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Os 15 melhores discos brasileiros de 2018

No último ano, a música brasileira foi grandiosamente bem representada do Sudeste ao Nordeste do país, com expoentes que vão do funk ao rap, do pop ao brega.
Uma das formas de expressão mais intrínsecas do ser humano e, hoje, pela massificação da ignorância e desinformação, tão subvalorizada, a música, enquanto arte e cultura, também é um movimento de resistência. E não o faz apenas quando fala diretamente sobre suas lutas, mas, desde sempre, por aquilo que representa e por aqueles que dá voz.

No último ano, a música brasileira foi grandiosamente bem representada do Sudeste ao Nordeste do país, com expoentes que vão do funk ao rap, do pop ao brega, e que, antes da intenção de emplacar hits nas rádios ou streamings, usaram seus trabalhos para gerar em nós uma das reações mais naturais da nossa espécie: sentir.

Esses são os nossos 15 discos nacionais favoritos de 2018:


15. Anavitória, “O Tempo é Agora”

Na era dos álbuns visuais, a dupla Anavitória foi além e, para o disco “O Tempo é Agora”, estenderam sua música ao cinema, através de um longa que, assim como suas canções, trata dos clichês pós-adolescência e todo esse turbilhão de sentimentos daqueles que querem sentir, mas não sabem exatamente o que. Digno de festivais, o álbum te prende conforme expõe as entranhas de seus relacionamentos e, consequentemente, te faz se identificar com uma história ou outra, seja você o personagem que vai, ou aquele que fica.

14. Elza Soares, “Deus é Mulher”

No auge dos seus 81 anos, Elza Soares mantém o título de uma das artistas mais ousadas da música brasileira e, numa sequência do aclamado “A Mulher do Fim do Mundo”, debate religião, empoderamento feminino e sexualidade em um disco que a afasta da sonoridade de seus trabalhos anteriores para aproximá-la do rock, num passo tão audacioso quanto assertivo, que dá uma verdadeira aula para qualquer outro artista que atualmente faça música visando uma relevância que resista ao tempo.

13. Potyguara Bardo, “Simulacre”

Não é de hoje que, no imaginário do fã de divas pop, suas ídolas são verdadeiras deusas, que fazem de cada uma de suas canções e fases um novo momento da sua devoção. Em “Simulacre”, por sua vez, a drag Potyguara Bardo se desassocia do ser humano de uma maneira ainda mais próxima da cultura brasileira, por meio de uma personagem “neo”-folclórica, que transborda toda sua personalidade, experiências e anseios por batidas regionais e eletrônicas, além de jogos de palavra que facilmente a aproximam do que a música queer tem feito nacional e internacionalmente, ao exemplo de artistas como SOPHIE, Le1f e Linn da Quebrada.

12. Duda Beat, “Sinto Muito”

Dona da versão abrasileirada de “High By The Beach” da Lana Del Rey, Duda Beat conquistou seu lugar ao sol com o trip-hop e pop brega do disco “Sinto Muito”: um compilado de confissões amorososas, melancólicas e dançantes, que conversam com seus antigos e futuros romances, além dela mesma, que parece se entender no meio deste caminho. Uma das contribuições mais que bem-vindas do Nordeste ao pop nacional.

11. Lia Clark, “É da Pista”

A gente ama um pop sem vergonha. Lia Clark despontou em outros carnavais, mas manteve não só uma sequência de clipes e singles impecáveis, como uma identidade muito própria, que a destacou em meio às várias outras artistas que surgiram no segmento drag praticamente na mesma época que a sua. “É da Pista”, desde seu nome, quer te fazer dançar, e é nesta proposta descompromissada que o álbum não só convence, como também diverte, elevando seu trabalho musical e, muito provavelmente, te fazendo grudar em vários dos seus versos.

10. Alice Caymmi, “Alice”

Três anos desde o seu “Rainha dos Raios”, Caymmi volta ainda mais segura neste disco autointitulado, no qual uma canção parece amarrar a outra, em tempo que somos guiados por todas as reflexões e reviravoltas amorosas que ora soam pessoais demais para nos associarmos, ora soam como se tivessem sido compostas exatamente sobre nós.

