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Album Review: Phillip Phillips e a confirmação do seu talento em "Behind the Light"


Prestigiado após o fim de sua temporada no American Idol em 2012, que se sagrou campeão, inclusive, Phillip Phillips lançou seu debut, "The World from the Side of the Moon", que foi muito além das expectativas. Impulsionado pelos hits "Home" (usada como tema da campanha norte-americana nas Olimpíadas de Londres) e "Gone Gone Gone", além da ótima "Where We Came From", o álbum conseguiu uma estabilidade impressionante nas paradas, com uma mistura de folk, rock e blues, fazendo inclusive surgir comparações com o lendário astro Dave Matthews, porém, no fim, era apenas um menino em busca de sua identidade artística.


Agora, dois anos depois, PP está de volta com um novo álbum, se pegando no meio da encruzilhada que cerca todos aqueles jovens talentos que impressionam em suas estreias: o famigerado desafio do segundo disco.

Lançado no último dia 16 de maio, "Behind the Light" não nos decepciona, pelo contrário. Contando com 15 faixas, todas (assim como na estreia) compostas pelo talentoso cantor de 23 anos, é um passo certeiro rumo a uma carreira que tem tudo para ser bem sólida, ainda mais tendo ciência que ele veio de um reality show, o que é ainda mais louvável.

1) "Searchlight"
Iniciando o álbum temos a ótima e poderosa balada folk acústica, "Searchlight", que já queremos como single pra ontem. O hit em potencial tem algo de muito parecido com o álbum de estreia (talvez a animação em meio ao arranjo folk), porém, nos dá uma dimensão do quanto ele evoluiu como artista do último álbum pra cá. Cheia de violões, banjos, corais e vocais fortes interagindo com mais moderados, é algo que encaixaria facilmente nos trabalhos da Mumford & Sons, por exemplo. E isso é grande!

2) "Raging Fire"
Lead single do álbum e apresenta Phillips em seu melhor. Soando um pouco diferente do material de estreia, a música faz todo jus ao porquê de sua escolha pra iniciar a nova era. Hit em potencial, a entusiasmada faixa tem seu início no gancho deixado por "Searchlight" que, somados aos bons vocais do cantor e ao arranjo forçado com a bateria, trazem um tom de esperança enquanto não tiver sua garota de volta: "Você vê toda a esperança que eu guardei. Então, chegue mais perto de mim e se renda ao meu coração antes que a chama se apague esta noite. Sim, vamos viver até morrer", canta todo otimista. Já queremos uma apresentação da faixa ao vivo num show lotado.

3) "Trigger"
Outra faixa poderosa para shows, "Trigger" é a exuberência da ótima forma apresentada por Phillip Phillips em "Behind the Light". Desde os vocais mais tranquilos, à guitarra elétrica, aoo refrão matador e reflexivamente libertador, temos um pano de fundo para um coração devastado expressar seus dolorosos sentimentos, por vezes até meio maníacos: "Dentro de sua mão ele segura a pergunta para tudo. Você começa a puxar o gatilho, você começa a puxar o gatilho". Grande faixa.

4) "Lead On"
Da parte de produção, o novo álbum de Phillips é impecável, e uma grande prova pode ser vista aqui. "Lead On" é cativante e distante das anteriores, mas sem perder a essência do cantor. Graciosa, ela mantém o ótimo ritmo, acrescentando mais elementos folk e rock, somados a um arranjo mais pop por conta do piano ao fundo. Cantando sobre não desistir de quem gostamos, ele brada "Você faz o seu caminho através do fogo. Eu estou dentro e ficarei queimado. Eu não posso desistir de você, e eu estou bem como estou sendo usado. Siga adiante, adiante, adiante". É uma dica: ou vai, ou racha!

5) "Alive Again"
Menor faixa do álbum, que começa com um gancho maravilhoso do finalzinho de "Lead On", "Alive Again" prossegue na excelente e harmônica produção do álbum. Tendo por base de novo as guitarras e a bateria, é outro bom hino para os shows, por conta de seus grandes momentos que te convidam a cantar junto em voz alta. Por outro lado, ouvindo-a mais vezes, ela chega a se assemelhar na proposta à faixa anterior, o que nos dá sempre a impressão de que falta algo para deixá-la mais forte. Não é ruim, mas poderia ser muito melhor.

6) "Open Your Eyes"
Dave Matthews Band bateu à porta de Phillip Phillips e quer sua faixa de volta haha. Como isso soa bastante com Dave, tá louco! Se PP não fosse um fã assumido e extremamente talentoso, poderia ser facilmente detestado por conta dessas inspirações na lendária banda. Por outro lado, ele ainda é bastante natural e consegue deixar a faixa no seu estilo. Simples, cativante e purista, é uma das melhores do álbum.

7) "Fool For You"
Ao ouvir o arranjo inicial de "Fool For You", é como se estivéssemos numa faixa do "Mylo Xyloto" do Coldplay. E não. Não é ruim. É um pop alternativo e maduro, em meio à tantas influências folk e rock no álbum, o que por si só já merece atenção por ser uma tentativa de imprimir novidade no material. E o melhor de tudo: é muito bem-sucedida. "Eu sou muito novo, mas apenas me segure. Eu sou um bobo, me veja agora. Diga isso alto, você sabe que é verdade que eu sou apenas um tolo para... eu sou apenas um tolo para você", canta ele desapontado.

