Slider

Lista: os 10 melhores filmes da melhor distribuidora do planeta, a A24

IN A24 WE TRUST
Fundada há apenas seis anos, em 2012, a A24 é um produtora e distribuidora de cinema e televisão. Mesmo com poucos anos de existência, a empresa já é queridinha da roda cinéfila por escolher a dedo quais os nomes que vai lançar sob seu selo - aprende, Netflix. É certo que não dá para acertar todas - até porque estamos falando da Sétima Arte e, consequentemente, de subjetividade -, mas é só aparecer a logo da distribuidora que o interesse é instantâneo.

Nesse belo mês de agosto, a A24 completa seu aniversário, então venho aqui eleger meus 10 filmes favoritos desse cristal imaculado do Cinema, que ano após ano ganha mais espaço dentro da indústria e do mercado, sem perder a qualidade e mantendo-se como a melhor distribuidora nesse planetinha - e olha que é tudo independente, longe dos cofres bilionários das gigantescas, como a Warner, Disney e Fox.

Válido pontuar que a lista, sem ordem de preferência, possui o deadline de até julho de 2018 e, óbvio, foi feita mediante a disponibilidade dos filmes, seja por meio de cinemas, streamings e etc, com cerca de 60 nomes aptos para estarem entre os 10 finalistas. Santo é teu nome, A24.


A Gangue de Hollywood (The Bling Ring), 2013

Um dos vários filmes de Sofia Coppola a trazer seu estudo sobre o white gurl problems, "A Gangue de Hollywood" não é levado muito a sério devido o elenco jovem e temática fútil: um grupo de bem nascidos decide formar uma gangue e roubar mansões e celebridades para copiar seus estilos de vida. Encabeçado por Emma Watson, em um dos seus primeiros papéis a tentar se desvencilhar da figura de Hermione, o filme é o resumo da era do TMZ, e, daqui a 30 anos, servirá de estudo para explicar como era nossa sociedade cultural no início do terceiro milênio, com sua ode ao plástico, às marcas, ao dinheiro e à mídia sensacionalista que parasita tudo isso. Isso se não ficarmos piores. Let's go to Paris'. I wanna rob.

O Homem Duplicado (Enemy), 2013

Se um Jake Gyllenhaal é bom, imagine dois? Um professor aborrecido com a monotonia da vida descobre em um filme que existe um ator exatamente igual a ele. O achado vai desencadear numa espiral de obsessão entre ele e seu duplo. Dirigido pelo incrível Denis Villeneuve - da obra-prima "A Chegada" -, o roteiro é baseado num livro de José Saramago e, sem saber o quanto a produção bebe da fonte literária, temos em mãos um dos melhores quebra-cabeças já feitos no século. "O Homem Duplicado" não possui saídas simplistas nem resoluções óbvias, entupindo a plateia com metáforas visuais, composições enigmáticas e peças que parecem não se encaixar. A aranha teceu essa teia à base do caos, e não se culpe caso precise reassistir para entender.

Projeto Flórida (The Florida Project), 2017

Sean Baker, o maior esnobado do Oscar 2018, sem grandes pretensões realizou uma pérola que já nasceu clássico. "Projeto Flórida" vai até à artéria de uma população varrida para debaixo do tapete: os novos sem-teto. Passando-se num hotel - sarcasticamente chamado de Castelo Mágico - às margens do parque da Disney, a ótica narrativa da película foi moldada a partir do que e de que forma as crianças enxergam a precária realidade em que vivem. Com toda a força da crueza e realismo presentes no cinema bakeriano, "Projeto Flórida" é uma agridoce viagem pela busca dos nossos reinos encantados, carregado pela melhor atuação de 2018: Brooklynn Prince, de SEIS anos. A sequência final é desoladoramente pura.

Sombras da Vida (A Ghost Story), 2017

C é casado com M e vivem felizes em sua pequena casa. Só que C morre em um acidente, e, ao invés de priorizar o luto de M, David Lowery explana o que acontece com a (pós)-vida de C, agora um fantasma. "Sombras da Vida" (que título nacional horroroso) vai ao mais elementar da mitologia ao redor do fantasma e o traz com o velho lençol branco, revitalizando não apenas a criatura como também a maneira de retratar o luto no cinema. Negando-se a seguir em frente, C se instala em sua casa e observa os passos da ex-esposa até que o choque acontece: ela continua vivendo. Niilista até arrancar a fé do público, "Sombas da Vida" é um lento estudo acerca do ato de permanecer ou não em uma situação de perda. Vale a pena toda a sofrível tarefa que é viver?