9. Karol Conka, “Ambulante”

Alguns anos e tretas depois do sucesso de “Tombei”, Karol Conka se une ao produtor Boss in Drama para um registro que ecoa liberdade em todos os sentidos. Resultado do que rimou, viveu e aprendeu durante todo esse tempo que esteve longe dos holofotes, “Ambulante” faz com que a brasileira volte a soar como uma novidade, em tempo que populariza o seu ser político, com letras que vão do empoderamento feminino e negro à sua ascensão social.

8. Iza, “Dona de Mim”

Dos ritmos africanos aos brasileiros, passando pelo R&B e, claro, toda uma estética pop, Iza definiu em “Dona de Mim” uma proposta tão completa que, logo em sua estreia, a equiparou aos outros nomes que dominavam a música nacional.

7. Mahmundi, “Para Dias Ruins”

Preservar a sua saúde mental e, em meio ao caos, se resguardar numa zona de conforto, para alguns também é uma fase de resistência. Bem indisposta a falar sobre ódio, tristeza ou corações partidos, a música de Mahmundi é aquele abraço que te recarrega para toda uma nova jornada. Leve, pop, refrescante e sempre muito bem-vinda.

6. Jão, “LOBOS”

Brega para millenials, Jão canta sobre amor com as narrativas mais clichês, sofridas e piegas possíveis, mas as renova dentro de arranjos que abraçam do sertanejo à la Luan Santana ao pop acústico do Shawn Mendes, ocupando uma lacuna ainda não muito clara do pop nacional, há tempos carente de bons nomes masculinos para cantá-lo.

5. Heavy Baile, “Carne de Pescoço”

A essência do funk está nas ruas, mas quando esse dialoga com outros gênero e, principalmente, se reconhece enquanto uma vertente brasileira da música eletrônica, o leque de possibilidades sonoras se torna ainda maior e mais interessante. “Carne de Pescoço” é isso, a reafirmação do funk ser a nossa EDM, pautando dos bailes à política, com participações de nomes como Tati Quebra Barraco, MC Carol, Lia Clark e o MC integrante do coletivo, Tchelinho.

4. ÀTTØØXXÁ, “LUVBOX”

Sucesso no carnaval pelo hit “Pôpa da Bunda”, o grupo de pagodão baiano seguiu investindo na sua revolução dançante, romântica e pra lá de eletrônica que, ao lado de artistas como BaianaSystem, Rico Dalasam e outros citados nesta lista, aponta para o futuro da música brasileira em “LUVBOX”.

3. Marcelo D2, “Amar é Para os Fortes”


Se a chama política fez com que muitos artistas se acomodassem em cima do muro, pelo medo de perderem público ou espaço, o efeito foi justamente o contrário com D2, que viu neste momento a oportunidade perfeita de retornar com sangue nos olhos ao som do necessário “Amar é Para os Fortes”. Grandioso do som ao seu visual, o disco acerta nas referências, alvos e pluralidade, te entregando uma proposta sucinta (são trinta minutos de música), mas completa no que se propõe.

2. Pabllo Vittar, “Não Para Não”


Se teve uma coisa que Pabllo aprendeu com o sucesso de singles como “KO” e “Corpo Sensual”, foi que o pop nacional carecia de artistas que, enfim, olhasse para a nossa música no momento de fazê-lo. “Não Para Não” renova a imagem e som de uma das artistas mais interessantes dos prováveis último dez anos da música brasileira, enquanto se esforça para apresentar sons nordestinos em formatos mais modernos possíveis, com influências que vão do k-pop à PC Music.

1. Baco Exu do Blues, “Bluesman”

“Eu sou o primeiro ritmo a formar pretos ricos”, nos introduz Baco em seu “Bluesman”. Um dos nomes responsáveis por ascender o rap baiano no mapa, o músico se entrega no seu segundo álbum, sob rimas e reflexões que vão das suas transas e romances à saúde mental do homem negro. Pautando, inevitavelmente, raça, e a influência desta em todos os gêneros musicais. Blues em sua essência, mas não sonoridade, o disco passeia do rap ao pop da maneira mais classuda possível, numa versatilidade que exige um olhar menos marginalizado pra que compreenda a sua grandeza, que cabe bem à ilustração de sua capa: um homem negro vestido num terno, fazendo arte em frente ao que foi o Carandiru.
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