8) "Thicket"
Uma das melhores produções do álbum, "Thicket" é grandiosa e sombria. Até acho que poderíamos ter tido uma inversão aqui, levando esta para abertura do álbum e "Searchlight" em seu lugar. Mas enfim, já é tarde. A faixa, é algo (de novo) claramente inspirado em Dave Matthews, desde a forma de sua produção até os vocais mais baixos e melódicos de Phillips. Outro destaque também fica para seu ótimo final, uma verdadeira aula de aquecimento vocal.

9) "Fly"
Single promocional do álbum, "Fly" é a minha faixa preferida do "Behind the Light". Pegando a parte sombria da anterior, PP nos prega uma peça com esse começo simples e calmo, que desaparece rapidamente no primeiro refrão, nos revelando uma canção com raízes fincadas na atitude rock 'n' roll, repleta de guitarras distorcidas, pesadas e intensas. "Eu sinto que é difícil dizer o que está em minha mente. Eu sinto que é difícil dizer o que não está dentro de mim. Você acha que sua luta é sobre isso? É só ficar por perto. Eu abrirei meus braços e vou voar para o céu". Destaque também é o solo de guitarra no minuto final, que é deslumbrante.

10) "Unpack Your Heart"
Talvez uma das mais comercais do álbum, "Unpack Your Heart" pague o preço de ser a mais genérica e fraca também. Por outro lado, entendemos que faixas como ela são necessárias, porque conferem equilíbrio ao material. Afinal, quem não gosta de "pagar" mais barato por um produto similar, não é mesmo? Hahaha. Brincadeiras à parte, em momento algum ela desmerece ou tira o brilho do restante do álbum. Só não acrescentou aos meus ouvidos.

11) "Face"
Com "quês" de um show em um barzinho, "Face" traz o lado jazz do Phillip Phillips em evidência. Diferente da anterior, aqui ele consegue transmitir originalidade e naturalidade em algo relativamente novo para ele (quem acompanhou o American Idol sabe que não é tão novo assim). É a faixa que mais foge do perfil do álbum, porém, ainda sim merecia estar na tracklist final, porque é um grande "achado".

12) "Midnight Sun"
Encerrando a versão padrão do "Behind the Light", "Midnight Sun" é o folk rock ao qual PP se vende e foi elogiadíssimo em sua estreia. Vigorosa e com um ótimo refrão, é apenas a confirmação daquilo que ele faz de melhor. E funciona. De novo.

13) "My Boy"
Uma das três canções pertencentes à versão deluxe do álbum, "My Boy" é simplista, carismática e muito boa. Partindo de um diálogo carinhoso entre pai e filho, nos remete a um ótimo sentimento de proteção, seja pelos arranjos apenas ao violão ou pela forma delicada que Phillips canta "Tudo vai ficar bem, meu filho, meu filho. Tudo vai ficar melhor agora, meu filho, meu filho". Tudo encanta.

14) "Don't Trust Me"
Em "Don't Trust Me" temos Phillips flertando de novo com algo mais pop. É uma faixa sonhadora apesar do título. "Você tem que viver para saber quem você é. Eu quero ser a pessoa para quem você correrá quando seus sonhos te deixarem sozinha. (...) Então sonhe menina, sonhe menina. E veja onde você se encontra nesta vida".

15) "Armless Crawler"
Por fim, ele encerra bebendo da fonte que o consagrou. "Armless Crawler" é o tipo de faixa que fez Phillip Phillips se destacar bastante no American Idol e contribuiu para moldar sua personalidade artística em seu primeira álbum. Folk, rock, arranjos doces que contrastam com sua voz firme e rouca, tudo isso é combustível para a faixa, que encerra com louvor um dos ótimos lançamentos do ano até aqui.

Concluindo
Se em seu material de estreia, ele contou com a desconfiança em virtude de sua contestável vitória no American Idol, mas conseguiu reverter isso com sua dose explícita de talento, no famigerado desafio do segundo disco, Phillip Phillips passa com louvor. Mais seguro de suas inspirações e sabendo bem aonde quer chegar, o resultado de "Behind the Light" é de um primor assustador. Enquanto muitos artistas saídos de reality shows musicais têm dificuldade em se manter no mercado e são, facilmente, influenciados por suas gravadoras, com Phillips ocorre justamente o contrário. Com uma liberdade imensa em atuar tanto como compositor, quanto produtor dos seus álbuns, ele entrega um trabalho homogêneo, seguro e muito interessante. Ainda que, em alguns momentos, apresente uns "quês" de Dave Matthews e Mumford & Sons, Phillip Phillips continua sendo apenas ele. Ainda bem. Por outro lado, só nos fica uma ponta de desapontamento, em saber que um álbum tão bom quanto este é, passará completamente despercebido do grande público. Mais uma vez.
disqus, portalitpop-1

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