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Review: "mais que uma simples boyband", esse é o ótimo álbum de estreia autointitulado do Union J!


Desde 2010, boybands têm surgido como um piscar de olhos nas nossas frentes, o que, por si só, gera uma certa ~preguiça. O que dizer então quando é uma boyband saída de um reality show?


Quando formaram a banda no final de 2011, os amigos Jaymi, JJ e Josh jamais imaginavam que, dois anos depois eles teriam um quarto membro (George), teriam sido semifinalistas do X Factor no ano passado, possuiriam um contrato assinado com uma grande gravadora e ainda por cima um ótimo álbum de estreia lançado. "Union J" teve seu lançamento em 28 de outubro no UK e debutou no Top 10 de lá, mas o que faz dele tão especial ao ponto de merecer uma review no It Pop? Justamente o fato de não parecer o material de uma boyband. Se você espera por algo semelhante ao que o One Direction ou The Wanted fazem, você está muito enganado. A vibe do Union J, assim como o X Factor já sugeria é outra, e fica ainda mais em evidência com seu álbum autointitulado. Contando com 10 faixas em sua versão standard e 14 na deluxe, é um belo sopro de ar fresco nesse já saturado mercado de boybands.
Abrindo o álbum temos o primeiro single pós-X Factor, a ótima "Carry You", que nada mais é que uma declaração apaixonada e encorajadora a um amor incondicional. Repleta de sintetizadores e um refrão cativante, o "pseudo" uptempo dá toda a liberdade para os quatro serem aproveitados vocalmente (inclusive JJ, que ganhou um solo pela primeira vez <3), diferente do que rolava no X Factor, quando geralmente era Jaymi quem carregava o grupo nas costas. A faixa, apesar de pop, ganha muitos pontos pelo fato de não se assemelhar em nada aos trabalhos já habituais das boybands existentes, o que, em alguns momentos, nos remete às comparações com o que uma outra boyband, só que irlandesa, fazia em sua época de ouro no final dos anos 90, início dos 2000: a Westlife. É como se tivessem moldado a Union J para ser o Westlife dessa geração. E isso é um belo elogio.


Na sequência, temos um midtempo e também o segundo single do álbum, "Beautiful Life", que flerta com um lado meio folk dos meninos em seu início até explodir no meio da ponte e do refrão com essa progressão de guitarras e a bateria marcada. "Beautiful Life" não seria uma música facilmente gravada por seus concorrentes, e taí mais um mérito de Jaymi e cia: serem versáteis e não se prenderem apenas a um estilo, podendo se arriscar e sem soar pretensiosos. Outro belo trabalho.


Atual novo single deles, "Loving You is Easy" vem na sequência e, de novo, mostrando o quão diferentes são, agora arriscando outra vez num "pseudo" uptempo cheio de sintetizadores ao longo de toda a música, que vão alternando conforme novas vozes vão aparecendo, dando o dinamismo necessário pra faixa, que ainda tem um coral que lembra, em certos momentos, alguma coisa do One Direction, mas as comparações acabam por aí. Ouvindo a faixa vocês entenderão o porquê. 


Uma das coisas mais interessantes do ótimo trabalho deles pode ser vista aqui. Ao mesclar pop e indie pop eles conseguem uma agradável mistura em "Last Goodbye", que utiliza de forma até intencional (para o outros brilharem) muito pouco o melhor potencial vocal do grupo (Jaymi) e traz George cantando um tom abaixo de sua voz normal (que bacana é ver o quanto esse menino cresceu vocalmente em 1 ano) somando aos vocais sempre no ponto do Josh, até se encontrarem no refrão otimista sobre o fim de uma relação. Também vale como destaque a participação de JJ em outro solo nessa faixa, o que para um barítono, não é nada mau.

"Beethoven" traz um paralelo entre uma relação amorosa quando comparada ao amor pela música, repleta de metáforas envolvendo os sentimentos e os instrumentos musicais: "(...) hoje à noite você é minha música. Mexa meu coração como um metrônomo. (...) hoje à noite eu quero me perder. Serei a única canção que você saberá. Vou te tocar como um instrumento. Deixe-me ser o seu Beethoven". É uma das mais adoradas do álbum, muito embora preferisse que estivesse incluída a versão acústica da faixa ao invés da estúdio aqui.


Na sequência, vamos pra um lado oposto. "Head in the Clouds" é uma das nossas favoritas, justamente por brincar com todas as vertentes influenciadoras dos meninos. Seria como se pegassem algum hit descartado do Maroon 5, cantado de forma bem-humorada pelo One Direction, com arranjos da fase "Mylo Xyloto" do Coldplay e jogassem em cima de uma das melhores e descompromissadas letras do álbum: "Todos nós temos que fazer isso, faça isso, porque a vida pode ser ainda mais complicada depois que morrermos, morrermos. Há muita m**da para se preocupar. E essa é a razão pela qual... pela qual eu passo todo o dia com a cabeça nas nuvens...". Quem nunca se sentiu assim alguma vez na vida?


