramático, exigindo com que a atriz de "Aniquilação" se provasse ainda mais como uma grande artista.

Perdão pelo spoiler, mas Michael (Brett Dier), o marido de Jane na trama, morre logo no início da terceira temporada, bem depois de tudo parecer caminhar para dar certo. Com a morte da personagem, a série avança em quatro anos e o narrador já nos avisa que entramos na segunda metade da jornada de Jane.

A personagem de Gina Rodriguez sofre e a atriz consegue passar com muita verdade tal sentimento. Seu luto é muito dolorido. Até mesmo pós-superação, ela consegue demonstrar que Michael ainda faz falta. A cena em que ela recebe a notícia de que ele está morto é de doer o coração e ainda me assombra todas as noites. Eu só queria poder invadir a televisão e abraçar esse bebezinho.

A vida continua e Jane redescobre um novo amor, Rafael (Justin Baldoni). Entretanto, quando tudo parece caminhar bem mais uma vez, e perdão pelo spoiler novamente, Michael retorna dos mortos e sem memória. Fica de observação que isso serviu de gancho entre a quarta e quinta temporada, então tive que esperar mais de um ano para ver esse plot começar a se desenvolver.

O episódio que abre a quinta temporada e que foi ao ar nesta última quarta-feira (27) trouxa uma Jane extramente confusa, mas disposta a ajudar Michael, agora Jason, a recuperar sua memória. Apesar de toda a problemática, Jane não diz o que realmente sente por quase vinte minutos de episódio até que, finalmente, explode ao ser perguntada se estava bem.


Gina Rodriguez segura um monólogo de sete minutos em um plano-sequência e vomita todos os seus sentimentos em tela. Ela não consegue entender se está viúva, casada ou solteira - ainda mais porque ia pedir Rafael em casamento -, não sabe se deve contar para o filho Matteo sobre a volta do pai, não sabe como ajudar Michael a recuperar a memória. Ela não sabe o que fazer e isso a consome por completo. 

Ela está frustrada porque se sente totalmente enganada. Jane passou quatro anos com a ideia de que tinha perdido o amor de sua vida e agora encontra-se com ele novamente. Ela sente que todo o tempo de luto que teve foi perdido, principalmente com todos os sentimentos por ele se florescendo novamente.

Não somente o conflito interno de não saber como proceder com todos estes problemas, mas Jane também tem a necessidade de mostrar a sua mãe e avó que está bem e que nada disso está a atingindo de forma tão negativa, mas está. Ela sabe disso. Sua mãe disso. Sua avó sabe disso. O narrador sabe disso. O telespectador também sabe disso.


O telespectador não só sabe como também fica angustiado igual a mãe e avó de Jane. São vários sentimentos atolados que finalmente estão sendo desenterrados. Não há outra coisa a fazer além de ouvir. O tom cômico em momentos pontuais também contribui para tal angustia, provocando um verdadeiro "rindo de nervoso". O telespectador fica tão perdido nos dilemas de Jane como ela própria.

É possível "sentir na pele" todos os seus sentimentos e isso dói, ainda mais por conta de tudo que a personagem passou ao longo de quatro temporadas. O grandioso plano-sequência só é possível por conta do texto extremamente ágil interpretado brilhantemente por Gina Rodriguez. Perdão pelo meme, mas, Gina, eu viro pra você e digo "artista" porque só uma grande atriz poderia passar esse mix de sentimentos de forma tão primorosa.
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