Hereditário (Hereditary), 2018

Para este que vos escreve, "O Exorcista" é o que há de mais refinado e imperdível em toda a história do terror, meu gênero favorito. E ano após ano vejo tentativas de parirem um longa que seja digno de receber o rótulo de "sucessor" do maior. Em 2018 aconteceu. "Hereditário", trabalho de estreia de Ari Aster, nos aprisiona no seio de uma estranha família que não sabe o quão pesada foi a herança deixada pela matriarca, a agora falecida avó. A maior parte da obra contenta-se em explanar o impacto do medo sobre a natureza humana, até deixar qualquer formalidade de lado para abrir todas as portas do inferno em seu clímax, um pesadelo assustador na tela que não mede limites para catapultar o espectador para o meio do pandemônio instaurado. Entreguem logo o Oscar para Toni Collette ou se acertem com Paimon.

O Sacrifício do Cervo Sagrado (The Killing of a Sacred Deer), 2017

Yorgos Lanthimos há muito tempo se tornou meu diretor favorito pela união de críticas sociais com histórias estranhas, e seu último trabalho, "O Sacrifício do Cervo Sagrado", não poderia ser diferente. Uma família recebe uma praga de um garoto abandonado pelo patriarca: esse deve matar um dos membros de sua família antes que todos morram, em troca da vida do pai do garoto, morto na mesa de cirurgia do patriarca. Soa um absurdo - e é mesmo -, entretanto, Lanthimos consegue, diante de um oceano de bizarrices, produzir um filme narcotizante que martela a cabeça de quem vê em busca de respostas para o que diabos está acontecendo - e o que faríamos se estivéssemos ali. Temos aqui o maior amor familiar já feito na história do cinema.

O Lagosta (The Lobster), 2015

Olha mais um do Lanthimos. O filme mais famoso do diretor grego - foi indicado ao Oscar de "Melhor Roteiro Original" (e deveria ter vencido) - retrata um mundo em que é proibido ser solteiro. Caso seu relacionamento falhe, você tem 45 dias no Hotel para encontrar a cara-metade, caso contrário será transformado em um animal da sua preferência e solto na Floresta. Mais um dia qualquer no Cinema. "O Lagosta" brilhantemente brinca com nossas noções de romance e o quanto estamos desesperadamente em busca de alguém para nos tirar da solidão, por mais absurda que seja essa busca. A forma como nos sujeitamos às regras impostas é escancarada de maneira hilária (e preocupante) em "O Lagosta", a prova de seu poder como experiência audiovisual.

Sob a Luz do Luar (Moonlight), 2017

Ainda há algo para se falar sobre "Moonlight", o maior vencedor do Oscar de "Melhor Filme" do século e obra-prima absoluta não apenas do cinema LGBT como da Sétima Arte como um todo? Acho que não.

Um Cadáver Para Sobreviver (Swiss Army Man), 2016

Se Emma Watson já está muito bem encaminhada após "Harry Potter", Daniel Radcliffe demorou para se encontrar e deixar um pouco de lado a imagem do bruxo mais famoso do mundo. Seu apogeu foi com "Um Cadáver Para Sobreviver". Não se enganem pelo título nacional e nem pela loucura da premissa: um homem prestes a cometer suicídio em uma ilha deserta encontra um cadáver que vira seu melhor amigo - e esperança de uma vida melhor. Sim. Radcliffe, que vive (risos) o cadáver, é válvula de discussões impagáveis e assustadoramente relevantes sobre como nos relacionamos com outras pessoas, sem, óbvio, deixar de anarquizar todas as regras do bom senso. Um prato não apetitoso para qualquer paladar (mas visualmente estonteante), "Um Cadáver Para Sobreviver" é inegavelmente o melhor filme de zumbi já feito. Sério.

A Bruxa (The Witch), 2015

Terror que movimentou a internet durante o lançamento, tanto por ser aclamado pela crítica como por ser venerado por satanistas, "A Bruxa" supera qualquer expectativa fomentada pela loucura ao redor da divulgação - que não foi pouca. Outro trabalho de estreia - de Robert Eggers, vencedor do prêmio de "Melhor Diretor" no Festival de Sundance -, "A Bruxa" mostra uma família cristã sendo engolida pelas maléficas forças da natureza, a igreja suprema de Satã. Bem ambientado e narrado (A FOTOGRAFIA), cheio de simbolismos e gore pontual a fim de construir um filme deliciosamente lento e atmosférico, eis um legítimo conto macabro de bruxas. Não é assustador no sentido mais óbvio do termo, é uma celebração do caos instaurado pelo fanatismo religioso que tanto oprime - e mata. O mundo é de "A Bruxa", a gente só vive nele.

***

Santa é a obra da A24, que nos engrandece, fortalece e nos enche de dádivas, glórias e filmes espetaculares. Já deu para perceber que o mundo funciona assim:

A24: A
Mundo: OBRA-PRIMA

0

Nenhum comentário

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

disqus, portalitpop-1

NÃO SAIA ANTES DE LER

música, notícias, cinema
© all rights reserved
made with by templateszoo