"Where Are You Now" é um uptempo com "quês" de EDM, feito para Jaymi trazer os holofotes não utilizados em "Last Goodbye" pra si como no tempo do X Factor UK, onde tudo que eles querem saber é onde você está agora, porque tá perdendo a chance de dançar ao som dessa faixa.

"Save the Last Dance" começa com os vocais mais fortes e até rasgados do Josh, que já era um ótimo cantor na época do programa, mas que também evoluiu muito nesse último ano. A faixa continua seu caminho pautado na EDM, somada às palmas e um piano tocado calmamente ao fundo, dando todo o suporte para versos de uma chegada mal-sucedida na balada, como "Você está dançando com suas amigas. Queria que assumisse o controle enquanto me olha te assistindo, mas você age como se não fosse nada".

E depois de sermos postos para dançar nas duas últimas faixas, chegamos na deliciosa e, para mim, melhor canção de todo álbum, a espetacular baladinha "Amaze Me". Apesar de linda liricamente e vocalmente na voz de Jaymi, Josh, JJ e George, por incrível que pareça, a canção não é uma faixa inédita como muitos acham/achavam. Gravada originalmente em 2007 pela aclamada girlband No Angels, formada na versão alemã do Popstars em 2000, "Amaze Me" foi muito elogiada naquele ano em território europeu e é uma das faixas preferidas da vida do Josh, que quando os meninos começaram o processo de composição do álbum em contato com o produtor Steve Mac, que também é o compositor da original, questionaram se não havia possibilidade de regravarem a canção. Pedido mais que aceito e resultado mais incrível possível. A original já é emocionalmente bela, mais ficou ainda mais acentuada com todos os vocais impecáveis dos quatro meninos por cima desse piano melódico. Destaques para os falsetes do Josh, mostrando porque toda sua vontade em regravá-la valeu a pena. Taí uma das que adoraria ver como single (ou ao menos ao vivo), por mais difícil que seja, porque é um banho de talento.


Fechando a versão standard do álbum, temos outro cover, agora para "Skyscraper" da Demi Lovato. Para quem acompanhou a temporada do ano passado do X Factor UK não seria novidade ela estar presente no álbum, afinal essa música seria o winner single do grupo caso tivessem vencido a competição. Não há tanta diferença se comparada com a original (tirando o fato de ser cantada por quatro vozes masculinas), mas é igualmente bonitinha, embora ache que não tem a força da versão da Demi, mas é bacana ao menos, e em meio de tanto coisa boa e mais interessante (incluindo o outro cover), ela passa até despercebida.

A versão deluxe do "Union J" nos dá ainda três versões acústicas: "Carry You", "Head in the Clouds" e "Where Are You Now", apenas para mostrar o quanto são talentosos, sabem harmonizar e, de fato, cantam mesmo e muito bem, sem precisar de auto-tune o tempo todo para fazerem um material acontecer.

Por fim, ainda é apresentada uma outra canção: o "pseudo" uptempo "Lucky Ones", que acaba virando um samba, com direito até ao dubstep. Particularmente, apesar de ser a versão deluxe, não vejo necessidade dela aqui. É a faixa mais qualquer coisa e fora de contexto de todo álbum, parecendo que entrou apenas pra "fazer número" na contagem final ou aproximar os meninos de algo mais boyband, meio americanizado e sem identidade hahahahaha. Mas ok, Union J, vocês têm crédito!

Concluindo:
Muita gente não levava fé no potencial dos meninos e outros preferem o "ah, mas é apenas mais uma boyband por aí". Porém, eles demonstraram em um ano, o quanto evoluíram do X Factor pra cá, trazendo um trabalho de estreia bem honesto às suas principais características, sem soar pretensioso ou pedante em ser um novo One Direction ou The Wanted. Pelo contrário. O foco do Union J, que fica ainda mais em evidência ao ouvir o ótimo trabalho de estreia deles, é que não são uma boyband convencional, feita apenas por garotos bonitinhos, mas com claras dificuldades vocais. No X Factor, essa máxima até que era aceita, porém agora, Josh e George, evoluíram horrores e dividem com todos os méritos a responsabilidade de lead singer com Jaymi, que até mesmo por ser uma competição, era mais que normal que colocassem o melhor potencial vocal como cantor principal. Em "Union J", Josh, Jaymi, JJ e George nos provam que, mesmo trunfando a cara inicialmente para o nome que carregam, merecem um lugar no coração de muita gente, porque além de incrivelmente talentosos, são muito mais que uma simples boyband. Na verdade, um grupo que se encaminha para mais perto de Maroon 5, Coldplay e fun., do que One Direction e The Wanted. É só nos despirmos da preguiça e do esteriótipo criado em torno deles, nos dando a chance de ouvir/ver seu material com outros olhos.
disqus, portalitpop-1

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